[Comprazemo-nos em dar a conhecer aos leitores alguns dos temas tratados pela Junta Consultiva da Associação Ministerial da Associação Geral, em sua reunião preparatória do Congresso Mundial realizado no mês de junho do ano passado em Cleveland, EE. UU. Em resultado dos temas debatidos nesta importante comissão, composta de mais de mil membros, surgiram algumas resoluções que a seguir foram apresentadas ao Congresso em plenário e também à Comissão de Planos. Esperamos que os temas que seguem constituam fonte de inspiração para os nossos ministros. — A Associação Ministerial.]

Presidente em Exercício: D. R. Rees

Pessoal do Simpósio:

Apresentação — 

A. C. Fearing Moderador  R. H. Nightingale 

W. J. Cannon     B. J. Mondics

J. F. Coltheart    R. H. Pierson

D. S. Harris      A. H. Roth

L. C. Kleuser     W. M. Starks

G. D. King        I. L. Tucker

D. R. Rees: “É ainda atualizado o método de Paulo, segundo disse, de declarar a Palavra de Deus pùblicamente e de casa em casa? Desejo que penseis nesta declaração à medida que proseguirmos com o simpósio: ‘Como se pode levar a efeito a obra da mensagem do terceiro anjo? Em grande parte deve ser realizada pelo esfôrço individual perseverante; visitando o povo em seus lares’. — Ellen G. White em Historical Sketches, pág. 150.

“E agora, com isto em mente, folgamos em que André Fearing profira o discurso de orientação geral, iniciando o debate da mesa redonda, que se seguirá”.

André C. Fearing: “Estou certo de que nenhum de nós que participamos desta mesa redonda tenha a mais leve intenção de depreciar o poder da pregação pública, sua grandeza e valor no programa de conquistar almas. Não obstante, nosso Mestre, em Seu trato com a humanidade, ensinou-nos, de modo categórico o poder e êxito do contato pessoal. Há alguns anos atrás grandes casas comerciais atacadistas passavam por uma quadra de dificuldades financeiras. Demitiram os viajantes-vendedores. Nos primeiros seis meses, os negócios iam tão escassamente que tiveram que fazer os vendedores retornar em viagens para apertarem as mãos dos inúmeros lojistas. O contato pessoal era necessário. Perceberam que era vital nos seus negócios. Os políticos, embora façam uso do rádio e da televisão para atingir grandes auditórios, sentem ainda a necessidade de descerem para apertar as mãos do povo, para conquistar sua amizade, sua admiração e seu apoio.

“Recentemente pessoas abandonavam a igreja precisamente sob a minha pregação evangelística e pastoral, e vos asseguro, que eu pregava tão conscienciosa e sinceramente como o Espírito Santo me capacitava a fazê-lo. Contudo, uma visita ao lar de uma dessas pessoas trazia o homem ou tôda sua família de volta ao aprisco. Podia sentar em minha sala, e dizer: ‘O homem sabe onde estou. Êle tem problemas. Êle sabe que sou um homem à disposição e que posso ajudá-lo. Que venha a mim’. Enquanto alguns podiam vir ao meu escritório, a média dos homens não o podia fazer. O ouvir com simpatia constitui o ministério da mais elevada ordem.

“O pastor, na história contada por Cristo, podia ter permanecido no vão da porta, soado ou soprado a buzina, pensando: ‘Certamente o cordeiro ao longe, que compreende os momentos árduos por que está passando, retornará ao aprisco. Quando vier, de boa vontade abrir-lhe-ei a porta’. Não foi, porém, desta maneira que o pastor agiu. Com um coração solícito, deixou o aprisco, e embora isso muito lhe custasse, procurou o perdido e o trouxe ao lar.

“Amados, se fizerdes um esfôrço, se deixardes a cadeira confortável, o escritório ou o lar, e fordes pessoalmente ver um homem, demonstrando amizade e interêsse pela alma dêle, essa pessoa corresponderá. Será levada a pensar: ‘Vê-se que êste pas-tor gosta de mim. Tem interêsse em minha vida. Tem cuidado por mim. Creio que posso fazer-lhe confidências. É meu amigo. Posso confiar nêle’. Uma tal pessoa abrirá o colação para falar convosco, compreendendo que tendes o antídoto reclamado pela enfermidade de sua alma .

