O primeiro número do The Ministry, em sua introdução: “Nossa Apologia e Nossa Autorização,” refere-se aos “boletins mimeografados usados até agora,” denominando-os de “degrau necessário para esta medida ideal.” E a página detrás menciona o “Estabelecimento e a Carta Constitucional da Comissão Ministerial.” Em seguida são registadas as resoluções do Concilio Outonal de 1927, autorizando a publicação do The Ministry como “revista especial dos obreiros evangélicos.” Os planos estavam agora em plena atividade.

Em 1935 — Ainda a Suprema Preocupação do Pastor Daniells

Virando as páginas do tempo, chegamos agora à primavera de 1935, quando tive o privilégio de estar com o Pastor Daniells durante as últimas sete semanas de sua vida. Dores Robinson e eu fomos chamados apressadamente para Los Angeles, por solicitação urgente do Pastor Daniells, para ajudá-lo a terminar seu livro The Abiding Gift of Prophecy (O Permanente Dom de Profecia). Foi uma corrida contra o tempo, pois êle fôra acometido por uma doença fatal.

Longas horas para nós, sem descanso, eram a ordem do dia e da noite. Mas o livro foi terminado. E a introdução, que o Pastor Daniells solicitou que eu escrevesse, foi datada: “Los Angeles, Califórnia, 24 de fevereiro de 1935” — aproximadamente um mês antes de sua morte. As últimas semanas foram dedicadas às revisões finais.

Apesar do esfôrço excessivo, êste período proporcionou-me inestimável privilégio. Não sòmente pude auxiliar meu estimado amigo, orientador e ex-chefe a concluir sua acalentada tarefa, mas tive a derradeira oportunidade de conversar muitas e muitas vêzes com êle sôbre os relevantes assuntos, objetivos e perspectivas que sempre estiveram em seu coração — a justiça pela fé, o Espírito Santo, o alto clamor, a chuva serôdia, a mensagem de Laodicéia, reavivamento e reforma, e a conclusão da obra de Deus sob o poder do Espírito Santo. Freqüentemente palestrávamos também sôbre a Assembléia de Mineápolis. A constrangedora urgência dêstes notáveis princípios e providências parecia avolumar-se em sua mente, ao aproximar-se êle do fim. Partilhou êsses encargos comigo, como seu filho no ministério. Reiteradas vêzes manifestou a esperança de que eu, no devido tempo, completasse uma ampla exposição da maravilhosa maneira como Deus nos guiara passo a passo, e do glorioso triunfo assegurado, segundo o esquema divino.

Firme Esperança de que Outros Apanhassem a Visão

Jamais vacilou êle quanto a sua grande esperança e expectativa. Conquanto tivesse de depor sua responsabilidade, estava ansioso de que outros se apossassem do estandarte e erguessem a tocha — cada vez mais alto. “Para a frente,” era a sua divisa. Novas mãos e corações precisavam levar a obra avante. Embora não lhe fôsse dado viver até o auspicioso dia da consumação do fim desejado, outros teriam êsse ensejo. Firmou sua esperança nos homens que se inteirariam da gloriosa visão e corresponderiam ao seu apêlo. Tinha uma incumbência e uma derradeira mensagem para êles.

Com esta finalidade, entregou-me o acervo de compilações em fôlhas soltas, que para êle eram as mais valiosas citações que já encontrara, e alguns de seus livros — contendo vários dêles até o autógrafo de Ellen G. White. Legou-me também um grande maço de seus esboços de sermões. Êstes revelam a preocupação de sua vida, como talvez nenhuma outra coisa o poderia fazer, e mostram no que se baseava seu mais profundo interêsse, até o fim. Além disso, confiou-me uma inestimável coleção de testemunhos especiais dirigidos a êle e a outros, que mantivera sob sua custódia. Êstes também lhe haviam prestado adicional incentivo, delineando a ênfase especial que devia caracterizar o clímax de nossa mensagem.

Sua Derradeira Exortação ao Ministério Adventista

A última preocupação do Pastor Daniells consistiu. em formular uma “Exortação de Despedida Para o Ministério Adventista.” Esboçou-a para mim, e pediu que eu lhe desse forma coerente e fraseado apropriado. Isto foi feito, sendo relido perante êle no dia anterior a sua morte. Embora suas fôrças físicas declinassem rapidamente, sua mente ainda se mantinha lúcida. Acompanhou atentamente cada palavra, anuindo amiúde com a cabeça ou expressando aprovação. É evidente que o documento condizia com sua vontade.

Ao chegarmos à frase final, que terminava com um “Amém,” êle uniu-se comigo em proferir esta palavra, mas acrescentou um ardoroso e segundo “Amém!” O “Amém” suplementar foi acrescentado nesse próprio instante.

Jamais me esquecerei da solenidade dêsse momento, pois aquelas foram as últimas palavras que êle proferiu para mim. Logo caiu em estado de coma, não se restabelecendo mais. Firme até o fim, faleceu na fé pela qual vivera.

Um Testemunho, um Desafio e um Apêlo

Nesta solene exortação de despedida — apresentada em público primeiramente em seu funeral, no dia 22 de março, e depois no The Ministry de maio de 1935 — O Pastor Daniells admoestou todo o ministério do movimento — os mais idosos, os que se encontravam no vigor dos anos, e especialmente os jovens — a que “correspondessem às expectativas divinas.” Proferiu então um apêlo e lançou um desafio. Eis o fraseado empregado por êle:

“Grandes provas se aproximam, e se aproximam depressa. Deus conta convosco para serdes fiéis e leais a cada princípio da justiça. São necessários intensos progressos espirituais na igreja, e é a vós que compete efetuá-los.

“O Senhor solicita um reavivamento e uma reforma espiritual em nossas fileiras, e isto deve ocorrer mediante um ministério verdadeiramente espiritual.”

“Vários anos atrás, Deus conferiu-me a incumbência de incentivar êste avanço espiritual. Modificou-me a própria vida e visão. E muitos testificam acêrca do que Deus fêz por êles pessoalmente, ao responderem ao Seu convite.

“E agora foi pregado meu último sermão. Minha obra pública está terminada. O curso de minha existência chegou ao fim. Dêste modo faço agora meu último apêlo ao ministério dêste movimento, em que tenho sido ministro e companheiro durante mais de cinqüenta anos.”

Acrescentou então com muita seriedade:

“Insto solenemente convosco a que assumais esta responsabilidade, e completeis a obra. Deus o espera de vós. A prosperidade da igreja depende disto, e pertence-vos a tarefa de introduzir esta experiência mais elevada na vida da igreja. Êste é o grande fardo do meu coração. Transmito-o agora para vós. Desejo admoestar-vos a que reflitais sôbre a maneira como vos relacionareis com isso.”

Conquanto seu coração deixasse de bater, e os lábios se mantivessem silenciosos agora, êle continuaria a falar aos seus companheiros de ministério, através de seu precioso livro Christ Our Righteousness (Cristo Nossa Justiça) e sua última exortação. Seu sôpro avivou a chama das brasas latentes da mensagem da justiça pela fé. Foi o instrumento escolhido que delineou o escopo da Associação Ministerial — a justiça pela fé. Não devemos desapontá-lo, nem ao nosso Deus, em suas expectativas. Certamente chegou a hora para êsse derradeiro avanço.