Do saudoso tempo de trabalho como pastor distrital, lembro-me da inegociável escala de prioridades que sempre nos era proposta e que, posteriormente, como secretário ministerial, eu enfatizava diante dos colegas. Esta era a escala que devia ser seguida: Deus, família e trabalho. Seria essa uma versão antiga do chamado que atualmente nos é feito para “Comunhão, relacionamento e missão”? Acredito que sim. Nesse caso, como diz o sábio, “não há nada novo debaixo do sol” (Ec 1:9), o que não nos isenta de sempre renovar a lembrança de coisas essenciais ao crescimento espiritual, e que o corre-corre da vida pastoral pode ameaçar diminuir ou extinguir.
Comunhão – aqui é onde tudo começa, ou seja, na “sala de audiência com Deus”. No aprofundamento do nosso conhecimento dEle, na solidificação de nossa permanência nEle. Tendo sido chamados a ministrar em nome de Deus, permanecer nEle é a única forma eficaz de fazermos isso. Jesus Cristo disse: “Permaneçam em Mim, e Eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em Mim. ‘Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em Mim e Eu nele, esse dará muito fruto; pois sem Mim vocês não podem fazer coisa alguma” (Jo 15:4, 5).
Os resultados da comunhão entre o pastor e Deus serão inevitavelmente vistos em seus relacionamentos, o primeiro dos quais é o familiar. “Coisa alguma pode desculpar o pastor de negligenciar o círculo interior, pelo mais amplo círculo externo. O bem-estar espiritual de sua família vem em primeiro lugar. No dia do final ajuste de contas, Deus há de perguntar sobre o que ele fez para atrair a Cristo aqueles que tomou a responsabilidade de trazer ao mundo. O grande bem, feito a outros, não pode cancelar o débito que ele tem para com Deus, quanto a cuidar dos próprios filhos” ( Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 204). De certo modo, o relacionamento do pastor com sua família também é uma fonte de inspiração para relacionamentos fraternais caracterizados pelo amor, altruísmo, sincero interesse no bem-estar individual, apoio espiritual mútuo, e outras virtudes que fortalecem a igreja para o cumprimento da missão.
Estabelecido esse fundamento, o pastor estará pronto para se dedicar sem reservas à liderança da igreja em todos os aspectos e ao cumprimento da missão para a qual foi chamado: arrancar pecadores das garras de Satanás e levá-los à segurança do amor de Deus. Ministrar à parte dessa realidade é ministrar no plano material, comum. Porém, Deus nos chamou para viver, trabalhar e frutificar acima do natural e do comum. É tempo de dar a devida prioridade ao que é realmente essencial: nossa permanência em Cristo. Tudo o mais será resultado dessa experiência.
Zinaldo A. Santos