Se deseja saber como Deus prepara um ministro, estude Isaías 6: 1-9. Esta é uma experiência típica. Deus prepara o ministro da mesma maneira que preparou Isaías para ser Seu porta-voz. Ellen G. White, depois de referir-se sôbre Isaías 6: 1-9, diz: “Esta representação operar-se-á repetidas vêzes [na vida dos que se consagraram].” — A Manual for Canvassers, pág. 19.

Isto pode ocorrer com você, nesta mesma noite, se fizer sua parte. Esta experiência parece consistir de seis estágios ou fases sucessivos, representados por seis palavras: revelação, abnegação, transformação, comiseração, dedicação e autorização. Parece haver perfeito equilíbrio nelas. Três destas — abnegação, comiseração e dedicação — representam o que você fará por Deus ou para Deus. As outras três — revelação, transformação e autorização — representam o que Deus fará por você se você fizer as outras três. Deus jamais falha, se você fizer sua parte.

O primeiro ponto desta experiência é: “Vi também ao Senhor.” Isto é visão ou revelação. Quão importante é que você e eu víssemos Jesus.

O Livro diz: “Onde não há visão o povo perecerá.” Foi uma visão de Jesus no caminho para Damasco que marcou a conversão de Saulo, o maior perseguidor, em Paulo, o maior apóstolo.

A súmula de nossa missão como ministros e leigos é revelar Cristo a um mundo perdido. Entretanto jamais esqueça isto — penetre no profundo recesso de sua consciência — você não poderá revelar Cristo a nenhuma alma a menos que Cristo seja primeiro revelado em você. Uma revelação de Deus em sua alma — é aqui que todo evange-lismo se inicia. Não procure realizar o evangelismo a não ser que possa começar com êle.

Tomemos como exemplo os apóstolos, aquêles valorosos pregadores do evangelho. Tinham esta experiência pessoal e ensinaram com base nela. Disseram: “Vimos, ouvimos e experimentamos. Somos Suas testemunhas.” Deus não espera advogados para defenderem-nO. Não necessita de ninguém. Não precisa de defesa. Deus espera testemunhas — pessoas que possam contar de Sua graça salvadora e o que a mesma por elas tem feito.

O apóstolo Paulo foi incentivado por uma dupla visão. Teve primeiro uma visão de Cristo na cruz. Disse êle: “Eu morro diàriamente. Estou crucificado com Cristo.” Isto foi uma experiência pessoal. Êle não pregava teoria, não pregava teologia, pregava da experiência. Erigia a cruz de Cristo no coração cada manhã, e ali conservava esta cruz pelo dia todo.

Em segundo lugar, teve uma visão das almas remidas que por fim estarão ao redor do grande trono branco de Deus por intermédio de seu trabalho em colaboração com o Espírito de Deus. Paulo levou a cabo uma campanha evangelística em Tessalônica. Estabeleceu ali uma vigorosa igreja. Mais tarde escreveu duas cartas a seus conversos de lá. Observe-se em I Tessalonicenses 2:19 e 20: “Por que, qual é a nossa esperança, ou gôzo, ou coroa de glória? Porventura não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em Sua vinda? Na verdade vós sois a nossa glória e gôzo.” Êle aguardava a segunda vinda de Jesus enquanto unia os conversos que aceitaram o evangelho por intermédio de seus trabalhos em Tessalônica. Paulo foi encorajado por esta dupla visão. A maior parte de nós pensaria que se estivéssemos numa prisão, presos com corrente a um soldado, seria tempo de parar de pregar. Foi assim que Paulo fêz? Não! Conquistou honestamente algumas almas na família de César.

Pense nisto. A medida de um homem são os motivos para detê-lo. Embora prisioneiro, Paulo dava testemunho. Por ocasião de sua morte foi estimulado por uma visão de Cristo na cruz, tendo uma multidão de pessoas ao redor do grande trono branco. Creio que todo ministro, jovem ou velho, devia ser dominado por esta dupla visão.

É interessante notar como Paulo se submeteu a esta maneira de Cristo revelar-Se a êle para que pudesse dÊle pregar. Em Gálatas 1:15 e 16, dá-nos êle uma pequena informação de como entrou para o ministério. Diz: “Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela Sua graça.” Com que propósito Deus revelou Seu Filho em Paulo e para Paulo? O apóstolo diz: “Revelar Seu Filho em mim, para que O pregasse entre os gentios.”

Homem algum pode pregar Cristo a menos que Cristo seja primeiro revelado nêle. Esta é a verdadeira base para ser um pregador. É muito importante que o jovem que se inicia no ministério tenha uma idéia correta do que é ser um pregador. Deus lhe revela Seu Filho em sua experiência pessoal, para que você possa pregá-Lo às almas perdidas em qualquer parte.

