Hermenêutica

Em sentido lato, Hermenêutica é o processo que objetiva a interpretação do sentido das palavras; em sentido restrito, é a arte de interpretar leis. Contudo, no sentido teológico, circunscreve-se à interpretação dos textos sagrados. A palavra vem-nos do grego hermeneutike (hertnen, de Hermes o deus intérprete, tekne, arte, técnica), e é hoje aplicada em apurar o verdadeiro sentido dos textos escriturísticos. A exegese também constitui meio de esclarecer ou interpretar minuciosamente um texto ou mesmo uma palavra. Embora tenhamos uma sistemática doutrinária, vinda da revelação dada aos pioneiros da organização, corroborada pelo Espírito de Profecia e sedimentada na existência da denominação, há preceitos úteis que ajudam o estudante do Livro Santo a melhor compreendê-lo, e são princípios que se devem ter em mente. Ei-los:

1. Ler e reler o texto, com profunda atenção. Lê-lo em tôdas as traduções possíveis. 2. Ler demoradamente o contexto, isto é, os textos que vêem antes e os que vêem depois, formando uma seqüencia lógica. Muitas vêzes, isto é o bastante para esclarecer o sentido de uma passagem que nos parecia intrincada. 3. Comparar, valendo-se das referências no rodapé da Bíblia (ou da margem), com outras passagens que tratam do mesmo assunto. Isto se denomina comparar escritura com escritura. Aliás o melhor intérprete da Bília é a própria Bíblia. “Um pouco aqui, e um pouco ali’’, é indicado em Isa. 28: 10; daí se infere que a verdade se acha espalhada pelas várias partes do Volume Sagrado. É preciso sondá-lo, aqui e ali, para achá-la em sua plenitude. 4. Ver o texto na chamada “moldura contemporânea”, isto é, fixar o fato mencionado nêle em sua época, usos e costumes. Há, não raro, referência a costumes locais, que não se aplicam a nossos dias, a não ser, é óbvio, nos casos em que caiba a analogia. Neste caso considerar” … as (palavras) que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.” I Cor. 2:13. Só assim se pode harmonizar o sentido, trazendo-o para o nosso tempo: apurar se houver uma ordenança ou mera menção a um costume da época. 5. Nunca isolar um texto de seu contexto e do teor geral das Escrituras. “. . . primeiramente . . . nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.” Nenhuma porção dos escritos sagrados — o que vale dizer nenhum texto — é de interpretação isolada, livre, exclusiva. Precisa estar em harmonia com o tema geral ou com o assunto a que se refere. 6. Fazer um exame circunstancial, perguntando: o que motivou o assunto? A que se refere esta frase? O que tinha em mente o personagem ao dizer isto? 7. Ver se, no caso, cabe generalização (extensão ampla) ou qualificação (aplicação restrita, fato específico). Há sempre o perigo de ampliação de sentido, em interpretação que deve ser local e não geral. 8. Cuidado com o que é literal e o que é simbólico. Muitos símbolos são revelados na própria Escritura. Por exemplo, a “vinha” é a casa de Israel, o povo de Deus. Isa. 5:7; S. Mat. 21:33, etc.; as “estrêlas” são anjos, Apoc. 1:20; Jó 38:7; Isa. 14: 12, etc.; as “águas” são povos, nações. Apoc. 17:15; Isa. 8:7 e 8, etc.; o “casamento” é a união de Deus ou Cristo com Seu povo ou igreja. Isa. 54:5; Osé. 2:19; II Cor. 11:2, etc.; o “vento” é guerra, luta. Jer. 51:1 e 2; Apoc. 7:1, etc. 9. Compulsar dicionários bíblicos, comentários e livros que abordem o assunto que se estuda, especialmente do Espírito de Profecia. Com relação aos livros proféticos, especialmente o Apocalipse, há, pelo menos três escolas prin-cipais de interpretação: a preterista, que situa os fatos no passado, de sorte que as profecias são cumpridas; a futurista, que os situa no futuro, e a histórica, que abrange o passado (ou seja a parte cumprida), o presente, isto é, o que se está cumprindo, e o futuro, o que está por cumprir-se, notadamente os eventos escatológicos. Esta última é seguida pelos adventistas. Escusado é dizer que todo estudo da Bíblia tem seu fundamento na oração e na humildade de espírito.

