Examinando algumas “Reviews” velhas, encontrei um artigo (1) com o título acima mencionado, fazendo alguns comentários sobre um artigo da Sra. E. G. White, escrito em 1903, com referência “o que poderia ter sido” uma assembléia da Associação Geral que estava no passado. Como se trata de um assunto válido para cada uma de nossas reuniões espirituais e assembléias, aqui vai a tradução deste pequeno, mas mui oportuno capítulo:

Numa certa tarde, estava eu escrevendo a respeito do trabalho que poderia ter sido feito na última assembléia da Associação Geral, se os homens em posição de confiança tivessem seguido o caminho e a vontade de Deus. Aqueles que tiveram muita luz, não andaram na luz. A reunião terminou e uma verdadeira consagração não se deu. As pessoas não se humilharam ante o Senhor como deveriam ter feito, e o Espírito Santo não foi concedido.

Tendo escrito até este ponto, fiquei inconsciente e me parecia estar testemunhando uma cena em Battle Creek.

Estávamos reunidos em assembléia no auditório do Tabernáculo de Battle Creek. Orou-se, cantou-se um hino, orou-se mais uma vez. As mais sérias súplicas foram feitas a Deus. A reunião foi agraciada com a presença do Espírito Santo. O trabalho foi em profundidade e alguns dos presentes choravam em alta voz.

Um dos presentes levantou-se da sua posição inclinada, dizendo que no passado não tinha estado em harmonia com certas pessoas nem sentido amor para com elas, mas que agora via como ele realmente tinha sido. Com grande solenidade ele repetiu a mensagem à igreja de Laodicéia: “Como dizes: Estou rico e abastado, e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim miserável, pobre, cego e nu.’’ Agora vejo que esta é a minha condição. Meus olhos se abriram. Meu espírito tem sido duro e injusto. Eu pensava ser reto, mas o meu coração está partido e vejo a minha necessidade do precioso conselho dAquele que me tem esquadrinhado completamente. Oh, quão graciosas, compassivas e amorosas são as palavras: “Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestidos brancos para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os teus olhos a fim de que vejas”.2

O que falava virou-se então para aquele que tinha estado a orar, dizendo: “Temos algo a fazer. Temos de confessar os nossos pecados, e humilhar os nossos corações perante Deus”. Ele fazia confissões que abalavam os corações e então dirigiu-se a alguns dos irmãos, um após outro, estendendo sua mão e pedindo perdão. Estes, aos quais ele se dirigia, levantaram-se, fizeram confissões, pedindo perdão, abraçaram-se chorando. O espírito de confissões espalhou-se através de toda a congregação. Era um tempo pentecostal. Louvores a Deus se ouviam e avançando noite a dentro até a madrugada, a reunião continuava. As seguintes palavras muitas vezes foram repetidas: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sè, pois, zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo”.3

Ninguém se sentia tão orgulhoso para não fazer suas sinceras confissões e aqueles que tomavam a dianteira deste trabalho, eram os que tinham influência, mas não haviam tido coragem antes de confessar os seus pecados.

Ouvia se tal júbilo como nunca antes se havia ouvido no Tabernáculo.

Então acordei do meu estado inconsciente e, durante algum tempo, não sabia onde estava. A caneta ainda estava na minha mão. As seguintes palavras foram mencionadas a mim: “Isto poderia ter acontecido”. Tudo isto o Senhor estava desejando fazer para o Seu povo. Todo o Céu desejava ser benigno. Pensei, onde poderiamos estar, se este radical trabalho tivesse sido feito na última assembléia da Associação Geral, e uma agonia de desapontamento veio sobre mim ao compreender que o que havia presenciado, não fora realizado.4

  • 1. Review and Herald, Fevereiro, 29, 1968, p. 4
  • 2. Apoc. 3:17-18
  • 3. Apoc. 3:19-20
  • 4. “Testimonies for the Church”, Vol. 8, pp. 104-108.
  • 5. S. João 17:21
  • 6. Obreiros Evangélicos, p. 136

Companheiro, este capítulo da pena da Sra. White, não necessita de comentários, mas perdoai-me apenas estas poucas palavras: “O que poderia ter sido” para a obra de Deus se esta visão da Sra. White fosse praticada em todas as nossas reuniões espirituais, ministeriais e assembléias?

Por que não tornar esta visão uma realidade em noso meio?

Por que não pôr em prática o sinal da Divindade de Cristo?

“A fim de que todos sejam um, (…) para que o mundo creia que Tu Me enviaste”. (5)

Por que não unir-nos como um só homem e terminar o trabalho a nós confiado?

Por que não ser mais amorosos, humanos, uns para com os outros? Pensemos nesta grande frase da Sra. White: “A desumanidade do homem para com o homem, eis nosso maior pecado”. (6)  ▼