I. É Necessário Haver um Reavivamento?
Faz algumas semanas uma mesa-redonda em um de nossos seminários discutiu a questão do reavivamento, mas devido à falta de tempo teve de encerrar sua excelente apresentação, deixando sem resposta a seguinte pergunta: “Necessita esta denominação de um reavivamento?”
Em razão desta pergunta, com várias ramificações, surgir freqüentemente nestes tempos significativos, é conveniente que a examinemos. A básica questão suscitada é respondida de maneira muito simples pela serva do Senhor. Diz ela: “A mais urgente de todas as nossas necessidades é um reavivamento da verdadeira piedade entre nós.” — Serviço Cristão, pág. 41.
Assumir qualquer outra posição seria pôr-se ao lado de Satanás nesta luta cristã. A inspiração declara: “Se Satanás pudesse fazer o que quisesse, nunca mais haveria outro avivamento, grande ou pequeno, até o fim do tempo.” — Selected Messages, Vol. 1, pág. 124. “‘Satanás esforçar-se-á ao máximo para conservar … [o povo de Deus] num estado de indiferença e letargia’.” — Christ Our Righteousness, pág. 124.
II. Que é um Reavivamento?
Um reavivamento é uma renovação da vida espiritual, um despertamento das faculdades da mente e do coração, uma ressurreição da morte espiritual. Um reavivamento é o resultado da obra do Espírito Santo sobre o coração dos homens. O coração natural é incapaz de conhecer ou apreciar a retidão. É mau e desviado de Deus. O pecado não somente separa a alma de Deus mas destrói em nós tanto a capacidade como o desejo de conhecê-Lo. A não ser que algo de fora se apodere de seu coração, o homem está condenado à morte. É necessário haver um reavivamento para chamá-lo à razão. Quando o Espírito Santo foi bem sucedido em despertar o coração humano para perceber o pecado, conhecer a Deus e a realidade do juízo, ele pode mostrar-se sensível ao reavivamento operado pelo Espírito Santo, ou rejeitá-lo.
Reavivamento Numa Grande Reunião
Em geral cogita-se que o reavivamento só se manifesta sobre as multidões em grandes ajuntamentos religiosos, como no dia de Pentecostes, em que Pedro pregou aquele impressionante sermão sob o poder do Espírito Santo, fazendo com que o coração daqueles que o ouviam se enternecesse. Foram levados a perguntar “a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo . .., e recebereis o dom do Espírito Santo”. Atos 2:37 e 38. Nem todos aceitaram a persuasão do Espírito Santo, mas daqueles que o fizeram está escrito: “Então os que lhe aceitaram a palavra foram batizados. … E perseveravam na doutrina dos apóstolos”. Versículos 41 e 42.
No Círculo Familiar
Entretanto, não é preciso que o reavivamento seja experimentado numa grande reunião. O Espírito Santo produziu um reavivamento numa família em Filipos, sob uma combinação de circunstâncias. Paulo e Silas haviam sido lançados numa masmorra e presos em troncos. Não obstante a extrema tortura da situação difícil em que se encontravam, não murmuraram, mas se encorajaram mutuamente com orações e cânticos de louvor. Os outros presos e o próprio carcereiro ficaram deveras impressionados com a conduta destes cristãos. Mais tarde, naquela noite, quando o Senhor sacudiu a prisão com um terremoto e abriu todas as celas, os detentos seguiram o restringidor conselho de Paulo e Silas e permaneceram em seus lugares, em vez de fugir, o que tornaria o carcereiro responsável pela evasão deles e o exporia a execução, por sua negligência. Ao inteirar-se da realidade de que os presos ainda estavam ali e que sua vida estava salva, o carcereiro lançou-se ao chão diante destes homens extraordinários e perguntou como podia encontrar paz, integridade e salvação. Diz a Palavra de Deus: “Então o carcereiro, tendo pedido uma luz, entrou precipitadamente e, trêmulo, prostrou-se diante de Paulo e Silas. Depois . . . disse: Senhores, que devo fazer para que seja salvo?” Atos 16:29 e 30.
