A história do encontro dos efraimitas com Sua Majestade “Chibolete” é muito interessante. Custou a vida de quarenta e dois mil de seus desafetos. Grande monarca, impecável estrategista, pois dirigiu a batalha de tal maneira que derrotou o inimigo sem perder um só dos seus. Embora haja muito boas aplicações e lições neste interessante encontro, queremos mencionar uma que nos parece útil à igreja em geral. Também nós vemos por todos os lados o emprego de “Chibolete.” Ainda que não se mate fisicamente, procura-se aniquilar muitas vezes a personalidade daquele que não pronuncia “a nosso modo” o nosso “Chibolete.”

Este monarca tem o seu trono no lar, na igreja, na sociedade e na administração da obra em geral. No lar, quando a esposa ou o esposo, por qualquer motivo, não faz o que o outro espera ou exige, surge o veredicto do severo monarca e mata-se a paz no lar.

Quando uma ovelha na igreja foge do aprisco, num momento de descuido; quando por palavra ou ação se excede, passando o limite das normas estabelecidas — embora seja por tentação ou fraqueza carnal, surge a ação mais fácil e a que dá menos trabalho, e então, muitas vêzes sem a preocupação de trazê-la ao arrependimento, seguindo boatos não comprovados, decidem cortá-la da comunidade da igreja. Oh! Majestade, um pouco mais de complacência, mais amor, mais misericórdia, pois “sabei que aquêle que converte o pecador do seu caminho errado, salvará da morte a alma dêle, e cobrirá multidão de pecados.” (2) Quantas vêzes são destruídos os bons sentimentos da alma, com uma severidade prematura. Cuidado, Vossa Alteza, pode haver milhares que, embora pronunciem “sibolete,” nunca dobraram os joelhos perante Baal.

a Sociedade? “Conta-se a história de um santo homem, de cujas santas virtudes a fama se espalhara para muito longe. O diabo, então, enviou os mais espertos de seus anjos a fim de procurarem tentá-lo a cometer algum pecado. Mas os espíritos maus nenhum êxito tiveram ao procurarem inflamar-lhe os apetites e paixões, e induzi-lo ao pecado. O santo homem permaneceu firme, e êles tiveram de voltar derrotados a seu mestre. O diabo repreendeu-os por seus métodos bruscos e rude modo de agir. E disse-lhes que êle mesmo lhes mostraria como levar um santo ao pecado. Assim foi ter o diabo com aquêle homem. Louvou-o peias suas santas virtudes e sua firme resistência ao pecado. E, ao terminar a sua visita, fêz a seguinte observação: “Já ouviu você as boas-novas? Seu irmão mais môço foi escolhido bispo de Alexandria.” Ante esta notícia, o santo homem encheu-se de ira, oriunda da inveja, e condenou a igreja por haver cometido o disparate de escolher seu irmão para tão elevado cargo, quando êle próprio se julgava com muito mais habilidade para assumi-lo.” (3)

Isto representa o reinado de Sua Majestade “Chibolete” na sociedade. Diz a Srª White: “A desumanidade do homem para com o homem, eis nosso maior pecado.” (4) Por qualquer coisa, julgamos o nosso semelhante, o criticamos e o condenamos, na grande maioria das vezes sem conhecer os verdadeiros fatos e motivos. Assim, por inveja, amor próprio, ódio, matamos a graça, a união e o amor.

O mesmo se dá na Administração da obra de Deus em geral. Diz a Srª White: “Deus tem maneiras várias de operar, e possui obreiros diversos, aos quais confia diferentes dons.” “A diversidade de dons conduz à diversidade de operação. . . . Não devem limitar a obra a suas idéias particulares.” (5) Assim sendo, a obra necessita de homens com diferentes maneiras de agir e trabalhar, desde que estejam dentro das doutrinas fundamentais da igreja, conforme ensinadas na Bíblia. “É um erro retirar-nos daqueles que não concordam com as nossas idéias.” (6) “Não ceda o homem ao ardente desejo de se tornar um grande líder, ou a desejar independentemente idear e estabelecer planos tanto para si mesmo como para a obra de Deus.”

Infelizmente, meus irmãos, com todos os ensinamentos que temos, esse monarca tem um grande exército de adeptos. São os que desejam que se diga, não “Chibolete,” mas “Amém” a tudo que querem e desejam, matando assim a boa iniciativa e a consciência, este relógio do alarme divino.

Aqui termina minha crônica, Majestade. Muito equilíbrio, tudo com amor e sobretudo o espírito de Jesus Cristo! Muita complacência para aquele que não pode pronunciar o teu “Chibolete!”

BIBLIOGRAFIA:

1. Juizes 12:4.

2. S. Tiago 5:20.

3. Frederick Lee, na Revista Adventista, outubro de 1953, pág. 7.

4. Obreiros Evangélicos, pág. 136.

5. Idem, págs. 478 e 479.

6. Testemunhos para Ministros, pág. 500.

7. Idem, pág. 501.