Satanás opera de modo astuto para nos iludir e enredar. Seus enganos são variados e numerosos. Seu primeiro embuste após ser expulso do Céu centralizou-se na questão de que se o homem pecasse teria realmente de morrer. Quando Satanás disse a Eva: “Certamente não morrereis,” estava na verdade dizendo que Deus não queria dizer isso. Usai vossa própria capacidade de raciocínio. Criaria Deus o homem para então mudar de idéia e destruí-lo? Desde êsse tempo para cá Satanás tem empregado êste método — de fazer o homem substituir a clara palavra de Deus pelo seu próprio raciocínio.

Verificamos isto em muitos setores. A cristandade em geral assume a atitude de que se deve fazer uso da própria razão no que diz respeito ao batismo. O batismo por imersão é inconveniente, não prático e sem significado — e uma substituição torna-se o processo comumente aceito. O requisito do sábado é enfrentado com o raciocínio humano — qualquer dia em sete, um feriado em vez de um dia sagrado, uma comemoração em lugar de um reconhecimento, um memorial da ressurreição em vez de um memorial da criação. Em nossa própria igreja aplica-se o raciocínio humano ao sistema do dízimo, que foi estabelecido por Deus e constitui uma doutrina fundamental da fé. Começa-se a raciocinar que o dízimo pode ser usado para isso e aquilo, que existe melhor método do que o procedimento seguido durante um século — que possibilitou a expansão de nossas atividades num esfôrço unificado e mundial. Notai esta impressionante declaração de Ellen G. White:

“Deus quer que todos os Seus mordomos sejam exatos em seguir os planos divinos. Não devem substituir os planos do Senhor por alguma ação de caridade, algum donativo ou oferta, feitos ou dados quando e como êles, agentes humanos apenas, julgarem melhor. Deus tornou conhecido o Seu plano; e todos os que com Êle cooperarem, executarão êsse plano, em vez de ousarem tentar melhorá-lo mediante planos seus … É prática muito desprezível, procurarem os homens melhorar o plano divino, inventando um expediente, tomando a média de seus bons impulsos neste e naquele casos, e opondo-os a tudo que é requerido por Deus.” — “Para Conhecê-Lo,” pág. 221.

Poderiamos prosseguir mais e mais, referindo-nos à criação, à salvação pela fé ou pelas obras, aos milagres realizados pelo Mestre, e ver como o raciocínio humano conspurcou estas verdades.

O Raciocínio Humano Como Método de Satanás

Num número recente da revista Christianity Today, o escritor descreve os anos que passou num colégio pertencente a certa denominação religiosa. Transferiu-se dum colégio estadual para êsse outro, devido ao desejo de estudar a Bíblia e as demais matérias numa atmosfera cristã. Depois de concluir o curso colegial, continuou os estudos num seminário. Êle menciona como eram rejeitados acontecimentos relatados na Bíblia, enfraquecidas as crenças básicas do cristianismo, e como até mesmo as verdades essenciais da crucifixão e da ressurreição eram debilitadas. Ao sair do seminário, êle não cria mais na Bíblia, não acreditava mais que o sangue de Jesus purifica do pecado e não cria que a igreja é uma instituição divina — com efeito, não acreditava em nada que não pudes-se ser comprovado pelo raciocínio humano.

“Não crer em nada que não possa ser confirmado pelo raciocínio humano” — êste é o método de Satanás e a principal arma de seu arsenal.

Temos um exemplo clássico disto na vida de Caim, quando o espírito de ressentimento e rebelião o induziu a satisfazer os reclamos divinos duma forma escolhida por êle próprio em vez de seguir o plano ordenado por Deus. Vemos muito desta espécie de raciocínio hoje em dia e, infelizmente, um pouco dêle tem penetrado na igreja.

Não Dilúvio — e Dilúvio!

Notamos também êste raciocínio no relato dos construtores da tôrre de Babel. Assim como antes do dilúvio as pessoas usaram o próprio raciocínio para provar que jamais poderia haver um dilúvio, êles usaram a mesma espécie de raciocínio depois do dilúvio para provar que poderia haver outro.

O mundo moderno está cheio de pessoas que estabelecem suas próprias teorias, que dizem em seu coração: “Deus não quer realmente dizer isto ou aquilo,” que tomam sem efeito as exigências do Senhor e que confiam na razão humana. Estas pessoas foram enganadas por Satanás, cujos ardis seguem muitas direções.