Êste homem atendeu ao poder renovador do Espírito Santo e à instrução de Paulo, sendo batizado imediatamente, “e todos os seus” (verso 33).
Paulo pregou um reavivamento a outra família — Félix e Drusila — mas com resultados bem diferentes. “Dissertando ele acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro, ficou Félix amedrontado”. Cap. 24:24 e 25. Foi induzido à convicção, mas respondeu: “Por agora podes retirar-te e, quando eu tiver vagar, chamar-te-ei.” Félix rejeitou o reavivamento e nunca mais atendeu à voz de Deus. Embora muitas vezes mandasse chamar a Paulo e conversasse com êle, não o fazia para ser iluminado espiritualmente. Tendo rejeitado a Deus, seguia os ditames de seu coração natural, esperando que Paulo lhe desse dinheiro “para que o soltasse” (verso 26).
No Indivíduo
O indivíduo pode passar por um reavivamento sem que ouça a voz de um pregador ou conte com a oportunidade de frequentar uma igreja, como no caso do filho pródigo. Na desesperada situação em que se encontrava, o filho pródigo correspondeu à influência iluminadora do Espírito Santo. Compreendendo quão abastado e bondoso era seu pai, submeteu-se aos apelos do Espírito, e “levantando-se, foi para seu pai” (S. Luc. 15:17 e 20).
III. Por que a Igreja Adventista do Sétimo Dia Necessita de um Reavivamento?
Penso que há cinco motivos por que um reavivamento é necessário entre nós. Primeiro, nosso próprio coração e vida testificam dessa necessidade. Quando examinamos a nós mesmos, quando tomamos tempo para refletir, ao unir-se o Espírito Santo conosco para revelar a essência de nossa afeição, precisamos reconhecer que somos egoístas. Percebemos nossa severidade, nossa tendência de criticar, nossa indiferença; e temos que admitir que precisamos de um reavivamento.
Segundo, devido às condições em alguns de nossos lares. Como carecemos de um renascimento de amor em nossos lares! Numa Reunião Geral uma moça aproximou-se de um de nossos ministros, dizendo: “Que adianta eu esforçar-me para ser cristã? Meu lar é insuportável. Apenas ouço contendas e discussões. Papai e mamãe assistiram à primeira reunião desta manhã. Levaram suas Bíblias e fizeram anotações em suas cadernetas. Logo, porém, que voltaram à barraca tiveram uma rixa. Estão brigando ali na barraca até agora. Que adianta eu esforçar-me para ser cristã?”
Terceiro, porque Deus o diz. Apoc. 2:4 declara: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.” Deus fez com que este texto causasse profunda impressão em Ellen G. White, e ela escreveu: ‘“Fui instruída a dizer que estas palavras aplicam-se às igrejas adventistas do sétimo dia em sua condição atual. O amor de Deus tem desaparecido, e isto implica na ausência de amor mútuo. O eu, o eu, o eu é acariciado e tenta obter a supremacia’.” — Christ Our Righteousness, pág. 120.
Unicamente o poder renovador de Deus pode mudar tal situação, pois a tragédia está em que nós não sentimos a seriedade de nossa condição. Somos levados a pensar que as coisas são muito melhores do que se apresentam e ficamos ofendidos quando alguém dá a entender que nem tudo está bem em Sião. “Pois dizes: Estou rico e abastado, e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.” Apoc. 3:17.
‘“Precisamos do Espírito Santo a fim de compreender as verdades para este tempo; existe, porém, uma aridez espiritual nas igrejas, e nos acostumamos a contentar-nos facilmente com nossa posição diante de Deus’.” — Idem, pág. 119. “‘A igreja que dormita deve ser despertada e acordada de sua letargia espiritual, para a realização dos importantes deveres que têm sido negligenciados.”’ — Idem, pág. 118.
