ASPECTOS DA TEOLOGIA BATISTA

I) DOCUMENTOS E AUTORES

  • A) Confissões Batistas de Fé

A primeira confissão, de 1646, encontra-se no livro “Creeds of Christendon”, III. Esta confissão foi redigida por sete congregações em Londres, em 1646. Contém 52 artigos. Iremos transcrever apenas aqueles que nos interessam mais no assunto em discussão:

III. Deus, antes da constituição do mundo, preordenou alguns homens para a vida eterna através de Jesus Cristo, para louvor e glória de Sua graça, deixando os restantes em seus pecados, para Seu justo julgamento, para louvor de Sua justiça.

XXI. Jesus Cristo, pela Sua morte, comprou salvação para os eleitos que Deus lhe deu. . . . Somente estes têm nEle interesse e comunhão com Ele. … O livre dom da vida eterna é dado a eles, e a ninguém mais.

XXIII. Todos os que possuem esta preciosa fé produzida neles pelo Espírito, nunca podem definitiva e totalmente decair dela. (Documentos da Igreja Cristã, pág. 282).

  • B) Opiniões de Autores Batistas

“Isto sugere a idéia de perseverança. Pode o cristão, depois de salvo, perder-se outra vez? A resposta atroadora da Bíblia é: “Não.” Palavras eternas, ou a vida eterna, negam tal idéia. (S. João 3:16-18.) Essa vida não é plano para o futuro e sim realidade presente (cf. S. João 5:24). Na carta aos Efésios, cap. 2:8, lemos isto: “Porque pela graça fostes salvos” (tradução do autor). Temos aqui o perfeito do tempo passado, que se refere a uma ação passada, feita a um pelo outro, e que ainda continua e continuará no futuro. A expressão “cair da graça” vem de expressões encontradas em Gál. 5:4 e Heb. 12:15. Devemos ler “sair da graça.” A idéia é de que Deus se propõe a salvar pela graça. Buscar ou tentar salvar-se pelas obras é sair fora do caminho da salvação pela graça. Quando aceitamos a Cristo,

nos fazemos “filhos de Deus” (S. João 1:12; Rom. 8:15, em diante; cf. Heb. 12:5-11). Podemos ser filhos desobedientes, quando Deus castiga, mas continuamos a ser filhos dEle.” (Grifo nosso). — Hobbs, H., Os Fundamentos da Nossa fé, págs. 126 e 127.

Ele continua ainda dizendo:

“No instante em que nasce uma criança, é ela filha de seu pai. Para nascer, a criança não espera até chegar à idade adulta. Mas desde o momento do nascimento a criança começa a crescer em sabedoria, estatura e utilidade. E assim continua toda a vida até morrer.

“Assim, quando nascemos de novo, não esperamos até chegar à vida adulta em Cristo para nos tornarmos filhos de Deus. Tudo que se faz necessário é que nasçamos do Espírito Santo. Todavia, no instante em que nascemos de novo, devemos iniciar nosso crescimento espiritual, para podermos servir bem a Deus. E a medida em que isso fizermos determinará a qualidade da vida cristã que levaremos; mas jamais deixaremos de ser filhos de Deus. Podemos aos OLHOS DE DEUS ser filhos anões ou débeis, mas sempre somos Seus filhos.” — Ibidem pág. 130.

Nada ilustra mais o pensamento dos batistas do que um pequeno folheto escrito por João Gilpin. Citaremos algumas das referências quanto ao assunto em questão, sendo que praticamente todo o folheto é em torno do assunto: “A Segurança dos Salvos”.

Sua preocupação constante era de saber se era do Senhor ou não. Uma das lições aprendidas em sua vida foi “que eu estava salvo eternamente e que, portanto, jamais me perderia. Na minha opinião esta foi a maior das três lições.” Então ele cita Fil. 1:6; I Ped. 1:5 e São João 10:29 p. 5, 6.

Ele prossegue, portanto, através de todo o folheto, procurando provar esta asserção. Citando a experiência de Jó, ele diz: “Como poderá o tentador fazer hoje em dia um crente cair da graça, visto que cada filho de Deus conta com um Intercessor rogando por ele na glória?” — Ibidem, 6 e 7.

Citando um sermão de W. H. Griffith, ele menciona a última parte do sermão:

“(3) Vida eterna é a união do espírito com Deus, para todo o sempre.” É exatametnte no último tópico que estou interessado. E, para começar, deixai-me dizer que não tenciono ensinar que um crente nunca pode incorrer em pecado. Dizer alguém que nunca peca, é fazer-se a si mesmo mentiroso: I São João 1:8.

“A verdade é que um filho de Deus pode, muitas vezes pela sutileza do inimigo, cair em pecado; mas, uma queda nem sempre mata. Muitos têm caído em pecado, e vivido para contar sua redenção pela graça.” (Ibid. 7).

Ele cita então experiências de Davi, Pedro, em suas quedas e falhas, mas que continuaram ao lado do Senhor.

“Em conformidade com isto, afirmo que um pecador salvo nunca perderá a sua salvação.” (Pág. 9.)

