NOTA: Este estudo sobre a perfeição cristã foi apresentado pelo Pastor Salim Japas, durante o Retiro Ministerial, realizado de 27 a 29 de outubro de 1972, no acampamento Elias Burgo, em Porto Rico.

  • I — Introdução :
  • 1. Aparente contradição em Paulo. Fil. 3: 12 e 15.

“Não que eu … tenha já obtido a perfeição.”

“Todos . . . que somos perfeitos.”

  • 2. Poucas declarações bíblicas têm sido causa de maior escândalo.
  • 3. Há os que negam e há os que afirmam a possibilidade da perfeição.
  • 4. Procuremos sanar a dificuldade. O coração do tema é a justiça de Cristo.
  • II — Em que sentido não somos perfeitos.
  • 1. Não somos perfeitos em conhecimento.
  • a. No que respeita ao mundo natural. Ex.: O que desconhecemos é muito mais do que o que conhecemos.
  • b. No que respeita a Deus. Jó 37:22 e 23.

“A revelação de Si mesmo que Deus deu em Sua Palavra deve ser objeto de nosso estudo. Devemos procurar compreendê-la. Mas não devemos tentar ir além. O intelecto superior pode sobrecarregar-se até o esgotamento pelas conjecturas acerca da natureza de Deus; mas o esforço será inútil. Não se nos pede que solucionemos este problema. Mente humana alguma pode abarcar a Deus. Que nenhum homem finito procure interpretá-Lo. Que ninguém especule sobre Sua natureza. Nisto, o silêncio é eloqüência. O Ser onisciente está acima de toda possibilidade de análise.” — Testimonies, Vol. 8, pág. 279.

  • c. Devíamos dedicar mais tempo na consideração do que se refere à paternidade de Deus.
  • d. No que se refere à Trindade, encarnação e pecado.

“É impossível às mentes finitas compreender a obra da redenção. Seu mistério supera o conhecimento humano.” — O Desejado, pág. 144.

“Mistério da piedade.” I Tim. 3:16.

“Mistério da iniqüidade.” II Tes. 2:7.

“Os tempos e as estações.” Atos 1:6 e 7.

“As coisas ocultas são para o Senhor.” Deut. 2:29.

“Não fará coisa alguma sem revelar os Seus segredos.” Amós 3:7.

  • 2. Não conhecemos o íntimo das providências de Deus.

“Nuvem e escuridão ao Seu redor, justiça e retidão o assento do Seu trono.” Sal. 97:2.

“O que faço não compreendes agora, mas compreendê-lo-ás depois.” S. João 13:7.

“Deus não dirige nunca os Seus filhos de outra maneira senão aquela que eles mesmos escolheríam se pudessem ver o fim desde o princípio, e discernir a glória do propósito que estão cumprindo como colaboradores Seus.” — O Desejado, pág. 197.

Quão grande é a ignorância e quão insignificante o conhecimento!

  • 3. Não estamos isentos da possibilidade de errar.

Quase sempre é uma conseqüência do primeiro. “Em parte conhecemos.” I Cor. 13:12.

Quanto à salvação, o Espírito Santo “nos ensinará todas as coisas.” S. João 14:26.

Quando se transportam estas verdades para a esfera do humano, então descobrimos.

Paulo disse, em relação a Pedro, que “lhe resisti na cara . . . pois era repreensível.” Gál. 2:11.

Paulo e Barnabé tiveram “tal desavença que vieram a separar-se.” Atos 15:39.

Não somos nem infalíveis, nem irrepreensíveis e nem impecáveis.

“Nenhum apóstolo ou profeta pretendeu ter vivido sem pecado. Homens que viveram muito perto do Deus, homens que sacrificaram a vida antes que cometer conscientemente um ato pecaminoso, homens a quem Deus honrou com luz divina e poder, confessaram sua natureza pecaminosa.” — Atos dos Apóstolos, pág. 448.

  • 4. Não estamos livres de fraquezas.

“Todo aquele que … se irar contra seu irmão, está sujeito a julgamento.” S. Mat. 5:22.

