Durante a última guerra mundial, dirigentes militares tornaram-se cientes do fato de que, ao serem os soldados enviados individualmente ao campo inimigo a fim de averiguar pontos por onde o exército pudesse romper, a maioria dêles não cumpria a missão como se esperava. Aproximando-se sozinhos do campo inimigo, geralmente se tornavam receosos e desanimados, e procuravam mesmo ocultar-se. Dessa forma, os dirigentes nem sempre obtinham a informação que necessitavam para uma campanha de êxito.
Descobriram, contudo, que alguns homens, trabalhando em grupo, demonstravam coragem, tinham o moral elevado ao ponto de se tornarem heróis. Desde então, não mais se enviaram soldados sozinhos em missão es-pecialmente perigosa; eram sempre enviados em equipe.
Satanás Contra o Evangelismo
Ao entrar em contacto com almas para ganhá-las, o obreiro precisa sempre ter em mente que o evangelismo é um empreedimento de guerra contra Satanás, o qual com subtilezas e determinação mantém cada alma em seu poder o mais possível. Neste conflito, êle não combate só; tem a seu comando companhias e legiões de anjos caídos.
“Espíritos maus … acham-se coligados para a desonra de Deus e destruição dos homens. .. . No exército romano, a legião compunha-se de três a cinco mil homens. As hostes de Satanás são também arregimentadas em companhias, e a simples companhia a que pertenciam êsses demônios contava não menos que uma legião.” — O Conflito dos Séculos, págs. 555 e 556.
“Satanás conjuga tôdas as fôrças, e arremessa ao combate todo o seu poder. … Pouca inimizade há contra Satanás e suas obras, porque há tão grande ignorância a respeito de seu poder e maldade, e da grande extensão de sua luta contra Cristo e Sua igreja. Multidões estão iludidas neste ponto. Não sabem que seu inimigo é um poderoso general, que domina a mente dos anjos maus, e que com planos bem elaborados e hábeis artifícios, está a guerrear contra Cristo para impedir a salvação das almas. Entre os professos cristãos, e mesmo entre os ministros do evangelho, raramente se ouve uma referência a Satanás, exceto talvez uma menção ocasional, do púlpito.” — Idem, págs. 549 e 550.
O evangelismo — conflito com Satanás e suas legiões que buscam a alma dos homens — sòmente pode ser vitorioso por meio da direção poderosa do Espírito Santo e da completa assistência dos santos anjos, enquanto seguirmos os planos de Cristo.
Os Métodos de Cristo no Evangelismo
Cidades e Vilas
Ao comissionar os discípulos para irem e pregarem as boas novas, Cristo empregou um método que deveria ser lição objetiva para o ministério desde os Seus dias até ao tempo de Seu glorioso aparecimento.
“Chamando os doze para o pé de Si, Jesus ordenou-lhes que fôssem de dois em dois pelas cidades e aldeias. Nenhum foi mandado sòzinho, mas irmão em companhia de irmão, amigo ao lado de amigo. … Da mesma maneira, enviou Êle Posteriormente os setenta. Era o desígnio do Salvador que os mensageiros do evangelho assim se associassem. Teria muito mais êxito a obra evangélica em nossos dias, fôsse êsse exemplo mais estritamente seguido.” — Evangelism, pág. 72.
Eis outra declaração pertinente ao assunto:
“Nunca foi o propósito de Deus que, como regra, Seus servos saíssem sozinhos ao campo de trabalho.” — Idem, pág. 73.
Além disso, sabia a serva do Senhor do falso raciocínio que seria empregado como desculpa para não seguir êste plano em nosso tempo:
“Por que é que nos afastámos do método de trabalho que foi instituído pelo grande Mestre? Por que é que os obreiros em Sua causa não são hoje enviados de dois em dois? ‘Oh!’ dizeis, ‘não temos obreiros suficientes para atender ao campo.’ Então ocupai menos território.” — Idem, pág. 74.
Não seria bom que meditássemos cuidadosamente e orássemos sôbre esta inspirada declaração? A adesão dos obreiros evangélicos que trabalham nas cidades e aldeias a êste conselho fortalecerá a obra do Senhor em to-dos os ramos de atividade.
Regiões Metropolitanas
O seguinte conselho foi dado por Ellen G. White:
“Não menos de sete homens devem ser escolhidos, para que assumam as grandes responsabilidades da obra de Deus nas cidades populosas.” — Idem, pág. 37.
“Minha mensagem é: ‘Organizem-se grupos para evangelizarem as cidades.’ … Em tôda grande cidade deve haver um grupo organizado de obreiros bem disciplinados. Não sòmente um, nem dois, mas dezenas devem ser enviados a trabalhar.” — Idem, pág. 96.
“Cada companhia de obreiros deve estar sob a direção de um dirigente competente. … Êste trabalho sistemático, conduzido sàbiamente, produzirá resultados abençoados.” — Medicai Ministry, pág. 301.
“Deverá haver companhias organizadas e perfeitamente adestradas para trabalharem como enfermeiros, evangelistas, ministros, colportores, estudantes do evangelho, a fim de aperfeiçoar um caráter de acôrdo com a semelhança divina.” — Test, for the Church, Vol. 9, págs. 171 e 172.