“Aflição Daqueles Dias”

Em S. Mat. 24:29 e S. Mar. 13:24 há alusão a uma “aflição daqueles dias” ou “aquela aflição.” Dentro da nossa interpretação denominacional, vemos que se refere ao período mais agudo da perseguição que, na Idade Média, foi movida pelo poder apóstata contra os fiéis. Sabemos que o período total foi de 1.260 anos, começando em 538 A. D. e terminando em 1798 —período denominado de “supremacia papal.” Contudo em 1773, a perseguição declinou e pràticamente cessou quando as principais nações da Europa concederam tolerância religiosa. A fase mais aguda, a maior aflição para os fiéis terminou em 1773, muito embora a supremacia do poder perseguidor só deixasse de existir completamente em 1798, com a queda do poder temporal.

Digno de Referência

Costumam os nossos oponentes citar Apoc. 1: 10 numa tentativa de provarem a guarda do domingo. No entanto, o célebre Concilio de Laodicéia (364 AD) que, no cânon 29 legislou contra o sábado e a favor do domingo, não reconheceu o Apocalipse como livro inspirado. Isto é importante. Quer dizer que até àquela data [mais da metade do IV século], não se podia citar o “dia do Senhor” como sendo o primeiro da semana. Um Concilio posterior, o de Cartago, acabou reconhecendo o Apocalipse como inspirado, completando destarte o cânon neotestamentário.

Pontuação nos Manuscritos

J. Angus, em sua obra “História, Doutrina e Interpretação da Bíblia”, Vol. 1, pág. 39, afirma que sòmente no século VIII é que foram introduzidos nos MSS alguns sinais de pontuação, e que no século IX introduziram-se o pon-to de interrogação e a vírgula.

Mudanças Rápidas na Igreja Apostólica

Um livro recomendável é a “História da Igreja Cristã”, de Williston Walker, editado pela Imprensa Metodista. Falando dos pruridos de apostasia, ainda em plena época apostólica, diz: “Um dos períodos mais obscuros da história da Igreja é a dos quarenta anos entre 70 e 110. Isto é para se lastimar, porque foi uma época de mudanças rápidas na Igreja. E quando os característicos da igreja se distinguem de novo com clareza, a concepção geral do Cristianismo ficou extraordinariamente destituída da impressão das idéias características de Paulo. Muitos missionários desconhecidos deviam ter contribuído para isso, mas um influxo de idéias de fora, trazidas pelos conversos pagãos, modificou as crenças e práticas cristãs … A constituição da Igreja neste período sofreu grandes modificações …” (Pág. 45).

Falando da idéia de Imortalidade, registra: “Os fariseus ensinavam a existência de espíritos tanto bons como maus . . . [idéia] que recebeu grande impulso das idéias pérsicas. Acreditavam [os fariseus] … no galardão e suplício eterno, idéias que tiveram grande desenvolvimento nos dois séculos antes de Cristo. . . . Os discípulos de Cristo saíram da camada religiosa imbuída destas idéias.” (Pág. 21).

Eis um testemunho insuspeito, comprovando que a imortalidade natural não proveio dos ensinos diretos de Cristo.

Com referência à observância do domingo, diz-nos êle: “No terceiro século já existiam as fôrças que produziram o costume. O domingo era o dia principal do culto…” (Pág. 110).

Finalmente extraímos esta citação tangenciada com a forma do batismo: “A imersão continuou como a prática prevalecente quase até o fim da idade média no Ocidente. No Oriente continua.” (Pág. 113).

Opinião de Pastor Batista Sôbre a Imortalidade

O Dr. George Dana Boardman (1828-1903), pastor da Primeira Igreja Batista de Filadélfia, instituidor da “Boardman Foundation of Christian Ethics”, na Universidade da Pensilvânia, escreveu no ano de 1880 interessante trabalho intitulado Studies in the Creative Week. Abordando o assunto da imortalidade, declara textualmente: “Do Gênesis ao Apocalipse, nem uma só passagem — quanto eu saiba — ensina a doutrina da imortalidade natural do homem. Por outro lado, o Livro Santo declara com ênfase que sòmente Deus tem a imortalidade (I Tim. 4:16); quer dizer: Deus exclusivamente possui a imortalidade inerente, em Sua própria essência e natureza, imortal. . . .

