A esposa do pastor precisa ser vigilante, pois o inimigo utiliza muitas armas na tentativa de seduzi-la

Certo dia, uma linda mulher passeava sozinha, como se estivesse em um “shopping”, observando deslumbrada cada uma das vitrines. Tão entretida estava que nem percebeu quando um desconhecido se aproximou e começou a conversar. Absorvida com tudo o que via, deixou-se levar pela conversa amigável.

Depois de ganhar a confiança dela, o estranho lhe ofereceu um produto supostamente maravilhoso, insistindo para que ela o experimentasse. Ela aceitou e, desde então, o mundo sofre com a triste escolha feita por Eva, a mulher que aceitou experimentar o desconhecido.

Como esposas de pastores, a exemplo de Eva, também passeamos sozinhas pelo mundo. Nem sempre nosso esposo pode nos acompanhar em um passeio de domingo, uma visita a familiares ou viajar com a família num feriado. Muitas mulheres se queixam de estar sempre sozinhas. Se têm filhos pequenos, quase sempre vão à igreja acompanhadas apenas de crianças, pois não podem ir com o esposo, cada sábado, a uma igreja diferente.

Aquelas que trabalham fora nem sempre têm oportunidade de apresentar o cônjuge aos colegas, mesmo nas atividades sociais. E existem as estudantes que se sentem inapropriadas, ao interagir com pessoas bem mais jovens, a maioria das quais adota valores diferentes. Portanto, enfrentamos os mesmos perigos enfrentados por Eva.

O perigo

Ellen G. White escreveu: “Os anjos haviam advertido Eva de que tivesse o cuidado de não se afastar do esposo enquanto se ocupavam com seu trabalho diário no jardim. Junto dele, ela estaria em menor perigo de tentação, do que se estivesse sozinha. Mas, absorta em sua aprazível ocupação, inconscientemente se desviou de seu lado. Percebendo que estava só, sentiu uma apreensão de perigo, mas afugentou seus temores, concluindo que ela possuía sabedoria e força suficientes para discernir o mal e resistir-lhe. Esquecida do aviso do anjo, logo se achou a contemplar, com um misto de curiosidade e admiração, a árvore proibida. O fruto era muito belo e ela perguntava a si mesma por que seria que Deus os privara desse fruto. Era então a oportunidade do tentador” (Patriarcas e Profetas, p. 53, 54).

Como fiéis representantes de Deus, conhecemos os valores pelos quais devemos viver e agir. Não ignoramos os conselhos divinos, mas, a exemplo de Eva, às vezes os questionamos, esquecidas de que “tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito” (Rm 15:4).

O inimigo sabe quais são nossos desejos e necessidades. No caso de Eva, ao contemplar a beleza da árvore da ciência do bem e do mal, tão atraente e aparentemente inofensiva, “ficou surpresa e admirada quando assim pareceu ouvir o eco de seus pensamentos” (Ibid., p. 54). O que lhe causou a ruína foi parar a fim de contemplar e conjecturar sobre a sugestão do inimigo. “Em vez de fugir do local, deteve-se, maravilhada, a ouvir uma serpente falar… não tinha ideia alguma de que a fascinadora serpente pudesse tornar-se o intermediário do adversário decaído” (Ibid., p. 54).

Precisamos ficar atentas. Hoje, também existem “vitrines” sedutoras e perigosas que têm atraído nossa atenção. Aqui estão algumas delas:

Amizades. Não somos ilhas. Fomos feitas para relacionamentos, gostamos de companhia. Precisamos dar e receber atenção, trocar ideias, ouvir e ser ouvidas. E, nessa ânsia por companhia, sentindo falta da presença constante daquele que deve ser o mais íntimo em sua vida, algumas de nós se aventuram a buscá-la fora do lar e, às vezes, fora da igreja, apesar de todos os riscos envolvidos.

