“Ùnicamente o trabalho realizado com muita oração … demonstrar-se-á afinal haver sido eficaz.” — O Desejado de Tôdas as Nações, pág. 269. Em nenhum outro trabalho isto é tão exato do que no de ganhar homens e mulheres para Jesus Cristo. É unicamente mediante a graça divina que pode ocorrer o milagre do novo nascimento. Nenhum obreiro que trabalha pelas almas pode esperar resultados permanentes a menos que, por meio da oração, se apodere do poder divino. O próprio Cristo, de Si mesmo, nada podia fazer.
“O fator humano mais importante no evangelismo eficaz é a ORAÇÃO. … Tem havido grandes avivamentos sem muita oração, e tem havido grandes despertamentos sem organização absolutamente nenhuma, porém jamais tem havido um verdadeiro reavivamento sem muita oração,” diz R. A. Torrey em “O Lugar da Oração no Evangelismo.” — Fundamentais, Vol. 12, pág. 97.
Foi a muita oração que determinou as três mil decisões no dia de Pentecostes. A oração foi responsável pelo êxito de Paulo como ganhador de almas. Disse êle: “Incessantemente faço menção de vós em minhas orações” (Rom. 1:9).
O grande despertamento ocorrido pela influência de Jônatas Edwards, no século dezoito, teve início com seu “Chamado à Oração.” Foram aquelas reuniões de oração junto das medas de feno que levaram Adonirão Judson à Birmânia como tocha inflamada. Em seus reavivamentos em Nova York, onde se menciona que 100.000 pessoas se uniram à igreja, o próprio Carlos Finney atribuía seu êxito a seus associados na oração e ao espírito de oração que acompanhava suas reuniões. Mais recentemente Billy Graham admitiu o êxito a todo o esfôrço de Nova York em orar. “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo”, sim muito pode hoje na obra da conquista de almas, onde a fôrça humana pode tão pouco.
Se, no serviço do santuário, os sacerdotes cumpriam seus solenes deveres no meio de uma nuvem de incenso, quanto muito mais importante é para o ministro fazer seu trabalho para Deus numa atmosfera de oração. Contudo, muitos se mantêm tão ocupados com as atividades da igreja e outras boas obras que há o perigo de sua vida de oração ser negligenciada e sua alma perdida.
Referências Bíblicas à Oração
As Escrituras estão repletas de exemplos de oração e sua eficácia no ganho de almas. Eis uma breve relação destas experiências:
Gên. 18:23-33 Abraão orou pelo livramento de Ló em Sodoma.
Êxo. 32:31-33 Moisés orou pela salvação do povo depois do acontecimento do bezerro de ouro.
Jó 42:10 Jó orou pelos seus amigos.
I Reis 18 Elias orou pela restauração do culto ao verdadeiro Deus.
II Crôn. 7:14 Deus prometeu perdoar pecados e sarar a terra em resposta à oração.
S. Luc. 3:21 e 22 Jesus orou, por ocasião de Seu batismo, e o Espírito Santo O ungiu.
S. Luc. 6:12 e 13 Jesus orou antes de escolher Seus discípulos.
S. Mat. 14:23 Jesus orou pela Sua congregação.
S. Luc. 5:15 e 16 Jesus Se retirou das multidões para orar.
S. Luc. 22:31 e 32 Cristo orou em favor de Pedro, para que sua fé não desfalecesse.
S João 14:16 Jesus orou para que outro Consolador ajudasse Seus seguidores.
S João 17 Jesus orou pelos seguidores até o fim do tempo.
S. Mat. 26:36 Jesus orou por Si mesmo no Getsêmani antes de fazer o sacrifício pela salvação do mundo.
S. Luc. 23:42 A oração simples do ladrão na cruz redundou em sua salvação.
Atos 1:14 Os discípulos permaneceram firmes em oração antes de receberem o Espírito Santo.
Atos 2:42 A igreja primitiva tinha grupos que oravam diàriamente nos lares.
Atos 3:1-8 Pedro e João foram ao templo na hora da oração, e o coxo foi curado.
Atos 9:11-18 Paulo orou e sua vista foi restaurada.
Atos 12:5 A igreja orou pelo seu mais vigoroso pregador.
Atos 16:25-33 Paulo e Silas oraram na prisão e o carcereiro se converteu.
I Tim. 2:1 Paulo disse que devemos orar por todos os homens.
Três valiosos passos que qualquer pregador pode dar para garantir o poder do Espírito Santo sôbre o culto são apresentados por F. D. Whitesell na seguinte passagem:
“Primeiro, pode levantar-se bem cedo no domingo para orar, pelo menos, uma hora em favor de suas mensagens e pelo trabalho do dia. Pode orar pedindo poder divino e a unção do Espírito enquanto prega, pela união do coração e vontade do povo, pela derrota de Satanás, e pela salvação de almas e edificação dos santos. Segundo, pode reunir-se com os diáconos num círculo de oração de quinze ou mais minutos antes do início do culto. Terceiro, pode ensinar todo o povo a orar por êle enquanto prega. Podem êles elevá-lo por meio da oração e devem ser ensinados que é da responsabilidade dêles assim fazer.” — The Art of Biblical Preaching, pág. 87.