Os Métodos de Trabalho de Paulo
Quando estudamos os Atos dos Apóstolos e todos os escritos de Paulo no Novo Testamento, bem como o livro Atos dos Apóstolos de Ellen G. White, descobrimos que o apóstolo Paulo, quando estêve em Corinto, teve mais de dez colaboradores auxiliando-o a despertar multidões de crentes, naquela cidade rica e maldosa. Paulo trabalhou lá durante aproximadamente três anos, sempre em har-monia com os planos que lhe foram dados pelo Senhor; daí seu êxito em levantar tantas igrejas por todo o grande império romano.
Razões Para o Trabalho em Equipe na Proclamação do Evangelho
Em cada grande cidade há tôda a espécie de pessoas; ricas e pobres, importantes e humildes, cultas e iletradas, perfilhando diferentes crenças religiosas e filosofias de vida. Alguns dêstes homens e mulheres, de diferente formação social, acham-se inclinadas para a ciência e apreciam o processo do raciocínio analítico mesmo no campo da religião. Por outro lado, há muitos que não querem pensar, ou não sabem como pensar, e tôda mensagem deve ser-lhes apresentada em forma digerida. Muitos não são contrários à religião, porém são indiferentes a ela, embora haja os que se orgulham de ser ateus ou agnósticos. Há também a juventude com suas próprias aspirações e idéias de vida. O evangelho deve tornar-se atrativo a todos, e isto exige espécies diferentes de obreiros para ser realizado. Muitas pessoas que não correspondem à voz e ao método de um homem, alegremente ouvirão e aceitarão a mensagem através de outro obreiro cuja personalidade lhes impressiona. Portanto um obreiro de cidade, para ter êxito e resultado, precisa de uma equipe de obreiros, cada qual com talentos diferentes.
Boa Liderança em Regiões Metropolitanas
Um dirigente deve ser bom general e seus colaboradores, bem disciplinados e organizados. Deve haver planos bem elaborados, claramente entendidos por todos de modo que o trabalho possa ser feito com fervor, solicitude e exatidão. A boa liderança proporciona tempo para reuniões de oração entre os obreiros. Isto sempre redunda em maiores realizações para o Senhor. Também propicia oportunidades para troca de experiências, e assim os obreiros aprendem uns dos outros a ciência de ganhar almas. Deve-se dar tempo para considerar problemas difíceis, e da multidão de conselheiros surgirá a solução que ganhará a vitória mesmo nos casos mais probantes e sem esperança. À medida que os obreiros testemunham um ao outro como o Senhor cura os doentes e opera milagres, e como as pessoas tomam decisão e aceitam o evangelho, um fogo inflama a equipe, um fogo que não pode apagar-se. Seguir-se-ão surpreendentes resultados em batismos.
Outros Exemplos de Trabalho em Equipe
Há algumas semanas, dois jovens de trato, bem vestidos e de atitudes amistosas, vieram à nossa casa. Queriam persuadir-nos a comprar determinado tipo de vidraça à prova de tempestade. Enquanto um explicava, o outro demonstrava. Um se concentrava em minha espôsa, e o outro procurava ganhar minha confiança. Eram eficientes e convincentes em seus esforços para nos vender seus artigos.
Disse a mim mesmo: “Eis uma demonstração que o departamento de vendas da companhia compreende que promove mais vendas, enviando homens de dois em dois em vez de sozinhos, porque se um falha numa idéia, o outro lá está para compensar; a qualidade de caráter que falta num, pode-se encontrar no outro.” E pensei: “Por que não seguimos êste plano mais estritamente e têrmos nossos obreiros trabalhando juntos em equipe, de dois em dois nas cidades e vilas, e em grupos nos grandes centros?” Devem estar bem organizados sob a direção de um competente e consagrado homem de Deus. Nesta época de especialização, nesta época de organização, nesta época em que o inimigo de tôda a verdade trabalha mais duro e mais subtil do que nunca na mente das pessoas para levá-las a rejeitar o evangelho de salvação e a doutrina da segunda vinda de nosso Senhor, não devíamos adotar um método que seja mais viável, que produza maiores resultados, que apresse o dia da vinda do Senhor?
Testemunhamos o valor do trabalho em equipe em nossas campanhas da Recolta. Quando duas pessoas entrevistam um gerente de banco ou influente comerciante, é-lhe mais difícil recusar fazer o donativo. Descobriu-se também que, ao ser dado o donativo anterior-mente a uma pessoa, e da próxima vez o apêlo é feito por duas pessoas, o donativo foi dobrado.
O Senhor concedeu graciosamente ao evangelista Fordyce Detamore e outros que trabalham do mesmo modo, êxitos notáveis. Temos certeza de que isto se deve ao fato de que sua eficiência tem sido multiplicada por trabalharem em equipe. Que faria Billy Graham sem G. Beverly Shea, Cliff Barrows e sua legião de auxiliares?
No ministério de ganhar almas hoje Deus quer que Sua igreja siga mais de perto o sistema de trabalho em equipe demonstrado de modo tão prático por Paulo, e repetido sempre nos inapreciáveis tesouros de conselho da serva do Senhor. Êle ajudará a eliminar a indiferença e promoverá o derramamento da chuva serôdia. Lembrai-vos, irmãos, o evangelismo é uma guerra contra o maligno. Realizemos, com êxito, a obra de um evangelista.