Muitos jovens freqüentam o colégio sem nenhuma visão. Acham que seus estudos são mais ou menos escravizantes pois a tarefa sem visão é servidão. Alguns fazem planos que estão acima das nuvens. Êles jamais descem à Terra com algo prático. Uma visão sem uma tarefa é apenas um sonho. O que você precisa enquanto está no Emmanuel Missionary College e na Universidade Andrews é uma tarefa com uma visão adequada, pois uma tarefa com uma visão adequada traz vitória.

Sem a visão adequada não haverá desejo de verdadeiro entusiasmo em seu serviço. Sem desejo de verdadeiro entusiasmo não haverá genuíno sacrifício, e não haverá esfôrço sincero. Sem sacrifício e esfôrço sincero não haverá em verdade duradouro sucesso. E em verdade sem duradouro sucesso não pode haver recompensa eterna.

A Bíblia mostra que nenhum homem ou mulher jamais consegue a visão moral adequada a menos que êle ou ela sejam na realidade levados face a face com o Senhor Jesus Cristo. Muitas vêzes penso naquela última reunião íntima que Jesus teve com os discípulos. Você se recorda da surpreendente pergunta feita por Filipe. Disse êle: “Mostra-nos o pai, o que nos basta.” Penso poder imaginar a prova de desapontamento no coração de nosso Senhor quando olhou para Filipe e disse: “Estou há tanto tempo convosco, e não Me tendes conhecido, Filipe?

Como ocorre com você? Tem seguido a Jesus há cinco anos, dez, quinze ou mais, e ainda não O conheceu como deve? Poderia esta noite Jesus chamar meu nome e dizer: “John Shuler, você tem sido ministro por todos êstes anos e ainda não Me tem conhecido realmente?” Em que proporção permite que Jesus Se revele em você todos os dias aqui no colégio? São suas palavras, ações e até olhares, o reflexo dêste Cristo poderoso?

Psicólogos dizem que nenhum homem pode encontrar seu lugar na vida a menos que primeiro encontre-se a si mesmo. Cristianismo vai além disto. Cristianismo diz que nenhum homem po-de encontrar seu lugar na vida a menos que encontre primeiro a Deus. A vida inicia-se com Deus. Foi desta maneira que sucedeu com Isaías. Isaías não encontrou-se a si mesmo antes que primeiro visse a Deus. Disse êle: “Eu vi o Senhor.” E então? “Ai de mim, que vou perecendo! … e os meus olhos viram o Rei.”

Note-se que a revelação de Cristo à alma conduz à abnegação. Foi desta maneira que sucedeu com Isaías. Assim que viu a Deus renunciou-se a si mesmo imediatamente. É esta a única maneira que podemos ter um verdadeiro conhecimento do eu. Diz Ellen G. White: “Só de um modo o verdadeiro conhecimento do próprio eu pode ser alcançado”. E qual é êsse único modo? “Precisamos olhar a Cristo”. Precisamos olhar a Cristo e quando assim o fizermos, “veremos nossa atonia, pobreza e defeitos, como realmente são”. — Parábolas de Jesus, pág. 159.

Em Testemunhos para Ministros, págs. 264 e 265, lemos: “A existência do pecado é inexplicável; portanto nenhuma alma sabe o que Deus é enquanto não se vê à luz que reflete da cruz do Calvário, e, na amargura de sua alma detesta-se a si mesmo como um pecador.” A vida de Cristo é um modêlo da Divindade. O caráter de Cristo nos mostra nossos defeitos morais e espirituais. Êle é o perfeito Exemplo. Quando O contemplamos vemos nossas próprias fraquezas morais e espiri-tuais.

Tôda vez que contemplava a pureza de Jesus, a paciência de Jesus, a humildade de Jesus, o amor de Iesus, então sentia minha própria condição perdida. Quando eu via a Jesus em tôda a Sua bondade, então sentia-me pronto a renunciar-me a mim mesmo. Foi assim que sucedeu com Isaías. Quando êle viu o Senhor, então disse: “Vou perecendo! … meus olhos viram o Rei.” Observe-se que abnegação conduz à transformação divina. Quando Isaías sentiu sua própria condição perdida e renunciou-se a si mesmo, veio então o influxo da graça transformadora de Deus. Pronunciaram-se as palavras: “A tua iniqüidade foi tirada, e purificado o teu pecado.”

Assim ocorre comigo e com você. Quando vejo a Jesus tão puro, benigno, amoroso, manso, humilde, abnegado e submisso, então sinto quão longe estou do alvo. Estendo as mãos a Jesus e digo: “Senhor, torna-me puro.” “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.” (Sal. 51:10.) Vem então o influxo de Sua graça transformadora. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram: eis que tudo se fêz nôvo.” (II Cor. 5: 17.)

