PERGUNTA 4
Os adventistas do sétimo dia são freqüentemente acusados de negarem a divindade real e eterna preexistência de Cristo, o Verbo Eterno. É exata esta asserção? Credes na Trindade? Dai, por favor, os fundamentos bíblicos de vossas crenças.
I. Crentes na Divindade de Cristo e na Trindade
Nossa crença na deidade e eterna preexistência de Cristo, a segunda pessoa da Divindade consta de nossas “Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia”, que são anualmente reproduzidas em nosso Anuário oficial (Yearbook), e também em nosso autorizado Manual da Igreja, págs. 29-35. Além disso, os que se batizam na igreja adventista subscrevem um sumário de crenças doutrinárias impresso no Certificado de Batismo, cujo artigo segundo declara:
“Jesus Cristo, a segunda pessoa da Divindade, e eterno Filho de Deus, é o único Salvador, do pecado; e a salvação do homem é pela graça por meio da fé nÊle.”
O candidato assina esta declaração, como uma afirmação do que crê, antes do batismo. E no Apêndice A, págs. 641-645, alinha-se uma compilação de declarações sôbre a divindade e eterna preexistência de Cristo e Sua posição na Divindade, feita por um de nossos escritores mais representativos, Ellen G. White.
No que toca ao lugar de Cristo na Divindade, cremos que Êle é segunda pessoa na Trindade celestial — composta do Pai, Filho e Espírito Santo — unidos não sòmente na Divindade mas nas providências da redenção. Uma série de breves declarações sôbre a Trindade consta também do Apêndice A, “O Lugar de Cristo na Divindade”, claramente apresentando (1) que Cristo é um com o Eterno Pai — um em natureza, igual em poder e autoridade, Deus no mais alto sentido, eterno e existente por Si mesmo, com vida original, não-emprestada, não-derivada; e (2) que Cristo existiu desde tôda a eternidade, distinto do Pai mas unido a Êle, possuindo a mesma glória e todos os atributos divinos.
Os adventistas do sétimo dia baseiam sua crença na Trindade, nas declarações da Sagrada Escritura mais do que num credo histórico. O segundo artigo das Crenças Fundamentais, é explícito:
“Que a Divindade, ou Trindade Divina, consiste do Eterno Pai, Ser pessoal, espiritual, onipotente, onipresente, onisciente, infinito em sabedoria e amor; do Senhor Jesus Cristo, Filho do Eterno Pai, por quem tôdas as coisas foram criadas e por quem se realizará a salvação dos remidos; do Espírito Santo, terceira pessoa da Divindade, o grande poder regenerador na obra da redenção. S. Mateus 28:19.”
Outra declaração autorizada consta do sumário de crenças doutrinárias, no Certificado de Batismo:
“1. O Deus vivo e verdadeiro, a primeira pessoa da Divindade é nosso Pai celestial, e Êle, por meio de Seu Filho Cristo Jesus criou tôdas as coisas (S. Mat. 28:18 e 19; I Cor. 8:5 e 6; Efés. 3:9; Jer. 10:10-12; Heb. 1:1-3; Atos 17:22-29; Col. 1:16-18).
“2. Jesus Cristo, a segunda pessoa da Divindade, e o eterno Filho de Deus, é o único Salvador, do pecado; e a salvação do homem é pela graça por meio da fe nÊle. (S. Mat. 28:18 e 19; S. João 3:16; Miq. 5.2; S. Mat. 1:21; 2:5 e 6; Atos 4:12; I S. João 5:11 e 12; Efés. 1:9-15; 2:4-8; Rom. 3:23-26.)
“3. O Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, é o representante de Cristo na Terra, e conduz os pecadores ao arrependimento e à obediência a tôdas as reivindicações divinas. (S. Mat. 28:18 e 19; S. João 14:26; 15:26; Rom. 8:1-10; Efés. 4:30.)”
