PERGUNTA 8

Tem-se feito a acusação de que os adventistas do sétimo dia sustentam a mesma crença dos Testemunhas de Jeová a respeito de Miguel — que Miguel o arcanjo era Jesus Cristo antes de Sua encarnação, e que era Êle um ser criado. É válida essa acusação? Se Miguel é Cristo, como explicar S. Judas 9?

Rejeitamos vigorosamente a idéia apresentada nesta pergunta, e a posição sustentada pelas Testemunhas de Jeová. Não cremos que Cristo seja um ser criado. Como um povo, não temos considerado a identificação de Miguel de relevância suficiente para insistirmos nela extensamente quer em nossa literatura quer em nossa pregação. Temos, porém, idéias claras sôbre o assunto, e estamos em condições de apresentá-las. E nossas idéias concernentes a Miguel — podemos acrescentar — têm sido sustentadas por vários eminentes eruditos através dos séculos. Não estamos, portanto, sós em nosso modo de entender.

Cremos que a palavra “Miguel” [original Michael] não é senão um dos muitos títulos aplicados ao Filho de Deus, a segunda pessoa da Divindade. No entanto esta idéia, de modo algum, colide com nossa crença em Sua plena divindade e eterna preexistência, tampouco Lhe desmerece a pessoa e a obra.

Miguel é citado no livro de S. Judas como o arcanjo. E se não fôsse por outras referências da Escritura, que O apresentam em outra relação, poderia alguém, de primeira mão, concluir que Êle fôsse um ser criado, como os anjos em geral. Cremos, no entanto, que estas outras relações indicam Sua condição verdadeira, e que, em adição, Êle opera como dirigente supremo das hostes angelicais. Mas o Seu servir naquela qualidade não o torna um anjo criado. Vários fatôres importantes devem ser considerados num estudo desta matéria.

  • I. Cristo em Relação Com as Hostes Angelicais

Os anjos são sêres criados (Col. 1:16), e, como tais, não devem ser adorados (Col. 2:18; Apoc. 19:10). São mensageiros de Deus enviados a favor daqueles que hão de herdar a salvação (Heb. 1:13 e 14).

Cristo, porém, tem “nome mais excelente” do que os anjos (Heb. 1:4). Tem um “nome que é acima de todo o nome” (Fil. 2:9), acima do nome de qualquer anjo no Céu (Efés. 1:21). Os anjos estão-Lhe sujeitos (I S. Ped. 3:22). Encurvam-se diante dÊle (Fil. 2:10), e O adoram (Heb. 1:6). Anjos de Deus recusam a adoração de homens (Apoc. 22:8 e 9).

II. O Filho de Deus no Velho Testamento

No Velho Testamento há o registro de um Ser divino denominado o “anjo do Senhor” (Êxo. 3:2), o “anjo de Deus” (Êxo. 14:19), e o “anjo da Sua face” (Isa. 63:9), “anjo do concêr-to” (Mal. 3:1); também “um Anjo” (Êxo. 23: 20), “meu Anjo” (verso 23), e “Seu Anjo” (Dan. 3:28). Observemos algumas destas refe-rências:

  • 1. O “Anjo do Senhor.” — (a) Como se manifestou a Gideão (Juizes 6:11-22). O “anjo do Senhor” (verso 11) é igualado com “o Senhor” (verso 14); e “Gideão edificou ali um altar ao Senhor” (verso 24). (b) Como se manifestou a Manoé (Juizes 13:3-21). A espôsa de Manoé refere-se ao “anjo do Senhor” (verso 3) que vira, como “um homem de Deus” (verso 6), e Manoé disse que “viram a Deus” (verso 22). (c) Como se manifestou a Josué (Zac. 3:1-6). “O anjo do Senhor” faz passar a iniqüidade, e promove a troca das vestes, ou da justiça (verso 4). Isto é prerrogativa da Divindade.
  • 2. “O Anjo” que Apareceu a Jacó. — Êste Anjo (Oséias 12:4) apareceu a Jacó na forma de homem (Gên. 32:24). O Anjo (homem) abençoou a Jacó (verso 29), e Jacó disse: “Vi a Deus face a face” (verso 30). O culto aos anjos não é permitido (Col. 2:18; Apoc. 19:10; 22:8 e 9). Esta é uma diferença importante entre Cristo e os anjos.
  • 3. O “Anjo de Sua Face”. — Êste Anjo “salvou”, “redimiu” (Isa. 63:9), portanto iguala-Se a Divindade (conferir Isa. 43:11; 44:6).
  • 4. “Meu Anjo” —Êste “Anjo” (Êxo. 23:23) podia perdoar transgressão, e “o nome de Deus está nêle” (verso 21). Como o perdão de pe-cados é prerrogativa de Deus (S. Mar. 2:7), é inevitável a conclusão de que “meu Anjo” é membro da Divindade. Com êstes elementos, não é difícil reconhecer que, em dias passados, havia juntamente com Deus, Alguém conhecido nos exemplos precedentes como “o anjo do Senhor”, ou “meu Anjo” e posteriormente como “meu Filho” (Sal. 2:7). Ao mesmo tempo Êle era “meu ungido” (Hebr. Meshiach).