“A esposa do pastor foi chamada a ser uma bênção para ele, os filhos, a igreja, a comunidade e para ela mesma”

Outras, associando-se intimamente com irmãs da igreja, passam a lhes confidenciar sonhos, desejos, pensamentos e lutas pessoais. Às vezes, criticam o esposo, expondo seus defeitos, minando o respeito e consideração que a congregação deve ter pelo pastor. É preciso ter cuidado, pois a pessoa considerada “melhor amiga” pode trair a confiança, comprometendo assim o caráter e a reputação da família pastoral.

Trabalho. Nada existe de errado no fato de uma esposa de pastor procurar trabalho, dentro de sua especialização, mesmo fora da igreja, quando esta não pode empregá-la em alguma atividade. O problema é que, ao trabalhar fora, algumas acabam enredando o esposo, levando-o a se envolver “em negócios desta vida”
(2Tm 2:4). Nesse caso, o pastor acaba não conseguindo atender as ovelhas. E a esposa, que devia ajudá-lo, dificulta ainda mais a realização do trabalho pastoral.

Estudo. É também inegável o fato de que devemos crescer e ampliar nossos horizontes. Mas é visível a mudança operada em algumas irmãs, ao ingressarem no meio acadêmico. Paradigmas são mudados, princípios aparentemente são esquecidos e elas perdem a oportunidade de ser o “sal da Terra” e a “luz do mundo”. Além disso, também adotam o estilo de vestimenta, palavreado, costumes e padrões de comportamento estranhos no relacionamento com o sexo oposto. Tem havido casos em que o pastor precisa deixar a missão a que foi chamado por Deus, para se adaptar ao novo estilo de vida da esposa.

Internet. Ninguém desconhece e nunca é demais insistir nos perigos do mundo virtual. Muitas vivem longe de familiares, amigos, do ambiente em que foram criadas. Portanto, é natural querer saber como estão aqueles a quem amam. Entretanto, correm sério risco, ao se expor demasiadamente, colocando em lugares pouco recomendáveis fotos pessoais, com imagens descontraídas. Devemos nos lembrar de que, dessa forma, damos aos outros a visão de quem somos ou de quem gostaríamos de ser.

As consequências

Quais são os resultados da contemplação dessas vitrines? Note a descrição feita por Ellen White sobre a experiência de Eva: “Então, havendo ela transgredido, tornou-se o agente de Satanás para efetuar a ruína de seu esposo. Em um estado de exaltação estranha e fora do natural… insistiu com ele para comer, repetindo as palavras da serpente… Ela raciocinava que isso deveria ser verdade, pois que não sentia evidência nenhuma do desagrado de Deus, mas ao contrário, experimentava uma influência deliciosa, alegre, a fazer fremir toda a faculdade de uma nova vida, influência tal, imaginava ela, como a que inspirava os mensageiros celestiais” (Ibid., p. 56).

Este é o grande perigo: o de que a esposa acabe influenciando negativamente o esposo, levando-o a condescender imperceptivelmente com os mesmos padrões, o que tornará seu ministério árido e infrutífero.

Por isso, a advertência permanece: “Eva tinha sido perfeitamente feliz ao lado do esposo, em seu lar edênico; mas, semelhante às inquietas Evas modernas, lisonjeou-se com a esperança de entrar para uma esfera mais elevada do que aquela que Deus lhe designara. Tentando erguer-se acima de sua posição original, caiu muito abaixo da mesma. Idêntico resultado será alcançado por todas as que estão indispostas a assumir com bom ânimo os deveres da vida, de acordo com o plano de Deus. Em seus esforços para atingir posições para as quais Ele não as adaptou, muitas estão deixando vago o lugar em que poderiam ser uma bênção. Em seu desejo de uma esfera mais elevada, muitas têm sacrificado a verdadeira dignidade feminina, e a nobreza de caráter, e deixam por fazer precisamente o trabalho que o Céu lhes designou” (Ibid., p. 59).

Ao aceitar ser esposa de pastor, você aceitou o chamado de Deus para estar ao lado de seu esposo, ser uma bênção para ele, para os filhos, para a igreja, para a comunidade e para você mesma. Não se contente com menos do que isso. Fuja dos desejos de Eva!