“Tenho a firme convicção de que a Missão Global é um projeto que está no centro do coração de Deus”
por Zinaldo A. Santos
Impulsionada pelo Espírito Santo e consciente de seu dever de pregar o evangelho, a igreja está muito ativa em todo o mundo. Em razão do secularismo, filosofias religiosas dominantes, ou causas políticas e culturais, o caminho não tem sido fácil em determinadas regiões, mas os resultados são grandemente positivos em muitos lugares. Elaboradas pelo Departamento de Missão Global, há estratégias colocadas em prática, com o objetivo de romper as barreiras ainda existentes.
Na Divisão Sul-Americana, as atividades de Missão Global são coordenadas pelo pastor Edison Choque Fernandez, nomeado em dezembro do ano passado. De nacionalidade peruana, ele serviu como pastor distrital, diretor do Ministério Jovem, Ministério Pessoal e Mordomia Cristã em seu país e no Brasil (Missão Nordeste e Associação Bahia Sul). É casado com Ruth León Esbejo de Choque, que trabalha como secretária do Ministério Pessoal na DSA, e tem um casal de filhos: Kevin (16 anos) e Mercy (15 anos).
Mesmo reconhecendo a existência de grandes desafios no território da DSA, o pastor Edison não se sente intimidado: “Precisamos reclamar a promessa do Consolador e sair para proclamar a mensagem”, ele diz, lembrando que a Missão Global não é algo restrito a lugares distantes ou países longínquos. Para ele, “cada membro da igreja tem seu próprio desafio da Missão Global”, assim como cada pequeno grupo, congregação ou Campo.
Nesta entrevista, o pastor Edison partilha informações a respeito do andamento do projeto Missão Global na América do Sul, destacando os planos atualmente em execução, resultados alcançados e metas para o futuro.
Ministério: Como funciona o segmento Missão Global da Igreja Adventis-tal É um departamento? Um programa que integra todos os demais setores?
Edison Choque: Missão Global funciona como departamento da igreja. A iniciativa nasceu com o propósito de promover a evangelização de todo o mundo, tendo como desafio as grandes cidades e o alcance de grupos étnicos, religiosos e sociais. Em cada instância administrativa da igreja existe um diretor ou coordenador do programa, que integra todos os demais departamentos. É nessa coordenação que são apontados os desafios e as conquistas são planejadas.
Ministério: Quais são as grandes ênfases desse departamento?
Edison Choque: Podemos dizer que a Missão Global tem ênfase tríplice: a missão, o objetivo e a estratégia. A missão é proclamar o evangelho eterno a cada nação, tribo, língua e povo. O objetivo é estabelecer uma congregação local em todos os grupos de pessoas onde não haja presença adventista, iniciando com os grupos mais próximos de igrejas estabelecidas. No âmbito global, pretendemos estabelecer a presença da igreja em cada grupo geopolítico de um milhão de pessoas, e em cada grupo lingüístico de, pelo menos, um milhão de pessoas. A estratégia é a seguinte: Cada Divisão, com suas organizações subsidiárias, deve identificar em seu respectivo território os vários grupos geopolíticos, etnolingüísticos, culturais, sociais e assim por diante. O passo seguinte é verificar os grupos sem presença adventista e desenvolver projetos para alcançá-los.
Ministério: Em que estágio se encontra a igreja mundial, hoje, no que tange a esse programa?
Edison Choque: Atualmente, existem 26 países sem presença adventista. Entre esses países, Afeganistão, Iêmen, Síria, Arábia Saudita, Irã, Turquia e África do Norte são alguns dos maiores desafios. Há também o enorme desafio representado pelas grandes cidades, em todas as regiões do planeta. Geralmente, evangelizamos com êxito marcante as áreas rurais. No entanto, carecemos do mesmo êxito na evangelização da maioria das grandes cidades do mundo.
Ministério: Em que posição se encontra a Divisão Sul-Americana, no contexto da Missão Global!
Edison Choque: Podemos ter um vislumbre disso, ao observarmos alguns gráficos. Neles, está evidente o crescimento em número de igrejas e de membros nos últimos dezessete anos (1989 a dezembro de 2006), que foi o período tomado por base. Há também significativa redução no número de habitantes para cada adventista.
Ministério: Mas, ainda existem grandes desafios!
Edison Choque: Certamente. Na Divisão Sul-Americana, nosso desafio continua sendo um crescimento mais acelerado da igreja em grandes cidades como, por exemplo, São Paulo, Buenos Aires, Santiago, Lima, La Paz, Guayaquil, Montevidéu. Não é que a igreja não esteja expressivamente presente nesses lugares; mas, precisamos crescer em proporção ao número de habitantes. Também existe o Uruguai, país em que verificamos o maior número de habitantes por adventista: exatamente 486 habitantes para cada membro. Além disso, há bairros e municípios não conquistados.