II. Bases Bíblicas Para a Crença na Divindade de Cristo
A divindade de nosso Senhor Jesus Cristo se firma, pelo menos, em sete linhas distintas de evidência, as quais, tomadas em conjunto, estabelecem completamente Sua divindade. Ei-as:
- 1. Reconhecimento do Título “Filho de Deus” Pelo Próprio Cristo. — Enquanto aqui estêve entre os homens, o próprio Cristo reconheceu ser o Filho de Deus. (S. Mat. 27:41-43; S. João 5:23; 9:35-37; 10:36; 17:1). Confirmou o testemunho de outros, de que era o Filho de Deus (S. Mat. 16:15-17; S. João 1:32-34, 48 e 49; 11:27). E inúmeras outras declarações atestam o fato que Êle era o que Se declarava ser: o Filho de Deus (S. Mat. 3:16 e 17; S. João 19:7; 20:30 e 31; Atos 9:20; Rom. 1:1-4; II Cor. 1:19; Heb. 4:14; II S. Ped. 1:16 e 17).
Cristo empregou o título “Filho de Deus” sem a menor reserva, e com a maior liberdade e franqueza. É êste o único título que abrange, de maneira mais explícita, Sua original relação com o Pai.
- 2. Aplicação a Jesus Cristo de Uma Porção de Nomes e Titulos que se Restringem À Divindade. — No Velho Testamento cêrca de 70 nomes e títulos são atribuídos a Jesus Cristo, e no Novo Testamento mais 170. Os que são exclusivamente restritos à Divindade incluem “Deus” (S. João 1:1); “Deus conosco” (S. Mat. 1:23); “o grande Deus” (Tito 2:13); “Deus bendito eternamente” (Rom. 9:5); “Filho de Deus” (40 vêzes); “Filho unigênito” cinco vêzes); “o primeiro e o último” (Apoc. 1:17); “Alfa e ômega” (Apoc. 22:13); “o princípio e o fim” (Apoc. 22:13); “o Santo” (Atos 3:14); “Senhor” (empregado constantemente); “Senhor de todos” (Atos 10:36); “Senhor da glória” (I Cor. 2:8); “Rei da glória” (Sal. 24:8-10); “Maravilhoso” (Isa. 9:6); “Pai da eternidade” (Isa. 9:6); “Palavra de Deus” (Apoc. 19:13); “Verbo” (S. João 1:1); “Emanuel” (S. Mat. 1:23); “Mediador” (I Tim. 2:5); e “Rei dos reis e Se-nhor dos senhores” (Apoc. 19:16).
- 3. Imputação a Cristo de Atributos que Pertencem Exclusivamente à Divindade. — Êstes incluem onipotência (S. Mat. 28:18), onisciência (S. Mat. 9:4), onipresença (S. Mat. 18:20), imutabilidade (Heb. 13:8) — aparecendo também numa porção de outros textos.
- 4. Imputação a Cristo de Funções e Prerrogativas Possuídas e Exercidas Únicamente Pela Divindade. — Estas compreendem a criação do universo (S. João 1:13); preservação do universo (Heb. 1:3); direito e poder de perdoar pecados (S. Mar. 2:5-12); direito e poder de julgar todos os homens (Atos 17:31); autoridade e poder de ressuscitar mortos (S. João 5:28 e 29); de transformar nossos corpos (Fil. 3:21); de conferir a imortalidade (I Cor. 15:52 e 53).
- 5. A Aplicação do “EU SOU” do Velho Testamento a Jesus Cristo no Novo Testamento. — Quando Jesus disse aos judeus: “Antes que Abraão existisse, Eu sou,” (S. João 8:58), Êle estava reclamando divindade, e Seus ouvintes reconheceram as implicações de Suas palavras, pois apanharam “pedras para atirar nÊ-le” — castigo judaico para grandes blasfêmias. Certamente Êle empregara as palavras de Deus no Velho Testamento: “EU SOU O QUE SOU” (Êxo. 3:14), há muito reconhecidas como símbolo da divindade, aplicando-Se a Si mesmo o atributo de existência própria.
