O pastor cumprimentava os membros de sua igreja à porta, ao término do culto. O último a se retirar naquele dia foi o diácono. Com intimidade, o pastor segredou-lhe ao ouvido: “Quando subi, hoje, ao púlpito, não tinha nem sequer a mais leve idéia do que ia dizer”.
Confidencialmente, também, o diácono disse ao pastor: “Quando o senhor terminou, não tínhamos a mais leve idéia do que havia dito”.
Conheci um pregador que escondia o livro “Estudos Bíblicos” atrás do púlpito. Durante o hino introdutório, examinava o alentado volume, buscando o “sermão do dia”. Não raro, terminava o hino, a oração, a oferta . .. sem que êle descobrisse o “sermão”. Neste caso, pedia “paciência à congregação até que a inspiração do momento lhe indicasse o tema adequado. Estamos na presença de um caso extremo. Existe, porém, o perigo de uma aproximação.
Necessidade de Cuidadoso Preparo
“Forragem por demais inferior é colocada diante do povo.” (T. M., pág. 337:0 ú. p.). Eis uma advertência que nos deve fazer meditar. Somos o “servo fiel e prudente, que o Senhor constituiu sôbre a Sua casa, para dar o sustento (não o alimento inferior) a seu tempo?” Notemos mais estas citações:
“Necessitam-se homens de capacidade. Quanto mais capacidade intelectual fôr introduzida na obra, enquanto o talento fôr consagrado a Deus e santificado pelo Espírito Santo, tanto mais perfeito será o trabalho, e tanto mais alto será tido na estima do mundo.” — Evangelismo, págs. 421, 422.
“A ignorância não aumentará a humildade nem a espiritualidade de nenhum professo seguidor de Cristo. As verdades da Palavra divina podem ser melhor apreciadas por um cristão intelectual.” — Idem, pág. 476.
“Se tomais sôbre vós a sagrada responsabilidade de ensinar outros, tendes o dever de ir ao âmago do assunto que procurais ensinar.” — Conselhos Sôbre a Escola Sabatina, pág. 31.
“Poderiam (os ministros) ter feito dez vêzes mais trabalho inteligentemente caso houvessem se interessado em se tornar gigantes intelectuais.” (T. M., pág. 194:2)
“Um obreiro que tenha sido preparado e educado para a obra, que seja guiado pelo Espírito de Cristo, realizará muito mais do que dez obreiros que saiam deficientes no conhecimento e que sejam fracos na fé.” — Review and Herald, 29 de maio de 1888.
Quando Deus Precisou de Grandes Líderes, Escolheu Homens de Nível Universitário
Moisés era “instruído em tôda a ciência dos egípcios”. Foi o elemento escolhido para liderar o movimento do êxodo, na maior crise do passado. Estamos num movimento paralelo.
Paulo, o maior pregador dentre os apóstolos, se hoje fôsse Secretário da Associação Ministerial, não deixaria de transmitir aos obreiros esta mensagem: “Procura apresentar-te a Deus aprovado..”’ (II Tim. 2:15.) “Persiste em ler… medita… sê diligente .. . para que o teu progresso seja manifesto a todos.” (I Tim. 4:13-16.)
Daniel formou-se na maior Universidade do 7o. Século A. C e a êle confiou Deus os mais profundos segredos proféticos que só a Eternidade poderá revelar plenamente
Lutero, Calvino e Wesley possuíam diplomas universitários.
Reverentemente, contemplamos o exemplo máximo: o Senhor Jesus. Êle não pregava para “encher o tempo”. Relata-nos o evangelista São Ma-teus (7:28, 29) que “. .. concluindo Jesus êste discurso, a multidão se admirou … porquanto os ensinava como tendo autoridade”. O Mestre sabia perfeitamente o que estava dizendo, pois, esta “autoridade” só experimenta aquêle que domina o assunto antes de o expor. Só podemos “saber” e “dominar” pelo estudo. Nisto, como em tudo mais, devemos seguir-Lhe as pisadas. (I Pedro 2:21.)
Há pregadores protestantes que permanecem 30, 40 e mais anos na mesma igreja. Crescem o tempo todo. Tornam-se progressivamente melhores pregadores. Escrevem livros. Fazem conferências. Tomam parte em programas de Rádio e TV e suas congregações aumentam sempre. Por quê? Porque estudam, lêem, “cavam fundo”, ouvem outros oradores . . .
O Que Estudar?
Nossos líderes primitivos jejuavam, oravam e passavam, às vêzes, noites inteiras estudando e investigando as Escrituras. (Ver T. M., pág. 24.) Moody levantava-se diàriamente às 4:00 horas para dedicar pelo menos duas horas ao “estudo da Bíblia. Erasmo declarou: “Estou firmemente resolvido a morrer estudando a Escritura: nela está a minha alegria e a minha paz”. (Hist. da Ref., D’Aubigné, pág. 79.) De Lutero diz o mesmo autor, à página 108: “Sucedia às vêzes ficar um dia inteiro meditando sôbre uma só palavra”. Nosso primeiro estudo deveria ser a Bíblia. Em doses maciças. Estudo diário, por livros, por assuntos, por seções, por textos, por palavras (exemplo de Lutero). Estudo fiel, em atitude de reverência, zeloso, diligente, laborioso. (S. João 5:39.)
A Bíblia deve ser o Compêndio Número Um, porque: “Transforma a vida. Traz salvação e redenção. Mostra o caminho para Deus. Traz perdão para o passado, poder no presente e glória para o futuro e tudo isto com uma paz que o vocabulário humano é falho em explanar”.
Os discípulos de Emaús sentiam o coração “arder”. A Palavra deve nos incendiar de zêlo.
Devemos também conhecer a literatura vernácula. Citá-la corretamente. Poder, enfim, palestrar com pessoas do mesmo nível.
Nas primeiras horas da manhã. São as mais preciosas. Devem ser reservadas ao estudo da Bíblia, dos Comentários e Dicionários Bíblicos, do Espírito de Profecia.
Não temos o direito de ter entre os nossos ouvintes um homem atarefado, se não gastamos tanto tempo em nosso preparo como êle em suas ocupações. Mas, dirá alguém, onde buscar o tempo? Ora, no mesmo “depósito” onde o operário, o fazendeiro, ou o profissional o busca: Nas 24 horas do dia.
Dispomos de muitos “veículos” para o transporte da Mensagem: Projetores, filmes, “slides”, mapas cartazes .. . São todos continentes, vasilhame, cujo conteúdo deve ser a Paalvra ungida pela oração, estudo e meditação, a fim de que a pregação tenha autoridade e poder.
Pinheiro Chagas, grande polígrafo, poeta, militar e estadista português, para sustentar a família, passava muitas vêzes a noite inteira estudando, trabalhando, pesquisando. … Por isso dêle se dizia que “frigia, durante a noite, os seus miolos, para os dar a comer, no dia seguinte, aos filhos”.
Se somos reais pastôres do rebanho, devemos alimentá-lo com o “Pão da Vida” obtido no laboratório secreto da oração e do estudo, de onde sairá o poder para terminar a Mensagem.