Referindo-se aos escritos de Paulo, o apóstolo Pedro disse que eles “contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles” (2Pe 3:16). Para muitos estudantes da Bíblia, algumas dessas coisas um tanto obscuras nas cartas paulinas estão contidas nos capítulos 9-11 da epístola aos romanos, cujo ponto culminante é a parábola da oliveira (Rm 11:13-24). Depois de usar uma série de argumentos para demonstrar que Deus não rejeitara Israel, e que no plano divino havia um futuro alvissareiro para o povo eleito, Paulo exclama: “Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos!” (Rm 11:33, NVI). Essa afirmação parece muito sugestiva no sentido de que, conforme um teólogo, “toda tentativa de elucidar o texto deve ser feita com reverência e humildade”.
Apesar disso, dentro da moldura do conceito dispensacionalista de interpretação profética, proliferam especulações desprovidas de sólido fundamento e que resultam em sérias distorções da verdade bíblica. Para os adeptos do dispensacionalismo, Israel, como nação política, ainda permanece como povo escolhido de Deus, conservando privilégios especiais e tendo lugar destacado nas profecias bíblicas. Tim LaHaye chegou a afirmar o seguinte: “Chamo a reuniões dos cinco milhões de judeus que regressaram à Terra Santa e o fato de constituírem uma nação em nossa geração [1948] de ‘o sinal infalível’ da chegada do fim dos tempos” (citado em Ninguém Será Deixado Para Trás, CPB, p. 57). É certo que isso não está em harmonia com a evidência bíblica.
Por outro lado, diz Paulo, “Deus não rejeitou o Seu povo, o qual de antemão conheceu”, citando a si mesmo como exemplo desse fato e ilustrando-o com a experiência de Elias, no Antigo Testamento (Rm 11:1-4). Com base na aceitação de Jesus Cristo, o Messias ungido, como Salvador, a salvação graciosamente oferecida por Ele está franqueada a pessoas de todas as etnias. Nesse sentido e cumprida essa condição, “não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus” (Gl 3:28, NVI).
Por isso, somos lembrados de que “há judeus por toda parte, e a eles deve ser levada a luz da verdade presente. Há entre eles muitos que virão para a luz, e que proclamarão a imutabilidade da lei de Deus com admirável poder…
“As Escrituras do Antigo Testamento, em conjunto com as do Novo, serão para eles como o alvorecer de uma nova criação, ou como a ressurreição da alma… Cristo será reconhecido como o Salvador do mundo, ao ver-se quão claramente o Novo Testamento explica o Antigo. Muitos dos judeus hão de, pela fé, aceitar a Cristo como seu Redentor” (Ellen G. White, Evangelismo, p. 578,579).
Zinaldo A. Santos