“Se o homem então é imortal, é porque a imortalidade lhe foi outorgada. Êle é imortal, não porque fôsse criado nesta condição, mas porque se tornou assim, sendo sua imortalidade derivada dAquele que tem, Êle só, a imortalidade. Com relação a êste fato, parece que a Árvore da Vida no meio do jardim do Éden fôra designada como símbolo e penhor. Que êste é o significado da Árvore da Vida é evidente das palavras finais do registro da Queda: ‘Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, o Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fôra tomado. E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.’ (Gên. 3:22-24). Se o homem é inerentemente imortal, que necessidade teria da Árvore da Vida? Isto então parece ser bem claro; a imortalidade era, por qualquer razão, simbolicamente condicionada ao comer da misteriosa Árvore, e a imortalidade era para o homem integral — espírito, alma e corpo.” — Studies in the Creative Week, págs. 215 e 216.

Nem os próprios adventistas são tão explícitos ao expressarem sua posição doutrinária nessa chamada “questão anímica.”

A Reencarnação e a Bíblia

De priscas eras nos vem a idéia da transmigração das almas. Ao longo dos séculos, variando de matizes, aceita por vários povos da antiguidade oriental, foi a base da teoria reencamacionista, hoje amplamente difundida. Cêrca do século VII A.C. surgiu a doutrina do carma, segundo a qual a alma está condenada a expiar, por meio de futuros renascimentos, a “carga” iníqua acumulada na vida.

As Escrituras Sagradas não abonam essa crença, que fere fundamentalmente o plano divino de redenção do homem. Anularia o sacrifício de Cristo para a salvação dos pecadores, pois êstes se salvariam pelas obras e pelas sucessivas existências de expiação através dos tempos. Não haveria o Juízo — pois nestas sucessivas existências de prova estaria o próprio Juízo — não haveria a restauração edênica, o lar dos salvos imortalizados pela volta triunfante de Cristo.

Para justificar na Bíblia a idéia de reencarnação expiatória usou o kardecismo de um expediente simplista, dogmático e nada recomendável: a substituição deliberada da palavra “ressurreição” por “reencarnação”. Em tôrno desta falsa premissa gira tôda a dialética reencarnacionista. Há uma diferença abismai entre ressurreição e a pretensa reencarnação. Diz a Bíblia que a reencarnação é um milagre que ocorrerá “no último dia”, porém instantaneamente, num ápice, num abrir e fechar de olhos e simultâneamente a todos os homens. É fenômeno amplo, universal, concomitante. É descrito com pormenores em I Tess. 4:13-17 e I Cor. 15:51 e 52. Com corpos glorificados pelo toque da imortalidade dado por Cristo, os remidos saem visivelmente dos túmulos. Ora, a pretensa reencarnação não ocorre nos túmulos, mas ao que se diz, ocorre no nascimento, operando no nascituro. Ocorre isoladamente, individualmente, em épocas diferentes, quando é permitido ao “espírito” reencarnar. E alguns ficam flutuando no espaço por séculos sem que possam animar outro corpo. Isto de modo algum se pode confundir com ressurreição.

Formou-se também uma dialética engenhosa, bem urdida, baseada em aparentes expressões bíblicas, para demonstrar que há, nas páginas sagradas, pelo menos um caso patente de reencarnação. Dizem uns: Elias liquidou os profetas de Baal, e para expiar essa falta teve de reencarnar em João Batista e acabou sendo decapitado. Lei de causa e efeito. Outra corrente afirma que Elias reencarnou no Batista, porque só êle tinha um background moral e espiritual capaz de ser o precursor de Cristo.

