Catarina, espôsa de Martinho Lutero, entrou precipitadamente na sala de estudos em que o Reformador se entregara um dia a sombrias reflexões, e declarou: “Deus morreu!” Fêz isto para que o notável homem compreendesse que suas preocupações eram
tão absurdas quanto as palavras que ela acabara de proferir. Lutero viu quão disparatada era a declaração da esposa, e igualmente quão irrisórias eram as inquietações dêle. Pôs-se a defender o Deus vivo, afirmando que Êle não pode morrer, e começou a agir como alguém que confiava e cria nesse Deus.
Atualmente, quatro teólogos eminentes (alguns os têm chamado de ateus cristãos) anunciaram, como o fêz Catarina, que “Deus morreu.” (Ver a revista Time, 22 de outubro de 1965, pág. 61.) Por meio dêsse grotesco ensino, procuram despertar o mundo para nova tentativa de encontrar a vida melhor. Se Deus houvesse morrido, então o pequenino ser humano, a criatura, sobreviveu a seu Criador. O Deus “enfêrmo” não teria conseguido resistir às pressões decorrentes de administrar um mundo complicado. Somos convidados a prantear o falecimento do Ser Infinito. E o débil homem sobreviveu Àquele que o fêz!
Incapaz de enfrentar as ocorrências de um mundo dilacerado pela tragédia e o pecado, o Senhor Deus “entregou os pontos.” Não conseguiu dirigir um mundo descontrolado pelo pecado. Assim sendo, o produto da criação de Deus destruiu-o com a sua incorrigibilidade. A maneira exata como Deus morreu, não me é possível deduzir da leitura dessa nova filosofia. Talvez fôsse de desapontamento ou coração quebrantado. Deus não foi absolutamente capaz de livrar o mundo dos seus problemas.
O homem finito, porém, ainda está bem vivo por aí, suportando admiràvelmente bem a pressão de tudo isso. A inferência é que o homem é mais forte do que Deus, e que sua vida é mais resistente e elástica. O homem está mais bem preparado para viver consigo mesmo, do que sucede com Deus. De agora em diante, parece que o homem terá de assumir a direção do mundo. Temos nova administração. Podemos sentar-nos e ver como os dirigentes da raça humana resolverão a situação dificultosa. Caso o homem tenha sobrevivido a seu Criador, deve possuir suficiente perspicácia para divisar além das sombras do ocaso. Podemos quedar-nos agora a observar o que êste frio mundo se tornará sem Deus!
Celestial Lamentação Fúnebre
A quem o homem deve adorar daqui para a frente não é explicado com clareza. À nova filosofia soa como canto fúnebre. Despedaçaram a imagem do Deus vivo. Agora o pedestal está vazio, ou pior ainda, vemos entronizado ali um Deus substituto — um Deus morto. A quem adoraremos então? Alguns sugerem a seguinte alternativa: Poderá emergir um “Deus acima de Deus,” que tome o lugar dAquele que morreu.
Sempre entendi que a primeira lei de tôda religião boa é a seguinte: “Algo melhor é o emblema da vida.” É porém um Deus morto melhor do que um Deus vivo? Deus não estava agindo incorretamente! O homem, entretanto, fêz uma confusão das coisas. Se o velho homem do pecado na natureza humana pudesse morrer, isto talvez houvesse solucionado o problema. Mas não! Para o homem é mais fácil destruir a Deus do que mortificar suas paixões carnais, e ser crucificado com Cristo.
O que todo compenetrado estudante da natureza humana sabe, é que quer se proclame que Deus está morto ou vivo, a maior parte da humanidade continuará adorando os deuses que criaram para si mesmos: o sexo, o salário, os prazeres mundanos, o dinheiro e a posição. Falando com tôda a seriedade, não é bastante provável que o movimento de que Deus morreu seja realmente apenas outra tentativa da parte do homem idólatra para inventar um método de esquecer a Deus, que justifique o método egoísta de o homem adorar a si próprio?
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Com efeito, meus amigos, existem algumas alternativas devastadoras para a adoração do Deus vivo, que foram criadas pela nova seita do Deus morto. Pois, com a morte de Deus também se dá a morte da oração, da fé, da reverência e da igreja. Êste quadrilátero de recursos e poder espiritual é agora aniquilado pela nova blasfêmia, da mesma maneira que a bendita Trindade ou Divindade. Detende-vos por um momento para pensar sôbre isto. O homem não pode orar mais, pois se Deus morreu, não existe um Ser Supremo para ouvir e atender suas orações. O Israel antigo acusou a Deus de mouquidão, devido a Êle não ouvir e atender as orações dum povo rebelde. Mas os teólogos modernos excederam a apostasia do Israel antigo. Acusaram a Deus mais do que de mouquidão; acuraram-nO de estar morto. Obliteraram o Senhor que é a única esperança de Seu povo hoje em dia.
É fácil concluir que Deus morreu, se os Céus se tornaram como bronze, e as orações do homem moderno não são atendidas. Mas por que Deus não ouve as orações do homem? Devido ao fato de que o homem antinomiano desviou os ouvidos de ouvir a lei. Destarte suas orações se tornaram uma abominação (Prov. 28: 9). Como pode Deus auxiliar o homem rebelde enquanto não abandonar a rebelião? “Ó Senhor Deus dos Exércitos, até quando estarás indignado contra a oração do Teu povo?” foi a súplica de Davi (Salmo 80:4). A nota na margem duma versão inglêsa diz assim: “Até quando sufocarás a oração do Teu povo?” Eis aí a figura de um Deus que está bem vivo, e a forte insinuação de que o homem perecería sob a ira de Deus, se não parasse de transgredir as justas leis do Senhor.