PARTE I
HOJE em dia há um sempre crescente interêsse nas religiões. Não está restrito a alguns pontos de vista, pois tôda tendência é para aprender o que outros grupos crêem e praticam. Incidentalmente, é muito impopular pensar contràriamente a um grupo. As críticas não documentadas sôbre heresia, e o criticismo malicioso de novatos na história da igreja e na sua prática, não são próprios em nossos tempos. Se nossa denominação sempre pode ir a extensão tôda dêste novo caminho nas relações humanas, é outro assunto. Conselho especial nos vem, todavia, para tentarmos concordar com outros pensadores religiosos, tanto quanto seja possível, sem sacrificarmos princípios. Se estas atitudes sujeitas à tensão, hoje em dia, podem ser consideradas uma conseqüência da guerra, com sua paixão de aprender a viver pacificamente como cristãos, pode requerer mais tempo para se descobrir. Muito se fala em apresentar o Príncipe da Paz, e neste ponto os adventistas estão sem dúvida na vanguarda.
Somos levados a maravilhar-nos às vêzes de como os mais firmes, e podemos acrescentar bondosamente, os mais requintados cristãos, reconhecem o valor do rude individualismo constante nos grupos que há um década ou duas se tornaram o alvo de críticas sem procedência e algumas vêzes sarcásticas. Admitindo que teria sido ocasião própria para examinar alguns dos caminhos estranhos daqueles que estavam sendo visados, temos feito progresso na prática da boa fé e tolerância de uns para com os outros, um princípio, na verdade, do Príncipe da Paz. A prática da tolerância pode ser re-sultado da educação; é mais o fruto do Espírito. A verdade pode suportar investigação; embora esmagada por terra, esguer-se-á novamente. Não é mera coincidência que justamente em nossos dias a pá da história e da arqueologia sejam os melhores defensores da verdade eterna. Nosso ministério adventista fará bem em manter-se informado quanto à arqueologia. Sempre temos apreciado a história, e a Bíblia, certamente, é a nossa maior ferramenta.
Necessário é que nosso ministério seja sábio nas doutrinas que nos põem à parte das outras corporações religiosas, e igualmente importante é que nos informemos dos ensinos, práticas e trabalho de outras denominações. A Associação Ministerial, por essa razão, incluiu no Clube do Livro de 1956 um livro de grande mérito. A Guide to the Religions of America é uma recente compilação da célebre série da revista Look, editada por Leo Rosten. Suas dezenove apresentações sôbre as principais crenças, com um suplemento de 105 páginas de novos fatos e figuras sôbre religião, são autênticas até ao presente. Todo obreiro evangelista, professsor e médico, desejará possuir êsse manual. Muitos que têm almejado para nosso Seminário Teológico uma classe de apologética em avangelismo, apreciarão essa informação. Verdadeiramente ela traz apenas uma pequena fração do que uma tal classe provê, mas estimulará o apetite para mais. Confiamos em que êsse livro será bem recebido e constantemente usado no futuro.
Para tornar mais prático o estudo de A Guide to Religions, foi-nos pedido dar algumas orientações para enfrentarmos êstes diferentes grupos religiosos em nosso evangelismo. Com isto começamos uma breve série de considerações sôbre alguns dos problemas correntes envolvidos. Pelo menos será um guia para pessoalmente descobrirmos nossos pontos de contato.
Começando com uma geral declaração sôbre o Protestantismo notamos o que aquêles atilados observadores têm a dizer.
Protestantes em Geral
O Protestantismo parece estar cônscio de ter perdido seu protesto. Vários escritores indicam uma compreensão moderna do têrmo “Protestante”. A idéia não é a de opor-se, mas de declarar a fé e dela dar testemunho de um modo construtivo. Podemos observar o que o Dr. Henry P. Van Dusen considera serem os pontos de apoio de todos os protestantes:
“Fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador;
“A Bíblia como a fonte primária do que é verdadeiro e direito;
“O amor de Deus por todo ser humano;
“Direta e constante comunhão entre Deus e cada crente;
“O perdão de Deus em resposta a tôda penitência e fé do crente;
“A igreja como a comunidade dos seguidores de Cristo;
“A responsabilidade de todo cristão por sua fé e vida (o ‘sacerdócio de todos os crentes’);
“O dever de conhecer e fazer a vontade de Deus no trabalho diário (a ‘divina significação de todo “chamado”’);
“A obrigação de promover o avançamento do Reino de Deus na Terra;
“Vida eterna com Deus na ‘comunhão dos santos’.”