- 6. Identificação do Jeová do Velho Testamento Com Jesus no Novo Testamento. — Há uma porção de textos do Velho Testamento que contêm o nome de Jeová, e que foram aplicados a Jesus Cristo pelos escritores do Novo Testamento.
A palavra “Senhor” (Yahweh no Salmo 102: 22), e os versículos correlatos 25-28, são aplicados a Jesus em Heb. 1:10-12. O mesmo nome divino (Yahweh) aparece em Habacuque 2:2 e 3, e é aplicado a Cristo em Heb. 10:37.
Três outras vêzes em que tanto Yahweh como Elohim se aplicam a nosso Senhor, podem se ver nas seguintes passagens: Em Jeremias 31:31 Yahweh é empregado, e é referido como a obra de Cristo em Hebreus, capítulos 8 e 10. A referência a Yahwehem Ageu 2:6 é também messiânica, e aplica-se à obra de Jesus em Heb. 12:26. O nome divino Elohim em Sal. 45:6 e 7 aplica-se ao Filho de Deus em Heb. 1:8 e 9.
- 7. O Nome do Filho Pôsto em Plena Igualdade 2 Com o Pai no Novo Testamento. — Isto aparece na bênção apostólica (II Cor. 13:14); na fórmula batismal (S. Mat. 28:19); e em outros textos em que Seus nomes se acham unidos.
- 8. Jesus Cristo Proclamado Sem Pecado Através de Tôda a Sua Vida Entre os Homens. — Isto estava claramente predito no Velho Testamento (Sal. 45:7; Isa. 53:9; Jer. 23:5; Zac. 9:9). E acha-se expressamente declarado no Novo Testamento — como “o Santo de Deus” (S. Mar. 1:24), “o Santo” (S. Luc. 1:35), “santo filho Jesus” (Atos 4:27), “nenhum mal fêz” (S. Luc. 23:41), “não há nÊle injustiça” (S. João 7:18), “o Santo e o Justo” (Atos 3: 14), “não conheceu pecado” (II Cor. 5:21), “imaculado” (I S. Ped. 1:19), “incontaminado” (I S. Ped. 1:19), “não cometeu pecado” (I S. Ped. 2:22), “separado dos pecadores” (Heb. 7:26).
- 9. Culto Divino e Orações a Jesus, os Quais São Devidos Únicamente a Deus.— Há uma porção de passagens em que Jesus Cristo, como Deus e Criador, sem hesitação aceitou culto que os próprios anjos e homens piedosos, como criaturas, Lhe prestaram com temor e reverência (Apoc. 19:10; Atos 10:25 e 26). A prerrogativa de divindade foi sustentada e afirmada através de tôda a vida de Jesus no Novo Testamento, uma porção de vêzes (S. Mat. 14: 33; 28:9 e 17).
- 10. O Conhecimento de Cristo Quan-to À Sua Pessoa Divina e Sua Missão. — Aos onze anos de idade Êle reconhecia a Deus como Seu Pai (S. Luc. 2:41-52); aos trinta, êste conhecimento de Sua missão divina foi revelado no batismo (S. Mat. 3:13-17); aparece no registo da tentação (S. Mat. 4:1-11); no chamado dos doze e dos setenta; nas reivindicações do sermão do monte (S. Mat. 5 a 7).
- 11. A Convergência das Múltiplas Especificações Proféticas do Velho Testa-mento como Cumpridas em Jesus Cristo, Constitui a Prova Culminante. — Um número avultado de predições separadas, específicas e pormenorizadas apontam com precisão para Êle como Único que deveria vir de Deus (como em Isa. 7:14; 9:6).
A DIVINDADE DE CRISTO E OS MEMBROS DA IGREJA
PERGUNTA 5
Se um Unitariano ou Ariano (que rejeitam a trindade da Divindade, e negam a divindade de Cristo) buscasse ser admitido em vossa igreja, o ministro adventista do sétimo dia o batizaria e o admitiría na coletividade de membros?