Quarto, as condições na igreja o demonstram. A falta de zelo pelo evangelismo, a indiferença para com as multidões que vivem sem Cristo, a inconsistência, a fanática procura de divertimentos, tudo testifica de nossa necessidade. “Antes amigos dos prazeres que amigos de Deus” aplica-se à Igreja Adventista do Sétimo Dia. É fácil encher a casa para certos entretenimentos, mas dificilmente um pequeno grupo de pessoas aparece para uma reunião de oração. “A igreja voltou atrás de seguir a Cristo, seu Guia, e está constantemente retrocedendo rumo do Egito. Todavia, poucos ficam alarmados ou atônitos com sua falta de poder espiritual. Dúvidas e mesmo descrença dos testemunhos do Espírito de Deus estão levedando nossas igrejas por toda parte.” — Serviço Cristão, pág. 39.
Finalmente, precisamos de um reavivamento porque isto é imperativo. Sem ele a igreja se tornaria tão apóstata que Deus não poderia reclamá-la como Sua. “‘Deus requer um reavivamento e uma reforma espiritual. A menos que isto ocorra, aquêles que são mornos continuarão a tornar-se detestáveis ao Senhor, até Êle recusar reconhecê-los como filhos.”’ — Christ Our Righteousness, pág. 121.
IV. Não é Perigoso Salientar Isto Abertamenmente?
Não é provável que tal ensino degenere em fanatismo e extremos? De fato, existe êste perigo. Conheceis, porém, algo de grande poder latente que não seja perigoso? A eletricidade é perigosa, mas não irei abandonar o conforto e os benefícios que proporciona, por alguém haver morrido instantâneamente ao tocá-la de modo imprudente.
Todo verdadeiro reavivamento desde os dias do apóstolo Paulo teve que contender com o fanatismo. Todavia, a despeito dos extremos, sou grato por êsses reavivamentos e essas reformas terem ocorrido, não o estais vós também? O príncipe do mal se opõe a todo progresso que o povo de Deus faz em sua jornada para o Céu. A história da Reforma comprova que nenhum reavivamento é efetuado sem enfrentar sérios obstáculos.
Quer considereis os dias de Lutero, dos Wesley, de Guilherme Miller, dos White ou de outros, todo verdadeiro reformador cuja fé e influência constituíram uma bênção para o mundo, foi atacado não somente de fora da igreja, mas principalmente dentro dela, onde se formaram dois grupos. De um lado, encontravam-se a cada passo com as astúcias de Satanás em instigar os extremistas, os impetuosos e os não santificados a fanatismos de toda espécie. De outro lado, estavam os formalistas indiferentes que, pondo-se à parte da obra de reforma, apontaram o dedo para os reformadores que batalhavam incansavelmente contra os extremos, atribuindo a estes heróis de Deus todos os males do fanatismo.
V. A História Repetir-se-á
É-nos dito que a história se repetirá. “Fui instruída de que fanatismo análogo àquele com que nos defrontamos após a passagem do tempo em 1844, surgiria novamente entre nós nos dias finais da mensagem.” — Selected Messages, Vol. 1, pág. 221.
A Origem do Fanatismo
Este conselho deve servir como aviso e advertência de que nada temos a ver com excitamento e sensacionalismo. A mente popular que se vem alimentando da superficialidade do mundo moderno da imprensa, do rádio e da televisão, de dramas e filmes, tem sido preparada para histeria em massa, que pode ser impelida a quase qualquer extremo, numa emergência. Este mesmo espírito tem-se infiltrado na igreja. Muitos que conhecem esta mensagem apenas pelo que ouviram falar do púlpito e em palestras aqui e ali, mas que não têm raiz em si mesmos por meio de experiência pessoal com Deus e estudo de Sua Palavra, estão sujeitos a extremismos de várias categorias.
Esses “provadores de sermões” vão aos cultos da igreja para entreter-se, e ficam desapontados quando não é apresentado algo novo ou estranho. Aqueles que buscam o que é desconhecido e sensacional, e que não se satisfazem com um simples estudo da Palavra de Deus, são vítimas latentes de agitações emocionais, que numa situação crítica podem ser excitadas por Satanás, transformando-se numa onda de fanatismo capaz de abalar os próprios fundamentos da igreja. O Senhor adverte aqueles que tendem para o sensacional a não favorecerem tal elemento na igreja: “Sede cautelosos e não participeis de excitamento humano, nem procureis criá-lo.” — Idem, Vol. 2, pág. 57.