Nesse registro, ao menos, dificilmente descobrimos na declaração de procurar o “avançamento do Reino de Deus,” o espírito agressivo dos dias da Reforma. Nem poderia um obreiro adventista acomodar-se a essa espécie de evangelismo. Nossa maior pergunta é se pregar o anticristo como a profecia o revela, seria conducente à unidade mundial como o Protestantismo a vê hoje. A mensagem da volta iminente de Cristo, se não está completamente ausente, falta-lhe positividade. Ao mesmo tempo, Roma está dando seus passos largos e es-pera ser ouvida. Os adventistas, contudo, não podem permanecer indiferentes a êsse estado de coisas, pois a nós nos foi comissionada uma mensagem de advertência. Nós ousamos estar procurando um programa em concordância com o Catolicismo; temos que expor a conjuração de Satanás na moderna Babilônia; temos que reptar todo o Protestantismo a completar a Reforma interrompida do século XVI. Esta seria a nossa aproximação.
O estudo da história da igreja torna o obreiro cônscio das grandes decisões tomadas nos importantes concílios eclesiásticos, como, por exemplo, os de Nicéia e Trento. Descendo na corrente do tem-po aprendemos o fato de que mesmo a grande Reforma não podia abranger todos os problemas que acumulados, suscitaram controvérsias naquele tempo. Também podemos sugerir no tocante ao parecer dividido, a necessidade da realização do Sínodo de Dort, em 1618, um século depois de Lutero. A ocasião se tornou campo de batalha para a velhíssima discussão dos decretos divinos da predestinação, então acentuada no Calvinismo e combatida por Armênio e seus seguidores. Mas o Armenianismo da controvérsia de Dort ainda carecia de aperfeiçoamento e expansão. À luz da nossa mensa-gem da hora do juízo, e com uma mais profunda compreensão do propósito de Deus no sacrifício de Cristo, a perpetuidade da lei de Deus cobra maior significação. O pecador se torna um rebelde contra Seu govêrno, e Deus tem que ser ainda vindicado. Um estudo do que chamamos a verdade do santuário lança luz sôbre a destruição de Satanás e de todos os seus seguidores. Nestas conclusões o Adventismo difere bastante de nossos irmãos evangélicos. Hoje, porém divergir pode ser considerado também um sinal de poder. Esperamos fazer isso e ainda manter uma compreensão amigável com os Protestantes em geral.
Calvinismo
Para enfrentar grupos calvinistas nar-nos versados nas afirmações que Sutherland Bonnell, Presbiteriano, faz é uma interpretação modificada da predestinação dos dias de Calvino, como o declarou em seus Preceitos. Até hoje ainda há adeptos da “velha escola”, mas temos que tomar em conta que o Dr. Bonnell fala ao seu grupo com autoridade. Também há grupos religiosos dificilmente classificados como Calvinistas que são definidamente o tipo da velha escola”. Também vários cultos insistem num Cal-vinismo bastante deturpado.
A mente humana não pode realmente apreender todos os mistérios de Deus. Mas o Adventismo, através das figuras do santuário e especialmente a significação do Dia da Expiação, vê, a prefiguração do aniquilamento do pecado. O ensino do propósito eterno de Deus em Cristo nosso Redentor e fundamental. Esta doutrina revela o caráter de Deus e Sua divina presciência. O homem como indíviduo não está circunscrito por decretos; é uma criatura consciente que pode exercer sua escolha a fim de ser salvo. O Adventismo declara a divindade eterna de Cristo e ansiosamente espera Sua vinda para dar fim ao pecado. Esta é a maneira de encararmos a nossa mensagem quando preparamos homens em tôda a parte para êste grande evento. A bela verdade da ressurreição com sua bem definida posição na presente imortalidade condicional do homem está incluída em nossa mensagem. -L. C. K.