“‘Havendo o ministro apresentado a men-sagem evangélica do púlpito, sua obra es-tá apenas iniciada. Resta-lhe fazer o trabalho pessoal. Cumpre-lhe visitar o povo em casa, conversando e orando com êles em fervor e humildade. … Desejo dizer a meus irmãos do ministério: Aproximai-vos do povo onde êle se acha, mediante o trabalho pessoal. … Sermões, do púlpito, não a podem efetuar. Ensinar as Escrituras às famílias, — eis a obra de um evangelista’. — Obreiros Evangélicos, pág. 184.

“Costumava pensar, quando era mais novo no trabalho, que jamais seria um evangelista se não tivesse um salão em algum lugar. De acôrdo, porém, com esta idéia, uma reunião em casa de subúrbio e parte definida do trabalho de um evangelista. Esta boa combinação do trabalho com as famílias, unido ao ministério e à pregação, é o ideal. Se se omite o contato pessoal, a pregação será, em grande medida, um fracasso. Leio de novo: ‘Ministrar signi-fica mais que sermonear; significa trabalho fervoroso e pessoal’. — Atos dos Apóstolos, pág. 526. Talvez nos seja mais fácil preparar um sermão, do que preparar uma visitação bem-sucedida. E isto leio outra vez, da mensageira do Senhor: ‘Se alguém ao entrar nesta obra escolhe a parte que demanda o menor sacrifício, contentando-se com o pregar, e deixa a obra . de ministério pessoal para outro, seu trabalho não será aceito por Deus’. — Idem, pág. 527.

“Temos ouvido muito acêrca de Fordyce Detamore, e concordo com tôdas as boas coisas que foram ditas. Alegramo-nos de que seja um homem humilde e consciencioso, mas se quiserdes saber de onde lhe vem o poder de ganhar almas, vinde comigo à sua campanha evangelística em Houston, Texas. Não há dúvida acêrca do poder da pregação. Sua habilidade em organizar as coisas é excelente. Se há porém, um segrêdo maior que outro para o seu êxito, é êste: êle é um obreiro pessoal infatigável. Creio que naquela campanha êle próprio visitou aproximadamente, trezentas pessoas. Começava cedo, prosseguia o dia todo, sujeitando-se a uma simples refeição em seu carro para poupar tempo, e visitava até uns poucos minutos antes da conferência da noite. Eis o segrêdo de seu êxito. E não sòmente êle, mas outros de sua equipe evangelística fazem a mesma coisa.

“Conheço um homem de excelente reputação. De algum modo, tem-se a impressão de que em sua pregação evangelística parece saber exatamente como o auditório reagirá. Ao chegar às verdades probantes, êle responde às perguntas, resolve os problemas e dissipa os receios dos ouvintes, dando-lhes fé e ânimo, mesmo antes que surjam os problemas. Sabeis como consegue êle essa habilidade? Esta psicologia pastoral, evangelística e ganhadora de almas se aprende através de horas de contato pessoal com as mentes e os corações dos homens, nas visitações domiciliares. Alguém disse dêle: ‘Êle vai direto ao terreno; êle nos toca diretamente onde vivemos’.

“Incidentalmente, que adianta pregar se não resolvemos nada? E como podemos solucionar alguma coisa a menos que saibamos o que há para resolver? E onde obteremos tal conhecimento a menos que tenhamos contatos pessoais com o indivíduo? Clara é esta declaração da mensageira do Senhor. Ouçamo-la: ‘É altamente importante que um pastor se misture muito com seu povo, ficando assim familiarizado com os vários aspetos da natureza humana. Êle deve estudar as operações da mente, a fim de adaptar seus ensinos à inteligência dos ouvintes. Aprenderá assim aquela grande caridade que habita unicamente nos que se dão a um atento estudo da natureza e necessidades dos homens’. — Obreiros Evangélicos, pág. 187.

“Quão bem se sente intimamente alguém depois de ter visitado um lar, e sentido o calor da amizade e do amor que recebeu precisamente porque estêve lá! Fostes alguma vez a um lar com o objetivo de visitar uma criança? Visitastes alguma vez um pai, para dizer-lhe que estivestes na escola paroquial e conversastes com o Joãozinho? ‘Êle é um bom menino, e será um homem util a Deus’. Oh, digo-vos, isto produzirá um calor em vosso coração e em vossa alma que transbordará para ou-tros em todo vosso ministério.

