Durante meses recentes houve duas grandes e importantes reuniões de igreja. Nestas assembléias foram tomadas resoluções notàvelmente análogas. Em 26 de outubro a 4 de novembro de 1966, reuniu-se em Berlim o Congresso Mundial de Evangelismo. Evangelistas, pastôres, teólogos e outros dirigentes de igreja em mais de cem nações diferentes congregaram-se para debater processos e métodos de pregar o evangelho de Cristo até os confins da Terra. Conforme escreveu um redator antes do início dessa convenção, êsses dirigentes cristãos de diversas denominações evangélicas se reuniram para esquadrinhar “a alma com vistas às instruções de despedida que o Cristo ressurreto deu a Seus seguidores.” 1 Cristãos evangélicos de muitos países focalizaram os olhos e as orações neste congresso, esperando ardentemente que êle “acendesse o estopim de uma explosão evangelística mundial,”2 pois consideravam aquela “a mais significativa oportunidade para planejamento evangelístico na época moderna.” 3

Êsses líderes cristãos, congregados em Berlim, levaram consigo uma sensação de urgência, inspirada pela firme convicção de que a segunda vinda de Cristo está próxima, e de que precisavam apressar-se consideràvelmente para proclamar Seu evangelho salvador com crescente poder, a fim de ajudar a preparar o mundo para êsse grande acontecimento.

“Percebem que a atividade evangelística da Igreja nesta geração poderia ser um passo preparatório para o glorioso regresso de Jesus Cristo,” 4 escreveu um redator pouco antes da reunião de Berlim. Notai bem as palavras “nesta geração.” Ministros de outras denominações partilham nossa sensação de urgência nestes dias desafiadores. O escritor prossegue com palavras que são compreendidas por todo dirigente adventista do sétimo dia, pois elas refletem de perto nossa própria opinião. “Nunca dantes a tarefa de transmitir à raça humana o evangelho do Cristo vivo deparou com obstáculos tão graves, ou exigiu maior urgência da Igreja de Jesus Cristo.” 5 Então êle passa a indicar os que têm de executar essa tarefa. Notai novamente os revérberos adventistas: “A tarefa urgente de levar o Evangelho a tôda a raça humana1 recai sôbre cada cristão.” 6 Até parece ser um departamental de Atividades Missionárias que está falando, não é mesmo?

Caudal de Urgência

Através de cada uma destas três declarações desafiadoras flui uma corrente rápida e impetuosa. No Congresso de Berlim houve uma renovação do lema usado na Convenção Northfield, de Dwight L. Moody, em 1886: “A Evangelização do Mundo Nesta Geração.”

No discurso de abertura do congresso, o Dr. Billy Graham realçou a hora avançada em que vivemos e deu ênfase ao senso de urgência que todos os cristãos devem ter hoje em dia. “Os próximos vinte e cinco anos serão os anos mais decisivos desde que Cristo estêve na Terra,” declarou êle. 7

“Temos uma só tarefa — continuou Billy Graham — a penetração do mundo todo nesta geração, com o Evangelho!”

“Mas — acrescentou êle — uma das grandes questões dêste congresso é: Poderá a Igreja ser reavivada a fim de completar a penetração do mundo em nossa geração?”8

Convém que os adventistas do sétimo dia dêem cuidadosa e devota consideração a êstes dois últimos pontos: nossa incumbência de penetração mundial com a mensagem do Advento, e a condição para a igreja possuir o poder espiritual que a habilite a efetuar essa tarefa.

Orientação da Parte do Senhor

A outra memorável reunião de igreja realizada há pouco tempo ocorreu em Washington, D. C., alguns dias antes do famoso congresso de Berlim. Foi o Concilio Outonal de 1966, realizado nos dias 19 a 24 de outubro. Também tivemos representantes de muitos países. Além dos oficiais da Associação Geral, contamos com a presença dos presidentes de nossas grandes Divisões mundiais, que vieram para fazer deliberações. Os oficiais das Uniões norte-americanas, os presidentes de Associações locais, os dirigentes de instituições e muitos outros compareceram igualmente nesta importante convocação.

