GERALDO G. DE OLIVEIRA

EXISTEM expressões nas Escrituras e Espírito de Profecia que ainda necessitamos entender seu real significado, à medida que avançamos no determinado “tempo do fim.”

Daniel o profeta nos fala que “muitos correrão duma parte para outra. . .” São Paulo nos aconselha a “remir o tempo porque os dias são maus,” pois “Deus realizará a Sua obra sôbre a Terra completando e abreviando-a.” Jesus nos disse que por amor dos escolhidos, “Aquêles dias seriam abreviados. . . ” A Sra. White afirma que os “últimos movimentos serão rápidos”.

Se bem que tais expressões possam ter cumprimento e aplicação em tempos passados, não podemos negar que também se apliquem em nossos dias e em circunstâncias as mais diversas.

Não resta dúvida que vivemos num tempo específico de pressa e urgência, na época da velocidade, quando a humanidade vive aos empurrões e solavancos, condensando anos em dias, séculos em décadas. À medida que o fim se aproxima, instintivamente o homem deseja viver com a máxima intensidade a vida finita, pois entende que passamos como um conto ligeiro, a vida se esvai, e nós voamos. Há pressa para o rápido enriquecimento, impaciência incontida na busca de prazeres, um afã em se entreter com os cuidados da vida, um agarramento às vaidades efêmeras, diante da vida furtiva que levam, pressentindo que há algo a acontecer, muito a perder no torvelinho dos dias que passam sem causa, das horas que nunca mais voltarão. E nessa loucura de aquisição de coisas terrenas, do pouco que lhes é tudo, perderão o tudo que agora se lhes afigura abstrato.

Por muito tempo nos preocupávamos em encontrar uma maneira de encurtar o mais possível o tempo da apresentação da mensagem básica do advento, apressando o tempo longo que conduz à decisão, pois milhares não podem esperar tanto tempo para decifrar a verdade e tomar decisões numa época de pressa e apuros em que vivemos. Temos observado que as maiores decisões nunca pertenceram aos que assistem a uma série desde o início, mas dão-se entre os que assistem do meio para o fim, quando os grandes temas proféticos da tríplice mensagem são apresentados, cumprindo-se em certo modo, o lema, “muitos derradeiros serão os primeiros.”

Imaginamos uma série-relâmpago, com vinte e uma conferências que tocassem os pontos vitais da verdade, levando rapidamente à decisão, antes de esfriar o interêsse, de esgotar o entusiasmo, de morrer o fervor e de ter tempo de pensar em descobrir escusas.

A primeira experiência fizemos em Anápolis, Estado de Goiás, em agôsto de 1955. As condições não eram recomendáveis, pois a cidade vinha de ser surpreendida por uma série intensiva de conferências muito recente, da qual resultou a construção dum lindo Templo. A experiência se fêz no mesmo Templo, ainda inacabado, quase no escuro, pois não tínhamos pràticamente luz na cidade, nessa ocasião. Não tínhamos “team” evangelístico que pudesse ajudar, nem durante as reuniões nem depois, para continuar mantendo o interêsse, de modo que os interessados não foram visitados, nem receberam estudos bíblicos. Não tínhamos orçamento para bons convites diários e apesar de todos os empecilhos, várias famílias foram recebidas na Igreja e estão agora batizadas.

No dia 25 de fevereiro último, iniciámos na cidade de São Carlos, Estado de São Paulo, outra série-relâmpago, agora com melhores perspectivas. Tínhamos um bom “team” de cinco obreiros, duas obreiras bíblicas; alugámos um ótimo salão no centro da cidade, onde não havia preconceito a ser removido e que pudesse impedir a livre assistência às reuniões e podendo publicar, cada dois dias, um belo convite, com propaganda no rádio e no jornal. Uma assistência média de 350 a 400 pessoas fôra constante, até o final da série. O trabalho repercutiu na cidade e grande oposição se despertou de todos os lados e de todos os credos. Vinte e um dias depois do início, convidámos os novos interessados para o primeiro culto divino no sábado. Nossa Igrejinha, muito mal localizada, bem fora do centro da cidade, não oferecia nenhuma recomendação ao povo culto que assitia à série. Nosso povo já se cançava de, cada sábado, sempre ver os mesmos irmãos, sem nenhuma visita, sem entusiasmo, cantando, não louvores altissonantes na adoração do Criador, mas com desânimo visível, faziam ressoar um cântico desafinado, abafado pelo pouco alento que sentiam. Agora, porém, estavam todos curiosos, pois durante as conferências novo ânimo tomou posse de cada irmão. Quantos viriam era a indagação de cada um, naquele sábado, 17 de março de 1956. E que surprêsa: 65 novos interessados, afora as crianças, adentraram a igreja, que superlotou. Realizou-se pela primeira vez, uma reunião separada para as crianças, a fim de dar lugar para os adultos. Aquêle culto foi um dos mais abençoados para todos os presentes, naquele sábado. Havia lágrimas de gratidão nos olhos de muitos.

No sábado, 12 de maio de 1956, em meio de outra grande série em Araçatuba, fomos realizar o primeiro batismo em São Carlos e dezessete almas foram sepultadas como resultado direto da série-relâmpago. Novo batismo realizou-se no sábado 14 de julho, e esperamos durante o ano batizar cinqüenta almas com o auxílio do Senhor.

O evangelismo relâmpago não encurta a mensagem pregada, não modifica os pontos básicos, nem facilita a aceitação na Igreja; apenas apressa o angustioso tempo de espera para levar à decisão. As reuniões feitas diàriamente impedem que outors interêsses se interponham na mente dos interessados. Êles tomam mais interêsse em seguir passo a passo os capítulos dos assuntos apresentados, formando um conjunto glorioso de verdades, que os empurrem à decisão.

Se demorarmos em dizer o que somos e em explicar o que virá no futuro a pessoas que vivem apressadamente, corremos o risco de estiolar o interêsse, desanimar o coração aflito, esfriar o entusiasmo. Apressamos em trazê-los à igreja e esta terá todo o tempo necessário para prepará-los para os privilégios e obrigações que a cidadania do reino comunica a cada filho de Deus.

É possível que com tal método iremos trazer à igreja, em maior número, os que vivem sob êsse prisma da pressa e da corrida. E uma vez que temos de alcançar a todos, tentemos todos os meios, todos os métodos, pesquemos em tôdas as águas, usemos tôdas as iscas, para de alguma maneira, salvar alguns.

Cremos que tal método não substitui o antigo, mas complementa-o, quando circunstâncias e condições indicarem o que seja mais recomendável. No futuro, aplicado em testes mais extensivos, na prática, veremos de sua eficácia, eficiência e conveniência ou não de sua aplicação, pois a dar magníficos resultados, como cremos que dará, será, talvez, um dos meios de apressarmos a obra que temos para fazer em tão pouco tempo, por tantos e com tão parcos recursos em homens e meios.

“Deus Necessita de Obreiras… Fiéis aos Princípios”

“Todos quantos trabalham para Deus, devem possuir um misto dos atributos de Marta e de Maria — a boa vontade para servir e sincero amor à verdade. O próprio eu e o egoísmo precisam ser perdidos de vista. Deus demanda fervorosas obreiras, prudentes, afetivas, ternas e fiéis aos princípios. Êle convida mulheres perseverantes, que tiram o pensamento de si mesmas e de seu interêsse pessoal, concentrando-o em Cristo, proferindo palavras de verdade, orando com as pessoas às quais conseguem acesso, trabalhando pela conversão de almas.” — Test. Sel., [Edição Mundial], Vol. II, pág. 405.