“Da parte de muitos há um intenso desejo de alarmar o mundo com algo original, que deixará o povo num estado de êxtase espiritual e modificará a presente condição de experiência.”— Idem, pág. 23. Paulo adverte: “Destes afasta-te.” Escreveu ele também: “Aproxima-se o tempo em que os homens não tolerarão o ensino salutar. Desejarão algo que agrade às suas próprias fantasias, e reunirão mestres que satisfarão seus desejos. Não mais prestarão atenção à verdade, mas desviar-se-ão seguindo ficções inventadas por homens”. II Tim. 4:3 e 4 — The New Testament in Modern English.
Acautelar-se do Frio Formalismo
Como sucedeu com os primeiros reformadores, não somente temos que resistir ao violento fogo do fanatismo, mas também ao gelo do formalismo. Quando Satanás “vê que o Senhor está abençoando Seu povo, e preparando-os para discernirem os seus enganos, ele operará com seu magistral poder para introduzir fanatismo por um lado, e por outro frio formalismo, a fim de que consiga colher uma messe de almas.”— Serviço Cristão, pág. 40.
Portanto, embora não devamos criar excitamento ou participar dele, por outro lado, “não devemos estar entre aqueles que farão indagações e nutrirão dúvidas quanto à obra do Espírito de Deus; pois haverá os que irão duvidar e criticar quando o Espírito de Deus tomar posse de homens e mulheres, em razão de seus próprios corações não se terem comovido, mas serem frios e insensíveis.” — Selected Messages, Vol. 2, pág. 57.
Por meio de uma concepção falsa da obra do Espírito Santo, por meio do conservantismo, da falta de compreensão e apreço da necessidade de reavivamento, e por terem idéias errôneas sobre o fanatismo, muitos irão ao outro extremo, opondo-se à genuína obra do Espírito Santo. Iludir-se-ão pensando que seu conservadorismo é uma experiência real. “Formalidade, sabedoria, prudência e esperteza terrenas, para muitos parecerão ser o próprio poder de Deus, mas sendo aceitos, constituem um obstáculo que impede que a luz de Deus chegue ao mundo através de advertências, reprovação e conselho.” — Idem, pág. 19.
Paulo advertiu deste perigo: “Cuidai para que ninguém corrompa vossa fé por meio do intelectualismo.” “Como recebestes a Cristo, assim continuai vivendo nÊle — em singeleza de fé”. Col. 2:8 e 6 — The New Testament in Modern English. Acrescenta a irmã White: “Estamos em contínuo perigo de desviar-nos da simplicidade do evangelho.” — Selected Messages, Vol. 2, pág. 23.
Além disso, o Senhor nos diz que as pessoas na igreja que estão contentes com a teoria da verdade mas que não possuem a atuação diária do Espírito Santo sobre o coração, exclamarão: “Acautelai-vos do fanatismo”, enquanto o Espírito Santo estiver realmente operando uma autêntica experiência de reavivamento entre o povo de Deus. Notai esta observação divina: “Quando almas anelam por Cristo e procuram tornar-se um com Ele, então aqueles que se contentam com uma aparência de piedade exclamam: ‘Sede cuidadosos, não vos dirijais a extremos’.” — Idem, pág. 57.
Salvaguarda Contra Extremos
Os perigos nos rodeiam de todos os lados, mas não precisamos ficar desesperados ou perplexos, se com fé nos apegarmos a nosso poderoso Libertador e seguirmos Sua orientação através do estudo de Sua Palavra. É-nos assegurado:
“Que ninguém receie ir a extremos enquanto for um diligente estudante da Palavra, humilhando a alma a cada passo. Cristo deve habitar nele pela fé. Ele, seu Exemplo, era calmo. Andava em humildade. Possuía verdadeira dignidade. Era paciente. Se individualmente possuirmos estes traços de caráter, aceitando a justificação pela fé, não haverá extremistas.” — Idem, pág. 22.
