O Chamado para o avivamento procede de Deus. A necessidade é de um avivamento da verdadeira piedade. Esta tem de ter existido na igreja, do contrário não poderia haver avivamento. Não é, então, imperativo que, antes que o arrependimento possa realizar sua obra, busquemos e encontremos o que é que es-tá estorvando o recebimento da chuva serôdia?
Pode e deve haver uma retração da conformidade com o mundo, um recuo de tôda a aparência do mal, de maneira que não seja dada nenhuma ocasião aos contradizentes. . . . Quando o caminho estiver preparado para o Espírito de Deus, a bênção virá. Satanás não pode impedir uma chuva de bênção de cair sôbre o povo de Deus, mais do que fechar as janelas do Céu para que a chuva não caia sôbre a Terra.” — Mensagens Escolhidas I, pág. 124.
Deus espera que preparemos o caminho para a operação do Espírito Santo em nosso meio. Nunca, no passado, avivamento e reforma vieram à obra de Deus, sem que houvesse arrependimento. Mas porventura pode um povo arrepender-se, se não vê razão para isso? Cremos que nosso dilema atual é resultado direto de deixar de crer nas instruções que nos são dadas pelos escritos do Espírito de Profecia, e nossa má vontade em segui-las. Parece haver quatro campos de deliberado afastamento dessas instruções, como passaremos a mostrar, resumidamente.
Reforma do Vestuário
Primeiro, uma verdadeira rebelião contra a reforma do vestuário (1880-1885). Visto como a terceira mensagem é de caráter muito direto, o Senhor sabia que precisávamos de achar-nos ligados em estreita unidade de propósito.
“Para proteger o povo de Deus da corruptora influência do mundo, assim como promover a saúde física e mental, foi introduzida entre nós a reforma do vestuário.” — Testimonies, Vol. 4, pág. 634.
Isso não se referia sòmente às senhoras, pois o testemunho continua:
“Deus tem estado a provar o Seu povo. Permitiu que silenciasse o testemunho acêrca do vestuário, que nossas irmãs seguissem sua própria inclinação, e assim promovessem o real orgulho que tinham no coração.” — Idem, pág. 639. (Grifo nosso.)
“A moda está deteriorando o intelecto e corroendo a espiritualidade de nosso povo. A obediência à moda está-se difundindo em nossas igrejas adventistas do sétimo dia, e fazendo mais do que qualquer outro poder para separar de Deus nosso povo.” — Idem, pág. 647.
Precisamos reestudar tôda a história registada nessas páginas, pois o princípio básico que ela implica é o mesmo que levou Israel a pedir um rei: “seremos como tôdas as outras nações” (I Sam. 8:20).
Poderá haver avivamento enquanto estivermos indispostos a conformar-nos com os propósitos do Senhor? Não é só no vestuário que queremos ser semelhantes ao mundo que nos cerca. Devemos reconhecer que nos afastamos das simples veredas em que o Senhor nos mandou caminhar. Temos de estar dispostos a tomar a cruz de ser diferentes do mundo, se é que queremos ter a aprovação do Céu. Esta é a prova que enfrentamos hoje.
Reforma Pró-Saúde
Segundo, perto do início do século veio certa indiferença e desrespeito em relação à reforma pró-saúde. Muitos de nossos líderes recusaram se a promover o plano, de origem divina, de eliminar o uso da carne entre os ministros. Diz a serva do Senhor:
“Tem havido constante afastamento da reforma de saúde, e como resultado Deus é desonrado por grande falta de espiritualidade. . . . Quando [os adventistas do sétimo dia] romperem com tôda ruinosa tolerância em matéria de saúde, terão mais clara percepção do que significa verdadeira piedade. Maravilhosa mudança será vista na experiência religiosa.” — Conselhos Sôbre o Regime Alimentar, págs. 33 e 34. (Grifo nosso.)
O propósito dessa reforma era livrar-nos de doenças e aumentar nossa capacidade de compreender as coisas do Reino. Abrangia mais do que simplesmente o comer carne.
“O Senhor. .. pretendia levar Seu povo a uma posição onde se achariam separados do mundo, em espírito e na prática. . . . Todos os que são participantes da natureza divina escaparão da corrupção que há no mundo pela concupiscência. É impossível, para os que condescendem com o apetite, alcançar a perfeição cristã.” — Testimonies, Vol. 2, págs. 399 e 400.
Porventura a execução de semelhante programa hoje, não ajudaria a apressar agora o avivamento entre os adventistas do sétimo dia, tal como o Senhor designava que fôsse naquela ocasião?