Os Motivos da Oração
O maior objetivo na oração é a salvação eterna de alguma alma. É básico para oração o conceito do valor da salvação de uma alma, e que significa alguém da congregação perder-se. São estas as questões em jôgo em tomar-se decisões. O ministro, considerando estas profundas alternativas, não pode dei-xar de prostar-se em oração.
“Quem pode calcular o valor de uma alma? Se quiserdes conhecê-lo, ide ao Getsêmani, e vigiai lá com Cristo durante aquelas horas de angústia, quando suava grandes gôtas de sangue. Contemplai o Salvador crucificado! Ouvi o brado de desespêro: ‘Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?’ S. Mar. 15:34. Vêde a fronte ferida, o lado traspassado, os pés perfurados! Lembrai que Cristo tudo arriscou! Para a nossa redenção o próprio Céu estêve em jôgo. Recordando ao pé da cruz que Cristo teria dado Sua vida por um único pecador, podeis apreciar o valor de uma alma.” — Parábolas de Jesus, pág. 196.
Com uma decisão de tal importância a ser feita, é imperativo que o apêlo seja apresentado no espírito de Cristo. Deve o ministro sentir, tão profundamente como pode um mortal, a solene responsabilidade que sôbre si repousa de ser embaixador de Cristo “como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois rogamos que vos reconcilieis com Deus” (II Cor. 5:20). Deus apela aos homens através de outros homens. O ministro deve exortá-los com todo o fervor do Salvador. Tais apelos não podem ser feitos sem serem precedidos de oração fervorosa.
O Apêlo do Ministro
Compreendemos que o coração do pregador tem que estar preparado antes que possa fazer o apêlo. Não nos esqueçamos, porém, de orar para que o coração dos ouvintes possa também estar preparado para corresponder ao apêlo. A congregação deve sentir que não se trata precisamente de um homem falando aos homens, mas de Deus falando por meio de lábios humanos, convidando-os a escolher a vida eterna em lugar da destruição. O destino dêles está na balança. Devem decidir a favor ou contra o Senhor. Fazer um apêlo desta espécie em lugar de Cristo constitui um êxito — mesmo que ninguém corresponda na ocasião.
Na atmosfera da oração o pastor pode falar livremente, sem compulsão, porque detrás do apêlo está a autoridade do Senhor Jesus Cristo. É Êle Aquêle que os indecisos agora enfrentam. A Êle terão que responder.
A Oração Ajuda o Povo a Decidir-se
Perdemos decisões por Cristo por falta de oração? Jesus orou pela conversão de Pedro (S. Luc. 22:31 e 32). Realmente, a oração foi um apêlo. Quão confiante estava o Senhor de que seria atendido, que Pedro dissesse “Sim”. O apêlo e o impulso positivo que sacudiu a Pedro jamais foram esquecidos.
Em relação aos “que estão mortos em delitos e pecados,” Ellen G. White diz: “Que vossas orações fervorosas lhes toquem os corações, e os conduzam em arreepndimento ao Salvador.” — Evangelism, pág. 22. O orar com as pessoas freqüentemente exerce o efeito de amaciar corações duros; transpõe obstáculos; suplanta preconceitos. A serva do Senhor conclui:
“Quando vos encontrardes com aquêles que, como Natanael, têm preconceitos contra a verdade, insistis com demasiado vigor em vossos pontos-de-vista peculiares. Falai-lhes de início sôbre assuntos com os quais possais concordar. Inclinai com êles em oração, e em fé humilde apresentai vossas petições ao trono da graça. Tanto vós como êles podereis chegar a uma ligação mais íntima com o Céu, o preconceito será enfraquecido, e será mais fácil alcançar o coração.” — Em “Praticai Addres-ses” (1885), Historical Sketches, pág. 149. (Grifos supridos.)
Êste método aplica-se tanto a grandes grupos como a contactos individuais. A oração muda as coisas. A oração muda as pessoas. Elimina objeções e provê fôrças para se tomarem decisões. “Não é o bastante orar pelos homens; precisamos orar com êles e para êles.” — Evangelism, pág. 641.
A mesma escritora diz em Carta 77, 1895:
“Orai com estas almas, levando-as pela fé, ao pé da cruz; elevai sua mente com a vossa, e fixai o olhar da fé, donde estais, para Jesus, o Portador do pecado. Fazei-as abandonar o pobre eu e achegarem-se ao Salvador, e a vitória está ganha.” — Evangelism, pág. 299.
Jesus orou diante da multidão (S. Mat. 14:19). Alguma impressão da eternidade se fêz enquanto trazia o povo em contacto com Deus através de Suas palavras. Na cruz, Jesus não pregou. Orou: “Pai, perdoa-lhes” (S. Luc. 23:34). Não podemos avaliar os resultados, mas o ladrão correspondeu e disse: “Senhor, lembra-te de mim” (verso 42), e o centurião expressou sua convicção dizendo: “Verdadeiramente êste homem era justo” (verso 47).
O Pentecostes e a queda da chuva temporã foram resultado de muita oração. A chuva serôdia virá sòmente como resultado de uma experiência de oração pentecostal na vida e no ministério dos apóstolos de hoje. Que estamos fazendo para isto, irmãos? Oremos sem cessar para que, ao trabalharmos para Deus, o coração dos homens e mulheres sejam convencidos e convertidos e dessa forma a vinda de Jesus seja apressada. Então todos podemos ir ao lar com Êle e reinar com Êle por tôda a eternidade.