Nós também nos reunimos para esquadrinhar “a alma com vistas às instruções de despedida que o Cristo ressurreto deu a Seus seguidores.” Sentimos igualmente a urgência do momento atual. Estávamos inteirados de que êste Concilio Outonal bem poderia ser um dos importantes marcos na recente história denominacional. Durante as considerações, as palavras “urgência,” “esta geração,” “reavivamento,” “reforma,” “sacrifício” e “evangelismo” brotaram freqüentemente dos lábios de líderes dedicados. Nossa orientação não proveio de nossos amigos evangélicos, mas de profundo estudo da Palavra de Deus e do Espírito de Profecia.

Desde o término do Concilio Outonal, o repto dessa convenção repleta do Espírito Santo circulou ao redor do mundo — sem dúvida em centenas de línguas — onde é proclamada a mensagem do Advento. Por intermédio da Review and Herald, e dos periódicos de nossas Divisões e Uniões, soou o toque de clarim. Os oficiais da Associação Geral em visita aos concílios das Divisões, em muitos países, levaram a mensagem consigo. Passaram a tocha aos dirigentes das Divisões, que por sua vez a transmitiram fielmente, com incontido fulgor, a suas Uniões, até chegar às Associações e Missões locais, e aos dirigentes de igreja. Não houve interrupção no plano! A mensagem chegou a seu destino. O espírito que o Senhor achou por bem enviar entre os Seus dirigentes em Takoma Park, no mês de outubro de 1966, alastrou-se como as ondulações do mar até os postos mais avançados de nossa igreja. Sei isso, pois recebi centenas de cartas que confirmam a veracidade dêste fato.

Qual é o Desafio?

Qual é êste desafio, esta convocação às armas, que transpôs os mares, atravessou longínquas florestas e escalou alcantilados picos de montanha? Eis aqui o preâmbulo da resolução adotada pelo Concilio Outonal, que por certo já tendes lido: “Êste programa de reavivamento e evangelismo mundial exige plena mobilização de tôda a igreja, sob o Poder do Espírito de Deus, para reavivamento, reforma e evangelismo que se alastre ao redor do mundo.”

Em seguida há uma “Definição” do programa — delineando uma obra de reavivamento e reforma que precisa ser efetuada dentro da igreja antes que seja derramado o poder da chuva serôdia para rápida terminação da obra que nos foi designada. O “Alcance” do plano não somente dava um toque de clarim para evangelismo, mas esboçava um programa de coordenada conquista1 de almas envolvendo cada departamento, obreiro e membro da igreja.

Considerai Êstes Cinco Pontos

  • 1.  O Espírito Santo tem de fazer algo em favor da igreja. Êle precisa fazer alguma coisa por vós e por mim. Sozinhos não poderemos cumprir a grande tarefa que nos foi confiada pelo Mestre. É mister haver um poder de fora. Êsse poder tem de ser a vigorosa operação do Espírito Santo em corações e vidas necessitadas. Nada menos será suficiente durante êste tempo de crise em que vivemos e labutamos.
  • 2. Deve haver um reavivamento da piedade primitiva entre nós como povo. O caminho do Rei precisa ser desobstruído; o pecado e o eu devem abrir alas para o Salvador e o Espírito Santo.
  • 3. Reavivamento não é o suficiente — verdadeira reforma deve acompanhar as emoções iniciais que os santos anelantes sentem no coração. Reavivamento é apenas o comêço de uma obra que deve continuar. Reforma é a duradoura demonstração prática da graça de Deus transformando a vida de Seus filhos. Os velhos hábitos, a velha vida, os velhos costumes precisam findar para sempre!
  • 4.  Nôvo brado de evangelismo deve repercutir ao redor do mundo, convocando tanto os obreiros como os membros para o maior repto de todos — a conquista de almas!
  • 5.  Para alcançar os objetivos já mencionados na resolução do Concilio Outonal, é necessário haver plena mobilização de tôda a igreja! Aos ministros e aos leigos, aos jovens e aos idosos, aos ricos e aos pobres, a cada departamento, a cada instituição — declara a mensageira do Senhor — deve ser designado um papel definido na última grande luta.

