Inteligencia

A inteligência define-se como acuidade mental, intuição, instinto; a capacidade de compreender e entender, e de lidar eficientemente com as situações difíceis. É portanto diferente do conhecimento — resultado do esfôrço humano. A inteligência não se adquire nos livros ou através de sistemas de educação ou treinamento, embora possam desempenhar uma parte em seu desenvolvimento.

Algumas pessoas altamente instruídas não são sábias ou inteligentes. Falta-lhes julgamento, bom senso e discernimento — evidências da inteligência. A intelgência é semelhante à sabedoria, e esta é análoga à capacidade inata, o que possibilita o de-vido uso do conhecimento.

Ninguém carece mais senso comum e inteligência do que o ministro que precisa lidar com tôda a espécie de pessoas e tôda a espécie de situações. Necessita êle constantemente manter-se no meio do caminho.

Pràticamente em tôdas as igrejas há três grupos de pessoas: os que se desviam para a direita, os que viram para a esquerda, e os que trabalham no centro da estrada. A maioria deve estar no gru-po do centro. Os que derivam para a direita são os ultra-liberais, que vão a extremos de condescendências e têm sòmente “uma forma de piedade.” São “mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus.” É-nos dito que “os que se estão unindo com o mundo, estão-se amoldando ao modêlo mundano, e preparando-se para o sinal da bêsta.” — Testemunhos Seletos, Vol. 2, pág. 71. A menos que esta classe de pessoas experimente um reavi-vamento e reforma espirituais estarão perdidos.

Por outro lado, os que se viram para a esquerda vão a extremos de restrição e são demasiado justos. Sempre há uns poucos dêles em tôdas as igrejas, e nos é dito que os haverá até ao fim. Centenas de advertências nos foram dadas contra tôdas as formas de extremismos e fanatismos. Infelizmente, alguns ministros pertencem a esta classe, e, conquanto seja difícil compreender-se, alguns médicos vão a grandes extremos em relação aos nossos princípios de saúde. Mais do que qualquer pessoa, os pastôres necessitam manter-se no meio da estrada, e empregar sua influência para trazer os que caem nos extremos, quer de condescendência, quer de restrições, a uma posição correta e segura.

Bela descrição de Cristo se regista em Isaías 11:1-5. Êle Se acha claramente identificado no versículo primeiro, e a seguir se enumeram as sete facetas de Sua sabedoria e inteligência, às quais os teólogos judaicos se referem como sendo “os sete espíritos de Deus.” Êle possuía o espírito de sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, conhe-cimento, discernimento e temor do Senhor. Em outras palavras tinha o espírito de perceber ou discernir uma situação e capacidade de lidar com ela. Não devia todo ministro esforçar-se para preencher essas qualificações para o serviço na qualidade de embaixador de Cristo?

Isaías apresenta outro quadro do Mestre Pregador: “O Senhor Jeová me deu uma língua erudita, para que eu saiba dizer a seu tempo uma boa palavra ao que está cansado: Êle desperta-me tôdas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça, como aquêles que aprendem. O Senhor Jeová me abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde; não me retiro para trás.” Isa. 50:4 e 5. Cristo acha-Se claramente identificado nos dois versos seguintes. Sua oração e vida devocional constituíam o segrêdo de Sua inteligência e capacidade de responder aos inimigos e falar uma palavra a seu tempo a todos os cansados. De acôrdo com outra tradução Êle se despertava “de madrugada” para Seu momento de oração e devoção. Seus embaixadores têm muitas vêzes levantado em hora bem cedo para o mesmo propósito.

Como ministros necessitamos e muito de equilíbrio emocional, estabilidade e ponderação. No parágrafo inicial do capítulo segundo de Vereda de Cristo é-nos dito que “o homem foi originàriamen-te dotado de nobres faculdades e de um espírito bem equilibrado,” indicando que o pecado desequilibrou o espírito de todos os transgressores, sendo o propósito do evangelho restaurá-lo à perfeita sanidade e devolver ao homem a normalidade. Diz S. Paulo: “Haja em vós o mesmo sentimento [espírito] que houve também em Cristo Jesus” (Fil. 2:5), por ser Êle o único descendente de Adão que possuiu espírito perfeitamente equilibrado.

Quanto mais semelhante a Cristo fôr uma pessoa, maior sanidade desfruta.

Que tragédia para um dirigente espiritual incidir em êrro, ser irracional e fanático. Em seu livro Just for Today D. A. Delafield diz: “Não há terreno onde o joio do pecado cresça tão ràpidamente como no espírito dos extremistas que gastam seu tempo ensinando meias-verdades, dando excessiva ênfase a pequenas verdades, ou promovendo idéias estranhas, descabidas no evangelho.” — Pág. 225. Jesus declarou que os fariseus eram hipócritas e fanáticos, e lhes disse: “Dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. Condutores cegos! que coais um mosquito e engulis um camelo.” S. Mat. 23:23 e 24. Davam maior importância a coisas secundárias, e consideravam secundárias coisas de maior importância.

