NOTA DA REDAÇÃO: Em fevereiro do ano passado realizou-se em Gearhart, Oregão, um seminário de liderança que reuniu os anciãos e diretores de atividades leigas das igrejas da associação de Oregão. Pretendia-se animar os lideres leigos a assumir um papel mais direto na liderança da igreja local, e maior responsabilidade na apresentação de nossa mensagem. Logo após o seminário de liderança, realizou-se uma série de reuniões, de pastôres, em vários distritos da associação. Em cada uma dessas reuniões, um dos membros leigos que assistira ao seminário de liderança foi convidado a apresentar o resultado de suas observações e reações ao seminário. A impressão que vamos ler é a de L. Cason, empreiteiro de obras na região de Portland. Julgamos que suas observações serão de auxílio, especialmente aos nossos pastores, ao considerarem suas responsabilidades, e auxiliados por consagrados membros leigos, conseguirem mais no sentido de maior progresso na edificação espiritual da igreja e na conquista de almas.
Os propósitos do seminário de liderança, aos quais dirijo vossa atenção, foram duplos:
- 1. Comunicar aos líderes leigos das várias igrejas alguns dos problemas que se apresentam à igreja como um todo, e aos pastores em particular.
- 2. Conseguir a boa vontade da parte dos líderes leigos, para ajudarem os pastores a desempenhar-se de suas responsabilidades, de modo que possam empregar mais de seu tempo no cumprimento de seus deveres primários.
O primeiro propósito, concernente aos problemas da igreja, foi apresentado de maneira positiva, e estou convencido de que nos compenetramos do valor da mensagem. A igreja tem problemas, problemas arraigados, e as soluções não são fáceis. Mas duvido de que nossos líderes nos chamassem a Gearhart para estudar os problemas da igreja, com a esperança de receber de nós as soluções. O que queriam realmente estudar éramos nós — nossos problemas e nossos pastores. É êste aspecto da reunião que quero estudar convosco.
Foi a palestra do Pastor Todorovich que motivou o estudo, expondo-nos a tarefa do pastor. O Pastor Todorovich apresentou-nos um homem apressado e mortificado na perseguição de suas atividades diárias, homem que vai de uma crise a outra crise, de uma reunião de comissão a outra reunião de comissão, homem que realmente não tem o tempo necessário para fazer a obra de um pastor. Está êle, òbviamente, sobrecarregado. Carece de auxílio.
Nós Amamos o Pastor e Queremos Ajudá-lo — Mas…
Compreenda-se desde logo que nós, leigos, temos a maior das considerações pelos nossos pastores. Amamo-los e queremos que se sintam felizes em seu trabalho. Não queremos que venham a padecer de males cardíacos ou esgotamento nervoso. Não queremos que fiquem desanimados em seu ministério nem tenham a impressão de que não sejam apreciados. Queremos que tenham tempo para gerar pensamentos nobres e elevados, que preparem sermões que sejam uma ajuda, e realizem obras boas, edificantes.
Não há dúvida de que os líderes leigos lhes podem ser de maior auxílio do que estão sendo. Aptidão temos em abundância (estou generalizando, é claro!), pois vejo que alguns líderes leigos têm cumprido quase todos os deveres de um pastor, inclusive o preparo e apresentação do sermão. A chave é conseguir a cooperação de um grupo de pessoas que preferiría recusar o auxílio.
Somos ligeiros em empenhar nossa inflexível dedicação à causa, nossa imorredoura fidelidade à igreja e seus programas, e isto fizemos em Gearhart. “Tudo que o Senhor ordenou, faremos.” Parece muito familiar? Mas todos nós sabemos o que acontece quando nos distanciamos alguns quilômetros e algumas semanas de nosso compromisso. Talvez a batalha não esteja inteiramente perdida, pois pelo menos reconhecemos nossa fraqueza. Reconhecemos, também, que nossos fracassos aumentam o pêso dos encargos do pastor.
Tendo isto em mente, apresento duas sugestões singelas, produto dos estudos no seminário.
Pastor, Tendes um Programa?
Primeiro que tudo, tem de haver um programa. Tem de ser um programa aceitável a vós, pastores, embora possa ter-se originado com os líderes da Associação Geral, ou com o vosso predecessor, ou pode mesmo ser um programa rotineiro da igreja. Se não tendes um definido programa que vossa igreja se empenhe em seguir, preparai-o quanto antes. Fazei-o um programa unificado, que alcance a igreja tôda. Não useis o método de espingarda-espalha-chumbo. Integrai sob a mesma rubrica todos os alvos e campanhas que de vós se esperam. A organização que existe em nossas igrejas atualmente é o melhor método de controle unificado, segundo o qual o pastor é o chefe titular da igreja, e o primeiro ancião e a comissão de anciãos, sob sua direção, realmente dirigem a igreja e seus sub-programas. Todos os programas se subordinam à comissão ou mesa de anciãos e ao primeiro ancião, ou ancião-chefe. Êste plano de organização existe em teoria; infelizmente, porém, nem sempre na prática. Muitas vêzes resulta numa sociedade de debates entre os anciãos, deixando com o pastor a tarefa a ser cumprida.
Sabeis Delegar Poderes?
O próximo passo, sugiro, é o mais importante, e é o ponto ao qual se deve a maioria de nossos fracassos. Distribuí deveres! E fazei que cada qual saiba como cumprir o dever, como sua tarefa se adapta ao programa geral, e quais os alvos que dêle se esperam. Deve êle saber se teve êxito ou fracassou. Se trabalhais em conjunto com uma comissão de anciãos, ponde um ancião sôbre cada departamento e fazei dêsse departamento a sua responsabilidade. Se tendes sistema diferente, certificai-vos de que alguém seja o responsável, e saiba qual sua responsabilidade.
Quando falo em delegar podêres, quero dizer todos os deveres. Certificai-vos de que todos os deveres estejam delegados. Vós sois o patrão da igreja, e a tarefa do patrão é ser patrão.
Uma vez livre de tôdas as ninharias da igreja, estareis em condições de concentrar-vos nas funções que devem constituir vossa primeira responsabilidade.
Bem reconheço não ter dito nada de nôvo, e que haveis de perguntar o que acontece quando um dêsses líderes deixar de fazer sua parte, e vossos superiores esperarem de vós os resultados. Quero acentuar que vós não assumais êsses deveres. Não deveis vós mesmos fazer o trabalho — deveis mandar que o façam. Esta foi a opinião dos líderes leigos em Gearhart. Se os líderes leigos não fizerem o trabalho, êste ficará então por fazer.
Prevaleceu a idéia de que vossa tarefa como pastor tem que ver principalmente com o coração, não com a maquinaria da igreja. Depois de haverdes feito vossa parte em organizar, delegar e instruir, vosso tempo deve então ser despendido em cuidar do bem-estar espiritual de vossos membros. Ao seguirdes êste plano, provàvelmente ficareis surpreendidos com a preocupação que agora vossos líderes leigos demonstrarão pelo bem-estar da igreja, pois em última análise o estado de vossa igreja se determina primàriamente pelo estado do coração de seus membros.