Nota da Redação: A Divisão Interamericana teve um ano de verdadeiros milagres em 1972. Cremos que o entusiasmo que ali reinou entre os administradores, evangelistas, pastores e demais obreiros, assim como entre os leigos, pode servir-nos de inspiração em 1974. Embora 1972 já seja história, o passado pode nos ensinar lições para o presente e o futuro.
Thomas Carlyle, o ensaísta e historiador inglês, participava uma vez de uma reunião de passagem de ano em um lar da Nova Inglaterra. Já tarde da noite, cansado de tanto ouvir o interminável tagarelar dos presentes, saiu furtivamente e dirigiu-se para a praia.
Segundo a história ele se sentiu aturdido com uma súbita mudança na atmosfera. O ar se tornara pesado ao redor dele. Estava escuro e tétrico, e logo uma tempestade desabou. O mar ficou agitado e as ondas eram altas, e os relâmpagos e trovões impressionavam.
Carlyle ficou desnorteado, confuso e assustado. A mudança no tempo viera muito repentinamente. Seus pensamentos se voltaram para dentro dele mesmo, em profundas reflexões. E enquanto o velho ano desaparecia dando lugar ao novo, a alma do filósofo ficou abismada na grandeza de tudo, e ele exclamou: “Estou no centro da imensidão, na confluência da eternidade”.
É onde se encontra a igreja remanescente hoje. O clima de nossa sociedade e todo o cenário internacional está mudado. Devemos levantar-nos e concluir nossa tarefa. O homem está sendo arremessado incontrolavelmente para dentro de profundos abismos — abismo moral, caos, dilemas políticos, cristianismo ateu e a ciência incontrolada. A ciência reduziu o tempo e o espaço quase a um ponto vago. Pelo rádio o mundo é alcançado num sétimo de segundo. O homem pode circular a Terra em avião a jato em menos de 40 horas. E alcançou a Lua. E caminhou sobre ela. Dirigiu em seu solo um veículo. O homem penetrou o espaço exterior. Mas nunca esteve mais distante do Céu.
O profeta Isaías, sentindo as terríveis condições de seus dias, e o peso da responsabilidade pelas almas, e impelido a dar uma mensagem de esperança e salvação, exclamou: “Por amor de Sião não me calarei, e por amor de Jerusalém não me aquietarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, a sua salvação como uma tocha acesa”. Isa. 62:1.
Nossa Missão
Este é o tempo para que a igreja remanescente pregue como jamais o fez. É o desafio do século. A mensagem para cada líder, pastor, obreiro e membro da igreja encontra-se na ordem: “Ide (…) e ensinai todas as nações”. S. Mat. 28:19. “Ide (…) e pregai”. S. Mar. 16:15. Esta ordem foi dada aos ministros, líderes e povo. É o documento de autoridade para missões no exterior, o documento internacional da igreja. Com isto Jesus derriba o muro de separação, elimina o preconceito e o exclusivismo nacionalista. Ele põe abaixo toda linha divisionária e toda distinção de classismo social. Desaparece a diferença entre nacionais e estrangeiros, amigos e inimigos. Estará fora de nosso vocabulário a expressão: “Esses estrangeiros”.
Cristo nos ensina a olhar em torno, a olhar através dos mares, e a ver cada alma necessitada como nosso irmão e o mundo como nosso campo. Devem fazer-se planos agora que promovam o máximo de evangelismo na história do mundo e da igreja.
Alguém observou: “A teologia hoje está claudicando”. Li recentemente numa revista religiosa que a maioria das igrejas são como cascas vazias, sem nada dentro, sem nenhum poder. Não estão alcançando o povo. Os membros estão morrendo espiritualmente. O povo está deixando as igrejas populares. Dizem que os seus pastores estão regando a mensagem que têm estado a pregar durante anos. O cristianismo está em colapso. O povo está cansado de pregação sentimentalista e atitudes platônicas. A revista Time relatou que 25 mil sacerdotes católicos deixaram o sacerdócio nos últimos oito anos. Em certa parte da Europa uma igreja de 10 mil membros tem uma assistência aos domingos de manhã de 35 pessoas.
Que dia de oportunidade para o pregador adventista! Como podemos continuar indiferentes? O povo precisa saber hoje que há em curso um conflito entre Cristo e Satanás. Deve-se-lhe dizer que o mundo está chegando ao fim, que o juízo está às portas, que Deus tem para o mun-do hoje a derradeira mensagem de advertência. Como líderes adventistas do sétimo dia e pregadores, não precisamos sentir-nos desnorteados e confusos como ocorre com os líderes de uma convenção política. Somos compelidos pela urgência da mensagem. Temos nossa ordem de marcha. Não somos apenas outra igreja, porque estamos no limiar da revelação histórica.
Atalaias da Divisão Interamerica
O profeta Isaías nos fala sobre os atalaias: “Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que todo o dia e toda a noite jamais se calarão”. Isa. 62:6.
