Ellen G. White cita Atos 13:1-3 como um relato da ordenação formal de Paulo e Barnabé para o ministério evangélico. “Abundantemente havia Deus abençoado os labores de Paulo e Barnabé durante o ano que ficaram com os crentes em Antioquia (ver Atos 11: 22-30). Mas nenhum deles havia sido formalmente ordenado para o ministério evangélico. Haviam chegado agora em sua experiência cristã a um ponto em que Deus estava para confiar-lhes a execução de difícil tarefa missionária, na prossecução da qual necessitavam de toda a vantagem que pudesse ser obtida através da igreja”. — Atos dos Apóstolos, p. 160.
Atos 13:2 indica que a instrução do Espírito Santo à igreja de Antioquia para ordenarem Paulo e Barnabé, provavelmente por intermédio de um dos profetas, veio no meio de um específico culto público acompanhado de jejum, ou em algum momento no decurso de seu ministério entrecortado de jejuns. Notai a identificação dos que ordenam e dos que devem ordenar:
- 1. “Deus … instruiu a igreja, mediante revelação, a separá-los publicamente para a obra do ministério”. — Atos dos Apóstolos, p. 161.
“Deus Se comunicou com os devotos profetas e mestres da igreja de Antioquia”. — História da Redenção, p. 303.
- 2. Na página 101 de Primeiros Escritos, Ellen G. White fala dos que devem ordenar homens ao ministério:
“Irmãos de experiência e de mentes saudáveis devem congregar-se, e seguindo a Palavra de Deus e a sanção do Espírito Santo, devem, com fervente oração, impor as mãos sobre aqueles que tenham …”
Em Testimonies, vol. 1, p. 209, ela escreveu: “Vi que Deus colocou sobre Seus ministros escolhidos o dever de decidir quem estava preparado para a sagrada obra; e em união com a igreja e os claros indícios do Espírito Santo, deviam decidir quem deveria ir e quem não estava em condições de ir”.
Atos 13:3 menciona jejum, oração, imposição de mãos e envio oficial, o que envolve bênção e plena autorização da igreja. Em Atos dos Apóstolos, páginas 161 e 162, é acrescentado: “Antes de serem enviados como missionários ao mundo pagão, esses apóstolos foram solenemente consagrados a Deus com jejum e oração e a imposição das mãos. … E quando os ministros da igreja de crentes de Antioquia (ver Atos 13:1) puseram as mãos sobre Paulo e Barnabé, pediam, por esse gesto, que Deus concedesse Sua bênção aos escolhidos apóstolos”.
Além disso, convém notar que nas “circunstâncias ligadas à separação de Paulo e Barnabé pelo Espírito Santo, para um definido ramo de serviço”, Ellen G. White vê clara evidência de que “Deus opera mediante designados instrumentos em Sua igreja organizada” (Idem, p. 162).
A Origem da Ordenação
S. Marcos 3:14 indica o primeiro passo na organização da igreja cristã. “Quando Cristo concluiu as instruções aos discípulos, reuniu em torno de Si o pequeno grupo, bem achegados a Ele, e, ajoelhando no meio deles e pondo-lhes as mãos sobre a cabeça, fez uma oração consagrando-os à Sua sagrada obra. Assim foram os discípulos do Senhor ordenados para o ministério evangélico”. — O Desejado de Todas as Nações, p. 217. “Foi na ordenação dos doze que foram dados os primeiros passos na organização da igreja, que depois da partida de Cristo devia levar avante Sua obra na Terra”. — Atos dos Apóstolos, p. 18.
Em Atos dos Apóstolos, página 162, Ellen G. White remonta a forma da imposição das mãos aos antecedentes do Velho Testamento de um pai judeu abençoando seus filhos, pondo-lhes reverentemente as mãos sobre a cabeça, e daquele que se achava revestido de autoridade sacerdotal colocando a mão sobre a cabeça de um animal dedicado ao sacrifício. Ela vê nesses atos de concessão da bênção e de pôr de lado ou dedicar para um propósito específico uma analogia do que ocorre na ordenação. Em Atos dos Apóstolos, página 94, Ellen G. White menciona a ordenação dos setenta anciãos escolhidos por Moisés para partilharem com ele as responsabilidades da liderança.
Que é Conferido na Ordenação?
“Plena autoridade eclesiástica” é conferida na ordenação, de acordo com Atos dos Apóstolos, páginas 161 e 162. Lemos aí também o seguinte: “Sua ordenação era um reconhecimento público de sua divina designação para levar aos gentios as boas-novas do evangelho. Tanto Paulo como Barnabé já haviam recebido sua comissão do próprio Deus, e a cerimônia da imposição das mãos não ajuntou à mesma nenhuma graça ou virtual qualificação. Era uma forma reconhecida de designação para um cargo específico, bem como da autoridade da pessoa no mesmo. Por ela o selo da igreja era colocado sobre a obra de Deus”. A ordenação era, portanto, um reconhecimento de uma prévia designação divina, e não acrescentava “nenhuma graça ou virtual qualificação”.
