DEDICAIS profundo interêsse aos membros de vossa congregação que precisam ser elevados no pensamento, purificados no coração e transformados no caráter? O serviço de comunhão que seja belo e significativo pode realizar um milagre na vida de muitos dêles.

Degeneraram vossos serviços de comunhão cm ritualismo superficial? Tem a beleza e santidade dessa hora se tornado comum pela usual monotonia? Disse Ellen G. White: “As ordenanças que indicam a humilhação e sofrimento de nosso Senhor, são demasiado consideradas como uma forma.” — O Desejado de Tôdas as Nações, pág. 493. Não deve ser assim. “A todos quantos recebem o espírito dêste serviço, êle nunca se poderá tomar uma simples cerimônia.” — Idem, pág. 487.

Como podemos tornar êsses serviços mais belos e significativos? Como podemos evitar que se tornem simples formalidade? Responde o Espírito de Profecia: “Cristo instituiu êste serviço para que êle nos falasse aos sentidos acêrca do amor de Deus, expresso em nosso favor.

Nossos sentidos precisam ser vivificados para se apoderarem do mistério da piedade.” — Idem, pág. 493. A maneira como o ministro restabelece o drama daquelas derradeiras vinte e quatro horas determina em grande parte se são ou não despertadas emoções sagradas. Aquelas vinte e quatro horas tão repletas de atividade, amor, beleza e significado são ricas em recursos para avivar os sentidos. O relato, os caracteres e os símbolos podem ser familiares, mas a riqueza que Jesus legou durante aquelas horas nunca poderá ser deslustrada por meio de enfadonha monotonia se o ministro tomar tempo para transmiti-los devidamente aos pobres em Laodicéia. Êstes tesouros podem animar-nos a alma e restaurar-nos os ágapes de nossos pais.

Esmêro em Sua Preparação

Para apresentar êste serviço com beleza e santidade precisais esmerar-vos em sua preparação. Gastai tempo em ler tôdas as descrições dessas horas preciosas, que se encontram na Bíblia e no Espírito de Profecia. Existem outros livros que proporcionam inestimável inspiração.

Em vossa devoção particular, deixai que vosso coração seja quebrantado como o de Pedro; que o serviço abnegado de Jesus se apodere de vós; que vosso ser seja impregnado de Sua amabilidade e encanto. Vosso semblante brilhará ao sairdes da presença do Senhor para falar a Seu povo. E vosso primoroso planejamento trar-lhes-á saúde e vigor; e avivará o espírito missionário tão indispensável no tempo presente.

O convite para a Santa Ceia deve ser transmitido uma semana antes dos serviços programados. Convém que seja mais do que um anúncio do púlpito ou pelo boletim da igreja. Êste convite poderá muito bem exigir o tempo todo do sermão. Fazei com que vossa congregação leia convosco o que se acha no Salmo 139: 23 e 24: “Sonda-me, ó Deus …” Uma investigação apressada no dia da Santa Ceia não é suficiente. Talvez sejam necessários diversos dias para endireitar as coisas entre os irmãos. Quem sabe terão de ser escritas algumas cartas. Sem tornar-vos alusivos, salientai algumas faltas específicas e comuns que precisam ser corrigidas para que nosso povo não coma e beba para sua própria condenação. Isto faz parte da responsabilidade do ministro. Os livros de F. D. Nichol oferecem abundante material para esquadrinharão da alma.

Terminai o sermão com definido e solene apêlo como êste: Nosso interêsse eterno exige que olhemos para a cruz. O serviço de comunhão é o dedo indicador de Jesus. Se negligenciardes êste serviço poreis em perigo vossa própria alma. “Todo discípulo é chamado a participar pùblicamente.” — Idem, pág. 492. Declara Jesus aos que se excluem voluntàriamente dêste serviço: “Se Eu te não lavar, não tens parte comigo.” Êles estão rejeitando a purificação mais elevada e ao próprio Senhor. Disse Jesus: “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.”

Planejar com Oração

Alguns dias antes do serviço programado, convém convocar uma sessão especial de oração e planejamento para tôdas as pessoas que se estão preparando para participar da reunião, inclusive os músicos. Partilhai com êles o encargo de realizar uma verdadeira festa espiritual. Induzi-os a dar um exemplo de introspecção, e em abandonar práticas duvidosas. Sugeri que usem roupas sem ornamentação e que não chamem a atenção, durante a solenidade. Impressionai-os com o pensamento de que os que levam os vasos do Senhor precisam ser puros. Orai fervorosamente juntos pelo refrigério da presença divina. Planejai com êles todos os pormenores, e entregai a todos uma cópia datilografada das partes do programa.