Em seu livro Some to Be Pastors, Pedro Pleune diz à pág. 99: “Sabemos que os excêntricos, legalistas e fariseus se encontram em todos os grupos de fé religiosa. Geralmente sofismam reivindicações éticas de maior importância, compensando-as por uma excessiva consideração sôbre assunto de menor importância.” Diz outro escritor: “Somos individualistas, e nenhum grupo se aguenta debaixo da tentação maior de tornar-se desigual e ligeiramente desiquilibrado.” — Bispo Geraldo Kennedy, Word Through Preaching, pág. 169.

Jorge Whitefield disse a um grupo de ministros que certa espécie de sermão se compõe de “material pobre, sêco e insípido,” e diz a serva do Senhor: “Certas mentes são mais como velhos bazares de curiosidades do que outra coisa. Muitos retalhos e fragmentos , da verdade foram recolhidos e armazenados ali; não sabem, porém, como apresentá-los de maneira clara e harmônica. É a relação que essas idéias têm umas com as outras, que lhes dá valor. Tôda idéia e declaração devem estar tão intimamente unidas como os elos de uma cadeia. Quando um ministro atira uma massa de assuntos perante o povo a fim de que êles a recolham e ponham em ordem, seu trabalho é perdido; pois serão poucos os que façam isto.” — Evangelis-mo,págs. 648 e 649.

Há muito zêlo que não está de acôrdo com o entendimento. Não é guiado ou produzido pela sabedoria ou pela inteligência. No prefácio de seu livro Case Work in Preaching, Esdras Rhodes diz: “A capacidades da maioria dos ministros poderia ser multiplicada se se dispusessem a conhecer e eliminar erros evidentemente triviais, excentridades e inibições.” Quão exato é isto. Tantos dêles insistem em coisas de somenos, ou põem ênfase em assuntos de importância secundária comparados com os grandes fundamentos do evangelho, ou superestimam o que é negativo chegando a negligenciar o positivo. O prejuízo que causam é incalculável.

A propósito temos as seguintes advertências: “Muitos são fanáticos. São consumidos por um ardente zêlo, o qual é tomado por religião.” — Testetemunhos Seletos, Vol. 1, pág. 170. Daí se deduz que tal coisa nem sequer merece o nome de religião. “Devemos ser muito cautelosos em não avançarmos com demasiada rapidez, para que não sejamos forçados a voltar atras. Em Matéria de reformas melhor nos será chegar a um passo do alvo, do que ir um passo além dêle. E se porventura houver êrro, que seja do lado mais próximo do povo.” — Test. for the Church, Vol. 3, pág. 21.

O conselho acima é especialmente oportuno para os que instruem novos membros que anseiam andar em todo raio de luz e têm confiança ilimitada em cada membro da igreja. Devido à falta de entendimento são êles fàcilmente levados ao fanatismo. Precisam pois ser alertados a não avançarem demasiado depressa, devido ao perigo de irem demasiado longe e depois terem de passar pela experiência de um recuo decepcionante. Quando o maligno falha em sua tentativa de impedir que a pessoa progrida na luz da verdade, começa a empurrar, na esperança de jogá-la além da verdade, no fanatismo.

Há a tendência de esperar-se que os novos conversos alcancem, em poucos dias, o desenvolvimento espiritual que outros alcançaram em vinte ou trinta anos; a alcançarem as fronteiras da Terra Prometida num grande passo; a adaptarem sua vida a um modo de viver e alimentar-se inteiramente novo, e de maneira tão rápida que se tornam desanimados, e voltam às antigas práticas ou desistem e retornam ao mundo. Há muito para aprenderem, e as transformações devem operar-se de modo a atingir cada aspecto da vida. Necessita-se, portanto, muita paciência para dar-lhes oportunidade de empreenderem a jornada espiritual, dando os passos no tempo certo. Todos os membros devem empreender a jornada com Cristo e Sua igreja, não ficando para trás, nem correndo para a frente. “Deus tem uma igreja na Terra, que é Seu povo escolhido, que guarda Seus mandamentos. Êle dirige, não ramificações extraviadas, não um aqui outro lá, mas um povo.” —Test to Ministers, pág. 61.

A inteligência, portanto, é absolutamente essencial ao êxito na liderança do povo de Deus, se ela pretende ser superior e exercer influência dominante para o bem.

Crianças Insubordinadas e Mexerotas

“Não se deve permitir que as crianças pensem que tudo na casa são joguetes seus, para fazerem com tudo como lhes apraz. … É intento de Deus que as perversidades naturais à meninice sejam desarraigadas antes que se tornem hábitos.” — Ellen G. White, Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, pág. 109.