“Quando os ministros da igreja de crentes de Antioquia puseram as mãos sobre Paulo e Barnabé, pediam, por esse gesto, que Deus concedesse Sua bênção aos escolhidos apóstolos, em sua consagração à obra específica a que haviam sido designados”. — Idem, p. 162. (Grifo acrescentado.)
A Sra. White prossegue então, nessa mesma página, mencionando e condenando a insustentável importância atribuída à ordenação em época posterior, “como se sobreviesse de vez um poder aos que recebiam essa ordenação, poder que os habilitasse imediatamente para toda e qualquer obra ministerial. Mas, na separação desses dois apóstolos, não há registo a indicar que qualquer virtude fosse comunicada pelo simples ato da imposição das mãos”.
Primeiros Escritos, página 101, esclarece que pela ordenação os homens estão sendo “separados para se devotarem inteiramente” à obra de Deus. “Este ato mostraria a sanção da igreja a sua saída como mensageiros para levarem a mais solene mensagem já dada aos homens”.
O Que a Ordenação Autoriza os Homens a Fazer
O livro Atos dos Apóstolos, na página 161, menciona três coisas que os ordenados são autorizados a fazer:
- 1. Ensinar a verdade.
- 2. Realizar o rito do batismo.
- 3. Organizar igrejas.
(Estas três coisas precedem as palavras: “Achando-se investidos de plena autoridade eclesiástica”.)
Primeiros Escritos, páginas 101-104, acrescentam:
- 4. Administrar as ordenanças da casa do Senhor.
- 5. Garantir a paz, a harmonia e união da igreja, evitando que ela seja enganada e importunada por falsos mestres.
Quem Deve Ser Ordenado?
- 1. Médicos-missionários cujo trabalho, em grande parte, é espiritual.
“A obra do verdadeiro missionário-médico é em grande parte uma obra espiritual. Inclui a oração e o impor das mãos; portanto ele deve ser separado para sua obra de maneira tão sagrada como o ministro do evangelho. Os que são escolhidos para desempenhar a parte de médicos-missionários, devem ser separados como tais. Isto os fortalecerá contra a tentação de retirarem-se da obra do sanatório para se dedicarem à clínica particular. Não se deve permitir que nenhum motivo egoísta afaste o obreiro de seu posto de dever”. — Evangelismo, p. 546.
- 2. Diáconos — habilitados para instruir na verdade, mas principalmente para efetuarem os negócios da igreja.
“Os sete homens escolhidos foram solenemente apartados para seus deveres, pela oração e pela imposição das mãos. Aqueles que foram assim ordenados, não estavam, entretanto, excluídos de ensinar a fé. Pelo contrário, é lembrado que ‘Estevão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo’. Eles estavam plenamente qualificados para instruir na verdade. Eram também homens de juízo calmo e discrição, bem capacitados para tratar de casos difíceis de julgamento, murmuração ou inveja.
“A escolha de homens para efetuarem os negócios da igreja, de modo que os apóstolos pudessem ficar livres para seu trabalho especial de ensinar a verdade, foi grandemente abençoada por Deus. A igreja crescia em número e em poder. ‘Crescia a Palavra de Deus e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé’. É necessário que a mesma ordem e sistema sejam mantidos na igreja agora como nos dias apostólicos. A prosperidade da causa depende grandemente de serem seus vários departamentos conduzidos por homens hábeis, qualificados para suas posições”. — História da Redenção, pp. 260 e 261.
Pela ordenação há uma separação para se devotarem inteiramente à obra de Deus.
- 3. Outra ordem — aqueles a quem Deus chamou para ministrar em palavra e doutrina.
“Os que são escolhidos por Deus para serem líderes em Sua causa, tendo a supervisão geral dos interesses espirituais da igreja, devem ser aliviados, tanto quanto possível, de cuidados e perplexidades de natureza temporal. Aqueles a quem Deus chamou para ministrar em palavra e doutrina devem ter tempo para meditação, oração e estudo das Escrituras. Seu claro discernimento espiritual é diminuído ao entrarem em mínimos detalhes de negócios e no trato com os vários temperamentos das pessoas que se reúnem em qualidade de igreja. É próprio que todos os assuntos de natureza temporal se apresentem perante os oficiais qualificados e sejam por eles ajustados. Mas se são de caráter tão difícil que frustre sua sabedoria, devem ser levados ao conselho daqueles que têm a supervisão de toda a igreja”. — Idem, p. 261. (Comparar com Atos dos Apóstolos, p. 89.)
- 4. Anciãos em cada igreja. Atos 14:23.
Qualificações Para a Ordenação
Atos 11:22-24 e 26, e 13:1-3, mencionam estas qualificações:
- 1. Chamado pela igreja.
- 2. Alguém que compreende, experimenta e prega o evangelho da graça de Deus.
- 3. Um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé.
- 4. Alguém ao qual Deus concede frutos por seus labores.
Em Primeiros Escritos, páginas 100-102, são acrescentadas mais algumas:
- 5. Homens que tenham dado boa demonstração de que são capazes de governar bem a sua própria casa e preservar a ordem em sua própria família.
