“Dè-se ao ato (do batismo) tôda a importância e solenidade que êle comporta. Essa cerimônia é sempre assinalada pela presença de anjos de Deus.” — Evangelismo, pág. 313.
Eram quatro horas da tarde do sábado 3 de novembro de 1962, quando, atraída pela nova de que se efetuaria um batismo da Igreja Adventista do Sétimo Dia na piscina do Estádio Militar, uma multidão de aproximadamente três mil pessoas, se reuniu neste recinto, para presenciar o solene rito a realizar-se. Rodeado de árvores exuberantes e perfumadas flores, o imenso espelho das águas tranqüilas refletia a imponente turba. Tudo convidava ao recolhimento e à meditação nas coisas elevadas da vida, fazendo lembrar os tempos em que, nos campos da Judéia, os homens se aglomeravam em busca da bênção que Jesus lhes podia comunicar.
Não houve no ato uma única nota discordante. Tudo havia sido previsto e preparado com antecedência pelo corpo de pastôres oficiantes, sob a orientação do pastor Enoque de Oliveira, diretor da Associação Ministerial da Divisão Sul-Americana, em colaboração com o pastor José Torres, presidente da Associação Central do Norte do Chile. As pessoas que tomaram parte no programa, fizeram-no sem necessidade de qualquer anúncio, porque todos sabiam quando e como deviam desempenhar suas partes, para conseguir que a cerimônia constituísse uma mensagem de verdade para os presentes e uma honra para a causa de Deus.
Após um programa inspirador de música coral, o pastor Enoque de Oliveira tomou a palavra e com pinceladas magistrais desenhou o quadro do plano da salvação e realçou o glorioso significado do batismo cristão, cujos detalhes teríamos o privilégio de presenciar.
Os pastôres Samuel Fayard, José Torres, Rubens Perevra, Erwin Wandersleben, Carlos Busso, Carlos Avala, Omer Fonseca e o autor destas linhas administraram o sagrado rito às cento e dezoito pessoas que, constrangidas pelo amor de Cristo, renunciavam ao mundo. Uma emanação de intensa espiritualidade inundava o lugar enquanto que, com passos lentos, os ministros oficiantes, uniformemente vestidos de preto, desciam as escadarias da piscina, dois a dois, para colocarem-se no ponto indicado. O pastor Fayard pediu a Bênção do Céu sôbre o ato a ser realizado. Em seguida começou o batismo pròpriamente dito, e no profundo silêncio reinante se ouviam as palavras de bênção para os candidatos, pronunciadas alternadamente pelo pastor Carlos Ayala e pelo signatário, após as quais oito pessoas eram submergidas simultaneamente, de maneira digna e decorosa, nas cristalinas águas, a fim de ressurgir para uma nova e gloriosa experiência.
A parte musical desta ocorrência merece ser destacada. A atuação do côro das igrejas de Santiago, em número de mais de cinco vozes rigorosamente disciplinadas, sob a regência do maestro Werner Arias, deu uma nota de grandiosidade ao programa e nos fêz sentir no íntimo que, cantando os cânticos de Sião, se desimpede o caminho de abrolhos, na marcha para a Pátria Celestial.
No final desta impressiva cerimônia, e enquanto os recém-batizados trocavam de roupa, o pastor Juan Tabuenca, professor de teologia no Colégio Adventista do Chile, com a palavra fluente e saturada do espírito do evangelho, fêz sentir no recinto o chamado de Deus aos homens, para que se convençam de que só Ele é amor.
Ao nos retirarmos daquele aprazível local, sentimos gratidão para com Deus, devido a ainda manifestar Sua misericórdia à humanidade, e refletimos profundamente, manifestando o propósito de sermos mais fiéis no desempenho de nossa parte na terminação da tarefa ainda por fazer.