Ministério: Em sua opinião, quais fa- tores contribuem para dificultar o trabalho nessas regiões!
Edison Choque: Somos conscientes das grandes barreiras ideológicas que enfrentamos. Há secularismo, religiosida
de tradicional, entre outros fatores, mas nada é impossível para Deus. Ele pode superar todos os obstáculos à pregação do evangelho. Precisamos reclamar e receber o cumprimento da promessa do Consolador. Então, revestidos com poder do Espírito Santo, devemos sair a proclamar a mensagem de esperança e salvação. Nossa mensagem é mais poderosa que todas as dificuldades juntas. Jamais nos devemos esquecer de que Deus é sempre a maioria. Trabalhando com Ele, também somos maioria.
Ministério: Quais são os métodos que o senhor acha mais eficazes no processo de conquista dos lugares considerados desafio para a Missão Global!
Edison Choque: Não há nenhuma dúvida quanto ao fato de que nossos métodos têm fundamento na Palavra de Deus. Entre os que estamos utilizando, podemos enumerar o intenso programa de oração intercessora, ação conjunta de pioneiros da Missão Global, pequenos grupos e evangelismo público. Esses são alguns dos instrumentos que o Senhor nos deu para cumprimento de Sua missão.
Ministério: Existe algum grande projeto em andamento, ou em estudo para futura implementação!
Edison Choque: Atualmente, temos grandes projetos em andamento: a Missão Calebe, Projeto Antioquia, Projeto Macedônia, entre outros. Temos certeza de que cada um desses projetos nasceu no coração de Deus e Ele os compartilhou com Seus filhos. A Missão Calebe é desenvolvida na União Nordeste com extraordinário sucesso. O plano consiste na arregimentação de jovens que doam suas férias escolares para o trabalho de Deus. Nesse período, eles vão a lugares sem presença adventista, ou com presença, digamos, frágil, e pregam, dão estudos bíblicos, constroem templos ou capelas e estabelecem a igreja. Sob a orientação do pastor Odailson Fonseca, diretor dos Jovens Adventistas da União Nordeste, o exército de jovens nordestinos participa nesse projeto que cresce e se solidifica a cada ano. O Projeto Antioquia é desenvolvido e difundido pelo pastor Emílio Abdala, professor de Evangelismo no Seminário Teológico da Faculdade Adventista da Bahia. O projeto consiste em envolver seminaristas no estabelecimento de igrejas saudáveis, também em lugares carentes do adventismo. Eles fazem isso como cumprimento de requisitos para a graduação. Já o Projeto Macedônia nasceu na União Peruana do Norte, com o pastor Haroldo Morán. Foram escolhidos bairros e cidades desafiadores, como metas a serem conquistadas por missionários bem treinados e organizados em equipes. Cada equipe é liderada por um pastor e distribuída geograficamente no território-alvo. Os resultados dessa iniciativa, assim como as demais, é fantástico. A igreja tem recebido esses programas com muito entusiasmo. Em todos os Campos em que eles foram executados, mostraram ser uma bênção, como instrumentos valiosos para conquistar lugares ainda não conquistados ou fazer deslanchar o crescimento de congregações. Eles serão mantidos e difundidos, para que haja mais envolvimento de pessoas na Missão Global.
População mundial em relação à presença adventista |
Ano | População mundial | Membros da IASD | Numeros de habitantes para cada adventista |
---|---|---|---|
1989 | 5.109.782.000 | 6.183.585 | 826 |
1998 | 5.925.729.000 | 10.163.414 | 583 |
2006 | 6.100.000.000 | 14.754.022 | 414 |
População sul-americana em relação à presença adventista |
Ano | População DSA | Membros da IASD | Numeros de habitantes para cada adventista |
---|---|---|---|
1989 | 239.768.222 | 941.527 | 255 |
1998 | 263.016.000 | 1.581.227 | 166 |
2006 | 302.550.000 | 2.591.851 | 117 |
População adventista mundial e número de igrejas |
Ano | Membros da IASD | Números de igrejas |
---|---|---|
1989 | 6.183.585 | 30.711 |
1998 | 10.163.414 | 44.888 |
2006 | 14.754.022 | 60.840 |
População adventista sul-americana e número de igrejas |
Ano | Membros da IASD | Números de igrejas |
---|---|---|
1989 | 941.527 | 3.089 |
1998 | 1.581.227 | 5.764 |
2006 | 2.591.851 | 8.601 |
Ministério: Existe alguma experiência especial, envolvendo países sul-americanos na Missão Global, que o senhor gostaria de partilhar?
