Pergunta 11
Pode alguém que mantenha as opiniões dos adventistas do sétimo dia ter a certeza absoluta da salvação presente, dos pecados perdoados, e de ser plenamente aceito pelo Senhor? Ou terá êle que viver na incerteza, dependendo da decisão que possa ser tomada no juízo investigativo? E esta incerteza não se reflete nos escritos de Ellen G. White?
Quem verdadeiramente compreenda e aceite os ensinos da Igreja Adventista do Sétimo Dia pode, com clareza, saber que nasceu de novo, sendo plenamente aceito pelo Senhor. Tem absoluta certeza da salvação presente, e não necessita estar em nenhuma incerteza. De fato, compreende isto tão plenamente que pode sinceramente “regozijar-se no Senhor” (Fil. 4:4) e “no Deus de sua salvação” (Sal. 24:5). Como as perguntas acima atingem todo o plano da salvação divina para o homem, chamaríamos a atenção para os seguintes pontos.
I. Plano de Deus e Providência de Redenção
1. A Iniciativa do Plano de Salvação é de Deus, Não do Homem. — “Tudo”, lemos, “provém de Deus” (II Cor. 5:18). Sabemos que Êle “nos reconciliou” (verso 18); que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (verso 19); que não fomos nós quem primeiro amou a Deus, mas Êle nos amou primeiro (I S. João 4:9 e 10); que Cristo é a “propiciação pelos nossos pecados” (I S. João 2:2); e que “fomos reconciliados por Deus pela morte de Seu Filho” (Rom. 5:10). Tudo isto nos vem “de acordo com o dom da graça de Deus” (Efés. 3:7). E conquanto se tenha mencionado escritos de Ellen G. White, podemos citar uma porção de declarações suas, claríssimas e coerentes sôbre os princípios fundamentais da salvação pessoal e da experiência cristã. Esta, por exemplo:
A graça é um atributo de Deus, exercido para com as indignas criaturas humanas. Não a buscamos, porém ela foi enviada a procurar-nos. Deus Se regozija de conceder-nos Sua graça, não porque somos dignos, mas porque somos tão completamente indignos. Nosso único direito a Sua misericórdia, é a nossa grande necessidade. — A Ciência do Bom Viver, pág. 161.
2. Cristo É o Único Salvador da Humanidade Perdida. — Não há, nem pode haver, outro Salvador. Esta idéia foi há muito tempo trazida à atenção do antigo povo de Deus. Disse Jeová: “Eu, Eu sou o Se-nhor, e fora de Mim não há Salvador” (Isa. 43:11); “Não há outro Deus senão Eu; Deus justo e Salvador não há fora de Mim. … Olhai para Mim, e sereis salvos (Isa. 45: 21 e 22).” (Ver também Isa. 60:16; Osé. 13:4.)
Jesus Cristo nosso Senhor é o único fun-damento (I Cor. 3:11); Seu nome é o único nome “pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12). Êste conceito — de que não há salvação em nenhum outro — foi posto em foco na declaração feita a José concernente.. à obra de Deus: “Êle salvará Seu povo de seus pecados” (S. Mat. 1:21). A tradução literal do texto grego é: “Êle próprio salvará Seu povo.” “Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (Heb. 7:25). Êste conhecimento é básico. Cinicamente através de Cristo podemos ser salvos.
3. O Homem Não Pode Salvar-se; Por Si ou de Si Mesmo Está Desesperançadamente Perdido. — (a) Não há nenhuma salvação no homem para o homem. Homem algum pode “redimir seu irmão” (Sal. 49:7). (b) Sem a salvação providenciada em Cristo Jesus nosso Senhor, estariam os homens irremediàvelmente perdidos. “Não há nenhum justo, não há nem sequer um” (Rom. 3:10); “Não há quem faça o bem, não há nenhum só” (verso 12); “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (verso 23). Não há, pois, esperança alguma fora de Jesus o Salvador. Isaías descreve vividamente a condição natural do homem: “Tôda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até à cabeça não há nêle coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres” (Isa. 1:5 e 6).
Jeremias acrescenta: “Enganoso é o coração, mais do que tôdas as coisas, e perverso.” (Jer. 17:9). Declara o apóstolo Paulo que o homem “sem Deus” não tem esperança (Efés. 2:12). Está de fato “morto em ofensas e pecados” (verso 1). Conseqüentemente, se o homem precisa ser salvo, deve buscar o auxílio divino, sòmente.
4. Estando o Homem Morto no Pecado, Mesmo o Impulso Inicial Para Uma Vida Melhor Tem que Vir de Deus. — Cristo é a verdadeira luz “que alumia a todo o homem que vem ao mundo” (S. João 1: 9). Esta luz, em certos aspectos conhecida sòmente pela Divina Providência, penetra as trevas do coração humano e acende a primeira fagulha do desejo de buscar a Deus. Se a alma começa a buscá-Lo, então “o Pai que Me enviou [Cristo]” atrairá o pecador. (S. João 6:44). Mais ainda: “E Eu, quando fôr levantado da terra, todos atrairei a Mim” (S. João 12:32). Desta forma, mesmo o desejo de arrependimento provém de cima, pois Jesus nosso Salvador dá “arrependimento” e concede “perdão dos pecados” (Atos 5:31).