Enfrentando o Desafio

Volvamos agora a atenção para a tarefa que se acha diante de nós. É para enfrentar mais eficazmente êste desafio que viestes de tôdas as partes da América do Norte para esta importante reunião hoje à noite.

Que passagem seria mais apropriada para êste repto geral, do que as palavras do próprio Salvador, registadas no Evangelho de S. João, capítulo 20, versículo 21? “Assim como o Pai Me enviou, Eu também vos envio.”

O Pai enviou Jesus ao mundo com uma missão — uma urgente missão evangelizadora de vida ou morte. Êle veio como alguém que trabalhava com hora marcada. Teve apenas três anos e meio para cumprir Sua missão.

“Assim como o Pai Me enviou — declara Êle — Eu também vos envio.” Cada membro de Sua igreja1 tem a obrigação de desempenhar sua parte numa missão análoga — a urgente missão de vida ou morte para ganhar almas! Tôdas as demais atividades devem estar subordinadas ao maior de todos os encargos — salvar os perdidos!

“Primeira Preocupação”

Os obreiros adventistas do sétimo dia são pessoas ocupadas. Existe quase um número infindável de coisas que reclamam sua atenção. Têm de construir igrejas, administrar escolas, alcançar alvos. Todos êstes projetos são meritórios, constituem uma parte de vital importância em nosso programa e são deveres que de maneira alguma convém negligenciar! Porém, seja o que fôr que fizermos, nunca olvidemos que nada deve superar nossa mais importante incumbência e nosso maior privilégio — conquistar almas. “Ganhar almas para o reino de Deus precisa ser” nossa “primeira preocupação.”9

“Temos a mais solene e probante mensagem para proclamar ao mundo. Mas demasiado tempo se tem dedicado aos que já conhecem a verdade. Em lugar de gastar tempo com aquêles que já têm tido muitas oportunidades de conhecer a verdade, ide ao povo que nunca ouviu vossa mensagem.” 10

Estas palavras são claras. Por mais importante que seja cuidar dos que já pertencem à igreja, isto não deve impedir-nos de trabalhar em favor daqueles que nunca ouviram a mensagem adventista.

“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a tôda criatura.” S. Mar. 16:15. Isto com certeza não é uma ordem estranha para os adventistas do sétimo dia. Durante mais de um século tem ecoado nos ouvidos do povo escolhido de Deus. É uma prescrição todo-abrangente. Abrange a vós e a mim; abrange cada pessoa que aceitou a mensagem do Advento. Envia-nos a tôdas as localidades geográficas imagináveis, a tôdas as categorias sociais, a tôdas as profissões, raças, tribos e crenças!

Não um Apêlo Facultativo

Êste não é um apêlo facultativo que podemos aceitar ou desprezar, segundo acharmos conveniente. Não ousamos hesitar ou procrastinar. É um imperativo divino. Somos embaixadores autorizados do Rei dos reis. Jesus Cristo, nosso grande Líder, não sòmente deu a ordem, mas deu o exemplo. Não temos outra opção ou escolha. Devemos ir e evangelizar!

  • 1. Christianity Today, 28 de outubro de 1966, pág. 2.
  • 2. Idem, pág. 3.
  • 3. Ibidem.
  • 4. Idem, pág. 32.
  • 5.  Ibidem.
  • 6. Idem, pág. 33.
  • 7. Idem, 11 de novembro de 1966, pág. 4.
  • 8.  Idem, pág. 7.
  • 9.  Obreiros Evangélicos, pág. 31.
  • 10. Evangelismo, págs. 20 e 21.