Pergunta 36

Segunda Parte (Continuação)

Santuário, no deserto, e o templo, posteriormente, eram vividas lições objetivas, no grande plano divino para redenção do gênero humano. Notem-se os aspectos seguintes:

  • 1. Havia dois aspectos de ministério: (a) o que era efetuado no pátio e no lugar santo cada dia do ano (Heb. 9:6), e (b) o que se celebrava no lugar santíssimo uma vez ao ano (v. 7).
  • 2. A obra efetuada diariamente no pátio, e no lugar santo, era em sentido particular a obra de reconciliação em favor dos homens. Em contraste, o serviço anual efetuado no lugar santíssimo era em grande parte uma obra de juízo. Cada dia do ano (inclusive o Dia da Expiação) eram perdoados os pecados. Mas o Dia da Expiação era dia especial, em que os pecados confessados eram também apagados. Nesse dia Deus dava a Israel uma ilustração gráfica, cremos, de Seu propósito de eliminar para sempre do Seu universo o pecado.
  • 3. Havia três grupos especiais de ofertas de sacrifício, no serviço simbólico: (a) os sacrifícios matutinos e vespertinos. (Em hebraico, o tamid — “o contínuo”); (b) as ofertas individuais do pecador; e (c) as ofertas especiais do Dia da Expiação.
  • 4. Cada dia do ano ofereciam-se sacrifícios em favor do povo, de manhã e à tarde. Provia-se assim a expiação para todos os homens, independente de sua atitude para com essa providência. Onde quer que vivesse a pessoa, podia erguer a Deus o coração, volver o rosto para Jerusalém, confessar os pecados e prevalecer-se das graciosas providências da expiação (I Reis 8:30). Também o pecador trazia individualmente seu sacrifício, conforme se lhe oferecia a oportunidade. Êsses sacrifícios individuais eram a expressão de sua fé e de sua aceitação das providências divinas tomadas em favor de sua salvação do pecado.
  • 5. Os sacrifícios especiais do Dia da Expiação, já considerado como um dia de juízo, eram de natureza diferente. Primeiro, havia sacrifícios oferecidos pelo sumo sacerdote, por si e pela sua casa. Mas a principal oferta sacrifical daquele era chamada “o bode pelo Senhor.” Usavam-se dois bodes, mas um dêles (por Azazel) não era sacrifício. Não se lhe derramava o sangue. Ùnicamente o sangue do “bode pelo Senhor” provia o sangue purificador e expiador.
  • 6. O cerimonial nesse dia era de particular importância: (a) A salvação do povo era provida, como usualmente, pelos sacrifícios matutino e vespertino; mas não havia ofertas individuais nesse dia; (b) o sangue do bode pelo Senhor era para o povo (Heb. 7:27); destinava-se a fazer expiação por êles (Lev. 16:30); era para fazer expiação uma vez por ano pelos filhos de Israel, por causa dos seus pecados” (v. 34); era “por todo o povo da congregação” (v. 33); (c) feito isto, o mesmo sangue expiador, simbolicamente, purificava o lugar santíssimo, os altares, o lugar santo propriamente dito, e todo o tabernáculo; (d) completada a obra da expiação pelo povo e pelo santuário, e reconciliados todos os que estavam dispostos a isso, então, convém acentuar, e só então, entrava em cena o segundo bode (por Azazel). Lemos: “Havendo, pois, acabado de fazer expiação pelo santuário, pela tenda da congregação, e pelo altar, então fará chegar o bode vivo,” Lev. 16:20. (Sôbre o sentido da expressão “por Azazel,” ver a perg. 34. No ato então efetuado pelo sumo sacerdote, dava-se ao povo, repetimos, uma lição objetiva daquilo que Deus planeja fazer nos últimos dias. Os pecados eram depostos sôbre a cabeça do bode vivo, que era então levado ao deserto.
  • 7. O estudo atento de todos os sacrifícios do ritual do santuário torna evidente que havia um definido princípio básico em todos esses símbolos: que o pecado era transferido, do pecador, tanto para a vítima sacrifical como para o próprio sacerdote. O que oferecia o sacrifício punha a mão sôbre a cabeça da vítima, confessando simbolicamente o pecado e colocando-o sôbre o animal substituto que ia morrer em seu lugar. Quando era aspergido o sangue, registava-se o pecado no santuário. Pelo profeta, disse Deus: “O pecado de Judá está . . . gravado . . . nas pontas dos seus altares.” Jer. 17:1. Quando o sacerdote comia da carne da vítima, êle também levava sôbre si o pecado (Lev. 10: 17). O pecador individual era perdoado e assim livre de seu pecado, mas nas manchas de sangue do santuário percebia êle, em figura, um registo dos maus atos que êle, com muito prazer, gostaria de ver apagados e removidos para sempre. No Dia da Expiação, quando o sangue do bode era aspergido sôbre todos os móveis do santuário assim como sôbre o altar das ofertas queimadas, era removido o registo acumulado dos pecados cometidos durante o ano. Declara a Escritura que “fará expiação pelo santuário por causa das impurezas dos filhos de Israel e das suas transgressões e de todos os seus pecados. Da mesma sorte fará pela tenda da congregação.” Ley. 16:16. “Então sairá ao altar, que está perante o Senhor, e fará expiação por êle. . . . Do sangue espargirá com o dedo sete vêzes sôbre o altar, e o purificará, e o santificará das impurezas dos filhos de Israel.” Vs. 18 e 19. “Naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos: e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor.” V. 30.

Ressalta claro o quadro simbólico. Os pecados dos israelitas, registados no santuário pelo sangue derramado das vítimas sacrificais, era removido, nada mais dêle se vendo, no Dia da Expiação. A linguagem usada para descrever o fato sugere o cancelamento do próprio registo do mal.