Observe-se que esta transformação leva à comiseração. Leva à piedade e simpatia com os perdidos. Produz um desejo de trabalhar pelas almas. Esta graça transformadora de Deus no coração sempre produz compaixão pelos perdidos, e como Paulo devemos viver, não para nós mesmos, mas para Aquêle que morreu por nós.

Quando Isaías teve a revelação de si mesmo e experimentou a graça transformadora de Deus, distinguiu então uma voz. “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”

O primeiro impulso de um coração regenerado é de contar a outros do maravilhoso Salvador que encontrou em Jesus. Evangelismo é a primeira lei da regeneração. “Todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como um missionário. Assim que vem a conhecer o Salvador, deseja pôr os outros em contato com Êle.” — A Ciência do Bom Viver, pág. 102.

O apêlo evangelístico é simultâneo com o nôvo nascimento. A seguir note-se que comiseração, a responsabilidade de trabalhar pelas almas perdidas, leva à dedicação para a tarefa. Quando Isaías sentiu a necessidade dos perdidos então respondeu: “Eis-me aqui, envia-me a mim.” Quando sentimos esta necessidade, virá nossa dedicação e diremos com Isaías: “Eis-me aqui, ó Senhor, envia-me a mim.”

Esta espécie de dedicação humana leva à divina autorização. Quando preparado desta maneira, Isaías dedicou-se à obra, vindo então do onipotente Deus esta palavrinha de três letras: “Vai”. A palavra de Deus é poderosa. Não se engane com ela. Todo poder de Deus concentra-se em Sua Palavra. Êle fala e tudo se faz. Êle ordena e tudo se cumpre. Êle disse no princípio: “Haja luz”, e desde então tem havido luz.

Quando Deus diz: “Vai”, a preparar um homem ou mulher, há todo o poder que seja necessário neste “Vai” para ajudá-lo a fazer o que Deus quer que você faça. Êle disse ao homem paralítico no poço de Betesda: “Toma tua cama e anda”. Havia poder, nestas poucas palavras, para fazer com que o homem inválido se levantasse e andasse, e levasse sua cama. Jesus foi a um túmulo onde um homem havia sido sepultado há quatro dias. Disse Êle: “Lázaro, sai para fora.” Havia poder nestas quatro palavras para fazer com que aquêle homem morto revivesse e saísse para fora do túmulo.

A lição para você, jovem, é ser um jovem preparado de Deus. Quando Êle lhe diz para sair e trabalhar em Kalamazoo ou dar um estudo bíblico, ou dirigir uma Classe Batismal — há poder neste “Vai” que o capacita a fazê-lo.

É por meio da revelação, abnegação, transformação, comiseração, dedicação e autorização que Deus prepara homens para ser Seus ministros. O colégio e a universidade estão fazendo trabalho importante e muito necessário ao preparar homens para o ministério, entretanto a menos que os ho-mens tenham a experiência representada por estas seis palavras, o colégio não pode torná-los verdadeiros ministros de Deus.

Um homem que tenha esta espécie de experiência pode fazer o impossível. Quando Deus diz a êste homem: “Vai”, todo o poder no Céu e na Terra é garantido para capacitá-lo a realizar a tarefa para Deus. Se um homem tem esta espécie de experiência, pode matar um gigante com al-gumas pedrinhas como fêz Davi. Se tem uma vara, pode dividir o Mar Vermelho como fêz Moisés. Se tem um grupo de apenas 300 homens e êstes nada tenham a não ser a buzina numa mão e na outra cântaros vazios, com tochas nêles acesas, pode derrotar um exército de 300.000 homens como Gideão fêz. Se um homem tem esta experiência, pode levantar-se diante de uma multidão e pregar, e 3.000 almas se converterão ao reino de Deus por um sermão como aconteceu com Pedro.

Certo dia um ministro visitou o lar de João Wesley. Êle entrou em casa onde se sentiu bem, e então o guia o levou ao quarto de oração, onde êste homem de Deus despendia horas infindáveis elevando orações a Deus. O ministro pediu ao guia para deixá-lo sòzinho por alguns momentos. O guia consentiu e fechou a porta. Êle entretanto foi olhar através do buraco da chave para ver o que êste homem faria. Viu-o ajoelhar-se e dizer: “Senhor, enviaste um grande despertamento religioso através de teu servo João Wesley. Agradeço-Te pelo que êste homem tem feito, as muitas e muitas almas ganhas e como êle trouxe reavivamento a Inglaterra.” Lágrimas começaram a deslizar pela face do ministro, enquanto o guia observava. Ouviu-o então clamar: “Senhor, opera isto de nôvo, e opera em mim.”

Devemos ler Isaías 6:1-9 de joelhos. Orar então: “Senhor, opera isto de nôvo, e opera em mim. E o Senhor está pronto a fazê-lo. Apelo a cada moço e cada moça. Não gostaria de dizer ao Senhor que deseja que Êle opere isto novamente e faça em você?