“Êle está fazendo com que o mundo creia que a Bíblia não é inspirada, não sendo melhor do que um livro de contos, enquanto êle oferece algo para tomar-lhe o lugar; a saber, manifestações espirituais!” — Early Writings, pág. 91.

Quando alta autoridade eclesiástica da Igreja Episcopal nega o nascimento virginal, quando alguém de grande responsabilidade na Igreja Batista declara que os primeiros capítulos do Gênesis não são essenciais para a fé cristã, quando outros explicam em têrmos humanos o poder de Cristo em operar milagres, e assim por diante, a Palavra inspirada de Deus é reduzida ao nível de um livro de histórias.

“Foi-me mostrado que por meio das batidas e do mesmerismo êstes mágicos modernos explicariam até todos os milagres operados por nosso Senhor Jesus Cristo, e que muitos acreditariam que tôdas as poderosas obras do Filho de Deus, quando estêve na Terra, foram realizadas por êste mesmo poder.” — Idem, pág. 59.

E ainda mais:

“As Escrituras declaram que em certa ocasião, em que os anjos de Deus foram apresen-tar-Se perante o Senhor, Satanás foi também entre êles . . . para favorecer seus maldosos intentos contra os justos. Com o mesmo objetivo está êle presente quando os homens se congregam para o culto a Deus. Posto que oculto das vistas, está êle a trabalhar com tôda a diligência para dirigir o espírito dos adoradores.” — O Conflito dos Séculos (nova ed. revista), pág. 561.

A obra dêle e de seus auxiliares consiste em “representar falsamente os intuitos de tôda ação verdadeira e nobre.” — Idem, pág. 562. Com que facilidade e freqüência somos apanhados nesta armadilha!

Êle apresenta “heresias preparadas para se adaptarem aos vários gostos e capacidades dos que êle deseja arruinar. … A opinião de que não é de conseqüência alguma o que os homens creiam, é um dos enganos mais bem sucedidos de Satanás.” — Idem, pág. 563.

“É a obra-prima dos enganos de Satanás conservar o espírito humano a pesquisar e conjeturar com relação àquilo que Deus não tornou conhecido, e que não é desígnio Seu que compreendamos.” — Idem, pág. 566.

E poderiamos prosseguir mais e mais. Às vêzes estas coisas insinuam-se na igreja, e revelam-se na atitude de pôr em dúvida o movimento, a organização, a direção da igreja, o Espírito de Profecia e os princípios da igreja.

Os “Próprios Eleitos” Constam na Lista

Exatamente antes do fim do tempo, Satanás fará decidido esfôrço para enganar a todos. Já conseguiu iludir grande número de pessoas, mas preocupa-se ainda com um grupo de cristãos conservadores, que o profeta João chama de remanescentes — os que aguardam a volta de Cristo e que pretendem habitar com Êle.

Até então Satanás terá logrado apenas um êxito parcial, e a êsse tempo envida tão decidido esfôrço que Cristo chegou a dizer que se fôsse possível Satanás enganaria “os próprios eleitos’’ (S. Mat. 24:24).

A inferência é que os sinais da volta de Cristo poderiam ser quase, mas não inteiramente convincentes para “os próprios eleitos” — ou “escolhidos.” Êste grupo seguiu o conselho da Testemunha Verdadeira e ungiu os olhos com colírio, sendo portanto capazes de distinguir en-tre o verdadeiro e o falso.

“A forma da frase no grego dá a entender que é realmente impossível que Satanás engane os que amam e servem a Deus com sinceridade. . . . Genuíno amor pela verdade e diligência em obedecer a tôdas as instruções que Deus concedeu para êstes últimos dias demonstrar-se-ão ser a única proteção contra os enganos do inimigo, os espíritos sedutores e as doutrinas de demônios.” — The SDA Bible Commentary, sôbre S. Mat. 24:24.

Devemos estar continuamente atentos, bem firmados na verdade e com pleno conhecimento das Escrituras. “Satanás nada pôde achar no Filho de Deus que o habilitasse a alcançar a vitória. Tinha guardado os mandamentos de Seu Pai, e não havia nÊle pecado que Satanás pudesse usar para a sua vantagem. Esta é a condição em que devem encontrar-se os que subsistirão no tempo de angústia.” — O Con-flito dos Séculos (nova ed. revista), pág. 674.

Crescemos um pouco tôda vez que medimos nossos amigos com a Regra Áurea