“Spurgeon jamais se esqueceu — mesmo no dia de seu falecimento — de um fato que lhe aconteceu quando era ainda um menino. Achava-se nessa ocasião hospedado em casa do avô. Um certo Sr. Knill veio pregar naquela região, e hospedou-se também ali. O velho pregador viu o menino, e disse: ‘Filho, onde você dorme? O menino lhe disse onde. Continuou o homem: ‘Estarei de pé às seis horas, e iremos passear’. O menino ficou perplexo, pois jamais alguém o tratara assim cortêsmente antes. Às seis horas, surgiu o pregador. Saíram pa-ra uma caminhada. Conversaram sôbre muitas coisas maravilhosas, e Spurgeon narra: ‘Da maneira mais suave começou êle a falar-me acêrca de Jesus, do amor de Cristo. Ajoelhou-se no fim de um atalho, e orou comigo. Fêz isso por três vêzes, e pouco antes de se ir, colocou-me sôbre seu joelho e disse: ‘Filho, se tiveres desejo, Deus fará de ti um grande pregador” ’. Spurgeon jamais se esqueceu disto. Anos depois, quando tinha dezesseis anos, o Senhor impôs Suas mãos sôbre Carlos Haddon Spurgeon e o mundo inteiro sabe do resultado.

“Dwight L. Moody jamais se esqueceu do homem que se dirigiu atrás do balcão onde estava, e colocando o braço em volta dêle, falou-lhe acêrca de sua alma. Moody assim descreve: ‘Eis um homem que mal conheço, lastimando os meus pecados, quando não me interessava nêles, e nem parecia importar-me com êles absolutamente. Não sei o que o homem disse, mas sinto ainda o poder da sua mão sôbre os meus ombros’. O toque pessoal!

“Oh, e as ricas bênçãos que advêm à própria pessoa que se empenha no trabalho pessoal ! Passava eu por uma quadra difícil em certo período de meu ministério. Não tinha evangelista cantor, nem obreiro bíblico, nem orçamento evangelístico, e contudo tinha que dirigir uma campanha de muitos anos, e cuidar também das atividades pastorais. Esforçava-me por preparar alguma coisa nova e interessante para o culto da noite. Minha mente, porém, estava estéril em pensamentos. Fui visi-tar a Sra. West, uma pequena mulher norueguesa, recentemente batizada, com setenta e dois anos de idade. Ela havia topado muitas dificuldades e perplexidades por causa da nova fé. Bati à porta, que se abriu e a Sra. West apareceu sorrindo, e disse: ‘Irmão Fearing, irmão Fearing, entre’. Indicou-me uma cadeira, puxou o banquinho em que costumava sentar-se quando eu lhe dava estudos. Eu lhe disse (e, a propósito, desejo dizer-vos quão poucas palavras proferi nessa visita) : ‘Irmã West, que significa Jesus para a senhora?’

— Oh, irmão Fearing, Jesus para mim significa … ’ E durante todo o tempo em que falava, os sermões, as idéias, o calor e o gôzo do amor de Deus começaram a penetrar em minha cabeça, como um bando de pássaros. Quando ela terminou, perguntei-lhe: ‘Irmã West, quer orar?’ Respondeu : ‘Sim, mas o senhor terá que orar também’. Retruquei-lhe: ‘Veremos, mas agora a senhora vai orar’. Ajoelhamo-nos, e ela fêz uma oração muito simples. Nada mais havia que pudesse ser dito a não ser o ‘Amém’, e nos levantámos. Enquan-to me retirava, tomou-me calorosamente a mão e exclamou: ‘Oh, irmão Fearing, nunca saberá que excelente visita me fêz’!

Que fizera eu? Apenas lhe perguntei o que Jesus significava para ela, e ela testemunhou aquêle amor em seu coração.

