Existe uma definida relação entre a apropriada recepção de novos conversos na igreja e o mantê-los em boa co-munhão com a mesma. Espera-se certas coisas dos novos conversos.

Espera-se que o recém-chegado participe regularmente dos cultos da igreja. A assistência à escola sabatina, ao culto de sábado, ao culto semanal de oração e a outras reuniões regulares é considerada como a principal e constante manifestação de união com a igreja.

Participando fielmente dos cultos da igreja, os novos membros se tornam uma parte integrante do grupo que compõe a congregação. Espera-se, e com razão, que êles freqüentem assiduamente sua própria igreja. Raramente devem visitar outras igrejas, a não ser que haja especial e plausível motivo para isso.

A igreja espera que os novos conversos desenvolvam os proveitosos hábitos da oração e dos momentos de devoção particular. Os serviços religiosos têm de ser reforçados por consistente vida cristã durante tôda a semana.

Além disso, espera-se que os novos conversos se relacionem com alguma forma de serviço cristão. Essa participação nas atividades missionárias é aguardada desde o início da experiência religiosa do nôvo membro.

Finalmente, como resultado do ato de dar testemunho cristão, a igreja espera que aumente o poder espiritual. Os bebês recém-nascidos precisam crescer. A deficiência no desenvolvimento cristão é tida como indício de falta de participação nas atividades da igreja.

Mencionámos algumas coisas que são esperadas corretamente pela igreja. Consideremos agora o que os novos membros têm o direito de esperar da igreja. Isto é muitíssimo importante, pois tem que ver diretamente com o bom êxito da afiliação à igreja. É bom esperar muito dos novos crentes, mas é ainda mais importante que estejamos cientes do que devemos ser e fazer por êles.

A responsabilidade que a igreja tem para com os novos crentes é indicada claramente na Palavra de Deus. Com efeito, o ponto culminante da carta régia dos cristãos inclui as palavras: “Ensinando-os a guardar tôdas as coisas que vos tenho ordenado” (S. Mat. 28:20). A grande comissão é tanto uma ordem para evangelizar como para conservar os membros da igreja. É isso que o Dr. João A. Broadus tinha em mente ao fazer a muito citada declaração: “Em grande parte da obra de fazer discípulos tem-se eliminado o ensino; e em grande parte da. obra de ensinar tem-se olvidado o fazer discípulos.” Em outras palavras, firmar os conversos está intimamente relacionado com a recepção dos mesmos.

As palavras do apóstolo Pedro apresentam um impressionante resumo das responsabilidades que a igreja tem para com os novos membros. Escreveu êle: “Ora, o Deus de tôda a graça, que em Cristo vos chamou à Sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, Êle mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.” I S. Pedro 5:10. Atendendo ao chamado do evangelho, amiúde através de muito sofrimento, o nôvo converso vem com a esperança de desfrutar as bênçãos da comunhão com a igreja, de se tornar bem firmado na casa de Deus, de vir a ser forte na fé e de encontrar na igreja sua permanente morada espiritual. A igreja tem a responsabilidade de ver que tôdas essas expectativas sejam realizadas. Pelo nôvo nascimento a alma associa-se à igreja, mas isso é apenas o início de uma nova vida. Para a vida começar, basta um momento, mas o desenvolvimento da alma deve ser a santa e feliz ocupação de tôda a existência. Em grande medida, cabe à igreja o dever de efetuar essa duradoura e ditosa experiência nas coisas de Deus.

Existe algo que o nôvo converso tem o direito de esperar da igreja. Antes de mais nada, o nôvo converso tem o direito de esperar que a igreja confie em sua sinceridade. Está êle agora iniciando vida nova e estranha. Seu passado, que talvez tenha sido pecaminoso, ainda está vivido em sua memória. O mesmo por certo chegou ao conhecimento dos membros da igreja a que o converso se uniu. Com temor e apreensão penetra êle na congregação dos santos. O melhor que êstes podem fazer agora é crer na sinceridade dêsse recém-nascido filho da fé.

