Tenho tido o privilégio de assistir a muitos congressos e retiros bíblicos. A juventude que os assiste geralmente retorna aos seus colégios reavivada. Infelizmente, porém, até recentemente os reavivamentos têm tido vida curta. Seria a atmosfera dos colégios responsável pelo extinguir-se da flama dos reavivamentos? Sempre imagináramos que aqui precisamente seria o terreno propício para despertamento espiritual. Infelizmente não é assim! “O entusiasmo nem sempre acompanha a escolaridade. O fervor religioso geralmente declina com o avanço da educação.”1 Desta afirmação poderiamos concluir que o ambiente colegial dificilmente seria o melhor lugar para se tentar um reavivamento e reforma.
Tais pensamentos foram causticados em símbolos verbais na conclusão de um retiro rotineiro realizado em Camp Michiana próximo a Andrews University, em 10 de outubro de 1970. Eu estava por assim dizer “arando o terreno” em visitação em tôrno de um circuito de colégios, e estava chegando ao fim de uma longa e agradável fila de visitas que me pusera em contato com seis colégios. Eu ficara cada vez mais excitado com o que estava acontecendo. Para mim era como se estivesse vivendo a primavera no outono! Sementes fielmente plantadas — por pais, pregadores ou professores — e que por longo tempo estiveram adormecidas sob o solo pedregoso, estavam subitamente germinando. Estava havendo um reavivamento!
O tema para estudo neste retiro foi a oração. Os que voluntariamente ali se reuniram, uns noventa estudantes, a maioria formada por subgraduandos, fizeram apenas isto: oraram. Sob a experiente direção de E. L. Minchin, os pensamentos foram dirigidos para o cultivo da vida devocional. A acumulação de 46 anos de rico ministério entre a juventude adventista foi derramada em apresentações claras e diretas. Nenhuma tentativa foi feita para criar excitamento.
Na sexta-feira à tarde, após um inspirador programa de hinos, eu compreendi que o sermão que eu havia preparado para apresentar não era apropriado, e imediatamente lembrei-me da instrução:
“Esforçai-vos por despertar homens e mulheres de sua insensibilidade espiritual. Dizei-lhes como encontrastes Jesus, e como tendes sido abençoados desde que vos pusestes ao Seu serviço. Contai-lhes a ventura que vos advém de sentar-vos aos pés de Jesus, aprendendo preciosas lições de Sua Palavra. Falai-lhes da alegria, do gôzo que existe na vida cristã. Vossas palavras calorosas, cheias de fervor, hão de convencê-los de que encontrastes a pérola de grande preço…. Isto é trabalho missionário genuíno, e em êle sendo feito, muitos acordarão como de um sonho.”2
Coisas Começam a Acontecer
Eu vi estas palavras tornarem-se uma experiência nessa noite em seguida ao simples testemunho de minha conversão. Após referendarmos todos nossa entrega unindo-nos no cântico do hino “Eu Pertenço a Cristo,” saímos para um acampamento junto aos morros frígidos da região. O Espírito de Deus havia tocado já muitas vidas nos períodos da manhã e da noite. Havendo recebido entrada, Êle agora fêz forte impressão sôbre todos nós. Logo os que se haviam acampado abriram-se em testemunho espontâneo. Uma constante nesses testemunhos foi: “Tenho sido adventista do sétimo dia tôda a minha vida, mas não havia sido um cristão até agora. Desejo que Jesus ande comigo.” Confissões, reconhecimentos, submissões, enfim, tôda espécie de testemunho foi apresentada, e todos os presentes sentiram-se tocados. Cêrca de duas horas mais tarde do que o usual cada um se dirigiu para a sua tenda com cânticos de louvor.
O resto da semana foi passado por todos em profundo senso de espiritualidade, exame de consciência e estudo da Palavra com oração e demonstrações de companheirismo.