“Chegando em casa, sentei-me à máquina de escrever, e minha espôsa observou-me lá da cozinha: ‘Dir-se-ia que você está rebentando pipocas aqui’. Deleitei-me em pregar aquela noite. A visita pessoal sempre fará bem ao pregador. Temos um chamado maravilhoso. É um grande privilégio ser ministro. E o mais cobiçado de todos os títulos é o que foi dado a Moisés : ‘Servo de Deus’. ‘Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sôbre o gado’. Prov. 27:23. Disse o Mestre: ‘Conheço as minhas ovelhas’ ”.

O moderador convida os que se acham na assistência a ajuntarem-se à mesa redonda com suas colaborações. Dêsse modo são apresentados os membros do simpósio.

João Coltheart, de Wellington, Nova Zelândia: ‘Por muitos anos tenho estado profundamente impressionado com o valor da visitação pessoal, e devíamos pôr bastante ênfase sôbre a visitação no evangelismo. Gosto de visitar tôdas as pessoas que a equipe de auxiliares visita, e além dêsses vários nomes de pessoas, tenho aquêles de que sou eu próprio encarregado. Posso me demorar a ponto de chegar em cima da hora para a conferência à noite, mas sinto-me refrigerado como resultado das visitações feitas no dia. Concordo com tudo o que o irmão Fearing disse”.

Fordyce Detamore: “Quando digo alguma coisa, detesto dizer algo que o povo já conheça. Não gosto de apelar a um homem para se entregar a Deus, na conferência da noite, a menos que eu o conheça. Como vêdes, quando estais no lar desta pessoa, conversais e orais com ela e imediatamente se estabelece um vínculo, e isto é, decisivo durante um apêlo para entregar-se a Jesus. Também podeis olhar por sôbre o auditó-rio, e dizer coisas com o objetivo de levar uma pessoa à decisão. Por exemplo, aqui está uma senhora esperando que o marido se decida, e estando as cabeças inclinadas em oração, podeis dizer: ‘Talvez estejais esperando algum querido. Bem, avançai na fé. Deus pode utilizar-se disso para ganhar vosso querido, mas não podeis ser um ganhador de almas, permanecendo fora do rebanho’. Podeis fazer um apêlo muito mais pessoal, conhecendo a pessoa.

“O povo está realmente deprimido; sente-se abandonado. Triste é a condição atual do mundo. E precisamente êsse pouco de bondade que os leve a saber que os amamos significará muito para levá-los a uma entrega a Deus.

“As visitas não precisam ser demoradas.

Sugiro que haja oração. Jamais devemos deixar um lar sem orar, jamais! Os interessados pela A Voz da Profecia são qual mina de ouro, e se encontram em tôda a parte. Vamos visitá-los, anotar-lhes os nomes e distribuí-los entre o grupo de auxiliares.

“O irmão Turner anota todos os novos interessados. Trabalha intensamente com êles e depois me dá uma lista dos nomes mais promissores. A êstes eu visito de modo a conhecer todos os novos interessados que estão vindo. Assim organizadas as coisas, ao terminar a campanha evangelística, estarei conhecendo pessoalmente todos os indivíduos que consideramos como interessados. Dêsse modo, ao ser feito o apêlo para a decisão, conhecemos as pessoas. Vereis os elementos de nossa equipe, na assistência, trabalhando durante o apêlo. Sabem com quem falar. Mas se não visitais as pessoas, como podereis saber com quem trabalhar?

“Não há muito tempo, o irmão Lewis, tesoureiro de nossa Associação, veio até mim. Dois dias depois me disse: ‘É assim em tôda a cidade? O senhor quer dizer que basta andar alguns quarteirões pa-ra encontrar apóstatas e novos interessados?’ Respondi-lhe: ‘Irmão Lewis, êles es-tão em tôda a parte. Não há exceção alguma. E não há diferença: seja no norte, no sul, no este, no oeste, êles se acham em tôda a parte, almas esperando apenas serem juntadas a nós’. E o que me espanta é que dez ou quinze minutos assim gastos rendem muito em troca. Alguém certo dia teve o cuidado de marcar o nosso tempo — e eu não sabia que êle o estava fazendo — mas realizámos naquele dia treze visitas e a média de tempo tomado em cada uma foi de treze minutos”.

Moderador: “Agradecemos muito, irmão Detamore. E o que dizer da eficiência no evangelismo pessoal em doutrinar efetivamente o povo? Irmão Mondics, gostaríamos de ter uma palavra sua sôbre isso”.

