A oração é a maior fôrça no universo, pois estabelece comunicação com a própria Fonte de poder. “Nesta era atômica, em que se desprendem fôrças que abalam o pensamento e a imaginação do homem, convém lembrar que a oração transcende a tôdas as outras fôrças,” declara o Dr. F. J. Huegel no livro Forever Triumphant. A oração é um poder divino, e é isso que é necessário em nosso ministério no tempo atual.

Pensemos porém ligeiramente no conteúdo de nossas orações. Com freqüência há muita petição e pouco louvor. No entanto, o louvor é a parte mais essencial da verdadeira oração. Notai a oração de Jesus junto à sepultura de Lázaro. Foi uma oração curta mas positiva: “Pai, graças Te dou, por Me haveres ouvido. Eu bem sei que sempre Me ouves.” Que certeza se encontra nessas palavras! Êle estava em íntima comunhão com Seu Pai. Outro exemplo é a oração de Josafá em II Crônicas 20:18-22. Foi quando os líderes’ começaram a louvar ao Senhor que veio a vitória.

“Louvai a Deus!”

Um de nossos obreiros visitou recentemente nos o lar, com o semblante radiante de alegria interior. Êste irmão não é um veterano amadurecido, com décadas de serviço nas costas. Está apenas na primavera da vida. Enquanto nos achávamos sentados em meu gabinete, êle olhou firmemente para mim e disse: “Sabe, irmão, tive de vir e partilhar algo com o senhor. Meu coração está tão cheio de alegria que pareço bradar: ‘Louvai a Deus!’ Jesus fêz alguma coisa maravilhosa por mim e minha família.”

Êle relatou então algumas experiências maravilhosas que tinham vindo como resposta de suas orações e as de seus familiares. Após um breve período de oração e louvor, nós nos despedimos. Quando êle saiu, não pude deixar de refletir no efeito de sua visita. Quão diferente era ela em comparação com algumas outras! Sua vida não tinha sido um mar de rosas. Houve verdadeiros desapontamentos e até tragédias, mas seu coração estava cheio de alegria, e sua oração se achava repleta de louvor. O Espírito Santo tornava Jesus muitíssimo real para êle. Isto era evidente por suas palavras e aspecto.

Quem Parece Estar Remido?

Nietzche, o filósofo descrente, disse certa vez com sarcasmo: “Você deve parecer mais remido para eu crer em seu Redentor.” E Helmut Thieliche resume nossa atitude nestas palavras: “Quando voltamos da igreja damos a impressão de que em vez de vir do banquete do Pai, acabamos de vir de um xerife que pôs os nossos pecados em leilão, e agora estamos tristes por não conseguir reavê-los.” Isso talvez seja demasiado forte, mas indica a necessidade de refletirmos em nossa vida a alegria da salvação.

Quando nossas orações consistem grandemente em louvor, modificar-se-á tanto nossa perspectiva externa como interna. Os ministros, mais do que qualquer outras pessoas, precisam aprender a orar no Espírito. Disse Paulo: “Orarei com meu espírito — pelo Espírito Santo que está dentro de mim; mas também orarei inteligentemente — com a mente e o entendimento.” I Cor. 14:15—The Amplified Bible. Quando nossa vida está repleta do Espírito Santo, a oração torna-se um prazer. Nossa relutância em demorar-nos no aposento de oração bem poderá indicar a maneira como a avaliamos.

A Escola de Oração é Mais Importante do que a Teologia

Uma das experiências mais mortificantes na vida cristã é meramente proferir orações, ao invés de manter comunhão com um Amigo. Referimo-nos muitas vêzes às palavras de Paulo em Romanos 10:9, quando conduzimos novos conversos à completa aceitação da carreira cristã, salientando a importância tanto da crença como da confissão: “Se com a tua bôca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres .. ., serás salvo.” Isto é verdade, e não sòmente é necessário para os novos conversos, mas é igualmente muito essencial na vida do cristão amadurecido. Só por meio do Espírito Santo podemos confessar que Jesus é Senhor (I Cor. 12:3). E esta confissão deve ser uma experiência diária. Não é suficiente confessar nossos pecados, precisamos confessar também a nosso Salvador, tanto em nossa pregação como em nossas orações públicas e particulares. “Pregação que mata é pregação destituída de oração,” declara E. M. Bounds. “O pregador que é fraco na oração, também é fraco em fôrças vivificadoras. . . . Orações profissionais arrefecem e destroem tanto a pregação como a oração. … As orações em muitos púlpitos são longas, discursivas, insípidas e vazias. Sem unção e sentimento, elas caem como pungente geada sôbre todos os atrativos do culto. . . . Uma escola para ensinar os pregadores a orar da maneira como Deus considera a oração, seria mais salutar para a verdadeira piedade, para o verdadeiro culto, para a verdadeira pregação, do que tôdas as escolas de teologia.’’ — Power Through Prayer, págs. 25 e 26. (Grifo nosso.) Como ministros, não sòmente precisamos aprender o segrêdo da oração genuína, mas também ensinar a nosso querido povo como orar.