VI. Efeitos Posteriores do Reavivamento
Um fator que fez com que muitos tivessem injustificável cautela no tocante aos reavivamentos, é a má compreensão a respeito dos resultados de alguns avivamentos. Muitos assumiram a posição errônea de que em razão dos efeitos dum reavivamento não durarem, isto demonstra que era simples excitamento, sendo portanto espúrio. Algum tempo atrás foi feita uma descrição dum reavivamento que ocorrera num de nossos grandes centros. Declarava o informante: “Disseram-me que foi um falso reavivamento. Houve verdadeira agitação na igreja; uniram-se famílias, velhas contendas foram desfeitas, fizeram-se confissões, as pessoas corrigiram injustiças e abandonaram velhos hábitos, mas apenas temporariamente.”
Como a Bênção é Perdida
Por não perdurarem os resultados de um reavivamento, significa isto que êle foi falso? Absolutamente não. Notemos:
“Foram-me escritas certas coisas a respeito da atuação do Espírito de Deus … no colégio, as quais indicam claramente que devido a estas bênçãos não subsistirem, mentes foram confundidas, e o que era luz proveniente do Céu tem sido chamado de excitamento. . . . Devemos ter muito cuidado para não entristecer o Espírito Santo de Deus, afirmando que a ministração de Seu Espírito Santo é uma espécie de fanatismo. . . .
“De que Deus abençoou abundantemente os estudantes na escola e na igreja, não tenho a menor dúvida; mas um período de grande luz e derramamento do Espírito Santo em geral é seguido por um tempo de grande escuridão. Por quê? Porque o inimigo trabalha com todas as suas fôrças de engano para desfazer as profundas impressões do Espírito de Deus no ser humano.
“Quando os estudantes da escola participavam de seus jogos de competição e partidas de futebol, quando se enlevavam com os divertimentos, Satanás achou ser um momento oportuno para entrar em ação e desfazer o efeito do Espírito de Deus em moldar e usar o ser humano. . . .
“É fácil destruir a influência do Espírito Santo, por meio de negligência, conversas e jogos.” — Idem, Vol. 1, págs. 130 e 131.
Como a Bênção é Retida
Deus não quer que a experiência do reavivamento desapareça logo. Seu desejo é que o reavivamento conduza a genuína reforma, uma reorganização da mente, do lar, da igreja, da instituição, através duma mudança de idéias e teorias, de hábitos e procedimento. Seu plano é que prossigamos em conhecer ao Senhor.
Não basta ser enternecido pelo Espírito Santo. Precisamos arrepender-nos de nossos pecados e começar a reformar nossos costumes. O esfôrço para dominar o eu, alcançar pureza de coração e santidade de alma, é uma luta que dura a vida toda. A abnegação deve ser experimentada em todos os passos em direção ao Céu. Para seguir a Deus precisamos subjugar as tendências naturais. Paulo disse: “Dia após dia morro!”, e assim sucederá conosco se fizermos a vontade de Deus.
A promessa é: “Se prosseguirmos em conhecer ao Senhor . . ., Ele descerá sobre nós como a chuva.” Deve haver constante e firme crescimento se desejarmos estar prontos para os toques finais de santificação que nos fortalecerão para o tempo de angústia. A não ser que cresçamos diariamente na exemplificação das virtudes cristãs, negaremos nossa experiência anterior e consideraremos a genuína obra do Espírito Santo como uma espécie de fanatismo. Se não conhecermos a Deus por meio de reavivamento, obediência e serviço, não reconheceremos o poder de Deus quando se manifestar entre nós, e nos empenharemos em resistir-Lhe.
VII. Aproxima-se um Reavivamento!
Indiferentemente de como nos relacionamos com êle, aproxima-se um reavivamento.
