Escreve Ellen G. White:
Nenhuma cerimônia exterior pode substittiir a simples fé e a renúncia completa do eu. Todavia ninguém se pode esvaziar a si mesmo do eu. Sòmente podemos consentir em que Cristo execute a obra. Então a linguagem da alma será: Senhor, toma meu coração; pois não o posso dar. Ê Tua propriedade. Conserva-o puro; pois não posso conservá-lo para Ti. Salva-se a despeito de mim mesmo, tão fraco e dessemelhante de Cristo. Molda-me, forma-me e eleva-me a uma atmosfera pura e santa, onde a rica corrente de Teu amor possa fluir por minha alma — Parábolas de Jesus,pág. 159.
Deve-se observar que o “fruto do Espírito” (Gál. 5:22) é plena harmonia com a lei de Deus, pois contra a manifestação destas virtudes na vida “não há lei” (verso 23). Em outras palavras, a pessoa em cuja vida se manifestam estas virtudes, cumprirá os mandamentos de Deus. Ela não pode fazer isto por si mesma; não se espera que o faça. Mas com Cristo habitando em sua vida, a própria vida justa de Cristo (S. João 15:10) é imputada e comunicada ao filho de Deus. Assim exclamou Davi: “Muita paz têm os que amam a Tua lei, e para êles não há tropêço” (Sal. 119:165). Por isso podia o apóstolo amado escrever: “E nisto sabemos que O conhecemos: se guardarmos os Seus mandamentos.” “Mas qualquer que guarda a Sua palavra, o amor de Deus está nÊle verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que andamos nÊle” (I S. João 2:3 e 5). E “nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os Seus mandamentos” (I S. João 5:2).
Devemos ter uma visão equilibrada do plano de Deus. É Seu propósito que Seu povo seja justo. Êles não são naturalmente justos. Mas no evangelho da graça de Deus há provisão “para que a justiça da lei seja cumprida em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rom. 8:4). Assim, “a circuncisão é nada e a incircuucisão nada é, mas sim a observância dos mandamentos de Deus” (I Cor. 7: 19). A versão inglêsa Twentieth Century diz: “A observância dos mandamentos de Deus é tudo.”
2. O Filho de Deus Pode Ter Confiança e Certeza. — É nosso privilégio, e na verdade nossa herança como filhos de Deus comprados pelo sangue, termos a “plenitude da certeza” (Col. 2:2), desfrutar a “inteira certeza de fé” (Heb. 10:22), e conhecer a “completa certeza da esperança” (Heb. 6:11). Temos confiança nÊle (I S. João 5:14), “confiança para com Deus” (I S. João 3:21).
Ao sincero filho de Deus, esta experiência não é de oitiva; não é fantasia ou crença; é experiência real e genuína. Podem dizer com tôda confiança, embora com humildade: “Sabe-mos que passámos da morte para a vida” (I S. João 3:14); Sabemos “que estamos nÊle” (I S. João 2:5); “Sabemos que Êle habita em nós” (I S. João 3:24).
VII Os Três Tempos na Salvação
A salvação do pecado é apresentada em três “tempos”: passado, presente e futuro. É obra progresiva. O filho de Deus pode, com propriedade, dizer: “Fui salvo da penalidade do pecado”; também: “Estou sendo salvo do poder do pecado.” E também pode dizer, com verdade: “Serei salvo mesmo da presença e possibilidade do pecado.”
Com relação à primeira expressão, “Fui salvo”, Paulo escreveu a Tito: “Segundo a Sua misericórdia nos salvou’’ (Tito 3:5); Semelhantemente: “Em esperança somos salvos” (Rom. 8:24). Em ambos os casos o verbo grego está no aoristo, e assim a última citação teria sua forma correta: “temos sido salvos”. Aliás as versões Revised Standard e Weymouth assim o consignam. E isto realça o aspecto da salvação que é um fato consumado.
Contudo é também verdade que, como sinceros crentes em Cristo, estamos sendo salvos. Há algo em processamento de ser completado dia a dia. Lemos: “para nós que somos salvos” (I Cor. 1:18). E aqui a mais exata tradução do Grego é “para nós que estamos sendo salvos” (R.S.V.). Êste mesmo pensamento ocorre em Atos 2:47 onde a tradução correta é “aquêles que estavam sendo salvos” (R.S.V.).
Por último a expressão “Serei salvo.” Lemos também “cremos que seremos salvos” “seremos por Êle salvos da ira” (Atos 15:11; Rom. 5:9).
Esta é tríplice maneira pela qual a obra de salvação toca o coração humano. Assim fomos salvos — justificação; estamos sendo salvos — santificação; e seremos salvos — glorificação.
VIII O Povo de Deus Deleita-se em Regozijar-se no Senhor
Ao perdoar-nos Deus os pecados e dar-nos, em Sua Palavra, a certeza de que estão perdoados (Efés. 4:32), não temos necessidade alguma de nos aborrecermos e ficarmos apreensivos quanto ao futuro. É exato que haverá um julgamento onde os pecados dos homens serão tratados. Mas isto não deve inquietar o filho de Deus, pois, como cristão, êle habita agora em Deus, e Deus habita nêle (S. João 14:20). “Pelo Seu nome vos são perdoados os pecados” (I S. João 2:12). A fé apodera-se de Sua palavra e rejubila em saber que os pecados foram perdoa dos.
Quem tenha, na verdade, passado da morte para a vida, e mantém atitude de constante submissão, não vive na incerteza. Tenho posto seu caso nas mãos de seu poderoso Advogado, não teme mais o futuro. Cristo é sua segurança, e êle vive a fé numa atmosfera de completa confiança em Deus, regozijando-se naquele “perfeito amor que lança fora o temor.”
À luz desta grandiosa salvação, não devia nossa vida de povo de Deus ser vida de regozijo? Mesmo os israelitas nos recuados tempos do Velho Testamento sabiam que isto significava. Notemos suas expressões de gôzo e alegria: “Regozijai-vos no Senhor, vós, justos” (Sal. 33:1); “Filhos de Sião regozijai-vos e alegrai-vos no Senhor vosso Deus” (Joel 2:23). E o salmista disse: “Alegrem-se os Teus s ntos” (Sal. 132: 9); “Exultem eternamente” (Sal. 5:11).
Freqüentemente temos o estribilho: “Louvai ao Senhor”, e o povo o fazia de coração, pois lemos: “Em Ti me alegrarei e saltarei de prazer” (Sal. 9:2); “Minha alma se alegrará no Senhor” (Sal. 35:9); “Regozijar-me-ei muito no Senhor, e minha alma se alegra no meu Deus” (Isa. 61:10); “Contarei o que Êle tem feito à minha alma” (Sal. 66:16).
No Nôvo Testamento há a mesma nota de regozijo: “Alegria” é uma das grandes palavras do Nôvo Testamento. Na verdade, o evange-lho é, em si mesmo, “boas-novas de grande alegria” (S. Luc. 2:10). E Jesus, o autor da salvação eterna (Heb. 5:9), desejava que Seus discípulos participassem de Sua alegria, pois nÊle e por Êle o gôzo dêles seria completo (S. João 15:11; 16:24). O grande apóstolo dos gentios expressou o mesmo pensamento, ao exortar os santos a se regozijarem “no Senhor” (Fil. 3:1); “Regozijai-vos sempre no Senhor, outra vez vos digo regozijai-vos” (Fil. 4:4). Assim podemos unir nossa voz à dos coros celestiais “que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e fôrça, e honra e glória, e ações de graças” (Apoc. 5:12).