A completa mudança desta forma operada no coração humano não se dá por ato de Novembro-Dezembro, 4961 nossa própria vontade, certamente não por exaltação ética ou esfôrço de reforma social, mas exclusivamente pelo novo nascimento. Devemos “nascer de novo” [“Nascer de cima”, rodapé] (S. João 3:3); “nascido de Deus” (I S. João 3:9); nascido do Espírito Santo (S. João 3:5 e 6); gerados pela Palavra de Deus (I S. Ped. 1:23). Verdadeiramente esta é uma obra da graça divina. No sentido mais exato somos “feitura Sua” Efés. 2:10). No ato de “regeneração” Deus nos salva; é Êle quem derrama sôbre nós o Espírito Santo (Tito 3:5 e 6).
5. Nada do Que Façamos Merecerá o Favor de Deus. — A salvação é de graça. Ê a graça que “traz a salvação” (Tito 2:11). “Seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo” (Atos 15:11). Não somos salvos pelas “obras” (Rom. 4:6; Efés. 2:9; II Tim. 1:9), embora as “houvéssemos feito” (Tito 3:5), ou mesmo “maravilhas” (S. Mat. 7:22). Tampouco somos salvos pela “lei” (Rom. 3:20, 28; Gál. 3:2, 5 e 10). E nem a “lei de Moisés”, nem o Decálogo nos podem salvar (Atos 13:39; Rom. 7:7-10). A lei de Deus jamais se destinou a salvar os homens. É um espelho em que nos miramos para ver nossa pecaminosidade. Isto é, até que a lei de Deus possa harmonizar-se com o pecador. Pode revelar-lhe o pecado, mas é destituída de poder para removê-lo, ou salvar o pecador de sua culpa, penalidade e poder.
Graças a Deus, porém, que “o que era impossível à lei, visto como estava enfêrma pela carne” (Rom. 8:3), Deus o fêz —na pessoa de Seu Filho. NÊle se abre uma fonte “contra o pecado e contra a impureza” (Zac. 13:1). Nesta fonte todos se podem banhar e serem “lavados” de seus pecados pelo próprio sangue de Cristo (Apoc. 1:5). Por mais maravilhoso que possa ser, os remidos podem agora rejubilar-se pois “lavaram suas vestiduras e as embranqueceram no sangue do Cordeiro” (Apoc. 7:14). De fato é pela Sua graça (Efés. 2:5 e 8), Sua misericórdia (Tito 3:5), Seu dom (Efés. 2:8), Seu evangelho (Rom. 1:16), e de acordo com Seu propósito (Rom. 8:28), que somos salvos.
6. Conquanto a Salvação Venha de Deus, Requer-se Uma Submissão da Vontade. — Depois das primeiras sugestões do Espírito de Deus, e da magnética atratividade do amor de Deus, a alma tem que aceitar o grande Libertador, e render-se a Êle. Êste ato de submissão, operado pela graça divina, possibilita a Deus estender à alma tôdas as maravilhosas provisões de sua munificência. Êste ato ou atitude da alma é expresso de vários modos na Santa Escritura.
Devemos crer —“todo aquêle que nÊle crê” (S. João 3:16); devemos render-nos — “apresentai-vos a Deus” (Rom. 6:13) —devemos submeter-nos — “sujeitai-vos, pois a Deus” (S. Tiago 4:7); mortificar-nos – “mor-tificai as obras do corpo” (Rom. 8:13) — lite-ralmente isto significa “matar”, “exterminar”; apresentar nosso corpo a Deus — “.. . apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo” (Rom. 12:1); considerar-nos mortos para o pecado — “considerai-vos como mortos para o pecado” (Rom. 6:11); e morrer por causa do pecado — “se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado” (Rom. 8:10).
Tudo quanto é representado por êstes atos da vontade não está certamente na natureza das “obras”, e nada acrescente, nem em mínimo grau, à eficácia da salvação. Não! Ao contrário, denota a atitude da alma, correspondendo às propostas da livre graça de Deus, possibilitando a aplicação em nossos corações da ilimitada concessão da graça divina.
7. A Vida e Experiência Cristãs São Um Crescimento Em Graça. — A vida cristã é mais do que um ato inicial de fé, ou aquêle ato de entrega ao aceitar a Jesus Cristo como Senhor. Por êsse ato passamos “da morte para a vida” (S. João 5:24) e “nascemos de novo” (S. João 3:3); mas a partir de então precisamos crescer. O mesmo ocorre na vida fisiológica. Uma coisa é o nascimento: é o comêço da vida. Ninguém, no entanto, apreciará uma criança que não tenha crescido. Semelhantemente é propósito de Deus que devamos crescer “em graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (II S. Ped. 3:18). Como meninos espirituais devemos nutrir-nos do “leite racional não falsificado” da Palavra (I S. Ped. 2:2), mas tem que haver crescimento de modo a podermos alimentar-nos de “sólido mantimento” (Heb. 5:12 e 14).