A Ceia do Senhor estava marcada para às 7:30 da manhã de domingo. O Pastor Minchin expôs a Palavra de Deus ao espiritualizado grupo reunido em tôrno de uma mesa estèticamente apelante. Um impressionante e solente silêncio acompanhou a cerimônia. De nôvo todos os presentes sentiram a influência do Espírito do Senhor. Foi dada oportunidade para expressões de louvor ao Deus perdoador. Muitos que não se haviam entregue a Jesus anteriormente fizeram-no agora, e êste espiritualizado programa continuou até às dez da manhã, quando foi servida a refeição matinal. O resto do dia foi, passado em considerações de como se poderia manter o espírito desta nova experiência ao retornarem os estudantes para os seus respectivos colégios. Foi dada ênfase à importância de manter-se forte vida devocional, mediante o hábito de cada um orar por determinadas pessoas, encorajando também grupos de oração e a demonstração prática de obras de amor cristão. E deu resultado!
Quando de sua visita, H. M. S. Richards Jr., havia ocasionalmente mencionado a necessidade de dinheiro para a expedição de correspondência da Voz da Profecia. Assim, na segunda-feira os estudantes fizeram um apêlo aos seus amigos, e o resultado foi o levantamento de uma oferta que rendeu 2.100 dólares em cinco horas apenas.
Frutos do Reavivamento
No domingo eu voltei a Washington a fim de associar-me ao Concilio Outonal já em sessão. Na têrça-feira o Pastor Pierson, que já havia feito um solene chamado para reavivamento e reforma nos idos de 1966, recebeu um chamado da Andrews University por intermédio do decano dos estudantes, o Dr. M. O. Manley, o qual referia o fato de uma reunião rotineira de assembléia haver terminado às 12:20, tendo sido iniciada às 9:00 da manhã. Os acampantes haviam simplesmente relatado aos demais o seu nôvo estado de reavivamento e convidado outros a irem à frente e manifestarem o seu desejo de igual reforma de vida por um reavivamento. Dizia-se que três quartas partes dos presentes vieram à frente. O reavivamento continuava a dar frutos. Os estudantes convidaram seus pais para partilharem com êles dessas boas-novas e confessarem também os seus pecados.
Mais tarde, isto é, na têrça-feira, dois novos estudantes insistiram em comunicar a amigos sua nova fé, isto nas proximidades de Battle Creek Academy, cujos estudantes estavam em acampamento em Camp Au Sable. Grande impressão foi produzida no grupo ao reconhecerem a tremenda mudança ocorrida nos dois jovens. Muitos aceitaram a Cristo novamente.
Entrementes grupos de oração surgiam aqui e ali no próprio campus da Andrews University. Na quinta-feira à noite eu retornei ao campus. No salão de recepção dos rapazes tive a oportunidade de surpreender um grupo em oração e pude ouvir ferventes testemunhos do vitorioso reavivamento de têrça-feira. Um estudante declarou: “Vou pregar em minha igreja êste sábado. Desejo ajudar na proporção em que sou culpado de haver levado outros ao extravio.” E êle o fêz. Houve um reavivamento. Sexta-feira à noite, no lar de um membro da faculdade os estudantes da Berrien Springs Academy ouviram as boas-novas. Ficaram atônitos; responderam aos apelos e o reavivamento expandiu-se!
Êsse sábado, o 17 de outubro, jamais será esquecido na Andrews University. No decorrer da semana centenares de estudantes reavivados e membros da faculdade haviam estado a pregar que êste reavivamento alcançaria a todos que ainda não haviam submetido sua vida em completa entrega a Cristo. O ar estava como que pesado ante a antecipação do que iria ocorrer quando eu me encaminhei para o púlpito, pois sabíamos que o Espírito do Senhor estivera operando poderosamente entre nós. Encerrei minha mensagem com um singelo apêlo a entrega, arrependimento e separação do mundo. O Pastor John Cronck e eu tínhamos esperado que umas quatrocentas pessoas atendessem ao apêlo, mas quase tôda a congregação se levantou e veio para a frente. Que lição de fé! Eu sugeri que cada um se voltasse para o seu companheiro mais próximo e desse o seu testemunho em voz baixa, e então orasse. Como o som de poderosas águas as vozes ascenderam pelo espaço de uns quinze minutos! E concluímos nossa reunião cantando hinos de esperança.