Cada pessoa tem debilidades pessoais inatas ou herdadas.

Referimo-nos a debilidades funcionais internas, isto é, corporais, que não são de natureza moral.

“Conquanto não possamos aspirar à perfeição na carne, podemos ter uma perfeição cristã da alma. . . . Por meio da fé em Seu sangue, todos nós podemos tornar perfeitos em Cristo Jesus.” — E. G. White, Gen. Conf. Bulletin, 23-4-1901.

Não nos podemos livrar de tentações.

“As tentações virão sobre vós, porque por elas seremos provados durante nossa permanência na Terra. Esta é a prova de Deus, uma revelação de nossos próprios corações. Não é pecado ser tentado; mas é pecado quando nos rendemos à tentação.” — Testimonies, Vol. 4, pág. 358.

III. Em que sentido somos perfeitos.

  • 1. Sentido do vocábulo “perfeito” — Teleios.

É um adjetivo que tem o sentido de: Pleno desenvolvimento.

Maduro.

Completo.

Lutando para alcançar um alvo.

“Em cada grau de desenvolvimento nossa vida pode ser perfeita. . . . Haverá assim um avanço contínuo. O Espírito de Cristo, ao trabalhar no coração, o transforma segundo Sua imagem.” — O Maior Discurso de Cristo, pág. 58.

“Para aperfeiçoamento dos santos.” Efés. 4:12. Caráter.

Conhecimento.

Obra.

“Ainda não somos perfeitos, mas é nosso privilégio separar-nos dos laços do eu e do pecado, e avançar rumo à perfeição.” — Atos dos Apóstolos, pág. 451.

Não só a perfeição do caráter, mas também a perfeição das obras. Fil. 1:6.

Alimento sólido é para os perfeitos (Heb. 5:11-14).

“Quando Satanás for destruído, não haverá mais ninguém que tente; a expiação não precisará ser repetida, e não haverá perigo de outra rebelião no Universo de Deus. … O plano da salvação que manifesta a justiça e o amor de Deus, proporciona uma eterna salvaguarda contra a defecção nos mundos não caídos, como também entre os que serão redimidos pelo sangue do Cordeiro.” — SDABC, Vol. 5, pág. 1132.

  • 2. Evidências da perfeição cristã. Equilibrado no pensar; não fanático.

a. Vejamos as características de um cristão amadurecido.

  • 1. Seus interesses são amplos, variados, e procura crescer em todas as direções possíveis.
  • 2. Busca uma reforma interior, e esta se reflete na conduta e hábitos exteriores de sua vida.
  • 3. Mostra-se humilde em suas opiniões. Sabe que tem muito que aprender da Palavra de Deus e dos Testemunhos.
  • 4. É tolerante com as idéias alheias, mesmo que não combinem com as suas. Mostra amor, paciência e bondade para com os demais.
  • 5. Estuda a mensagem para benefício próprio e também dos outros.
  • 6. Dá atenção às citações do Espírito de Profecia que esclarece todo tópico de importância. Não é unilateral ou parcial em suas conclusões.
  • 7. Humildemente aceita os seus erros quando se defronta com as provas que os mostram.
  • 8. Submete seus sentimentos e impulsos ao são juízo e à razão santificada e se dobra à vontade de Deus.
  • 9. É capaz de examinar provas que ajudem a distinguir o bom do mau. Recusa o que é mau e aceita o que é bom.
  • 10. Procura fazer discípulos para Cristo, não os atraindo para a sua própria pessoa. Sempre os conduz ao Senhor Jesus.

b. Vejamos agora as características do “fanático.”