Êle é também denominado “um menino”, “um filho” (Isa. 9:6). E êste “filho” não é ou-tro senão “O Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (verso 6). O Targum sôbre Isaías 9:5 declara: “Maravilhoso Conselheiro, Poderoso Deus, Aquêle que vive para sempre, o Ungido [ou Messias].”

III. Identidade do “Príncipe dos Príncipes”

A expressão “Príncipe dos príncipes” ocorre apenas uma vez no Livro divino, em Daniel 8:25. Na visão de Daniel um poder opositor “engrandecia-se a si mesmo até ao Príncipe do exército”; na explanação feita pelo anjo a Daniel, êste poder é mencionado como se levantando “contra o Príncipe dos príncipes.” O “príncipe do exército” é igualado ao “Príncipe dos príncipes.” Aqui se faz clara referência à Divindade. A expressão é idêntica a outras na Palavra de Deus. O Salmo 136:3 fala do “Senhor dos senhores,” Deuteronômio 10:17 fala do “Deus dos deuses”, e Apocalipse 19:10, do “Rei dos reis.”

O Dr Slatk, em seu comentário sôbre Daniel, mostra que a expressão “Príncipe dos príncipes” (Dan. 8:25) deve ser a mesma que “Príncipe do exército” do versículo 11. Comentando estas duas expressões, diz a Cambridge Bible: “isto é Deus.” Mas êste “Príncipe dos príncipes”, ou “Príncipe do exército,” é também menciona-do como sendo Miguel. Daniel 10:21 fala de “Miguel vosso príncipe,” e Dan. 12:1 de Miguel, “o grande príncipe.” E êste Príncipe é também o Messias, pois lemos “Messias o Príncipe” em Dan. 9:25. Há outros que concordam. José Parker declara:

Miguel era conhecido entre os antigos judeus como o anjo ou príncipe a quem incumbia proteção especial da nação de Israel. Mesmo os melhores escritores judaicos concordam em ensinar que o nome “Miguel” é o mesmo que o título “Messias.” Sustentam êles que as poucas passagens em que êle é mencionado podem ser muito mais satisfatoriamente explicadas com base nessa admissão. O homem que fala no texto era “um homem vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz; e o seu corpo era como a turquesa, e o seu rosto parecia um relâmpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés como côr de bronze açacalado; e a voz das suas palavras como a voz de uma multidão” (Dan. 10:5 e 6). Esta é a personagem deslumbrante e sem nome que tem provocado a imaginação religiosa através de todos os séculos. Um dia — não os dias terrenos de frio, dias cinzentos, mas um dia de sorte mais brilhante — veremos êsse Personagem, e Lhe saberemos o nome, e Lhe agradeceremos pelo temo encobrimento de uma luz que podia ter cegado a criação. — The Peoples’s Bible, Vol. 16, pág. 438.

Êste Alguém sem nome apresentado em Da-niel 10:5 e 6 — porém descrito como tendo a aparência do relâmpago — é bem conhecido na visão apocalítica. Uma descrição idêntica dÊle se encontra em Apocalipse 1:13-15. Não é Aquêle que não tem nome em Daniel 10:5 e 6 agora com nome em Daniel 10:13, quando é designado como Miguel?