Há doze meses em nossa Divisão Interamericana acendemos uma tocha em nossa reunião anual. Lançamos a campanha EVANGELISMO 72 para festejar nossa data de ouro. Fixamos um alvo de 39.600 batismos, e um super alvo de pelo menos 40.000. Decidimos pôr a prova a Deus e a dedicação dos irmãos em geral na Divisão. Alguns disseram: “Impossível”. Mas a Divisão pegou fogo. Houve exame do coração e reavivamento. Reuniões de oração prosseguiram durante noites. Cada departamental deixou o seu escritório e saiu para o campo, assumindo os púlpitos e realizando conferências. Presidentes de uniões, de campos locais, secretários departamentais, todos se inflamaram e se envolveram em evangelismo público e pessoal. Pessoal de colégios e estudantes dividiram-se em times e realizaram campanhas evangelísticas. Jovens não somente se empenharam em cruzadas de A Juventude para Cristo, mas passaram noites inteiras em oração em favor de almas. Colportores combinaram o seu trabalho de vendas com o evangelismo.
Quais foram os resultados? A mensagem tornou-se atrativa ao povo, porque viam o entusiasmo no coração dos líderes. Toda uma vila na Guatemala voltou-se para Deus. As classes das Escolas Sabatinas transformaram-se em unidades evangelizadoras. O trabalho pela salvação de almas prosperou em toda parte, ao permitirem homens e mulheres que o Espírito de Deus operasse.
Dobrado o Número de Batismos
Os batismos do primeiro trimestre de 1972 foram dobrados em número com relação ao mesmo período de 1971. Nos primeiros seis meses quase dobramos o número de batismos de todo o ano de 1971. Nosso alvo de 20 mil para seis meses foi superado em 1.563. No dia do Batismo Comemorativo de Aniversário batizamos 7.484 — 115 mais do que todo o número de membros de 50 anos atrás, quando a Divisão foi organizada. Na Missão Norte do Haiti num só dia e num só lugar 21 ministros diante de um auditório de 10 mil pessoas levaram 1.043 pessoas à comunhão da igreja pelo batismo. No dia 13 de setembro recebemos o seguinte cabograma do secretário da União Mexicana: “México alcançou o seu alvo. Temos 6.223 batizados”.
Depois do primeiro trimestre a Missão Sul-Mexicana pôs de lado o alvo do ano todo que era de 1.775, e decidiu que com o poder da chuva do Espírito de Deus poderiam alcançar 1.000 por trimestre. Esperavam ter 3.223 pelo fim de setembro, e 4 mil até fim de dezembro. No final do terceiro trimestre haviam alcançado 3.223. O presidente da Missão deu o exemplo em evangelismo, trabalhando em Sierra Madres, a 6 mil pés de altitude, e sozinho batizou 173 pessoas.
Os 19 ministros da Associação Dominicana assumiram o compromisso de batizar cada um pelo menos 100 pessoas durante 1972. No momento em que escrevemos 13 já alcançaram este alvo e 2 estão perto dos 200. A Associação Este do Caribe assumiu um alvo de 1.700. No fim de julho haviam batizado 1.524. E demonstram a esperança de ultrapassar esse alvo até 31 de dezembro.
Estamos vendo o clímax dos séculos. Estamos vendo o dia do poder. Numa das cruzadas do Pastor K. S. Wiggins na Guiana um pregador de outra fé aceitou a mensagem e foi batizado. Estava tão feliz que decidiu ir para um de nossos colégios (Em Trinidad) e preparar-se para pregar a mensagem do advento. Com o faro da responsabilidade por almas, ele foi ao presidente da Associação e pediu permissão para realizar conferências mesmo enquanto estudava. Foi-lhe dada permissão, e ele logrou batizar com o seu trabalho 66 pessoas. Foi então a uma ilha vizinha, e em outra série ganhou 80 para o seio da igreja. Como poderiamos ficar indiferentes?
Apenas o Começo
Isto é apenas o começo. Como não será quando no evangelismo total recebermos a chuva temporã como poder! Esperai até verdes o reavivamento que Ellen G. White viu, com a união dos irmãos — sem diferença de cor, de nacionalidade ou posição social, mas todos como irmãos experimentando o poder divino! Ela viu os líderes, os pastores e os membros da igreja movendo-se em linha para assumir a tarefa. Viu-os com suas Bíblias indo de casa em casa e abrindo as Escrituras ao povo.
Sabeis que mais ela viu? Viu portas antes fechadas abrirem-se, milagres realizarem-se e almas que estavam espalhadas por todas as denominações religiosas apressavam-se a sair das igrejas condenadas. (Ver Primeiros Escritos, p. 279.)
Esperai até verdes esta grande mensagem do terceiro anjo culminar no alto clamor, quando homens influentes deixarão Babilônia e assumirão o seu lugar ao lado do povo de Deus!
Esperai até verdes o mundo iluminado com a glória da igreja de Deus!
Que Hora Esta!
Que experiência dramática nos espera! Que hora para estarmos vivendo! Que glorioso dia para a igreja! Que dia para ser um líder na igreja de Deus! Deus nos chama nesta hora de imensidades, ao estarmos na encruzilhada da eternidade, para recebermos o prometido fogo do Espírito Santo.
Cada líder, cada pastor, cada obreiro, precisa compreender que estamos empenhados numa guerra total contra o mal, guerra que reclama evangelismo total. É tempo de acender o fogo do evangelismo em todo o mundo.
A igreja ao redor do mundo preparou pilhas de madeira, figurativamente falando — comissões, congressos, concílios, convenções, escolas, hospitais — mas onde está o fogo? O fogo que devemos acender é o chamado para total envolvimento no evangelismo. Empenhemo-nos de coração em pedir a Deus o derramamento do Seu Santo Espírito para terminarmos nossa tarefa; unamos as mãos na maior evangelização de que se tem notícia na história da igreja.
É tempo de terminarmos nossa tarefa e irmos para o lar.