É possível a uma pessoa permanecer como membro fiel se recusa sistematicamente submeter-se à autoridade da igreja no que toca à doutrina histórica da divindade de Jesus Cristo?
Embora a primeira pergunta toque aparentemente num problema de elevada importância, é todavia hipotética — pela simples razão de que um Unitariano ou Ariano confesso não procura ser membro de uma igreja confessadamente Trinitariana, quando sustenta ainda suas velhas idéias quanto à Divindade. Uma enquête entre muitos ministros de muita experiência ligados à direção de nossa obra denominacional revelará que nenhum pastor dêste grande grupo religioso jamais recebeu uma tal solicitação.
Os ministros adventistas são solicitados a instruírem rigorosamente todos os candidatos a mem-bro da igreja que se preparam para o batismo. Êste período de instrução prossegue geralmente por alguns meses. Se o candidato persiste em manter opiniões errôneas concernentes a nosso Senhor e Salvador, Aquêle que unicamente pode salvar o pecador, então sòmente um caminho pode ser tomado: o pretendente terá que ouvir com franqueza que está totalmente despreparado para o batismo, e não poderá ser recebido como membro de nossa irmandade. Será aconselhado a estudar mais até que compreenda e aceite plenamente a divindade de Jesus Cristo e Seu poder redentor. Não podemos permitir que se torne membro quem nega o que cremos, e creia o que negamos, porque jamais poderemos coexistir em harmonia. Contendas e desintegração serão o resultado.
Além disso, a Igreja Adventista do Sétimo Dia adota um Certificado de Batismo uniforme, de 4 páginas que é dado ao candidato por ocasião do seu batismo. Nas páginas 3 e 4 aparece um “Sumário das Crenças Doutrinárias dos Adventistas do Sétimo Dia.” Seguindo ao artigo 1, que trata da Trindade, o segundo artigo declara:
“2. Jesus Cristo, a segunda pessoa da Divindade, e o eterno Filho de Deus, é o único Salvador, do pecado; e a salvação do homem é pela graça por meio da fe nÊle. (S. Mat. 28:18 e 19; S. João 3:16; Miq. 5:2; S. Mat. 1:21; 2:5 e 6; Atos 4:12; I S. João 5:11 e 12; Efés. 1:9-15; 2:4-8; Rom. 3:23-26.)
A seguir, na página 4, se encontra o “Voto Batismal” do candidato, com treze precisas declarações a serem feitas afirmativamente antes de ministrado o batismo, sendo após assinado e datado o certificado. A primeira destas declarações refere-se à nossa crença em Deus o Pai, Deus o Filho e ao Espírito Santo. A seguinte, na lista de perguntas a serem respondidas, diz assim:
“2. Aceitai a morte de Jesus Cristo no Calvário como sacrifício pelos pecados dos homens, e crede que pela fé em Seu sangue derramado os homens são salvos do pecado e sua penalidade?”
Êste é o procedimento preparatório para o batismo na fé adventista. Que êste Certificado de Batismo é autorizado, e de uso constante na igreja, é manifesto pela sua inclusão em nosso oficial Manual da Igreja. Quer nos parecer, portanto, que há muito menos probabilidades de alguém que mantenha posição ariana ou unitariana entrar na Igreja Adventista do que em outra comunhão protestante.
A segunda pergunta, como a primeira, é em grande parte hipotética. Nossa posição pode ser vista nas instruções oficiais para a Igreja Adventista do Sétimo Dia, o Manual da Igreja, que abrange os deveres, responsabilidades e procedimento nas relações eclesiásticas. Êste livro foi aprovado e editado pela Associação Geral em sessão regular. Com relação à autoridade e responsabilidade da igreja nestes assuntos, lemos às páginas 218 e 219:
“O Redentor do mundo investiu Sua igreja de muito poder. Êle expõe as regras que devem ser aplicadas em casos de julgamento de seus membros. . . . Deus mantém Seu povo, como um corpo, responsável pelos pecados que existam em seus membros. Se os dirigentes da igreja descuidam a obra de buscar diligentemente até descobrir os pecados que atraem o desagrado divino sôbre o corpo, vêm a ser responsáveis por êsses pecados. . . . Caso haja erros claros entre Seu povo, e os servos de Deus passam adiante, indiferentes a isso, estão por assim dizer apoiando e justificando o pecador, e são igualmente culpados, incorrendo tão certo como êle no desagrado de Deus; pois serão tidos como responsáveis pelos pecados do culpado.”