Outra coisa que necessitamos como pregadores, é a certeza de que nossos rebanhos estão orando por nós. Quantas vêzes Paulo solicitava que seus conversos orassem por ele! Seu êxito como pastor na igreja e evangelista no mundo era indubitàvelmente atribuível ao poder da oração. Antes mesmo de ir a Roma, êle pediu aos membros de lá que orassem por êle e seus obreiros (Rom. 15:30). Disse êle para os crentes de Éfeso: “Com tôda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito, e para isto vigiando com tôda perseverança e súplica por todos os santos, e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha bôca, a palavra, para com intrepidez fazer conhecido o mistério do evangelho.” Efés. 6:18 e 19. De maneira semelhante êle apelou para os colossenses, Coríntios, tessalonicenses e filipenses. Que humildade e perspicácia são reveladas nestes pedidos! Se êste apóstolo e dirigente sentia necessidade das orações constantes do povo de Deus, a fim de ter êxito no ministério, qual deveria ser a nossa atitude nestas horas finais da História?

Santidade Sem Mácula

Sem dúvida, a grande necessidade de nosso tempo é a de homens com visão mais clara, santidade sem mácula, vigor espiritual e inquebrantável fé; homens que possam reconduzir a igreja aos tempos em que êles abalavam os próprios edifícios com suas orações. E Deus encontrará tais homens e mulheres.

Há uns cinco anos apareceu um interessante artigo na revista Conquest for Christ, órgão oficial da International Students, Inc. Foi escrito por Bakhtsingh, fervoroso dirigente cristão na Índia. Êle não está criticando, mas sim deplorando uma condição que não podemos negar. Ler estas palavras poderá servir para humilhar nosso coração diante de Deus. Diz êle:

Vigiai, Sentinelas !

“As igrejas autóctones da Índia sentem agora grande preocupação pela América. . . . Tendes pena de nós na Índia por causa de nossa pobreza nas coisas materiais. Nós que conhecemos ao Senhor na Índia temos pena de vós na América por causa de vossa pobreza espiritual. Oramos pedindo que Deus vos dê o ouro provado no fogo, que Êle prometeu aos que conhecem o poder de Sua ressurreição. . . . Em nossa igreja pas amos quatro, cinco ou seis horas em oração e culto, e com freqüência nosso povo espera no Senhor, em oração, a noite inteira; mas na América, depois de estar na igreja durante uma hora, começais a olhar para o relógio. Rogamos que Deus vos mostre o verdadeiro significado do culto. . . . Tendes grande confiança em cartazes, anúncios e propagandas, e na personalidade de um ser humano; na Índia não temos nada mais do que o próprio Senhor, e achamos que Êle é suficiente. Antes de uma reunião cristã na Índia, nunca anunciamos quem será o orador. O povo vem para buscar ao Senhor, e não a um ser humano ou para ouvir alguma pessoa pela qual sentem especial predileção. Temos visto até 12.000 pessoas se reunirem apenas para adorar a Deus e ter comunhão uns com os outros. Estamos orando para que o povo da América também vá à igreja com fome de Deus e não meramente com desjo ardente de ver alguma forma de diversão ou ouvir coros e a voz de algum homem.”

Nalgumas regiões do mundo o povo de Deus parece estar mais perto do cristianismo do Nôvo Testamento, do que nós num país tão favorecido como êste. Mas aproxima-se uma mudança. Ela está mais perto do que imaginam muitos de nós. Lembremo-nos porém de que o verdadeiro avivamento sempre começa com oração. Êle não surge de outra maneira.

Indolência Para com Deus

“Irmãos, o clamoroso pecado da igreja é sua indolência para com Deus,” declara Samuel Chadwick em seu livro The Way to Pentecost. Quando ajudamos nosso povo a descobrir o autêntico poder da oração, nós os preparamos para a chuva serôdia. Cremos que “a oração é a chave nas mãos da fé para abrir o celeiro do Céu, onde se acham armazenados os ilimitados recursos da Onipotência;” portanto, usemos reverentemente essa chave. E ao orar, não nos esqueçamos de louvar a Deus.

“Nossos ministros devem planejar sàbiamente, como mordomos fiéis. Devem sentir que não é seu dever rondar as igrejas já formadas, mas antes fazer trabalho evangélico ativo, pregando a Palavra e fazendo trabalho de casa em casa nos lugares que ainda não ouviram a verdade. … Se os ministros saíssem do caminho, se êles fôssem para novos campos, os membros seriam obrigados a levar as responsabilidades, e sua capacidade aumentaria pelo uso.” — Evangelismo, pág. 382.