Num sábado subseqüente a faculdade foi especialmente convidada, e os seus membros responderam ao chamado para renovada dedicação, comprometendo-se pela graça de Deus a se entregar ao reavivamento e a reforma.
Uma Noite Inteira em Oração
Um recente relatório nos fala de uma reunião de oração de tôda uma noite, com nunca menos de trezentas pessoas em cada período. O presidente Hammill dirigiu o período de 2:00 a 3:00 da madrugada, seus colegas ocupando-se dos outros períodos. Houve então vitórias e milagres demasiado numerosos para serem mencionados.
Houve um desejo imediato de expandir o testemunho a outros campus. Um grupo acompanhou-me numa visita ao Oakwood College. Uma singular resposta foi dada no sábado, e grupos e mais grupos vieram à frente a fim de entregar suas vidas ao amante Salvador. Outro grupo visitou o Atlantic Union College, com resultados idênticos.
O reavivamento ocorrido no Columbia Union College pode ser comparado ao que teve lugar na Andrews University. Dezoito jovens da Andrews vieram a um campus já preparado, onde a semente havia sido já semeada. A juventude da Andrews University havia recebido a oportunidade de assumir ambas as reuniões do sábado na igreja Sligo, mas sòmente depois que o Pastor Dale Hannah, e o Pastor associado Bill Haynor haviam pessoalmente investigado o reavivamento na Andrews. Eis o seu relatório: “É inacreditável! É maravilhoso!” Aquêles jovens até recentemente tão “por fora” no que dissesse respeito a Deus e à igreja invadiram a plataforma. Com a Palavra de Deus na mão deram o seu testemunho de louvor, muitas vezes lendo trechos das epístolas do Nôvo Testamento! Os participantes incluíam membros da comunidade, da Takoma Academy, do Columbia Union College. Alguns haviam feito sua decisão apenas na noite anterior. Agora, com brilho nos olhos, êsses vitoriosos jovens davam o seu testemunho aos membros desta grande igreja. Os testemunhos continuaram até às 2:30 da tarde, tanto sido transmitidos pela emissora do Columbia Union em FM. Um pregador de outra fé telefonou, dizendo: “Louvado seja Deus por êsse reavivamento!” Pessoas aposentadas também telefonaram desejando acrescentar o seu testemunho pessoal. Sábado à noite houve uma reunião de oração da noite tôda, que resultou em muitas conversões e muitos milagres da graça de Deus.
Está havendo uma continuada expansão dêste reavivamento e reforma. Grupos de estudantes da Andrews têm visitado colégios e igrejas dentro de um determinado perímetro. O mesmo acontece com os estudantes do Columbia Union. Em quase tôda parte tem tido início o reavivamento.
Êstes não são os únicos casos de reavivamento. A onisciência do Espírito Santo toma possível movimentos simultâneos de reavivamento, como ocorreu no Union College e no Kings-way College num mesmo fim de semana. Os reavivamentos ocorridos nos colégios no ano passado estão sendo eclipsados êste ano por um trabalho mais amplo e mais profundo, como se pode ver dos relatórios que nos chegam de várias partes.