Educação
Terceiro, entre 1930 e 1940 vemos a denominação numa luta titânica para conseguir a equiparação das nossas escolas às do mundo. Deveriamos buscá-la ou não — tal era a candente questão no espírito de professores, ministros, médicos, e membros leigos. Essa mesma questão também perturbara Israel, sob o reinado de Salomão.
“A disciplina e o ensino que Deus designara a Israel, fariam com que êles, em tôda a sua maneira de viver, diferissem do povo de outras nações. Esta peculiaridade, que devia ser considerada como privilégio e bênção especiais, foi mal recebida por êles. A simplicidade e moderação, essenciais ao mais alto desenvolvimento, procuraram substituir pela pompa e condescendência, próprias dos povos pagãos. Serem como todas as nações era sua ambição. (I Sam. 8:5.) O plano divino para a educação foi pôsto de lado, e espoliada a autoridade de Deus. . . . Para nós, bem como para o Israel antigo, o êxito na educação depende da fidelidade em executar o plano do Criador.” — Educação, págs. 49 e 50. (Grifo nosso.)
Muito mais se poderia aduzir sôbre esta questão, mas por certo todos os que crêem que a mensagem de Ellen G. White tenha sido inspirada por Deus, não a podem relacionar com muita coisa que pode ser visto e ouvido das escolas ASD de hoje. Não será que, por causa da negligência em seguir o que foi escrito, estamos de fato influenciando nossos jovens a serem semelhantes ao mundo, buscando outra porta para a entrada no reino do Céu?
Obra Médica
Quarto, a maior evidência de nossa incredulidade vê-se na eliminação do nosso sanatório. Em muitos casos eliminamos mesmo o nome. Isto fazendo, perdemos o sentido daquela obra que deve caracterizar grande parte do esforço dos que recebem a chuva serôdia, isto é, a obra médico-missionária. Tanto foi escrito da obra do sanatório e do trabalho médico-missionário que é impossível selecionar uma ou duas referências que tratem adequadamente do assunto. Não se pode estudar devotamente o conselho acêrca desta obra, sem concluir que Deus a designava especificamente para a terminação da proclamação da terceira mensagem angélica, com poder. Parece que perdemos a compreensão da verdade apostólica da justificação pela fé. Com efeito, essa verdade é a essência da última mensagem divina de misericórdia a um mundo moribundo. Lede por obséquio e estudai atentamente essas poucas citações:
“Cristo não está mais neste mundo em pessoa, para ir pelas nossas cidades, vilas e aldeias, curando os doentes; mas Êle nos incumbiu de levar avante a obra médico-missionária por Êle começada.” — Testimonies, Vol. 9, pág. 168.
“Combinada com a obra de curar, tem de haver a comunicação de conhecimentos quanto a como resistir às tentações.” — Ellen G. White, em Review and Herald, 5-12-1907.
“Nossos sanatórios devem ser escolas nas quais seja dada instrução nos ramos médicos-missionários.” — Medicai Ministry, pág. 325.
“Antes de ser estabelecido nosso primeiro sanatório, o Senhor me revelou o Seu plano. … A instrução que me foi dada foi no sentido de que fôsse fundado um sanatório, e que nêle se pusesse de lado a medicação por drogas, empregando-se para a cura das doenças métodos simples e racionais de tratamento. Nessa instituição devia-se ensinar as pessoas a como se vestirem, como respirar e comer de-vidamente — como, enfim, evitar doenças mediante hábitos apropriados de vida. … A obra médico-missionária deve ser para a terceira mensagem angélica o mesmo que é para o corpo a mão direita. Ser indiferente para com a obra médico-missionária é desonrar a Deus.” — Carta 79, 1905.
“Nosso êxito em qualquer empenho religioso depende de nossa simplicidade em Cristo Jesus.” — Carta 56, 1894.
“Deus designava que a instituição [sanatório] que pretendia estabelecer fôsse qual foco de luz, a advertir e reprovar. Desejava provar ao mundo que uma instituição conduzida por princípios religiosos, como um asilo para os doentes, fôsse mantida sem sacrificar seu caráter peculiar e santo; que fôsse conservada livre dos aspectos objetáveis encontrados em outras instituições de saúde. Devia ser instrumento para executar grandes reformas.” — Testimonies, Vol. 6, pág. 223.
Todo êste capítulo, no volume 6, deve ser estudado atentamente. Essas instituições deviam ter sido fundadas através de todo o mundo. O plano não previa grandes sanatórios (ver Testimonies, Vol. 8, pág. 204).