Lemos em Malaquias 4:5 a profecia da vinda do precursor: “Eis que Eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor.” O texto não alude à reencarnação. É uma promessa de que Deus enviaria um precursor, um preparador dos caminhos, um desbastador de arestas, um arauto para advertir e preparar pessoas para receberem a mensagem de Cristo. Por que Elias? O nome próprio “Elias” não significa necessàriamente a “pessoa” de Elias, pois é usual na Bíblia essa espécie de metonímia. Os profetas aludem constantemente aos nomes de Efraim, Judá, José, Jacó e outros, não em sentido pessoal, mas institucional. Efraim significa o reino de Israel, as dez tribos do norte, por exemplo. No caso em tela, o nome de Elias indica antes o seu caráter, seu espírito, sua combatividade. A profecia refere-se a alguém que deveria vir “no espírito e poder” de Elias (S. Luc. 1:17), ou seja, que pregaria uma mensagem semelhante àquela de Elias. Cremos que antes do primeiro advento de Cristo esta obra foi realizada por João Batista, e antes do segundo advento de Cristo obra semelhante será realizada por aquêles que pregam o evangelho eterno, a mensagem especial para o tempo do fim. Basta um ligeiro cotejo entre Elias e João Batista para se perceber nitidamente a semelhança de seus perfis. É evidente a semelhança do mistério de ambos: um enfrentou o rei Acabe, o outro enfrentou Herodes; ambos foram vítimas de mulheres ímpias, um de Jezabel, outro de Herodias; ambos, com risco da própria vida, acusam pecados gravíssimos, com desassombro e franqueza. Ambos viviam modestamente, e alimentavam-se com frugalidade. Portanto a profecia de Malaquias não se refere evidentemente à mesma pessoa, mas a um mensageiro com os mesmos propósitos, a mesma coragem, o mesmo espírito (mentalidade, compreensão, argúcia, formação, trato), a mesma virtude, o mesmo poder.

À luz do próprio kardecismo se desfaz a suposição de que João Batista fôsse Elias reencarnado. Com base na evolução, sustenta êle que o “espírito” caminha em sentido sempre ascendente, para melhor, para o aperfeiçoamento. O “espírito” desencarnado erra no espaço e depois reencarna, subindo na escala espiritual. Não retrograda, não degenerada, não involui. Ao contrário, progride sempre. Isto se lê no “O Livro dos Espíritos”, da autoria de Allan Kardec, pergunta 118 à pág. 47:

“Pergunta — Podem os espíritos degenerar?

 Resposta — Não.”

E mais adiante, no mesmo livro, em resposta à pergunta 194, se lê: “A marcha do espírito é progressiva, jamais retrograda. Êles se elevam gradualmente na hierarquia e não descem da categoria a que cederam.”

E isto é reforçado ainda pela pergunta 150, capítulo 3, do mesmo livro:

“Pergunta — A alma após a morte conserva a sua última individualidade?

Resposta — Sim. jamais a perde . . .

Pergunta — Como comprova a alma a sua individualidade uma vez que não mais tem corpo material?

Resposta — Continua a ter um fluido que lhe é próprio, haurindo na atmosfera do seu planêta, e que guarda a aparência da última encarnação, o perispirito.”

Ora, se a marcha do “espírito” é progressiva, se êle não degenera, não retrograda, se guarda a aparência da última encarnação, então no monte da transfiguração deveria necessàriamente aparecer João Batista e não Elias, porque êste já reencarnara em João Batista, o qual também já havia morrido. Daqui não há fugir: o “perispírito” que devia surgir no monte teria fatalmente que ser o de “João Batista”, guardando a aparência da última encarnação.

Segundo a Bíblia, porém, Elias foi arrebatado vivo para o Céu. Portanto não morreu, ou melhor, não desencarnou, segundo a linguagem do espiritualismo. Sendo assim, seu “espírito” continuava animando seu corpo arrebatado lá no Céu, pois subira corporalmente sem desencarnar. Ora, para que pudesse animar o corpo de João Batista, era necessário que êsse “espírito” se dividisse em dois. Lemos no “O livro dos Espíritos”, pág. 57, pergunta 137, o seguinte: 

Pergunta — Pode um espírito encarnar dois corpos diferentes ao mesmo tempo?

Resposta — Não. O espírito é indivisível e não pode animar simultâneamente dois sêres distintos.”

Se Elias não morreu, seu “espírito” continuava consigo. João Batista tinha necessàriamente “espírito” próprio. Elias e João eram sêres tão distintos um do outro que alguns supunham que “João tinha ressuscitado dos mortos” e outros “que Elias tinha aparecido” (S. Luc. 9:7 e 8). Note-se aí o verbo “aparecer” usado em relação a Elias, o que indica não haver êle morrido.

Diremos ainda que João Batista era um homem de Deus. Dêle disse Cristo ser o maior homem nascido de mulher. Sabia qual era sua missão. Afirmava convictamente ser “a voz do que clama no deserto”. Portanto sabia bem quem era. Pois a êle mesmo se fêz a pergunta interessante. “E perguntaram-lhe … És tu Elias? E disse João: NÃO SOU.” S. João 1:20. Isto põe têrmo ao debate.