Avaliação
Ora, não é “nosso trabalho criar excitamento. Sòmente o Espírito de Deus pode criar um entusiasmo saudável.”3 “Seria surpreendente se não houvesse alguns que, não sendo bem equilibrados de mente, tenham falado e agido indiscretamente,”4 porque “Satanás está sempre ativo quando Deus está trabalhando pela salvação de almas. . . . Em cada reavivamento êle está pronto a conduzir êsses que não são santificados no coração e saudáveis de mente. . . . Satanás está freqüentemente presente nas mais solenes ocasiões na forma daqueles a quem êle pode usar como seus instrumentos.”5 Mas “não haja qualquer dúvida ou dúvida incrédula” de que o Salvador tenha passado por essas igrejas, “pois em assim fazer estais pisando terreno perigoso.” . . . “Não semeeis qualquer expressão de dúvida.”6
Contudo é certo que para alguns “exercícios religiosos não signifiquem mais do que uma boa ocasião. Quando seus sentimentos são despertados, pensam que são grandemente abençoados. . . . Intoxicação de excitamento é o objetivo que perseguem.”7 Frio formalismo é o oposto de fanatismo. Ambos são enganos satânicos.8
Esta obra produzirá o maior desafio a cada líder da juventude e a cada pastor. Confrontados com êsses jovens — alguns, cristãos de duas semanas, com cabelos compridos ou cortados — que deve o pastor da igreja fazer? É brutal, sim, criminoso, dizer a um juvenil que está lendo a Bíblia e orando pela primeira vez, que seu reavivamento é de Satanás. Mas isto tem acontecido.
Não desprezeis o reavivamento pelo fato de não recebê-lo a igreja tôda, pois a igreja tôda jamais será reavivada.9 “A verdadeira conversão é a mudança do egoísmo para afeições santificadas por Deus e de uns pelos outros.”10
Êsses reavivamentos e reformas devem: (1) Elevar a Palavra de Deus como a fonte da verdade, (2) dirigir as mentes para a Palavra antes que para êles mesmos, (3) ensinar obediência à verdade pela qual são santificados, (4) orientar as mentes para as sólidas evidências da verdade, e (5) criar um sincero desejo de fazer o bem a outros.
Agora repousa sôbre os que estão andando na luz a responsabilidade de instruir os jovens que tentam andar na luz que receberam.11 Na medida em que haveis sido ordenados porta-vozes de Deus, “o Espírito Santo não é para ser usado pelo instrumento humano, mas para usar o instrumento.”12
Tragicamente, “temos muito mais a temer dos de dentro do que dos de fora. Os embaraços ao fortalecimento e ao sucesso são muito maiores da própria igreja do que do mundo.”13 Podeis fazer muito para mudar êste quadro. A igreja depende de vossa resposta.
Neste escaldante dia entre nossos reavivados jovens, necessitamos de uma enriquecida e inflamada experiência que incendeie vidas perdidas e levem o calor de Cristo a uma igreja fria como as sombras desta noite de outono.
Bibliografia:
- 1. Samuel Chadwick, The Way to Pentecost, pág. 14.
- 2. Evangelismo, pág. 486.
- 3. Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 16.
- 4. Idem, livro 1, pág. 142.
- 5. O Conflito dos Séculos, págs. 395 e 396.
- 6. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 142.
- 7. Idem, livro 2, pág. 21.
- 8. Idem, livro 2, pág. 19.
- 9. Idem, livro 1, pág. 122.
- 10. Ibidem, pág. 115.
- 11. Ibidem, págs. 131 e 132.
- 12. Ibidem, pág. 130.
- 13. Ibidem, pág. 122.
NOTA BIBLIOGRÁFICA
Creación o Evolución?
Tierra, Hombre, Tiempo….
Autor: Raúl M. Sánchez, impresso no México (não aparece a editôra).
O autor dêste livro é um pastor adventista mexicano, agora com residência nos Estados Unidos. No prólogo êle menciona a inquietude que tem tido sempre em relação à necessidade de um material simples e preciso que discuta francamente as posições evolucionistas e criacionistas.
Através dêste livro se propôs realizar êste trabalho e o conseguiu. Recomendamos êste livro por seu material profundo mas ao mesmo tempo ameno. Enderêço do autor:
508 So. Maclay St.
San Fernando, California U.S.A.