Uma grande multidão de homens, mulheres e jovens, carregada de complexos e frustrações tem gastado fortunas no desejo de possuir paz interior.

Dia a dia estão se multiplicando os consultórios dos médicos psicanalistas, que, baseados nos princípios e leis do comportamento, procuram ajudar àqueles que se apresentam com depressões na alma.

A vida tem-se tornado excessivamente agitada. E o ruído enlouquecedor dos grandes centros e os choques emocionais constantes estão bem além do que o sistema pode resistir.

Diante desta situação inteiramente nova, uma nova oportunidade vem ao ministério de Deus — Apresentar o nosso Deus como o único e inconfundível Amigo dos homens — Apresentar ao mundo a eficiência irrefutável do conhecimento experimental de Deus.

Enquanto uma grande multidão de pregadores e teólogos procuram transformá-Lo numa teoria para ser estudada nas classes das Universidades, e outros, procuram apagar a idéia de um Deus vivo e real, pela anunciação da pseudoteoria da morte de Deus, nós pela pregação verbal e pela pregação viva do nosso testemunho devemos dizer ao mundo: Deus é o único verdadeiro amigo dos homens; o Amigo íntimo de nossas confidências; o Amigo certo para as horas certas e incertas; o Único capaz de prestar auxilio na hora da crise. “Tu anunciador de boas-novas a Sião, sobe tu a um monte alto. Tu, anunciador de boas-novas a Jerusalém, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize as cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus.” Isa. 40:9.

Mas antes de sairmos para anunciar isso a outros temos o dever de viver essa mensagem no exercício do nosso pastorado. Vêde essas palavras de E. G. White: “Recebi instruções para dizer a meus coobreiros; se quereis ter os ricos tesouros do Céu, precisais manter íntima comunhão com Deus. A menos que o façais, vossa alma será tão destituída do Espírito Santo como os montes de Gilboa do orvalho e da chuva. Quando correis de uma coisa para outra, quando tendes tanto que fazer que não vos é possível dedicar algum tempo a conversar com Deus, como podereis esperar poder em vossa obra?” — Obreiros Evangélicos, pág. 272.

Êsse conselho nos indica claramente o caminho a seguir. Se queremos melhores resultados em nossa obra pastoral, temos então que melhorar nossa comunhão com Deus. Temos que fazer de Deus o nosso conselheiro e amigo.

Deus para muitos de nós, tem sido um Amigo muito distante. Com Êle não partilhamos, não discutimos nossos planos e idéias. Queremos fazer prosperar a obra de nossas mãos, mas, desconhecemos Sua orientação.

No comentário do conteúdo histórico das profecias de Daniel vamos encontrar numa maneira despretensiosa essa estupenda revelação: “Mas o povo que conhece a seu Deus, se esforçará e fará proezas.” Daniel 11:32.

E ainda da inspiração: “Alistamo-nos no exército do Senhor e não devemos lutar ao lado do inimigo, mas ao lado de Deus, onde podemos estar unidos com Êle em sentimento, ação, espírito e comunhão. … A palavra comunhão, significa participar, partilhar.” — Fundamentais of Christian Education, pág. 457.

Os Resultados de Maior ou Menor Comunhão

Quanto mais estivermos unidos ao nosso Deus, menores serão os ciclos oscilatórios de nossa vida religiosa e mais poderosa será nossa influência pastoral.

A igreja sabe quando o seu pastor estêve no cenáculo.

Relembrando-nos: Que dia foi aquêle!

Homens estavam em comunhão com Deus e foram revestidos do poder pentecostal.

Novas possibilidades se abriram para o movimento do Nazareno.

Os obstáculos caíram, “e o pequeno grupo evangelizou o mundo naquela geração.”

Devemos estudar mais os detalhes daquele revestimento de poder.

Precisamos daquela comunhão com Deus que antecedeu o derramamento do poder pentecostal e então estaremos prontos para fazermos um trabalho poderoso para a Obra do Senhor.

Muitos querem apoiar os resultados de sua carreira pastoral no brilho de seus dotes pessoais. Mas, vem-nos mais uma vez a advertência divina: “Não é o temperamento ou a eloqüência do que prega que torna a sua obra bem sucedida. . . . É a familiarização do ministro com seu Deus e sua submissão à vontade divina, que dá êxito aos seus esforços.” — Obreiros Evangélicos, págs. 251 e 252.

A obra que permanece para a eternidade não é aquela que é feita com a fôrça de nossos talentos, mas a que é realizada com a fôrça da alma ligada a Deus. E nós, os pastores devemos construir para a eternidade.

