“ASSIM como o Pai Me enviou, Eu também vos envio.” S. João 20:21. Estas vibrantes palavras de desafio sempre têm estado na mente do verdadeiro mensageiro de Cristo. Os discípulos aceitataram-nas de maneira tão literal que pregaram a palavra por tôda parte, e o Senhor acrescentava diariamente à igreja os que iam sendo salvos. Esta é ainda a grande missão da igreja, e cumpri-la com urgência e amor é a principal preocupação do ministro evangélico.
A palavra penetração está sendo usada com muita freqüência nos círculos evangélicos e em diversos outros setores de atividade. Ela representa a arremetida em atendimento à ordem do Senhor para proclamar em tôda parte, e a cada nação, língua e povo, o glorioso evangelho da salvação, que constitui a maior necessidade do mundo hoje em dia.
Apesar dos Obstáculos
No encerramento do Congresso de Evangelismo, em Berlim, num ato simbólico de penetração, mais de 1.250 delegados e observadores, com bandeiras desfraldadas, saíram marchando do salão do congresso, decididos a ir ao mundo todo com a história da graça salvadora nesta geração. Partiram cientes das enormes desigualdades que enfrentam; partiram atentos às barreiras, muralhas e cortinas que foram erguidas como obstáculos para o avanço conquistador do evangelho. Partiram com a promessa do Salvador soando-lhes nos ouvidos: “Eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.”
Deus não prometeu que o caminho será fácil, mas sim que teremos êxito. “Tôda arma forjada contra ti” — ofensiva ou defensiva — “não prosperará.” Isa. 54:17. É a Palavra de Deus que o diz, e precisamos crer nisto. Nosso dever é transmitir as boas-novas. O próprio Deus assumiu a responsabilidade por nosso êxito.
O repto à igreja remanescente é ir pois a toda parte e penetrar. Não meramente de maneira simbólica, mas literalmente. Devemos penetrar as grandes cidades em que têm sido eregidas inúmeras barreiras. Temos de transpor essas barreiras, inclusive as fortalezas de concreto dos grandes prédios de apartamentos em que milhares e milhares de pessoas vivem em temor e desespêro. Devemos procurar todos os meios e instrumentos disponíveis para transmitir a mensagem aos que jazem nas trevas e na sombra da morte. Precisamos descobrir melhores métodos e instrumentos mais aguçados para que ninguém, seja qual fôr sua condição ou atitude, fique fora do alcance de nossa penetração. Temos de usar o púlpito, o contato pessoal, o rádio, a televisão, os jornais, as revistas e o telefone.
Responsáveis Pelo Mundo
Devemos penetrar as regiões obscuras e as cidades e vilas ao redor do mundo todo, que ainda não foram alcançadas. Milhões de pessoas vivem em territórios onde nunca foi pregada a mensagem adventista e onde jamais brilhou a luz desta derradeira mensagem de misericórdia. Esta é a responsabilidade de cada ministro, organização, instituição e membro de igreja em tôda parte. Nossa tarefa consiste não sòmente de nosso pequeno setor de atividade, mas de tôdas as partes do mundo.
Precisamos transpor as barreiras da indiferença, egoísmo e preconceito (real e imaginário) que dividem o mundo e servem de abrigo para tantas pessoas cheias de temor e incerteza. Devemos penetrar com esta verdade salvadora os domínios das grandes instituições educacionais do mundo. Devemos penetrar a filosofia ateísta proclamada por filósofos ateus. Precisamos abrir caminho até os milhões de jovens que são espiritualmente ignorantes e rebeldes, e que permanecerão assim a menos que lhes transmitamos as boas-novas.
Alcançar os Hospitalizados
Temos de penetrar os gigantescos estabelecimentos médicos. Ali as pessoas sofrem e morrem, sem que a luz do evangelho alcance os corações entenebrecidos da maioria. Para enfrentar êste desafio, para transpor esta barreira, necessitamos de consagrados e diligentes obreiros médicos de tôdas as categorias, a fim de que partilhem a fé e dissipem as trevas.
Temos de penetrar além das paredes das instituições penais. Encontra-se ali um tipo de pessoas cuja amargura e revolta estigmatizou-as como indivíduos desprezíveis e desamáveis. É necessário levar-lhes a mensagem para que sintam o fulgor da esperança e verdade.