À página 224, sob o título “Razões Para a Disciplina dos Membros”, encontram-se capitulados sete motivos definidos, que podem ser base para a exclusão de membro. Diz o primeiro:
“1. Negação da fé nos fundamentos do Evangelho e nas doutrinas básicas da igreja, ou o ensino de doutrinas a elas contrárias.”
Êstes “fundamentos do Evangelho”, ou “crenças fundamentais,” vinte e um ao todo, se encontram às páginas 29-36 do Manual da Igreja. O segundo e terceiro dêstes fundamentos tratam da doutrina de Deus, realçando nossa crença na Trindade, na onipotência, onisciência e eterna existência do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Citamos:
“2. Que a Divindade, ou Trindade Divina, consiste do Eterno Pai, Ser pessoal, espiritual, onipotente, onipresente, onisciente, infinito em sabedoria e amor; do Senhor Jesus Cristo, Filho do Eterno Pai, por quem tôdas as coisas foram criadas e por quem se realizará a salvação dos remidos; do Espirito Santo, terceira pessoa da Divindade, o grande poder regenerador na obra da redenção. (S. Mat. 28:19.)
“3. Que Jesus Cristo é verdadeiro Deus, sendo da mesma natureza e essência que o Eterno Pai. Conservando Sua natureza divina, tomou sôbre Si a natureza da família humana, vivendo na Terra como homem; exemplificou em Sua vida, como nosso modelo, os princípios da justiça; testificou Sua filiação divina por muitos poderosos milagres; morreu na cruz por nossos pecados; foi ressuscitado dos mortos; e ascendeu para junto do Pai, onde vive para sempre para fazer intercessão por nós. (S. João 1:1 e 14; Heb. 2:9-18; 8:1 e 2; 4:14-16 e 7:25.)
A quarta destas “crenças fundamentais” realça a natureza de nossa salvação:
“4. Que tôda pessoa, para obter salvação, tem de experimentar o novo nascimento; que isso compreende a inteira transformação da vida e do caráter pelo poder recriador de Deus mediante a fé no Senhor Jesus Cristo. CS. João 3:16; S. Mat. 18:3; Atos 2:37-39.)
A salvação, portanto, vem unicamente pela “fé no Senhor Jesus Cristo.” Quem se recusa a reconhecer a divindade de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo não pode, por conseguinte, compreender nem experimentar êsse poder recriador em sua plenitude. Não apenas está desqualificado para ser membro devido a própria descrença, mas na realidade está fora do corpo místico de Cristo: a igreja. E nada mais resta à igreja fazer senão reconhecer esta separação devida à descrença, e agir em harmonia com as instruções constantes, do Manual da Igreja. O motivo n°. 5 apresentado para exclusão de membro, diz:
“Persistente negativa quanto a reconhecer as autoridades da igreja devidamente constituídas, ou por não querer submeter-se à ordem e à disciplina da igreja.”
Embora se reconheça a autoridade da igreja em agir num caso dêste, a exclusão de membro jamais se deve processar com açodamento, mas sòmente depois de muito conselho, oração e esfôrço no sentido de recuperar o faltoso. Em geral, na realidade, a pessoa que perde a fé nos fundamentos do Evangelho se encontra de tal maneira em desarmonia com seus irmãos que se afasta voluntariamente, ou sua conduta é tal que a igreja precisa tomar medidas.
A doutrina histórica da divindade de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é crença cardial da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
A Base Histórica de Um Mal-Entendido
Os adventistas do sétimo dia têm sido freqüentemente mal-entendidos quanto à sua crença relativa à divindade de Cristo e à natureza da Divindade. As razões dêsse mal-entendido residem, em certo modo, em matéria de definição e fundo histórico.