  • B. J. Mondics explicou que julgava a obra pessoal essencial a uma adequada doutrinação. Gosta de valer-se dos jornais para publicar as grandes doutrinas da mensagem. Há muitos que não podem comparecer às conferências, e isso lhes dá oportunidade de lerem a mensagem de Deus. “Calculei que se alcançardes cinco por cento de determinado território, fizestes excelente trabalho. Mas o que dizer dos noventa e cinco por cento que não pudestes alcançar? Estive pensando sôbre isso certa noite, e então planejei um meio pelo qual pudéssemos pôr a mensagem no jornal”. Êle nos mostrou uma porção de anúncios contendo a mensagem da verdade bíblica habilidosamente apresentada. “Os membros da igreja são liberais em ajudar êste plano de publicação em jornal. Descobrimos que até crianças querem dar para êsse fim. Tivemos uma oferta de oito centavos de dólar (mais de Cr$ 10,00) de uma criança, e dádivas de cem dólares e até de duzentos e cinqüenta (mais de Cr$ 40.000,00). Contudo para alguém doutrinar perfeitamente uma comunidade é preciso lá permanecer tempo necessário para tornar-se conhecido. Penso em tornar-me amigo de todos os ministros de tôdas as igrejas. Uma pessoa pode realizar um grande bem pelo fato de tornar-se amigo das pessoas e visitando-as em seus lares”.

G. D. King referiu alguns problemas evangelísticos de além-mar. “Em nosso evangelismo temos que satisfazer a maior necessidade do coração humano que é, naturalmente, paz e segurança, e isto pode ser encontrado unicamente em Cristo. Fico grandemente inspirado tôdas as vêzes que venho à América. É esta a minha oitava visita, e em cada uma delas aprendi muita coisa.

“Recentemente, porém, visitei um país onde a liberdade e as oportunidades são pouco conhecidas. Há muitas proibições. Não há possibilidade de se realizar evangelismo público, nem pela televisão, nem pelo rádio, e muito menos pelo jornal. Contudo estão realizando evangelismo, mesmo assim. A mensagem de Deus tem um modo de derribar tôdas as barreiras. Estive presente em reuniões de obreiros naquele país onde os homens deram um testemunho de sua obra. O que relataram foi de espantar. Jamais meu coração estêve tão agitado com o desafio do evangelismo pessoal, como então. Pensar em tôdas as coisas que êles não tinham e que vós tendes! Concito-vos a vós, da América do Norte, a tirar proveito de vossas oportunidades. Mesmo, porém, sem estas coisas, as almas podem ser ganhas. Certo homem havia ganho cinqüenta almas, um outro quarenta e sete, outro, vinte e nove e ainda outro vinte e sete, e assim prosseguia a lista. E tudo isso se fêz por meio do evangelismo pessoal”!

Moderador: “Pastor Roth, que faz o senhor lá na região inter-americana? Confia exclusivamente nos evangelistas ou os pastôres e leigos participam dêste programa?”

A. R. Roth, de Inter-América falou da oposição extremada que há em vários lugares. “Nossos obreiros são ameaçados por cartas pastorais ditadas por bispos, arcebispos e párocos da Igreja Católica Romana. As pessoas que vêm para ouvir são ameaçadas com excomunhões logo que passam pela porta de um salão público usado por um evangelista protestante. E para ganharem almas, nossos ministros precisam ser obreiros pessoais excepcionalmente bons. Precisam aprender como tornar-se amigos das pessoas; precisam aprender como visitar e conhecer o povo em seus lares; e compreender suas necessidades pessoais. Pois bem, essas estimadas pes-soas são tão suscetíveis como quem mais o seja no mundo. Creio que a obra na Inter-América é as mais das vêzes o resultado do que fazem nossos pastôres-evangelistas. Os pastôres no distrito são os melhores evangelistas que temos. Não temos nenhuns super-evangelistas na Divisão Inter-Americana, nem super-orçamentos evangelísticos. Tivemos um homem que levou a efeito formidável campanha, e ganhou mais de cinqüenta almas, com um orçamento de cem pesos, que são exatamente oito dólares.