  • 1. Concentra o seu interesse em um ou dois pontos, com exclusão dos demais, mesmo que sejam tão importantes como os outros.
  • 2. Está mais preocupado com os exteriorismos da vida cristã. Importa-lhe mais o que é material do que a unificação dos princípios da fé.
  • 3. Sente-se satisfeito e até orgulhoso de suas realizações relacionadas com o exterior.
  • 4. É pronunciadamente crítico, e tem a tendência de condenar os que não concordam com suas idéias.
  • 6. Cita ou deixa de citar só o que se ajusta a seus pontos de vista.
  • 7. Sustenta com tenacidade suas idéias, mesmo quando se lhe tenha demonstrado comprovadamente que está errado.
  • 8. Deixa-se governar por impulsos e sentimentos, mesmo que a razão e o juízo equilibrado sejam deixados fora.
  • 9. Com freqüência mostra-se volúvel, e vai de um extremo a outro.
  • 10. Procura chamar a atenção para sua própria pessoa e se esforça por conseguir adeptos.
  • V. Que é santificação?
  • 1. Quando o cristão peca.

Que acontece quando um cristão que deseja viver vida justa, cai em falta?

“Se somos vencidos pelo inimigo, não estamos abandonados, nem separados ou rejeitados por Deus.’’ — Vereda de Cristo, pág. 69.

“Eu dei a Minha vida por estas almas. Seus nomes estão esculpidos nas palmas de Minhas mãos. Podem ter imperfeições de caráter, podem haver falhado em seus esforços, mas arrependeram-se, e Eu os tenho perdoado e aceitado.” — Profetas e Reis, pág. 433.

‘‘Quando estamos revestidos da justiça de Cristo, não teremos nenhum gosto pelo pecado, pois Cristo operará dentro de nós. Talvez cometamos erros, mas aborreceremos o pecado que causou os sofrimentos do Filho de Deus.” — Test. Seletos, Vol. 1, págs. 431 e 432.

“Se alguém pecar, temos um Advogado.” I S. João 1:9.

  • 2. Quando chegaremos à perfeição plena?

“Santificação não é obra de um momento, uma hora ou um dia, mas de toda a vida. . . . Enquanto Satanás reina, teremos de dominar-nos a nós mesmos e vencer os pecados que nos rodeiam; enquanto durar a vida, não haverá um momento de descanso, um lugar aonde possamos chegar a dizer: alcancei plenamente o alvo. A santificação é o resultado da amorável obediência prestada toda a vida.” — Atos dos Apóstolos, pág. 447.

“Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum.” Rom. 7:18.

“Mas longe esteja de mim o gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.” Gál. 6:14.

“Nós não podemos dizer que estamos sem pecado, até que este nosso corpo seja transformado na semelhança do corpo glorioso de Jesus. Mas se nós, com perseverança, seguimos ao Senhor, a bendita esperança é nossa, e estaremos diante dEle sem mancha nem contaminação, mas completos em Cristo.” — Signs of the Times, 23 de maio de 1883.

Alguns entendem que podemos chegar ao estado de completa perfeição aqui e agora.

“Aos que se têm esforçado tanto para alcançar a assim chamada carne santificada, quero dizer: Não podeis obtê-la. Nenhum de vós possui no momento carne santificada. Nenhum ser humano na Terra tem carne santificada. É uma impossibilidade.” — Test. Seletos, Vol. 2, pág. 36. Fil. 3:20 e 21; Rom. 8:14-23.

  • 3. Em que consiste a santificação?

O alvo que Deus nos propõe é a santidade.

A vontade de Deus (I Tes. 4:3).

Ninguém verá o Senhor (Heb. 12:14).

‘‘Mais elevado do que o sumo pensamento humano, é o ideal que Deus tem para Seus filhos. O alvo a alcançar é a piedade, semelhança com Deus.” — Educação, pág. 16.

  • 4. Como interpretar esta declaração?

“Cristo é nosso exemplo. .. . Ele é o modelo perfeito e santo que devemos imitar. Nunca poderemos igualar-nos ao Modelo, mas também não seremos aprovados por Deus se não O copiamos, e segundo a habilidade que Deus nos deu, O seguimos.” — Testimonies, Vol. 2, pág. 549.

  • 1. Imitar o Modelo perfeito.
  • 2. Segundo a habilidade que Deus nos deu.
  • 3. Nunca chegaremos a ser como Ele.
  • 5. Como copiar o Modelo?