Quando o rito da humildade precisa ser realizado numa pequena área, o seguinte arranjo funciona perfeitamente: Colocai duas fileiras de cadeiras uma defronte da outra, com uns dois metros de separação. Os que estiverem lavando os pés dos quo se acham sentados ficarão de costas uns para os outros. Ponde um recipiente de água fresca e outro para a água usada, em cada uma das extremidades. Então o movimento duma fileira pode dar-se em sentido contrário ao da outra. Duas fileiras de doze cadeiras cada uma darão conta de quarenta e oito pessoas.

Participação da Assistência

Jesus não deixou o exemplo de pregar um sermão, no sentido usual, durante o primeiro serviço de comunhão. O programa constou da participação dos presentes. Foi uma reunião social em que os discípulos se expressaram individual e coletivamente. Jesus tornou-a uma verdadeira comunhão de irmãos com irmãos.

Por meio de cuidadoso preparo pode-se pra-ticar um pouco disso na atualidade, mesmo com grandes auditórios. Preciosos períodos de testemunhos pessoais podem ser realizados dividindo grandes auditórios em seções, com um dirigente para cada uma delas, segundo o modêlo dos cultos de madrugada nas reuniões campais. Para variar, pode-se realizar o culto de testemunhos logo após o término da ordenança da humildade. Êste serviço social é um antigo costume adventista que podemos restaurar com proveito. No entanto, não é necessário que seja praticado em tôdas as celebrações. Convém alterná-lo com outras formas de participação dos presentes.

Todo serviço de comunhão deve ter um período de calma reflexão, de comunhão da alma com o Senhor. Pode-se variar êste período, usando um fervoroso apêlo ou oração pastoral, ou ainda a oração silenciosa. De vez em quando convém orientar a oração silenciosa, sugerindo pedidos específicos em intervalos apropriados, como por exemplo: “Oremos em primeiro lugar prometendo que reservaremos tempo para o culto familiar.”

Tranqüila reflexão com freqüência é causada por alguma música especial, se o cantor manifestar definido apêlo espiritual. Essa não é uma hora para ostentação de talentos. Lede vós mesmos as palavras de um cântico comovente, com suave acompanhamento de órgão ou piano. Já ouvistes uma congregação cantar em voz baixa? É encantador! Fazei vossa congregação cantar o hino Rude Cruz, sem acompanhamento. Êles se perdem em meditações. Se não tiverdes aptidão para isso, será necessário a presença de um dirigente de canto, existe porém mais suavidade se o próprio ministro o faz.

Permanecer aos Pés da Cruz

Convidai vossa congregação a se colocar por assim dizer aos pés da cruz durante dois ou três minutos enquanto vós lhes trazeis à memória as cenas do Calvário. A correta visão da cruz transforma maravilhosamente o caráter. Descrições vividas podem ser encontradas nos livros O Desejado de Tôdas as Nações e Em Memória de Mim (In Remembrance of Me). Devemos anunciar a morte do Senhor até que Êle venha. As maneiras de produzir essa imprescindível comunhão da alma são limitadas apenas pela quantidade de reflexão diligente empregada por vós. Mas não useis demasiadas variações num único sábado, pois poderão distrair a atenção.

Há muitos tópicos para servir de auxílio no planejamento do serviço de comunhão. Taylor C. Bunch menciona trinta e dois no livro Memoriais of Calvary. Uma sugestão pode ser encontrada em I Coríntios 11:25: “Êste cálice é o Nôvo Testamento no Meu sangue.” Diz outra tradução: “Êste cálice é a nova aliança no Meu sangue.” As palavras “aliança,” “concêrto” ou “testamento” têm o significado de um pacto ou juramento de fidelidade. A aliança matrimonial representa a relação existente entre Cristo e Seu povo. Cada Santa Ceia deve confirmar novamente os nossos votos.

Êste assunto pode ser desdobrado admiravelmente captando um pouco da atmosfera de uma singela cerimônia de casamento, mas deve-se ter o cuidado de não ser excessivamente sensacional. Convém escolher apropriada música especial. Leia-se a descrição do banquete nupcial em Apocalipse 19:1-9, e no livro Pri-meiros Escritos, pág. 19. Os votos podem ser renovados lendo em conjunto o Salmo 119:15 e 16.

O Assunto da Peregrinação

O assunto da peregrinação dá margem a ampliações. Antes de se estabelecerem em Canaã, os filhos de Israel comiam a páscoa de pé, para indicar sua condição de peregrinos. Esta idéia pode ser aplicada com propriedade à Ceia do Senhor. Pouco antes de ser servido o pão, um solista canta “Inda é Longe Canaã?” Para salientar então nossa condição de peregrinos, convém que a congregação permaneça silenciosamente em pé para comer o pão. É apresentado outro cântico especial antes da distribuição do vinho, que também deve ser tomado enquanto a congregação está em pé.

O tempo gasto com Cristo na preparação desta ordenança sagrada encherá o coração de vosso povo com o misterioso amor de Jesus. Êles serão purificados e fortalecidos pela encantadora e antiga história da cruz de Cristo.