Após um período de árduo labor, os discípulos voltaram à companhia de Jesus. Haviam completado uma agitada jornada missionária e agora extenuados, compareceram à presença do Salvador. O compassivo Nazareno contemplando aqueles vacilantes galileus, quase vencidos pela fadiga, disse-lhes: “Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco.”
Temos reproduzido nas páginas de “O Ministério Adventista” inúmeros artigos sobre o labor de um ministro e o seu programa de trabalho. Porém, muito pouco temos publicado sobre a Indispensabilidade de um programa de repouso para o pregador.
Sim, aos ministros que estão sendo vencidos pelo esgotamento mental e físico, àqueles que estão sobrecarregados pela contínua pressão dos deveres pastorais, a estes o Senhor também convida: “Vinde… e repousai um pouco.”
O programa de um pastor se caracteriza por uma série ininterrupta de exaustivos labores. A força para iniciá-los e a resistência para realizá-los, aumentará nos intervalos de repouso. Com efeito, o delicado mecanismo humano não pode viver sem estas salutares alternativas de trabalho e repouso.
Uma bateria de automóvel tem um limite de resistência. Quando a carga que se lhe aplica ultrapassa este limite, as placas interiores se quebram. Do mesmo modo a mente e o corpo humanos têm um limite de resistência. Se os sobrecarregamos demasiadamente, provocamos o rompimento do equilíbrio nervoso.
Devemos, pois, cultivar a arte do repouso, tendo em vista o reabastecimento das energias combalidas e a restauração do vigor debilitado no cumprimento das obrigações pastorais.
Uma noite de tranquilo e reconfortante descanso constitui uma necessidade inquestionável na vida de um obreiro. Entretanto, alguns de nós, após o repouso da noite, despertamos pela manhã, cansados, abatidos e indispostos. Dormimos, é certo, sem interrupções, durante a noite inteira, porém levantamos fatigados e sem entusiasmo para as lutas do dia.
Isto geralmente ocorre quando, depois de um dia de intensa e extenuante atividade, vamos à cama com os nervos tensos e a mente assoberbada com os perturbadores problemas pastorais. E é evidente que, quando o espírito não repousa, o corpo não desfruta em sua plenitude os benefícios do sono.
Necessitamos, portanto, após as atividades do dia, refrear a imaginação e liberar a mente de todas as ansiedades, cuidados e aflições que impedem o completo relaxamento dos músculos e a repousante tranquilidade do espírito.
Quando nos preparamos para dormir, ao apagar as luzes, devemos apagar também todos os pensamentos que se relacionam com os cuidados da igreja ou com os problemas do evangelismo. Só assim poderemos fruir os benefícios plenos que resultam do sono da noite.
Porém, existe outro descanso que o organismo de um ministro reclama: o repouso semanal. Aquêle que ensina a necessidade da observância do quarto mandamento, não somente como refrigério espiritual, mas também como descanso para a mente, os músculos e os nervos, deve praticar o que prega. Com efeito, para o pregador adventista, o sábado é um dia de absorvente labor. O domingo, pelas imensas possibilidades que oferece à obra do evangelismo, também é, para o diligente obreiro, um dia de afanosa atividade.
Cremos, pois, ser a segunda-feira um dia muito apropriado para o descanso do pastor. Neste dia a mente e o corpo, tanto quanto possível, devem estar em absoluto estado de relaxação, livres de todas as preocupações e ansiedades. Um tal repouso rejuvenesce o corpo cansado, revigora os músculos fatigados, tonifica os nervos exauridos e restaura o vigor mental.
Sobre o assunto, muito oportunas são as palavras da irmã White: “Há necessidade de que os escolhidos obreiros de Deus escutem a ordem de sair à parte e descansar um pouco. Muitas vidas valiosas se têm sacrificado devido ao desrespeito a esse mandamento … Quando um obreiro tem estado sob grande pressão de cuidado e ansiedade, achando-se esgotado no corpo e na mente, deve afastar-se e descansar um pouco, não para satisfação egoísta, mas para que esteja melhor preparado para os deveres futuros.” — Obreiros Evangélicos, (3a. Ed.), pág. 245.
Em seu livro “Arte de Viver”, diz André Maurois: “Vi ministros franceses, tão esgotados que seus olhos se fechavam contra a vontade, condenados a tomar uma decisão da qual dependia a paz da Europa. Em tais casos, o repouso torna-se um dever.” — Arte de Viver, pág. 114.
Um ministro do evangelho se defronta continuamente com problemas que reclamam sábias decisões, pois envolvem interesses eternos. Mas que espécie de decisão podemos esperar de um homem debilitado pelo esgotamento físico e torturado pela fadiga mental?
Outra vez reproduzimos as palavras da mensageira de Deus: “E hoje em dia, é aos esquecidos de si mesmos, aos que trabalham até onde lhes é possível, que se afligem por não fazer mais, e que, em seu zelo, vão além de suas forças, que o Salvador diz: ‘Vinde vós, aqui à parte,… e repousai um pouco’”. — Obreiros Evangélicos, (3a. Ed.), pág. 246.