Muitas vezes, pela tribulação que os muitos afazeres se nos impõem, os momentos de encontro com Deus vão sendo sacrificados um a um.

Logo os resultados surgirão.

Em primeiro lugar a nossa vida espiritual e emocional perde a estabilidade. Passamos a ser como as costas acidentadas. A nossa obra ministerial passa a ter as alturas das cordilheiras e os precipícios dos abismos submarinos.

Surgem as dúvidas, as incertezas e as desilulusões. Parece-nos ter errado o escolhermos a carreira sacerdotal. Há intranqüilidade e sentimento de queixumes. Tudo se torna instável.

Em resumo, a visão baixa do Céu à Terra. É por essa razão que nos orienta Deus —“É a comunhão com Deus que sustém a vida da alma.” — Obreiros Evangélicos, pág. 254.

Uma Lição da Vida de Elias

No livro de I Reis capítulo 19 versos de 8 a 11, temos uma parte da história da grande vida do profeta Elias.

Elias foi o homem que surgiu para aquêle momento de crise, com a mensagem divina de advertência para o Israel decadente e que se dirigiu um dia para o monte Horebe — o monte de Deus.

O monte de Deus bem representa a igreja de Deus na Terra e Elias, o ministério que espontâneamente tem aceitado a comissão de dar ao mundo, a mensagem de arrependimento nessa hora de crise.

Elias tinha os privilégios e as responsabilidades do profeta como os ministros conduzem os privilégios e as responsabilidades do pastorado.

Mas o texto Sagrado afirma que ao invés de Elias erguer o seu semblante e obter uma visão ampla do trabalho, êle ocultou-se numa caverna que encontrou no monte de Deus.

Êsse fato nos chama a atenção para alguma coisa oportuna e séria: Homens que ocupam posição de responsabilidade nos destinos do Movimento de Deus na Terra, poderão ocultar-se em cavernas, frustrando-se aos deveres, como Elias no monte de Deus.

E dentro da caverna a visão se limita. Tudo se torna obscuro e os horizontes se estreitam. Deus queria orientar a Seu servo, mas Elias ocultou-se da presença do Senhor.

Prezados ministros, se os destinos da Causa de Deus já não nos emocionam mais, e se o’ futuro dessa Obra não nos desperta para novos empreendimentos e se não vemos mais possibilidades de avançar e estabelecer a igreja em novos territórios, é possível que já estejamos na caverna de Elias.

Mas graças a Deus a história de Elias não termina aqui. Porque Deus não dá uma oportunidade só para Seus servos. Deus veio e falou com Elias: ‘‘Que fazes aqui, Elias?” Foi o chamado de Deus para que o profeta estabelecesse uma nova relação para com a missão que havia recebido.

Feliz é o homem que ouvindo a interpelação de Deus sai da caverna da visão estreita para reviver os dias de um trabalho abençoado!

Tudo o que Elias sabia apresentar a Deus dentro daquela caverna era uma justificação com base nas suas obras.

Não se dá o mesmo ainda hoje? Quando homens dentro da Ireja de Deus ocultam-se na caverna da alienação da comunhão divina, tudo o que sobra é uma pálida justificação baseada nos recursos de suas obras.

E que valor tem isso para Deus?

“Sai à presença do Senhor” foi a ordem.

E quando Elias deixou a caverna e se colocou outra vez diante do Senhor, sua visão se ampliou.

Eis pois a fórmula de Deus para uma visão avançada ao lidarmos com as coisas do Reino “Sai à presença do Senhor.” Deixar a caverna escura das impossibilidades, da visão estreita, das incertezas, da crítica e sairmos para estarmos na presença do Senhor!

A comunhão gera unidade e da unidade nos advém a fôrça.

Neste trinômio Jesus apoiou as conquistas de sua futura Igreja ao fazer Sua oração intercessória: “Eu nêles e Tu em Mim, para que êles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que Tu Me enviaste a Mim, e que os tens amado a êles como Me tens amado a Mim.” S. João 17:23.

Maiores conquistas só advirão quando gastarmos mais tempo com Deus no exercício da comunhão. E completamos com êste inspirador aviso de Deus: “É com Deus no monte —o lugar particular da comunhão que havemos de contemplar Seu glorioso ideal para a humanidade.” — Obreiros Evangélicos, pág. 254.

Que Deus conceda aos ministros graças especiais para um avanço rápido do Seu trabalho, pelo exercício mais acentuado da comunhão!