PERGUNTA 7
Qual é a posição adventista do sétimo dia no que concerne ã ressurreição física e corpórea de Cristo?
Os adventistas do sétimo dia crêem na ressurreição física ou corpórea de Jesus Cristo dos mortos tão certamente como crêem em Sua morte expiatória no Calvário. Esta é uma doutrina cardial da fé cristã, pois o cristianismo repousa no fato indisputável de que Cristo ressurgiu dos mortos (I Cor. 15:17).
A ressurreição de Cristo não deve ser entendida apenas no sentido espiritual. Êle, de fato, ressurgiu dos mortos. Aquêle que saiu da tumba era o mesmo Jesus que vivera aqui em carne. Ressurgiu num corpo glorificado, porém real — tão real que as mulheres que foram ao sepulcro, bem como os discípulos, O viram (S. Mat. 28:17; S. Mar. 16:9, 12 e 14). Os dois discípulos a caminho de Emaús conversaram com Êle (S. Luc. 24). Êle mesmo disse aos discípulos: “Vêde as Minhas mãos e os Meus pés” (S. Luc. 24:39). Tinha “carne e ossos” (verso 39). Comeu com êles (verso 43).
Tomé tinha motivos para crer que se tratava do mesmo Jesus, pois fôra desafiado: “Põe aqui o teu dedo, e vê as Minhas mãos; e chega a tua mão, e mete-a no Meu lado” (S. João 20:27). Realmente, era o próprio Salvador. Não era um espírito, um fantasma. Era o real divino Filho de Deus que ressurgira da sepultura.
A ressurreição de Jesus nosso Senhor constituía uma parte vital da mensagem da igreja primitiva. Ao pregarem, os apóstolos pregavam de Cristo o Messias que Se levantara dos mortos. Anunciavam “em Jesus a ressurreição dos mortos” (Atos 4:2); “davam . . . testemunho da ressurreição do Senhor Jesus” (verso 33); S. Paulo “lhes anunciava a Jesus e a ressurreição” (Atos 17:18).
A ressurreição de Jesus Cristo é de vital importância no grande plano divino da salvação. A própria morte de Jesus, sublime como foi, seria de nenhuma valia, se não houvesse Sua ressurreição dos mortos. O grande apóstolo dos gentios torna isto claro no seu vibrante testemunho do Cristo vivo. Naquele maravilhoso capítulo sôbre a ressurreição, em sua mensagem à igreja de Corinto, vemos o lugar essencial que êste grande acontecimento ocupa no propósito de Deus. Notemos qual seria a situação se Cristo não houvesse ressuscitado dos mortos.
- 1. Não haveria benefício algum da pregação do evangelho: “E se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação” (I Cor. 15:14).
- 2. Não haveria perdão dos pecados: “E, se Cristo não ressuscitou . . . ainda permaneceis nos vossos pecados” (verso 17).
- 3. Não haveria propósito no crer em Jesus: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé” (verso 17) .
- 4. Não haveria ressurreição geral dos mortos: “Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição dos mortos?” (verso 12).
- 5. Não haveria esperança alguma além da sepultura: “E, se Cristo não ressuscitou, … os que dormiram em Cristo estão perdidos” (versos 17 e 18).
Esta é uma mensagem de poder, pois é pelo poder de Sua ressurreição que vivemos a vida cristã, e Sua vida é vivida na vida de todo o crente.
Os que são sepultados com Cristo no batismo são representados como ressuscitando com Êle em Sua ressurreição (Rom. 6:5, 8 e 11; Efés. 2:4 e 5; Col. 2:12 e 13). Como conseqüência desta união com Cristo, nova vida é comunicada ao crente (Rom. 6:4; II Cor. 4:10 e 11; Col. 3:10). O poder da ressurreição de Cristo fica desta forma à disposição dêle (Efés. 1:19 e 20; Fil. 3:10; Heb. 7:16).
Outrora estávamos mortos nos pecados; agora estamos vivos em Cristo. Fomos crucificados com Cristo; agora Cristo vive em nós (Gál. 2:20). Nossa experiência pessoal dêste avivamento da alma, desta ação liberadora do Espírito de vida, constitui testemunha interior e a prova suprema da realidade da ressurreição.