Transpor Barreiras de Condescendência Própria
Precisamos transpor as barreiras de condescendência própria e materialismo que se mostram tão evidentes em nossa sociedade opulenta. “Temos tudo o que precisamos — que necessidade há de Cristo?” Devemos trabalhar até mesmo em favor destas pessoas, e com simpatia e compreensão procurar tornar-lhes o evangelho tão desejável e atraente que até os enfatuados anelem possuir a pérola de grande preço.
Temos de transpor a frieza de nosso formalismo destituído de Cristo. Precisamos revelar-lhes que ter aparência de piedade mas negar-lhe a eficácia significa tornar-se a pessoa mais infeliz que possa haver. Compete-nos vencer êste mal com um amor que afaste tôda indiferença, tôda empedernida condescendência própria.
Devemos transpor a mornidão da igreja remanescente e induzir nosso querido povo a fazer o que é recomendado em Apocalipse 3:18: “Aconselho-te que de Mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os teus olhos, a fim de que vejas.”
Precisamos transpor a barreira da justiça própria que caracteriza nosso serviço egoísta. Devemos deixar de pensar no que iremos obter e preocupar-nos mais com o que podemos fazer para que outros sejam abençoados com o testemunho de nossa vida semelhante à de Cristo.
Combater o Fogo com Fogo
Compete-nos transpor as barreiras da insipidez e letargia que tantas vêzes caracterizam nosso testemunho no púlpito e fora dêle. Não e pecado ficar excitados e entusiasmados ao procurarmos despertar as pessoas para sua urgente necessidade. Golpear um pouco o púlpito à moda antiga, erguer a voz e falar com fôrça poderá convencer as pessoas de que estamos muitíssimo impressionados com a urgência da mensagem que transmitimos e com a salvação de almas. Discursos monótonos e sem vida não têm lugar nesta época em que o mundo todo está mergulhado em chamas. Para podermos livrar alguns da destruição inevitável, temos de arrojar-nos através dessas barreiras de fogo, e dominar com fogo sagrado o fogo que consome espiritualmente.
Nem a Décima Parte
Enfrentamos um mundo em extrema necessidade. Deparamos com explosões de tôda espécie, das quais a explosão populacional não é a menos significativa. É impressionante saber que o crescimento total da igreja cristã não atinge a décima parte do aumento da população mundial. Vivemos num tempo em que a egolatria está ràpidamente substituindo a adoração de Deus. Isto se verifica nos países que se dizem cristãos. E pensemos também no desafio que nos é lançado pelos países pagãos!
Mais Ex-Membros do que Membros
Enfrentamos uma igreja em desesperada necessidade de reavivamento e reforma — uma igreja que pensa ser rica e abastada e não precisar de coisa alguma. No entanto, muitos, talvez a maioria, não estão preparados para a vinda do Senhor, e por certo se perderão, a menos que ocorram em breve algumas modificações. As apostasias em nosso meio são alarmantes. Em muitas de nossas grandes cidades há mais ex-membros do que membros adventistas.
Para enfrentar êsses desafios no mundo e na igreja, temos bela mensagem de esperança e salvação. Nossa mensagem é duradoura e oportuna, e apela ao coração e à vida. Nunca precisaremos modificar nossa mensagem. Não temos necessidade de mensagens modificadas, mas de homens transformados para proclamá-la — homens cheios do Espírito Santo, que estejam dispostos a levar cativo todo pensamento e tôda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus. “Porque as armas que empunhamos não são meramente humanas, mas divinamente poderosas para destruir fortalezas; aniquilamos sofismas e tudo o que levanta a cabeça altiva contra o conhecimento de Deus; obrigamos todo pensamento humano a submeter-se em obediência a Cristo.” II Cor. 10:4-6 — The New English Bible. Temos portanto o dever de proporcionar ao mundo plena compreensão do templo da verdade em que todos os que quiserem poderão encontrar auxílio e segurança.
A Barreira do Pecado
Hoje em dia, em tôdas as partes do mundo deparamos com barreiras que tendem a dividir-nos — barreiras de raça, côr e posição social; mas a maior parede de separação é o pecado. Esta barreira tem de ser transposta para que os filhos de Deus em tôda parte não mais continuem separados. Famílias tèm de reconciliar-se, lares precisam ser restabelecidos, igrejas devem ser reconstruídas para que a nação justa que observa a verdade possa reunir-se no reino do amado Filho de Deus.