“A vontade deve colocar-se ao lado da vontade de Deus. Não podeis pelo vosso próprio querer, pôr os propósitos e desejos e inclinações em sujeição à vontade de Deus; mas se estais dispostos a submeter vossa vontade à Sua, Deus realizará a tarefa por vós.” — O Maior Discurso, pág. 119.

“A justiça de Cristo não é um manto para cobrir pecados não confessados nem abandonados; é um princípio de vida, que transforma o caráter e rege a conduta. Santidade é integridade para com Deus; é a entrega total do coração e da vida, a fim de que revelem os princípios do Céu.” — O Desejado, pág. 509.

“Porque a santificação consiste no alegre cumprimento de nossos deveres diários, e perfeita obediência à vontade de Deus.” — Parábolas de Jesus, pág. 294.

Assim é que Deus nos considera perfeitos agora, se nossa vontade está totalmente posta a Seu lado, embora alguns aspectos de nossa vida não sejam perfeitos ainda.

“Quando em nosso coração decidimos obedecer a Deus, quando todas as nossas forças são empregadas para alcançar este objetivo, Jesus aceita esta disposição e esforço, como sendo o melhor serviço do homem, e Ele completa ) que falta com o Seu próprio divino mérito.” — My Life Today, pág. 250.

“O Pai considera não o vosso caráter deficiente, mas Ele vos vê revestidos de Minha perfeição. Sou o meio pelo qual chegarão as bênçãos do Céu. Todo aquele que Me confessa, participando de Meu sacrifício pelos perdidos, será confessado como participante na glória e no gozo dos remidos.” — O Desejado, págs. 323 e 324.

  • VI. Fontes de aperfeiçoamento.
  • 1. O estudo da Palavra de Deus.

“As verdades da Bíblia, recebidas, elevarão a mente de sua mundanidade e degradação. Se a Palavra de Deus fosse apreciada como devia ser, tanto jovens como anciãos possuiríam uma retidão interior, uma fortaleza de princípios, que os capacitaria para resistir à tentação.” — Testimonies, Vol. 8, pág. 319.

As palavras. . . “são espírito e vida.” S. João 6:63.

“Recebida no coração, a levedura da verdade regulará os desejos, purificará os pensamentos, dulcificará a disposição. Aviva as faculdades da mente e as energias da alma. Aumenta a capacidade de sentir e amar.” — L. Práticas del Gran Maestro, pág. 89.

  • 2. Pela contemplação de Jesus.

Com os olhos postos em Jesus.

“Estudai o caráter de Deus. Contemplando a Cristo, buscando com fé e oração, podeis chegar a ser como Ele.” — Conselhos aos Professores, pág. 308.

“Deus estende Sua mão para alcançar a mão de nossa fé, e dirigi-la para apegar-se à divindade de Cristo, a fim de que nosso caráter possa alcançar a perfeição.” — O Desejado, pág. .99.

“Esta é a vitória que vence.” I S. João 5:4.

“Em Cristo, Deus providenciou os meios para subjugar todo traço pecaminoso e resistir a toda tentação, por forte que seja.” — O Desejado, pág. 396.

  • 3. A entrega diária de nosso ser a Deus.

“Cristo vive em mim.” “Cada dia morro.” Gál. 2:20.

“A Minha graça te basta.” II Cor. 12:7-10.

  • VII. Conclusão.

Há uma perfeição que podemos qualificar de RELATIVA, e implica uma “relação com Cristo.”

Neste sentido o cristão perfeito é o que tem aceito como objetivo de sua vida, a restauração da imagem de Deus em si, e lutará durante toda a vida para alcançar isto.

Esta perfeição não consiste numa imunidade absoluta à tentação e ao pecado, mas sim, num absoluto repúdio ao pecado, como princípio que governa a vida.

Há, porém, outra perfeição, a qual podemos qualificar de VICÁRIA, já que é aquela perfeição que Cristo nos imputa e conosco reparte.

Nota: Todas as citações são do original em espanhol. •