- 6. Homens que tenham dado boa demonstração de que podem esclarecer os que estão em trevas.
- 7. Homens que tenham dado plena prova de que receberam sua comissão da parte de Deus.
- 8. Homens santos. “Deus não confiará o cuidado do Seu precioso rebanho a homens cuja mente e discernimento tenham sido enfraquecidos por erros anteriores que acariciavam, tais como os assim chamados perfeccionismo e espiritismo, e que, por sua conduta quando nesses erros, infelicitaram-se a si mesmos e levaram opróbrio sobre a causa da verdade. Embora sintam-se agora livres de erro e capacitados para ir ensinar esta última mensagem, Deus não os aceitará. Ele não confiará almas preciosas aos seus cuidados; pois o seu juízo ficou pervertido enquanto estiveram no erro, e está agora debilitado. … A santa lei anunciada por Deus do Sinai é parte de Si próprio, e somente homens santos que sejam seus estritos observadores honrá-Lo-ão ensinando-a a outros”.
- 9. A aprovação do Espírito Santo. Depois de os homens que iniciaram a sagrada obra de ensinar a verdade bíblica ao mundo terem sido cuidadosamente examinados por pessoas fiéis e experientes**, e possuírem alguma experiência, “devem ser apresentados ao Senhor em fervorosa oração, a fim de que Ele indique, por Seu Santo Espírito, se são aceitos aos Seus olhos. Diz o apóstolo: ‘A ninguém imponhas precipitadamente as mãos’. I Tim. 5:22. Nos dias dos apóstolos, os ministros de Deus não ousavam confiar em seu próprio juízo quanto à escolha ou aceitação de homens para tomar a solene e sagrada posição de porta-voz de Deus. Eles escolhiam os homens segundo o seu juízo, e depois os punham perante o Senhor, a ver se Ele os aceitaria como representantes Seus. Nada menos do que isso se deve fazer agora” (Obreiros Evangélicos, p. 438).
Testimonies, volume 4, página 607, acrescenta três outras qualificações:
- 10. Domínio-próprio.
- 11. Boa influência.
- 12. Homens de “boa reputação, capazes de dirigir com prudência o interesse por eles despertado”.
- 13. Homens que “ousem reprovar o pecado num espírito de mansidão” (Testimonies, vol. 1, p. 209).
- 14. Devem ver “o infinito sacrifício feito pelo Filho de Deus para salvar homens caídos, e sua própria alma deve estar imbuída de perene amor” (Testimonies, vol. 4, p. 442). Comparar com o que está escrito em O Desejado de Todas as Nações, p. 605: Devem ter o amor de Jesus no coração.
Deus não confiará o cuidado do Seu precioso rebanho a homens cuja mente e discernimento tenham sido enfraquecidos por erros anteriores que acariciavam.
- 15. Cumpre-lhes ensinar as pessoas a buscar e salvar os perdidos. Devem ser “educadores da igreja na obra evangélica” (O Desejado, p. 614).
Notai como Paulo examinou a Timóteo (Obreiros Evangélicos, p. 439).
- 16. Homens que como Timóteo procuram o conselho e a instrução de bem sucedidos ministros mais idosos, e que não agem “por impulso, mas consideradamente e com calma reflexão, indagando a cada passo: É este o caminho do Senhor?” (Obreiros Evangélicos, p. 440).
- 17. Homens que estejam dispostos a receber sua recompensa, não em dinheiro, mas em almas (MS 74, 1903).
- 18. “Homem algum deve ser separado como mestre do povo enquanto seu ensino ou exemplo contradiz o testemunho que Deus deu a Seus servos para apresentar relativamente ao regime, pois isto trará confusão. Sua desconsideração da reforma pró-saúde desqualifica-o para estar como mensageiro do Senhor”. — Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pp. 453 e 454.
* Estudo apresentado na Reunião Consultiva da Associação Ministerial — outubro de 1976.
**A Sra. White escreveu muita coisa sobre a espécie de exame mencionado no item nº 9. Notai as seguintes declarações:
“Os ministros devem ser examinados especialmente a ver se possuem uma clara compreensão da verdade para este tempo, de modo a poderem apresentar um bem concatenado discurso sobre as profecias ou sobre assuntos práticos”. — Obreiros Evangélicos, p. 439.
“São postas as mãos sobre homens a fim de ordená-los para o ministério antes de serem meticulosamente examinados acerca de suas qualificações para essa sagrada obra; mas quão melhor seria fazer um trabalho esmerado antes de aceitá-los como ministros!” — Testimonies, vol. 4, p. 407.
Ellen G. White tinha em mente as qualificações do caráter. Lemos ainda mais sobre o exame dos candidatos ao ministério: “Aqueles sobre quem repousa essa responsabilidade, devem-se informar de sua história desde a época em que professou crer na verdade. Sua experiência cristã e seu conhecimento das Escrituras, a maneira por que observa a verdade presente, tudo deve ser compreendido. Ninguém deve ser aceito como obreiro na causa de Deus, enquanto não tornar manifesto que possui uma experiência real e viva nas coisas de Deus”. — Obreiros Evangélicos, p. 438.