Era a hora do crepúsculo quando uma estrangeira chegou a uma pequena vila européia, no sul da França. Era uma vila escondida entre as montanhas, bem afastada dos lugares visitados pelos turistas.

Assim que ela conseguiu arrumar a bagagem na pequena hospedaria, saiu a dar uma voltinha pelos arredores. Andou pelas ruas estreitas até que, chegando a uma curva, viu diante de si um caminho estreito, porém lindo, que ia dar no alto de uma montanha. A visitante tomou aquêle caminho e chegou a uma pequena capela de paredes cobertas de trepadeiras. A porta aberta, convidava a entrar. A visitante não resistiu: entrou. Sentou-se por uns minutos e pôs-se a meditar….

Ao levantar a cabeça, notou qualquer coisa diferente atrás de cada banco. Reparando melhor, viu que eram bocais de lâmpadas. Mas não viu lâmpadas em lugar algum. Ergueu os olhos para o teto. Lá também não havia lâmpadas. Ficou impressionada, mas não disse palavra. Voltou para a hospedaria, deveras intrigada com o mistério daquela capela sem lâmpadas.

O Sol já ia desaparecendo no horizonte quando ela alcançou a estalagem. Chegando ao quarto, ouviu um rumor de vozes que pareciam vir de fora. Correu à janela para ver o que estava acontecendo. E o que ela viu deixou-a ainda mais intrigada: na praça em frente, muitos homens, mulheres e crianças estavam reunidos e, à medida que os sinos da capelinha tocavam mais e mais, aquêle grupo, silencioso e reverente, tomara o caminho da capela. Cada pessoa levava na mão alguma coisa parecida com lâmpada.

A visitante seguiu o grupo. Entraram na capela e baixaram as cabeças em oração. Quando ela levantou a cabeça, sua admiração não teve limites: a igreja já estava tôda iluminada, e seus olhos podiam ler agora as palavras escritas no altar: “Vós sois a luz do mundo.” À luz dos adoradores, o pregador leu as Escrituras e depois fêz uma linda oração….

Ao sair, a visitante pediu explicação sôbre tudo aquilo. Foi então que lhe contaram a seguinte história:

Havia um duque que morava num país distante. Possuía êle dez filhas, lindas e prendadas. Com tristeza êle consentia no casamento de cada uma delas. Afinal tôdas se casaram. Anualmente, por ocasião do Natal, elas vinham visitar o pai.

Os anos foram passando e o velho duque começou a pensar no que poderia deixar às filhas como recordação. Depois de muito pensar, resolveu construir uma igreja na qual os homens sentissem realmente o desejo de adorar a Deus. Fêz planos e acompanhou com grande interêsse a construção.

Um dia, quando a igreja estava pronta, o velho duque chamou uma de suas filhas para ver a obra. A môça ficou encantada com tudo aquilo que estava vendo. Depois de muito olhar para uma e outra coisa, exclamou: “Mas, papai, onde estão as lâmpadas?” O velho duque sorriu misteriosamente e disse: “Aí é que está o segrêdo; há lugares para colocar lâmpadas, mas estas serão colocadas pelos próprios adoradores, em seus respectivos lugares. Assim, alguns lugares da casa de Deus estarão escuros se os Seus filhos não vierem adorá-Lo no tempo devido.”

Estas últimas palavras foram gravadas em pedra e colocadas à entrada da igrejinha. Mais de quatrocentos anos são passados, porém, quando os sinos da capelinha começam a tocar, a gente da aldeia é vista subindo o morro a caminho da igreja. Cada um leva na mão a sua lâmpada, pois ninguém quer que o seu cantinho fique às escuras. — Expositor Cristão.