Acima de tudo, a ressurreição de nosso Senhor é a certeza de que nós, igualmente, seremos ressuscitados por ocasião de Sua segunda vinda (I cor. 15:20 e 23).
Muitas provas dêste surpreendente acontecimento foram dadas aos cristãos primitivos. Houve, pelo menos, dez aparições de Jesus depois de Sua ressurreição. (1) A Maria Madalena: S. Mar. 16: 9; S. João 20: 14-17. (2) As mulheres no caminho para que dissessem aos discípulos que Cristo havia ressuscitado: S. Mat. 28:9. (3) A Pedro; S. Luc. 24:34. (4) Aos dois discípulos na estrada de Emaús: S. Mar. 16:12; S. Luc. 24:15 e 31. (5) Aos discípulos reunidos na noite do dia da ressurreição: S. Mar. 16:14; S. Luc. 24:36; S. João 20:19. (6) Aos discípulos reunidos uma se-mana depois: S. João 20:26-29. (7) Aos discípulos no Mar da Galiléia: S. João 21:1-22. (8) Aos onze num monte na Galiléia, estando presentes quinhentos irmãos: S. Mar. 28:l6; S. Mar. 16:7; 1 Cor. 15:6. (9) A Tiago: I Cor. 15:7. (10) Aos onze discípulos por ocasião da ascensão: S. Mar. 16:19: S. Luc. 24:50-52; A os 1:4-12.
A. T. Robertson assim comenta a reunião com os quinhentos discípulos:
O vigor dêste testemunho reside no fato de que a maioria (hoi pleios) dêles estavam ainda vivos quando
S. Paulo escreveu esta Epístola, . . . não mais de 25 anos depois da ressurreição de Cristo. — Word Pictures in the New Testament, 1931, Vol. 4, pág. 188.
Além do testemunho dos apóstolos e das mulheres há o testemunho do concilio judaico (S. Mat. 28:11-15), e também das autoridades romanas, de acordo com os primeiros escritores da igreja. Pilatos tomou conhecimento dos fatos e os registou em seu relatório regular ao imperador. Eusébio, bispo do quarto século e historiador eclesiástico, escreveu:
E quando a maravilhosa ressurreição e ascensão de nosso Salvador foram já propaladas em tôda a parte, consoante antigo costume prevalecente entre os governadores das províncias, de relatarem ao Imperador as novidades que nelas ocorria, a fim de que nada lhe pudesse escapar, Pôncio Pilatos informou a Tibério dos relatórios que eram divulgados em tôda a Palestina concernentes a ressurreição de nosso Salvador Jesus Cristo dos mortos. Êle também deu um relato de outras maravilhas que ouvira a respeito dÊle e como, depois de Sua morte, tendo ressuscitado, era agora crido por muitos como sendo um deus.
Que Pilatos fizera relatório oficial a Tibério é confirmado por Tertuliano (Apol. 21), e em si mesmo é perfeitamente provável. Justino Mártir (Apol. I. 35 e 48) menciona um Atos de Pilatos, bem conhecido em seus dias, mas o suposto Atos de Pilatos que ainda existe em várias formas e espúrio, e pertence a um período bem posterior. É fantasioso e curioso. — Nicene and Post-Nicene Fathers, segunda série, Vol. 1, pág. 105.
A populaça devia estar ciente do fato, pois por ocasião da ressurreição houve um terremoto e muitos santos ressuscitaram. Êles eram antítipo, pelo menos em parte, do molho movido que era oferecido nos dias antigos. Diz o registro: “E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dÊle, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos” (S. Mat. 27:52 e 53).
Comentando esta experiência, escreveu Ellen G. White:
“Quando Cristo ressurgiu, trouxe do sepulcro uma multidão de cativos. O terremoto, por ocasião de Sua morte, abrira-lhes o sepulcro e, ao ressuscitar Êle, ressurgiram juntamente. . . . Agora deviam ser testemunhas dAquele que os ressuscitara dos mortos. . . . Êsses entraram na cidade e apareceram a muitos, declarando: Cristo ressurgiu dos mortos, e nós ressurgimos com Êle. Assim foi imortalizada a sagrada verdade da ressurreição.” — O Desejado de Tôdas as Nações, pág. 586.