Edison Choque: Há uma experiência muito especial que é a conquista da Ilha da Páscoa, ou Rapa Nui, uma das ilhas habitadas mais isoladas do mundo. Está situada no Oceano Pacífico, a 3.540 km da costa-oeste do Chile, tem forma triangular e sua área é de 166 km2. Providencialmente, Deus enviou para aquela ilha alguns mensageiros de esperança. Primeiro, foi a esposa de um garçom; depois, um policial adventista chileno, que foi destacado para trabalhar ali durante algum tempo. Não muito depois de sua chegada, ele começou a divulgar a mensagem adventista pela emissora de rádio local. Posteriormente, Deus enviou um casal que foi passar as férias na ilha e que, aproveitando o tempo em que lá ambos permaneceram, também foi envolvido no trabalho. Finalmente, uma igreja com mais de trinta membros foi estabelecida. Na União Norte-Brasileira, temos a Associação Amazonas-Roraima que já estabeleceu a presença adventista em todos os 37 municípios de seu território. Na mesma União, a Associação Central Amazonas tem o adventismo presente em 68 dos 69 municípios, e as Associações Amazônia Ocidental e Sul de Rondônia faltando apenas dois municípios a serem conquistados nos respectivos territórios. Na Associação Espírito-Santense, União Este-Brasi- leira, a igreja também está presente em todos os municípios. Esse relatório refere-se até o mês de abril. Esperamos que até o fim do ano, novas conquistas possam ser registradas.
Ministério: O que não tínhamos no passado, antes do quinquênio, e hoje temos?
Edison Choque: Continuamos contando com recursos que já possuíamos, mas que vão sendo aprimorados com o passar do tempo. Deus colocou em nossas mãos ferramentas como a TV Novo Tempo, emissoras de rádio, o projeto dos pequenos grupos e discipulado, entre outras armas que ajudam nossos irmãos a se tomaram mais comprometidos com a oração e a devoção pessoal. Conseqüentemente, há uma porcentagem cada vez maior de crentes envolvidos na missão da igreja.
Ministério: E quanto aos objetivos de Missão Global para o restante do qüinqüênio, quais são as prioridades da Divisão Sul-Americana?
Edison Choque: Para o ano de 2009, especialmente, pretendemos conquistar 230 novos municípios, 300 bairros em grandes cidades e investir no crescimento da igreja nas cidades de Montevidéu, Buenos Aires e São Paulo.
Ministério: Geralmente, quando se fala em Missão Global, vêm à mente as necessidades evangelísticas em terras e países longínquos. Mas, um distrito pastoral também tem seus lugares não penetrados. Que planejamento sugestivo o senhor apre- sentaria a um pastor, considerando que ele não permanecerá todo o tempo no distrito?
Edison Choque: Na realidade, cada pessoa tem seu próprio desafio de Missão Global. Cada pequeno grupo tem território para conquistar. Cada congregação deve adotar lugares para estabelecer uma nova igreja. Uma idéia que considero viável é o pastor, junto com as congregações do seu distrito, estabelecer um projeto de Missão Global de curto, médio e longo prazo. Durante o tempo em que ele permanecer na região, penetrará em tantos lugares quantos lhe for possível. O que não for feito até uma eventual transferência dele terá continuidade pelos irmãos e por seu substituto. Enquanto tivermos tempo de graça, teremos desafios para a Missão Global.
Ministério: Quem provê os recursos financeiros para os projetos de Missão Global?
Edison Choque: Cada membro, igreja, distrito, Associação e Missão devem fazer planos e incluir nos respectivos orçamentos as provisões para a Missão Global. Deus providenciará os meios necessários, porque Ele é Senhor de tudo. Ao Lhe pedirmos, as portas se abrirão. Hoje, mais do que nunca, precisamos nos desprender de nossos recursos temporais e fazer investimentos para a eternidade. É assim que cumpriremos a tarefa de pregar o evangelho a todo o mundo. No dia 15 de novembro deste ano, em toda a Divisão Sul-Americana, será recolhida uma oferta especial em favor da Missão Global.
Ministério: O que o senhor espera da igreja e de cada pastor?
Edison Choque: O tema “Missão Global” é naturalmente relevante para o tempo em que vivemos. Tenho a convicção de que esse é um assunto que está no centro do coração de Deus. Espero que também esteja no coração de cada líder da igreja porque, embora estejamos avançando em nossa missão, “ainda muitíssima terra ficou para se possuir” (Js 13:1). É bom lembrar que, no início da história da Igreja Adventista do Sétimo Dia, na maioria dos casos, foram os membros que formaram os primeiros grupos de pioneiros que se apresentaram como voluntários, dispostos a viajar para lugares distantes e estabelecer o adventismo em áreas não penetradas. O mesmo conceito deve ser empregado para assegurar o êxito da Missão Global. Forças-tarefas formadas por voluntários devem ser inspiradas, motivadas, treinadas e equipadas pelos líderes de departamentos e pastores distritais, a fim de irem para regiões carentes do evangelho, com o objetivo de estabelecer novas congregações. Esses serão os pioneiros da Missão Global.