“Quão maravilhoso seria se pudéssemos ter alguns dêsses orçamentos, dêsses salões, dêsses anúncios, dêsses jornais, rádio e televisão, de que ouvimos nesta manhã! Talvez não saberiamos o que fazer com isto. Os nossos homens, porém, saem com seus oito dólares, reunem os leigos ao seu redor e os envia a visitar os lares do povo. Fazem circular cartões de matrícula da Escola Radiopostal, anotam nomes, convidam as pessoas a comparecerem às reuniões, e êste é o meio por que ganham almas.

“Penso neste momento em um dos nossos ganhadores de almas de maior êxito. No ano passado, ganhou aproximadamente duas centenas de almas, e contudo é talvez o menor de todos os oradores. É, porém, um eficientíssimo visitador. Vai direto aos lares e está sempre onde estão as pessoas, arregimentando os leigos. E colhe resultados. No último período quadrienal, em Inter-América foram batizadas 41.549 almas, e estou quase certo de que não menos que 35.000 delas foram ganhas por êste trabalho de aproximação evangelística pessoal.”

R. H. Pierson declarou que a conquista de almas deve ser a base de todo o planejamento em todos os nossos programas, no que refere ao trabalho de nossa Associação. “Penso que não se deve permitir a evasão daquilo que o Senhor fêz primeiro. O programa regular da igreja pede a atenção do pastor, mas a verdadeira tarefa da igreja é partilhar a fé com a comunidade. Se o ministro não é cuidadoso em controlar seu tempo, poderá permitir a evasão daquilo que, antes de tudo, deve ocupar a maior parte de nossa atenção — a conquista de almas. Entendo que todo pastor deve ser um evangelista. Alegramo-nos que cada um dos nossos pastôres seja um evangelista, usando o dom especial que Deus lhes concedeu. Se êle tem o dom do evangelismo público, deve começar cedo no ano a planejar sua cruzada, e se é em primeiro lugar um pastor, então certamente deve fazer tudo o que puder para levar a efeito um intenso programa de estudos bíbli-cos e reuniões em salões de bairros e subúrbios, e preparar os membros na arte de visitar. O trabalho pessoal é o que traz almas para o reino.”

W. M. Starks: “O ministro tem que ser tôdas as coisas para o seu povo, como seja conselheiro, financista, construtor, arquiteto, organizador, etc. Todavia Cristo fêz da conquista de almas Sua principal atividade. A principal qualificação para ser um de Seus subpastores é ser evangelista pessoal; de modo que o pastor precisa achar tempo para esta obra. O pastor precisa estar constantemente ativo nos lares, nos hospitais e nas reuniões públicas, obtendo nomes de interessados para depois levar avante o trabalho.” O Pastor Starks contou várias experiências para ilustrar sua proficiência no trabalho.

Louise C. Kleuser foi convidado a dizer-nos umas palavras acêrca do lugar da instrutora bíblica no evangelismo pessoal e doméstico. Referiu-se a uma rica experiência quando disse:

“O trabalho pessoal com as pessoas não é feito como se devia em nossas maiores cidades. Conquanto eu tenha feito muito trabalho em nossas grandes cidades, algumas das minhas mais proveitosas experiências provieram de contatos com pessoas distantes destas áreas urbanas, às quais fui enviada pelos amigos nos grandes centros. Há alguns meses atrás, trabalhando com o Pastor Valter Schubert, no Massachusetts setentrional, seguíamos o traba-lho da A Voz da Profecia e do programa de televisão “Faith for Today” em regulares regiões do interior. A mensagem havia penetrado os lares que dificilmente teríamos alcançado com o nosso comum evangelismo citadino. Mais cedo na série de conferências pudemos incluir estas visitas em nosso programa na cidade. Tudo isso revela a necessidade de mais evangelistas para o trabalho pessoal. Fazemos bem em prosseguir no preparo dos membros da igreja para entrarem em contato com estas pessoas de maneira amistosa até que o obreiro ocupado na conferência possa prover auxílio maior.

