“Gostei muito de seu sermão. Parabéns!” é uma frase que às vezes o pastor ouve.

Um ministro de Deus, quer ocupe esta ou aquela responsabilidade na Obra, vez ou outra, receberá algum elogio, por qualquer trabalho que tenha realizado, podendo ser levado a enfrentar, dessa maneira, a tentação da auto-suficiência, do orgulho, da exaltação própria.

Por outro lado, ocorre também que o pastor é atingido pelas setas da crítica, sendo tentado a prostrar-se pelo abatimento. Na vida do ministro de Deus, estes são dois extremos perigosos: o elogio, que pode levar à exaltação; e a crítica, que pode levar ao abatimento.

A atitude de Cristo diante da exaltação e da crítica, deve ser a nossa também, pois Ele é nosso maravilhoso exemplo. Sobre este assunto, diz-nos o Espírito de Profecia: “No coração de Cristo, onde reinava perfeita harmonia com Deus, havia paz perfeita. Nunca Se exaltou por aplausos, nem ficou abatido por censuras ou decepções. Entre as maiores oposições e o mais cruel tratamento, ainda Ele estava de bom ânimo. Mas muitos que professam ser Seus seguidores, têm o coração ansioso e turbado, porque temem confiar-se a Deus”. — O Desejado de Todas as Nações, p. 245. (Grifo acrescentado.)

É muito natural que nos alegremos com as vitórias que alcançamos; toda glória de nossas conquistas e realizações deve, porém, pertencer inteiramente a Cristo. A Bíblia diz com profunda justiça: “A Minha glória a outrem não darei”. Isa. 42:8.

R. A. Torrey, destacado evangelista e amigo íntimo do grande servo de Deus, D. L. Moody, nos conta a seguinte experiência:

“Bem me lembro de um obreiro com quem estive intimamente associado num grande movimento de evangelização. As reuniões eram bem concorridas e ele estava radiante com o bom êxito do trabalho. Andando pela rua juntos, em caminho para as reuniões, ele me declarou: ‘Torrey, você e eu somos as duas mais importantes personagens ocupadas no trabalho cristão neste país’. Eu lhe respondi: ‘João, fico triste em ouvir semelhante coisa, porque lendo a Bíblia encontro homens e homens que, depois de fazer grandes coisas, foram postos de lado por Deus, por causa da exagerada opinião que tinham de si mesmos’. Aquele obreiro também não foi mais usado por Deus. Creio que ainda vive, porém, há muito tempo que não se ouve falar dele”.

Que Deus nos ajude a sempre sermos humildes, e a trabalharmos para a glória dAquele cuja senda, desde a manjedoura ao Calvário, foi de inteira humildade.

Pode, às vezes, surgir um homem prometedor, que usado um pouco por Deus, começa a se julgar grande coisa, a ponto de Deus o colocar de lado; alguns têm naufragado no mar da auto-suficiência.

Agora, falando da crítica, que comumente o pastor enfrenta, penso que devemos agir da seguinte maneira; aliás, tenho orado ao Senhor para que eu proceda assim também: Se a crítica for justa, e nós a merecemos, sejamos suficientemente humildes para reconhecer os nossos erros e voltar atrás, fazendo da crítica um instrumento de correção. Se, por outro lado, a crítica for uma calúnia, e nós não a merecemos, não apregoemos nossa inocência aos quatro cantos da Terra, nem fechemos os punhos em defesa própria. Entreguemos a nossa defesa nas mãos de Cristo. Ele a Seu tempo fará justiça.

O coração do servo de Deus não deve abrigar nenhum ressentimento, ódio, ou mesmo espírito de vingança. Descansemos e confiemos nestas promessas: “Mas, se diligentemente ouvires a Sua voz, e fizeres tudo o que Eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários”. Êxo. 23:22. “Toda ferramenta preparada contra ti, não prosperará; e toda língua que se levantar contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justiça que vem de Mim, diz o Senhor”. Isa. 54:17.