Os escritores do Novo Testamento também apreendem êste pensamento e aplicam a terminologia de Daniel a Jesus Cristo, nosso Senhor. É Êle declarado como “o Príncipe da vida” (Atos 3:15); “um Príncipe” e um “Salvador” (Atos 5:31); e “o Príncipe dos reis da Terra” (Apoc. 1:5).

Êste Príncipe, ou Messias, das visões apocalíticas dos dias passados, é assim igualado a Miguel. Portanto o nome Miguel é, cremos, um dos títulos do Filho do Deus vivo. Miguel, contudo, é chamado Arcanjo (S. Judas 9) e esta palavra, cremos, também se aplica a Jesus nosso Senhor.

IV. A Palavra “Arcanjo”

Tendo considerado Cristo como o “Anjo do Senhor” e mencionado o fato de que “Miguel” e “arcanjo” são títulos de nosso Senhor, observemos o significado da primeira parte da palavra “arcanjo”.

“Arc” provém do prefixo grego archi, mas palavras correlatas como arche e archon também devem ser consideradas.

Arche significa princípio, e também envolve idéia de govêrno e autoridade. É traduzida como “govêrno” em I Cor. 15:24 na Bíblia inglêsa King James; por “principado” em Efés. 1:21 e “primeiros rudimentos” em Heb. 5:12. Archon significa “príncipe,” “governador.” Arche e archon às vêzes são empregados em relação a nosso Senhor, como na expressão “Anjo do Senhor.” Arche é empregado messiânicamente em Isaías 9:6 onde na LXX (tradução de Bagster) é vertido por “govêrno” na expressão “cujo govêrno [arche] está sôbre seus ombros [do Messias].”

No Novo Testamento, Jesus nosso Senhor é chamado “o princípio” [arche] (Col. 1:18), tam-bém “Alfa e Ômega, o princípio [arche]” (Apoc. 21:6; ver também Apoc. 22:13).

Archon é freqüentemente traduzido por “governador”, “príncipe”, etc. Contudo uma vez no Novo Testamento é empregado em relação a Jesus “o príncipe [archon] dos reis da Terra” (Apoc. 1:5).

Archon é por vêzes empregado em sentido messiânico, e assim se refere a Cristo nosso Salvador. Êle é “um príncipe [archon] e governador dos povos” (Isa. 55:4); Êle é Aquêle que “será condutor [archon] em Israel” (Miq. 5:2, versão LXX de Bagster).

Outra palavra grega com o mesmo prefixo archi é archegos, derivada de archi e hegeomai ou ago — “conduzir”, etc.

Archegos como se encontra na LXX é geralmente vertido pela tradução de Bagster como “cabeça”, “capitão”, “chefe”, “governador”, “príncipe”, etc. No Novo Testamento, porém, é empregado unicamente com referência a nosso Senhor. É Êle referido como capitão — “O capitão [archegos] da salvação dêles” (Heb. 2:10); como autor — “o autor [archegos] … de nossa fé” (Heb. 12:2) (algumas versões trazem à mar-gem a observação: “iniciador”); como Príncipe — “Príncipe [archegos] eSalvador” (Atos 5:31); e “Príncipe [archegos] da vida” (Atos 3:15, à margem “autor”).

O estudo das palavras gregas acima demonstra que, por vêzes, foram aplicadas a Cristo nosso Senhor; mais ainda, que archegos em o Novo Testamento em todos os casos aplica-se a Jesus.

Ascendência do Marido

“O marido é a cabeça da família, como Cristo é a cabeça da igreja; e qualquer direção seguida pela espôsa no sentido de diminuir-lhe a influência e fazê-lo descer daquela posição de dignidade e responsabilidade, é desagradável a Deus. É dever da espôsa ceder seus desejos e sua vontade ao marido. Ambos devem estar dispostos a ceder, mas a Palavra de Deus dá preferência ao juízo do espôso.” — Test. for the Church, Vol. 1, pág. 307. (Testemunhos Seletos, Vol. 1, pág. 105.)

Desprendimento no Lar

“Como pedra contra pedra, será o conflito duma vontade contra a outra. Meu irmão, sê paciente e longânimo. Lembra que tua espôsa te aceitou como seu espôso, não para que sôbre ela dominasses mas para que lhe fôsses o arrimo. Não sejas despótico nem autoritário.” — Testemunhos Seletos, Vol. 3, pág. 98.