Não há reencarnação na Bíblia. Outros tomam literalmente as palavras de Cristo em S. João 3:3, dirigidas a Nicodemos. Na verdade não entra no reino de Deus quem não “nascer de novo”. Contudo Cristo não aludiu à reencarnação. Tôda a entrevista com Nicodemos gira exclusivamente em tôrno da conversão, do fenômeno da ação regeneradora do Espírito Santo, que resulta no indispensável renascimento espiritual, ou seja completa reforma de vida aqui neste mundo, dentro da atual existência. É o que poreja naturalmente do diálogo entre Jesus e o “mestre em Israel.” Poderiamos acrescentar que a própria teoria reencarnacionista se acha formalmente desmentida nesse trecho, quando Jesus remata: O que é nascido da carne, É CARNE … ”, isto é, é sempre carnal, é sempre pecaminoso, é sempre indigno, iníquo, incapaz. O que é nascido da carne é sempre carne, não modifica, não altera. Poderá nascer uma, duas, dez, vinte, cinqüenta, milhares de vêzes (se fôsse possível), será sempre carne. Não progredirá, não se aperfeiçorá. Continuará sempre carnal, vendido ao pecado, irregenerado, indigno do reino de Deus. E o agente transformador é o Espírito (não os “espíritos”). O Espírito Santo de Deus.

Os homens expiram, e depois nada mais resta a não ser enfrentarem o juízo. “E aos homens esta ordenado morrerem uma vez, vindo depois disto o juízo.” Heb. 9:27.

Essa, Não!

Um dos pontos basilares da autenticidade de nossa Mensagem é o estudo das 2.300 tardes e manhãs que, tomando por princípio a data de 457 AC, quando da saída do “decreto” para reconstruir Jerusalém, chega ao ano denominacionalmente histórico de 1844 —início do Juízo Investigativo e ano da “restauração da verdade” que fôra “lançada por terra.” Além disso, a data marca o surgimento da igreja da profecia no cenário histórico mundial. Nesse ano teve a Sra. White sua primeira visão, iniciando-se assim a nova era em que o Espírito de Profecia iria orientar a igreja remanescente — a última igreja do Senhor.

Sempre que aparecem doutrinadores pretendendo ter profetas ou mensageiros inspirados, costumo, de início, dar-lhes êste estudo do grande período profético dos 2.300 dias, provando que, qualquer profeta ou mensageiro que tenha surgido com mensagem antes ou depois de 1844 não preenche a especificação da profecia e, portanto, não é autêntico mensageiro do Senhor, por ter surgido fora de tempo.

De uma feita dei a um dirigente mórmon êste estudo, que o deixou irritado, porque, ao perguntar-lhe quando José Smith recebeu visão e iniciou seu ministério “profético”, me respondera que o fizera no ano de 1827. Mostrei-lhe, pelo estudo a que me refiro, que tendo surgido ‘antes de 1844 não podia ter as credenciais e não tinha a mensagem autêntica.

Não faz muito, na capital paulista, um cidadão de certa cultura perguntou-me se eu conhecia a “fé bahái.” Achei estrambótica essa denominação, mas êle começou a explicar-me que se trata da religião verdadeira, com origem na Pérsia, derivado do babismo.

O Messias dessa religião é um tal Mirza Husain Baháulá, predestinado, e que em Bagdá teve a visão que lhe revelou inequivocamente ser êle nada menos que “Aquêle que Deus haveria de manisfetar”, conforme o grande Bab anunciara em seus escritos. É êle o grande Manifestante de Deus, para os últimos dias. O Messias verdadeiro, cumprindo profecias de Bab.

Depois passou a apresentar-me os pontos de fé. Disse-me que Bab é o grande Profeta que escreveu acêrca do surgimento do Predestinado. Bab foi insrado por Deus

Quando perguntei em que ano surgira êsse Bab como sendo profeta, fiquei estarrecido ao ouvir:

— Foi em 1844.

Desisti de dar-lhe o estudo dos 2.300 dias, porque isso iria fortalecer o engano. Um falso profeta surgiu em 1844. Era só o que faltava. Não haverá nisso o dedo do arquienganador?

Que dúvida!