No movimento inter-denominacional milerita ao qual pertenceram os adventistas do sétimo dia, havia alguns dirigentes que eram membros da denominação conhecida como “cristãos.” Êste grupo proclamava não possuir credo algum, mas valer-se exclusivamente da Bíblia, reeditando a revolta arminiana do princípio do século dezenove contra o calvinismo eclesiástico-político dominante na Nova Inglaterra, e no qual o assentimento à Confissão de Westminster era fator sine que non. No seu zêlo de rejeitar tudo que não estivesse na Bíblia, os “cristãos” foram traídos pela excessiva literalidade na interpretação da Divindade em têrmos de relações humanas sugeridas pelas palavras “Filho,” “Pai” e “unigênito,” ou seja, para uma tendência de desacreditar a palavra não-bíblica “Trindade” e sustentar que o Filho devia ter tido um princípio no passado remoto. (Contudo, êste povo, a despeito de ser chamado Ariano, achavam-se no pólo oposto aos arianos liberais e humanísticos que se tornaram Unitarianos, e cujas opiniões sôbre Cristo O representavam como mero homem.)
Alguns dêstes “cristãos”, confiados na Bíblia como seu guia e fazedora de caráter cristão, mais do que na crença que unicamente revela o membro da igreja, inclinaram-se a ouvir com simpatia a pregação revivalista de Guilherme Miller e acolheram bem os mileritas quando outras igrejas lhes fechavam as portas. Contudo, no movimento milerita a especulação sôbre a natureza da Divindade não desempenhou parte importante.
Os primeiros adventistas do sétimo dia haviam sido mileritas, provindos de várias denominações, e entre êles havia dois pregadores “cristãos” e possivelmente também alguns membros leigos. A proporção dêles em nossa primitiva coletividade religiosa é desconhecida, e seus parcos descendentes não influíram no pensamento de nossos membros, nem a compreensão que tinham da Divindade se tornou parte de nossa mensagem essencial para o mundo. Hoje provàvelmente uma ínfima parte de nossos membros talvez tenha apenas ouvido de alguma controvérsia quanto a Cristo ter tido um princípio nas épocas imensuráveis do passado. E mesmo os pouquíssimos denominados “arianos” que estiveram entre nós — embora errados em sua teologia especulativa em tôrno da natureza das relações da Divindade — foram como seus mais ortodoxos irmãos livres de qualquer pensamento de diminuir a glória e soberania de Jesus como Criador, Redentor, Salvador e Advogado.
Nosso povo sempre creu na divindade e preexistência de Cristo, a maioria dêles certamente ignorando qualquer discrepância quanto às exatas relações da Divindade. Tampouco nossa pregação pública discutiu a Cristologia, porém pôs ênfase na mensagem distintiva da volta do Senhor. Temos, contudo, declarações de Ellen G. White, de pelo menos 1870 e 1880, sôbre a divindade de Cristo, e Sua unidade e igualdade com Deus; e a partir de 1890 expressava-se ela com crescente freqüência e firmeza, no intuito de corrigir opiniões erradas mantidas por alguns — como a noção literal de que Cristo como “unigênito” Filho tivera, em épocas remotas do passado, um princípio.
Por que, desde o princípio, não se expressou com mais energia? Sem dúvida, pela razão de que aconselhava contra a busca de controvérsia teológica com irmãos respeitáveis embora errados — tendo em vista a unidade nos principais aspectos da mensagem do iminente retôrno de Cristo, à qual todos se sentiam chamados por Deus para proclamá-la ao mundo. Sua advertência era, em suma: Não importa quão certo estais, não agiteis o assunto no tempo presente porque causará desunião.
Muito possivelmente nossa tolerância em face de poucas teorias variáveis não foi um preço excessivamente elevado pago para nos livrar de dogmatismos de credos e controvérsias, e manter a unidade de espírito e esfôrço em nossa tarefa mundial.