A isso João respondeu: ‘Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado dos Céus. Vocês mesmos são testemunhas de que eu disse: Eu não sou o Cristo, mas sou aquele que foi enviado adiante dEle. A noiva pertence ao noivo. O amigo que presta serviço ao noivo e que o atende e o ouve, enche-se de alegria quando ouve a voz do noivo. Esta é a minha alegria, que agora se completa. É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:27-30).
Vivemos em uma cultura na qual ter sucesso é quase obrigação. Para isso, muitos estão dispostos a pagar qualquer preço. O importante é não nos perdermos no anonimato, mas sermos reconhecidos em nosso campo de ação. O medo de fracassar chega a ser obsessivo para muitos.
“Eu lhes digo que entre os que nasceram de mulher não há ninguém maior do que João”
Infelizmente, nós pastores não estamos livres de cair na tentação de ver o ministério pastoral como uma profissão na qual o mais importante é chegar o mais longe possível no menor tempo possível. Diante desse desafio é imperioso que nos voltemos para a Bíblia, onde podemos encontrar respostas oportunas que nos ajudam a edificar a vida sobre terreno firme, e não sobre a areia movediça dos paradigmas humanos que podem destruir nossa vida espiritual e nosso ministério.
A vida e obra de João Batista podem lançar luz sobre a compreensão deste tema. As palavras de Cristo testificam que o trabalho de Seu precursor foi aprovado por Deus: “Eu lhes digo que entre os que nasceram de mulher não há ninguém maior do que João” (Lc 7:28). Dificilmente podemos imaginar referência mais eloquente do que essa, feita a um ser humano. Porém, há interrogações: O que fez João para merecer tal reconhecimento? Como podemos trabalhar de tal maneira que sejamos aprovados por Deus?
Possivelmente encontremos respostas para isso no episódio relatado em João 3:22-30. Essa passagem descreve um momento crucial do ministério de João. Ele havia apontado Jesus como o “Cordeiro de Deus” e as multidões começavam a voltar sua atenção para o Mestre da Galileia, o que motivou a seguinte observação dos discípulos de João Batista: “Mestre, aquele Homem que estava contigo no outro lado do Jordão, do qual testemunhaste, está batizando, e todos estão se dirigindo a Ele” (Jo 3:26). Mas a resposta surpreendente que ouviram culminou com uma declaração reveladora da estatura moral de seu mestre: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (v. 30).
Ellen G. White comenta: “Em face da maneira de avaliar do Céu, o que constitui a grandeza? Não o que o mundo considera como tal… quando pervertido para o serviço do próprio eu, quanto maior o dom, tanto maior maldição se torna. Valor moral, eis o que é estimado por Deus” (O Desejado de Todas as Nações, p. 219).
Na resposta de João, há três elementos que devem pautar a vida de todo pastor que deseje a aprovação do Céu. 1) João sabia que era apenas um mordomo, encarregado de administrar os negócios de seu Senhor. Sabia que o povo que então se dirigia a Cristo não lhe pertencia; era propriedade de Cristo, e, temporariamente, esteve sob os cuidados dele. 2) João conhecia sua identidade. Não caiu no erro de confundir quem ele era com o que ele fazia. Sua identidade como servo de Deus não dependia do apoio da maioria. 3) João entendeu que não existe maior privilégio do que se anular para que Deus receba a honra. Decidiu não dizer nem fazer nada que obscurecesse o progresso do reino de Deus. Entendeu que, apequenando-se, seria grande aos olhos do Céu.
João nos ensina que a verdadeira grandeza não consiste em atrair a atenção e a honra para nosso trabalho nem para nós mesmos. Em todas as circunstâncias, nossos esforços devem ser direcionados a engrandecer o nome de Deus, o proprietário de tudo o que somos e temos. Na próxima vez que formos transferidos ou substituídos em uma função, oremos: “Graças, Senhor, por haveres partilhado comigo este dom durante o tempo em que trabalhei aqui. Agora que me pedes de volta, agradecido, eu o entrego a Ti. Ajuda-me para que em todas as minhas decisões eu procure honrar tão somente a Ti.”