“Em visões da noite passaram perante mim representações dum grande movimento reformatório entre o povo de Deus. . . . Viam-se centenares e milhares visitando famílias e abrindo perante elas a Palavra de Deus. Os corações eram convencidos pelo poder do Espírito Santo, e manifestava-se um espírito de genuína conversão.” — Test. Sel., Vol. 3, pág. 345.
Nesse grande reavivamento “homens serão levados pelo Espírito Santo a abandonar sua ocupação regular, e a penetrar nos campos em que a mensagem de advertência nunca foi proclamada. Muitos serão dotados de poder do alto.” — ELLEN G. WHITE, em Review and Herald.
Mas a igreja não será reavivada em sua totalidade. “Esperamos ver tôda a igreja reavivada? Êsse tempo nunca chegará.” — Selected Messages, Vol. 1, pág. 122. Durante o reavivamento os inconstantes irão para um lado e os formalistas para o outro. Aqueles que prosseguiram “em conhecer ao Senhor” passarão triunfantemente do tempo de angústia para o reino.
VIII. A Necessidade de Contínuo Reavivamento
Todo culto de igreja deve ter o espírito de reavivamento. Há ocasiões especiais de reavivamentos, como a Semana de Oração, reuniões de reavivamento e séries de conferências. Estes esforços especiais farão com que muitos indivíduos perdidos em pecado, indiferentes aos reclamos de Cristo e às promessas de Deus, voltem para o Salvador em busca de uma nova vida. Estas reuniões especiais bem como outros cultos de igreja, também ajudarão os cristãos experientes a ter novas perspectivas de incentivo espiritual e serviço cristão. Estas ocasiões de grande ênfase espiritual têm o seu lugar, mas jamais poderão substituir a obra adicional que cada pessoa precisa realizar em seu próprio coração através de diária comunhão com Deus.
Nossa secreta devoção pessoal deve ser uma diária experiência de reavivamento. Preciso tomar tempo para estar a sós com Deus. Cada dia devo ouvir-Lhe a voz indicando-me o que ainda tem que ser vencido em meu coração. Cada dia preciso orar fervorosamente ao abrir a Palavra de Deus: “Senhor, faze-me conhecer a mim mesmo, mostra-me o Salvador e torna o Livro real para mim.” Somente quando tivermos crescente compreensão de nossa grande necessidade iremos esforçar-nos por obter poder divino. Cristo só pode ajudar aquele que está ciente de sua necessidade.
IX. O Reavivamento da Igreja Virá Através de Esfôrço Individual
O Senhor declara: “Devemos empreender a obra individualmente. Precisamos orar mais e falar menos.” — Ibidem. “A modificação que necessitamos é uma modificação do coração, e só pode ser obtida buscando a bênção de Deus individualmente, implorando-Lhe o poder, suplicando fervorosamente que Sua graça desça sobre nós, e que nossos caracteres sejam transformados. Esta é a modificação que precisamos hoje, e para a consecução desta experiência devemos exercer perseverante energia e manifestar profundo fervor.” — Idem, Vol. 2, pág. 23.
X. É Tempo de Buscar o Senhor
Neste período de paz para a igreja prepara-mo-nos para decidir nosso destino na crise. Agora é o tempo de com todas as energias que nos foram dadas por Deus procurarmos conhecer ao Senhor, para não cairmos em qualquer extremo. Chegou o tempo de as pessoas sinceras se reunirem espontaneamente em pequenos grupos e suplicarem a bênção de Deus sobre si mesmas e sobre a igreja. Chegou a hora de dedicarmos mais tempo para examinar as Escrituras e falarmos acerca do incomparável amor de Jesus, a fim de que nossos pensamentos se ergam acima do que é inútil e trivial.
Uma lei mental declara que a mente toma a forma daquilo em que se demora. Nossos pensamentos detêm-se demais no que é terreno e muito pouco no que é celestial. Paulo apela: “Buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da Terra”. Col. 3:1 e 2.
Precisamos afastar-nos de milhares de coisas que tentam desviar nossa atenção daquilo que é mais importante. “É tempo de buscar ao Senhor, até que Ele venha e chova a justiça sobre vós.” Oseias 10:12.