São apresentadas, então, 28 pontos para provar esse ponto. Mencionaremos alguns de mais relevância e importância para nosso assunto.

7. “Se a morte que herdamos de Adão é eterna, a Vida que herdamos de Cristo também é eterna.” Cita, então, Rom. 5:21; Efés. 2:1. “Da mesma maneira estamos eternamente vivos e seguros na Pessoa do Senhor Jesus”. (Pág. 14.)

19. O sangue de Cristo nos limpa de todo pecado. Notemos o que ele diz:

“O Senhor Jesus morreu como Substituto de todos os crentes. Sua morte pagou pelo pecado de todos. Seu sangue purifica de TODO pecado (passado, presente e futuro).

‘ Pela Sua morte, Cristo pagou cada pecado de cada crente. Se por causa do pecado, um crente viesse a perecer, o mesmo sofreria pelos mesmos pecados pelos quais Jesus já deu Sua vida. Tanto o crente, como Jesus, pagariam pelos mesmos pecados. Deus estaria castigando duas pessoas pelo pecado de uma só, e tornar-se-ia o tirano mais injusto do Universo. Livre-nos Deus de tal pensamento! O nosso Deus é justo; sim, acima de tudo, Ele é misericordioso.” (Págs. 23 e 24.)

22. Cristo promete que o crente Nunca padecerá sede. (São João 4:13, 14 e São Lucas 16:24.)

“Se um filho de Deus pode perecer novamente depois de salvo, vai para o inferno; e o Senhor Jesus terá de ser chamado mentiroso, pois Ele mesmo diz que o crente nunca mais terá sede. Mais uma vez afirmamos: ou o crente tem a vida eterna, ou o Senhor Jesus é um falsificador, um embusteiro. (Pág. 25.)

24. Os Elos da Cadeia de Ouro do Propósito de Deus Garantem a Segurança do Crente. “E aos que predestinou, a estes também chamou: e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou.” (Rom. 8:30). Estes são quatro elos indestrutíveis nesta cadeia de ouro. Ambas as extremidades da cadeia estão atadas eternamente ao trono de Deus. Tão certo como o crente é escolhido no Senhor Jesus antes do princípio do mundo, passo a passo, avançará até a perfeição final. Uma vez que é verdade que aquele a quem Deus predestina, eventualmente glorificará, será que um dos seus eleitos jamais poderá vir a perder-se?

25. As Recompensas podem ser perdidas, mas a Alma permanece Segura.

I Cor. 3:14 e 15.

“Alguém poderia fazer a pergunta: ‘E se alguém pecar e morrer sem arrependimento, será salvo?’ Ora, é impossível supor-se qualquer condição que venha causar ou permitir que um filho de Deus se perca ou vá para o inferno. A passagem que acabamos de ler, diz o que sucederá ao crente faltoso: Ele perderá o galardão ou recompensa; todavia, sua alma não se perderá! Seu galardão perecerá; mas ele será salvo, ainda como que através do fogo.” (Pág. 27.)

27. Se um crente se pudesse perder, a alegria nos Céus seria coisa vã.

S. Lucas 15:10.

“Na terra, um pobre pecador se converte dos seus pecados, e volta-se para o Senhor Jesus, como Seu Salvador. O Céu, lá em cima, contempla essa transação espiritual e se regozija. A emoção comove a todos os espectadores celestiais. Mas, que infelicidade! Mais tarde o pobre crente peca de tal maneira que acaba perdendo sua salvação. . . . (Quem pode dizer quando o crente atravessou a linha entre a perdição e a salvação?). Ora, se a realidade fosse assim, o Céu se teria enganado; a alegria no Céu teria sido prematura. Poderia Deus onisciente regozijar-se ou permitir uma tal alegria em Sua celestial morada, sabendo, com antecedência, que o pecador arrependido terminaria perecendo no pecado? Como esta idéia é totalmente inconcebível!” (Pág. 29.)

OS ADVENTISTAS E OS BATISTAS

Comparando Batistas com os Adventistas, diriamos que temos muito em comum. Todavia, entre eles há muita variedade de igrejas em sua fé, sendo 27 o número, alguns fundamentalistas e outros positivamente liberalistas, alguns Calvinistas e outros seguindo o Arminianismo.

Junto conosco eles são firmes na questão da separação da Igreja e o Estado.

Os Batistas do Sétimo Dia, através de Rachel Preston, dirigiram os Adventistas para o sábado, em 1844.

Eles são estritamente pelo Novo Testamento, mormente Billy Graham, que é um pregador dos ensinos de Jesus.

Juntamente’ com os batistas cremos que o batismo de adultos por imersão é um símbolo da morte e ressurreição de Jesus, e um testemunho público para uma nova vida em Jesus Cristo.

A posição dos batistas com referência ao pecado, à salvação, à confissão, está em geral em harmonia com o que ensinamos, naturalmente, contando aquilo que estamos ora cm estudo.