Vencidos pelo Adversário
Para o atento estudante da história bíblica e do curso tomado pelo movimento adventista do sétimo dia, parece que o Senhor permitiu que seguíssemos nossa própria vontade a fim de que nos convencêssemos de que os caminhos do homem não são os melhores. Todavia, dir-se-ia que talvez o Senhor nos tenha prosperado o máximo possível, nas circunstâncias. Que falhamos, é fato nu e cru. Depois de 126 anos de esfôrço, existem no mundo mais pessoas que não ouviram a mensagem da salvação, do que quando começamos a proclamar a mensagem do terceiro anjo. Como que nos satisfazemos com ser simplesmente mais uma denominação, como tantas outras. Visto nos têrmos afastado tão flagrantemente das singelas instruções que nos foram expostas, parece-nos que, aquilo que pensávamos ser um acontecimento futuro, apresentado na seguinte predição: “O derradeiro engano de Satanás será anular o testemunho do Espírito de Deus” (Mensagens Escolhidas I, pág. 48) — já se consumou, pelo menos em grande parte. Fomos vencidos por nosso astuto adversário, enquanto julgávamos estar cumprindo as instruções do Senhor.
Poderão alguns pensar que somos demasiado crítico, mas Deus diz que todo êste povo é crítico, pois como igreja não somos “nem frios nem quentes.” Somos completamente indiferentes, e disse alguém que “a crítica mais destrutiva é a indiferença,” O antigo Israel nunca se desviou mais obstinadamente do que o temos feito nós, e temos tido grande vantagem sôbre êles. Agora, volver-nos-emos em busca do Senhor, suplicando-Lhe perdão, ou prosseguiremos em trevas? Queremos, de fato, um avivamento, avivamento de verdadeira piedade — nossa maior e mais urgente necessidade? Só virá em resposta à oração. Mas, deveremos pedir arrependimento, ou avivamento?
Deus nos dará arrependimento se estivermos dispostos a confessar nossos extravios. Desta maneira é que têm vindo os avivamentos no passado, e de nôvo virá quando prepararmos o coração para recebê-lo. Mas antes de pedirmos, não seria prudente considerar que a reforma deve seguir ao avivamento? Têm ambos de unir-se em fazer o que por nós deve ser feito.
Deus pede um avivamento espiritual, e uma reforma espiritual. A menos que isto se realize, os que são mornos continuarão a se tornar mais aborrecíveis ao Senhor, até que Êle Se recuse a reconhecê-los como Seus filhos.
“Precisa haver um avivamento e uma reforma, sob a ministração do Espírito Santo. Avivamento e reforma são duas coisas diversas. Avivamento significa renovamento da vida espiritual, uma reanimação das faculdades da mente e do coração, uma ressurreição da morte espiritual. Reforma significa uma reorganização, uma mudança nas idéias e teorias, hábitos e práticas. A reforma não trará o bom fruto da justiça a menos que esteja ligada com o avivamento do Espírito. Avivamento e reforma devem efetuar a obra que lhes é designada, e no realizá-la precisam fundir-se.” — Idem, pág. 128.
Exemplo de Esdras e Neemias
Quando Israel andava em trevas, Esdras e Neemias fielmente mostraram o que estava errado. Juntaram-se ao povo em confissão e arrependimento, e o Senhor os ouviu. Foi preciso ter coragem, e coragem é preciso têrmos agora. Visto como a corporação se tem desviado, não será preciso um movimento de tôda a corporação, confessando, reorganizando, mudando idéias e teorias, hábitos e práticas?
A nosso ministério cabe o privilégio de estar postado como atalaias nos muros de Sião, proclamando a vinda de Jesus. A nós, como leigos, concede-se a oportunidade de apoiar e ajudar esta obra. O mundo hoje acha-se envolvido na maior confusão já vista. Homens fortes intimidam-se ante as perspectivas que se lhes antolham. Justamente numa ocasião em que a liberdade de consciência, a soberania da lei, a igualdade das raças e a fraternidade dos homens estão sendo salientados como sinais da nascente maturidade do homem, os monstros da ilegalidade, da intolerância, da perseguição e despotismo estão lùgubremente entrando em foco. “Nós, que conhecemos a verdade, devemos nos estar preparando para o que em breve irromperá sôbre o mundo como assombrosa surprêsa.” — Testimonies, Vol. 8, pág. 28.
Reconheçamos todos — líderes e leigos juntamente — que se não houver reconhecimento de nossa necessidade, não poderá haver arrependimento; sem arrependimento, não pode haver avivamento; sem avivamento não haverá reforma; sem reforma, não haverá lugar entre os remidos para os que poderiam ter sabido o tempo de sua visitação.