A admoestação de Paulo deve ser cuidadosamente atendida no tempo presente: “Ora, nós que somos fortes, devemos suportar as debilidades dos fracos, e não agradar-nos a nós mesmos. . . . Portanto acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus.” Rom. 15:1-7. A afluência de novos crentes exige numerosas modificações e ajustamentos na vida e procedimento da igreja. A recepção de novos membros na igreja não é uma ocasião para os santos se “agradarem” a si mesmos, dizendo lá no íntimo: “Não permito que me incomodem”. Em vez disso, os santos devem lembrar-se da ocasião em que foram recebidos pela primeira vez na igreja. Precisam aprender a abrir caminho para êsses recém-convertidos e acolhê-los em nome de Jesus Cristo.

A seguir, o nôvo converso tem o direito de esperar que a igreja em que assumiu inteira responsabilidade como membro lhe dê adequada instrução sôbre o significado da incorporação à igreja. A ênfase aqui recai sôbre a “instrução”, não sôbre a crítica. Os novos crentes são discípulos. Merecem receber instrução apropriada. Os fiéis muitas vêzes se tornam estacionários, formais e inativos, e por isso se irritam com o fervor e entusiasmo dos novos conversos. Desejam reprimir e conter de uma vez êsse primeiro amor, e ao assim fazerem, magoam profundamente o recém-convertido. A atitude dessas pessoas estereotipadas e cheias de si faz lembrar determinado incidente. Certo pregador perguntou a um fazendeiro por que os bois sempre andam tão devagar. A resposta foi: “Não sei, mas acho que é porque os bois mais novos sempre são postos junto dos mais velhos. Êstes últimos andam devagar e ensinam os mais novos a fazer o mesmo”. Deixemos êste método com os bois e impeçamos que penetre na igreja.

Em terceiro lugar, nossos conversos têm o direito de exigir um programa de educação cristã que seja adaptado a suas necessidades especiais. Essa educação abrange a doutrina, a organização da igreja, as informações sôbre a obra missionária no país e no estrangeiro, as qualidades essenciais do caráter cristão, os triunfos do cristianismo, as biografias de nobres líderes da igreja, e muitos outros aspectos concernentes à obra e experiência de homens e mulheres da igreja.

Freqüentemente os novos conversos são assediados de críticas por parte dos oficiais da igreja, devido a não se enquadrarem bem na maneira em que a obra é efetuada pela igreja. Em vez de acharem que esta segue um consistente programa de positiva educação de seus membros, os que recentemente aceitaram a fé muitas vêzes ficam confundidos e se vêm obrigados a tentear o caminho por si mesmos. Isto geralmente finda em desânimo e separação da igreja.

O nôvo converso também tem o direito de esperar que sua igreja lhe proporcione uma entusiástica atmosfera de boa vontade e um vibrante e caloroso companheirismo. Êle deve sentir-se como se estivesse entre amigos. Seus amigos mais íntimos, seus mais acatados superiores, seus confidentes mais fidedignos e seus companheiros mais estimados devem encontrar-se na igreja que freqüenta.

Finalmente, o nôvo converso tem o direito de esperar ser logo incluído e alistado na vida e serviço da igreja. É uma grande honra participar das atividades da mesma. A responsabilidade que lhe compete pode ser pequena, mas ser escolhido para ajudar significa muito para o nôvo crente. Êle então se torna uma parte integrante do grupo de fiéis e sente que é estimado e necessário.

O assunto de como receber e manter conversos requer ponderada e constante atenção. Desejamos que os pensamentos aqui apresentados sirvam para estimular maior interêsse por aquêles que buscam a comunhão do povo de Deus. Se forem seguidas com sinceridade e devoção, as medidas aqui descritas contribuirão para manter nosso querido povo num companheirismo mais ativo e feliz.