Nossa posição quanto à Ceia do Senhor é quase idêntica, apenas diferindo o fato do lava-pés e o tempo e a freqüência desta cerimônia tão importante.

Um ponto de relevância dos adventistas, a volta de Jesus, é também salientado. Billy Graham, ao pregar sobre a Volta de Jesus, muitas vezes parece estar um pregador adventista falando. Eles sentem a responsabilidade de sair e pregar o evangelho a toda criatura.

Eles crêem na Trindade, na deidade e divindade de Cristo, no nascimento da virgem e no Espírito Santo.

Suas idéias sobre o Céu e inferno são variadas e denotam o liberalismo que tem penetrado na igreja. Muitos não conseguem harmonizar o fato de punição para um Deus misericordioso, sendo tão curto o tempo de vida nesta terra. Porém, a maioria confia plenamente na promessa: “Para que onde Eu estiver, estejais vós também.”

Os Batistas não têm uma Associação Geral, como os Adventistas. Para eles a igreja é soberana e assume o controle eclesiástico.

Os Batistas surgiram com John Smith, um estudante de Cambridge, na Inglaterra, que foi influenciado pelos ensinos puritanos do tempo. Ele se convenceu do batismo por imersão, em 1644, e tinham 20.000. Eles foram influenciados pelos Menonitas, Anabatistas, Moravianos e Huguenotes.

Uma das doutrinas influenciadas pelos Menonitas foi a da “Expiação Geral”, que Cristo morreu por todos, não somente pelos eleitos, como era então enfatizado pelos Calvinistas.

Nos EE. UU. da América do Norte eles se estabeleceram nas colônias, sob a influência de Roger Smith. É-nos dito que em 1709, Filadélfia havia se tornado o mais importante centro dos batistas, nas Colônias. Sweet diz:

“Até este ponto os Americanos Batistas tinham sido de preferência Arminianos em sua posição doutrinária; porém, com o crescimento e importância do grupo de igrejas de Filadélfia, grandemente influenciados pela ênfase calvinista, gradualmente colocou de lado o Arminianismo das primeiras igrejas da Nova Inglaterra.” (L. Kreuzer, “Ministry”, junho de 1961, de William B. Sweet, “Religions in Colonial America (New York — Charles Scribner’s Sons), 1942, pág. 131.

Diz o mesmo autor:

“Não é surpresa, no entanto, que amplos e divergentes pontos de vista teológicos, são correntes entre os vários grupos batistas, entre as igrejas individuais locais, e logicamente, entre os membros da igreja local. Calvinismo e Arminianismo, Fundamentalismo e Liberalismo, separatismo e unionismo, florescem lado a lado. Nenhum outro grupo religioso parece estar tão desesperadamente dividido em partidos e cismas como os Batistas. E no entanto, poucos grupos religiosos têm tão tenaz, consistente e lealmente se firmado aos seus princípios básicos, como os Batistas!” — (Ibid., pág. 141.)

I) W. R. MARTIN E SEU LIVRO SOBRE OS ADVENTISTAS

Em 1960, saiu um livro nos EE. UU. da América do Norte, intitulado: “The Truth About Seventh-Day Adventist”, por Walter R. Martin, um professor batista, que está empenhado numa série de volumes sobre cultos, como eles chamam muitas outras igrejas. Esse autor teve livre acesso aos documentos da Igreja Adventista em Washington, e depois de dois anos de pesquisas publicou suas idéias sobre a igreja. Um homem aparentemente sincero, segundo foi constatado pelos nossos próprios líderes, muito pesquisador, o traçou pontos teológicos com exatidão e clareza, na primeira parte do livro. Seu relato de nossas doutrinas é autêntico e muito bem explicado.

Na segunda parte do livro, no entanto, ele apresenta sua crítica às doutrinas adventistas, que, naturalmente, não iria concordar. Ele discorda da doutrina do sábado, da marca da Besta, do santuário, do juízo investigativo e do bode expiatório, lei, graça, salvação etc.

Ele menciona que os cristãos “não necessitam antecipar nenhum juízo investigativo pelos seus pecados”. (W. R. Martin, “The Truth Abouth Seventh-Day Adventist”, pág. 178.)

Naturalmente, ao compreendermos os pontos Calvinistas da doutrina Batista, podemos entender claramente muita coisa. Para eles, uma vez salvo, sempre salvo. Eles não compreendem, e não podem compreender, nossas doutrinas, assim como Armínio discordou de Calvino.

Ele não crê no condicionalismo da imortalidade da alma, que o homem dorme depois da morte, não importa se é ímpio ou justo.

Em seu livro, nós somos classificados como Armínios, pelo fato de dizemos que alguém depois de salvo, pode ainda cair da graça. Para eles, uma vez salvo, sempre salvo.

Apesar de sua clareza e perspicácia, W. R. Martin não convence com todos seus argumentos. É realmente impossível que ele deixe seus pontos doutrinários, sendo que são baseados em Calvino. Agora, todavia, são tantos os pontos de divergência e idéias entre os Batistas, que é realmente difícil de se dizer o que eles estão seguindo.