“É animador para a obreira bíblica considerar que sua primeira visita num lar é para conquistar novos amigos. De quando em quando ter-se-á que desfazer o preconceito também. O obreiro precisa tornar-se insinuante para a verdade. Outro objetivo é tornar-se um amigo cristão, e assim, sem tornar-se incerimonioso, aguardar a oportunidade de apresentar Cristo no lar. Isto significa mais do que dar um estudo bíblico. A Palavra precisa estar associada à pessoa de Jesus. Depois de ter conquistado a confiança no mensageiro e na mensagem de Deus, deve a obreira ou obreiro procurar ser um verdadeiro amigo adventista do sétimo dia para aquela família. A partir dêste ponto, tôda a visita deve despertar nos membros do grupo respeito pelo ensinador e desejo de prosseguir o estudo regular da Bíblia. Quando a instrutora bíblica despertou o interêsse num lar, há alegria em seu coração, bem como fé em que pela graça de Deus as almas serão encaminhadas, de verdade em verdade, até aceitarem a mensagem completa.”

  • C. A. SCRIVEN (da platéia) : “Um professor de Bíblia aposentado, de um de nossos colégios, desejava fazer algo de valor. A Comissão da Associação colocou-o como pastor em uma de nossas igrejas. Não teve dificuldade alguma em levar a cabo as várias campanhas, mas estava interessado em fazer algo no setor evangelístico. Não era conferencista. E o seu método foi o seguinte: ia de porta em porta, di-zendo ao povo que era êle um professor de Bíblia e os convidava a estudar a Palavra de Deus com êle. Êste homem, sem nenhum ajudante e nenhum orçamento, batizou cêrca de cinqüenta almas anualmente, por muitos anos. Sempre se colocou em segundo lugar entre os obreiros que obtinham mais batismos naquela Associação. Qualquer homem pode empregar a própria personalidade, com a bênção do Senhor, em visitar as pessoas, levando-lhes Cristo. Em última análise, êste é o objetivo de tôdas as nossas atividades.”

Moderador: “Entendo, irmão Rees, que tendes um programa que estais executando em vosso campo, no qual ajudais o pastor em sua grande tarefa de dar a mensagem ao povo. Quereis dizer-nos umas breves palavras sôbre isso?”

  • D. R. Rees: “Bem, num certo sentido nada há realmente de novo neste programa. Todos conhecemos o brilhante conselho que temos no que tange a designar cada membro para seu pôsto de dever. Não temos que insistir para reconhecer êste fato. Nem os pastôres exclusivamente necessitam fazer trabalho pessoal, mas nossos membros também precisam pôr-se ao trabalho. E podem fazer muito no evangelismo se forem dirigidos. Em nossa União, escolhemos uns poucos pastôres em cada uma de nossas sete Associações, e se lhes pediu que levassem a sério êste assunto de designarem leigos da igreja para um completo programa de visitações. Presentemente, enquanto fazem isso, êstes pastôres planejam em levar avante pregações públicas, e isto se provou ser muitíssimo eficiente. Depois que vim a esta reunião, alguns dêsses pastôres me deram relatórios, dizendo do êxito dêste plano. Um dêles batizou trinta pessoas nesta primavera. Outros batizaram oito, dez, quinze e vinte. Isto é comovedor e penso que se pusermos em efeito o programa de evangelismo pessoal — o Evangelismo da Amizade como o denominamos — e os nossos membros a trabalharem com êles, teremos grande incremento nos batismos.”

D. S. Harris expressou a idéia de que “quando alguém retira o ‘caráter pessoal’ do evangelismo, não será evangelismo por mais tempo. Em todos os homens de Deus há, em certo grau, coincidência dos dons de pastor e evangelista. Uma campanha deve ser feita com constância. Lemos no Livro que há tempo para morrer e tempo para viver, tempo para chorar e tempo para rir, mas nunca há tempo para deixar de ser um evangelista, quer público ou pessoal. Por esta razão diz-nos o apóstolo Paulo: ‘Instai a tempo e fora de tempo’ quando ensinais a Palavra. Agora o diabo não quer que o pastor faça trabalho pessoal. Êle sabe que se o pastor o fizer, será um ganhador de almas bem sucedido. O inimigo procura, de várias maneiras, desviar o pastor desta tarefa.

“O cuidar do interêsse das ovelhas, como é seu dever, não se deve limitar apenas às que estão nó aprisco, pois Cristo deixou bem claro que há outras fora do redil. O pastor deve examinar os jornais e ver os nomes daqueles que perderam entes queridos, e remeter um cartão expressando simpatia a cada um dêsses nomes. Por meio desta aproximação um tanto singular, ficará surprêso em ver quantas pessoas realmente alcançou, conseguindo ganhar a amizade de muitas delas. Quando as pessoas estão em sofrimento, é o tempo que necessitam de ajuda e conselho espiritual.”