Recinto de Lágrimas
Um grande muro conhecido ao redor do mundo todo separa Berlim Oriental de Berlim Ocidental. Êste muro divide uma cidade, separando lares, parentes e queridos. Existe neste muro um local conhecido como Recinto de Lágrimas. Certas pessoas comparecem ali diversas vêzes, esperando avistar os queridos de que o muro os separou. Com grande ansiedade e diligência procuram algum rosto querido e familiar. Quando afinal o avistam, acenam com a mão um para o outro e choram. Não lhes é permitida outra comunicação além dessa. Permanecem apenas em pé ali, acenam e choram. É uma ocasião angustiosa para todos, que foi causada por um muro — um muro que nunca precisava ter sido construído.
Chegará um tempo, prezados obreiros, em que mais uma vez haverá um grande muro de separação. Dum lado estarão as multidões de perdidos, e do outro, o grupo dos remidos. Queridos procurarão ansiosamente uns pelos outros, e avistar-se-ão. Acenarão dum lado para outro, e haverá muitas lágrimas. Que nenhuma família seja dividida por êsse muro devido a havermos deixado de fazer o máximo que estava ao nosso alcance para transmitir-lhes as boas-novas de salvação!
Oxalá Deus ajude a todos nós no pouco tempo que resta para disseminar a verdade, demolindo paredes, barreiras e cortinas divisórias, e proclamando com todo o fervor e urgência as alvissareiras novas de salvação e a vinda do Senhor. Penetremos em tôda parte até que o mundo seja inundado pela glória do Senhor como as águas cobrem o mar.
‘‘Assim como o Pai Me enviou, Eu também vos envio.” Atravessemos tôda fortaleza e baluarte que o diabo erigiu, para que a obra seja terminada ràpidamente e Jesus venha em breve.
O Cantágio da Disposição Animosa
JESUS “não era um austero desmancha-prazeres. Êle gostava de participar do ditoso regozijo duma festa nupcial. Há algumas pessoas religiosas que lançam sombras aonde quer que vão. Há indivíduos que têm receio de tôda alegria e contentamento. Para êles a religião consiste em trajes escuros, falar em voz baixa e na eliminação de todo companheirismo social. Baixam como mortalha sôbre todo lugar a que se dirigem. Disse um dos alunos da notável professora Alice Freman Palmer: ‘Ela me fazia sentir como se estivesse inundado pela luz solar.’ Jesus era assim.
“No livro Lectures to My Students, C. H. Spurgeon deixou algumas advertências judiciosas: ‘Maneiras sepulcrais podem habilitar alguém para ser empresário fúnebre, mas Lázaro não é tirado da sepultura por lamentos abafados.’ ‘Conheço irmãos que da cabeça aos pés, na maneira de trajar-se, no tom da voz, no procedimento …, são tão afetados que não deixam transparecer nem um pouquinho de virilidade…. Alguns homens parecem ter uma gravata branca enrolada em volta da alma, e sua virilidade é estrangulada por êsse farrapo engomado.’ ‘Seria melhor que o indivíduo que não possui cordialidade ao redor de si fôsse um empresário fúnebre e sepultasse os mortos, pois nunca será bem sucedido em influenciar os vivos.’ ‘Recomendo a disposição prazenteira a todos os que querem conquistar almas; não leviandade ou frivolidade, mas um espírito alegre e feliz. As môscas apanham-se com mel e não com fel, e mais almas serão conduzidas ao Céu pelo indivíduo que reflete o Céu no semblante, do que por aquêle que dá ao rosto a aparência de inferno.’”—Guilherme Barclay, The Gospel of John, Vol. 1, pág. 85.
“Ao passar por vilas e cidades, [Jesus] era como uma corrente vivificadora difundindo vida e alegria.
“Podemos andar bem dispostos. Deus não quer nenhuma fisionomia triste nesse terreno; não quer ninguém em melancolia e tristeza; quer que levanteis o rosto para Êle e deixeis que nêle derrame a luz do Sol da justiça.” — Ellen G. White, Evangelismo, págs. 487 e 488.