Moderador: “E agora vamos ter alguns pronunciamentos ou indagações de pessoas na platéia. Pastor Tucker, diga o que tem no íntimo.”

J. L. Tucker: “Em vista da hora em que vivemos, devíamos ‘chorar entre o alpendre e o altar’, clamando: Poupai não sòmente meu povo mas todos os povos do mundo, porque também são propriedade de Deus. Devemos sair desta reunião com um propósito abrasando nossas almas: de nos pormos à obra mais fiéis e amorosamente para a conquista destas preciosas almas. Oremos todos pelo batismo do Espírito Santo. Quando os discípulos receberam o batismo do Espírito, o povo veio até êles. Agradecemos a Deus por todos êstes métodos, porém sòmente sob o batismo da chuva serôdia será a obra terminada.”

W. J. Cannon mencionou que êste último inverno foi o primeiro em que dirigiu campanha evangelística, e por isso perdeu a alegria. Sugeriu, contudo, que por maior que seja o evangelismo, é fraco sem o trabalho pessoal. “Pensai no que aconteceria se o evangelista pudesse dirigir seus mem-bros no trabalho pessoal em favor de ou-tros, e cada membro ganhasse uma alma. Se um pastor-evangelista pode ganhar cinqüenta ou sessenta almas e cada membro ganhar mais uma alma pelo trabalho pessoal, que grandioso impulso seria para a igreja. Pensai no que poderia acontecer à nossa obra se tivéssemos campanhas de um-ganhar-mais-um em todo o mundo por um inverno.

“Então em adição a isto”, continuou o irmão Cannon, “devemos compreender o conceito do valor de uma alma. Somos informados que nosso Salvador teria deixado o Céu, e vindo à Terra e morrido na cruz do Calvário, se ao fim disso Êle tivesse ganho apenas uma alma. Êste é o valor de uma alma.

“Há ainda outra coisa que desejaria mencionar, e esta é o lugar no trabalho pessoal em deter as torrentes da apostasia, que se constitui num de nossos mais terríveis problemas. Lembro-me de Leonel E. Fletcher certa vez contou como descobriu o grande desejo pelo evangelismo que o tornou um ganhador de almas bem sucedido. Disse que isto aconteceu enquanto se achava numa fazenda de criação de ovelhas. Uma noite desabou uma tempestade e uma ovelha foi deixada à mercê dos elementos em fúria. Seu pai o chamou; foram-se pelas colinas, e procuraram até às duas e meia horas da madrugada para acharem uma ovelha perdida. ‘E lá’, disse, ‘tive o conceito do grande amor de Deus por aquêles que estão perdidos no deserto do pecado’ ”.

Andrew C. Faring referiu que um homem não precisa tanto de nosso falar como de nosso ouvir. O ministério da simpatia que ouve não devia ser passado por alto. Não é apenas o que dizemos ao povo mas o que êle nos diz, que ajuda a alcançar seu coração.

O Moderador concluiu afirmando que o segrêdo do êxito no evangelismo não está em alguns indivíduos notáveis estarem fazendo o trabalho, mas em estar todo pastor, todo professor, tôda dona-de-casa, todo moço e moça empenhados neste serviço. Ser um ganhador de almas é o mais glorioso e mais exaltado trabalho em todo o mundo. As mesas administrativas das Associações devem fazer todo o possível para amparar e levantar a obra do pastor, como alguém com quem muito podem fazer para pastorear o rebanho. “Pela conversão de uma alma devemos taxar ao máximo os nossos recursos.” — Test. Seletos. Vol. 2, pág. 375.

HUMILDADE

Devo confessar num sentimento de profunda humildade, na presença de um universo que nos transcende em quase todos os pontos: Sinto-me qual criança que, ao brincar pela praia, encontra algumas conchas coloridas e brilhantes e alguns seixos enquanto todo o vasto oceano de verdade se espraia quase intocável e tranqüilo diante de meus dedos ávidos. — Isaque Newton.