WALTER SCHUBERT

(Secretário Associado da Associação Ministerial da Associação Geral)

Não existe honra que possa ser conferida ao homem, maior do que a do chamado para o ministério. Nenhuma profissão ou chamado, nem mesmo o de imperador, equivale à do ganhador de almas. Oh, se cada ministro reconhecesse a impor-tância de seu elevado ofício! “A maior obra, o mais nobre esfôrço em que se possam homens empenhar, é encaminhar pecadores ao Cordeiro de Deus.” — Obreiros Evangélicos, pág. 16.

Sem violação de seu espírito, poderiamos ler essa declaração, da seguinte maneira: “A maior obra, o mais nobre esfôrço em que se possa a mulher empenhar, é ter o privilégio de casar-se com um ministro, auxiliando-o a encaminhar os pecadores ao Cordeiro de Deus.” Em muitos casos encontrareis atrás de um grande homem de Deus, uma espôsa cristã bondosa — que reconhece o seu elevado privilégio.

Por que deve o ministro grande parte de seu êxito a amorosa espôsa? O Espírito de profecia no-lo diz:

“O matrimônio — união vitalícia — é símbolo da união entre Cristo e Sua igreja. O espírito que Cristo manifesta para com a igreja, é o que marido e mulher devem dedicar-se mutuamente.” — Test. Sel. [Edição Mundial], Vol. III, pág. 96.

Quando o ministro e sua espôsa têm no coração um para o outro a mesma atitude que Cristo tem para com Sua igreja, então a atmosfera do Céu começa para êles aqui mesmo. Se o ministro é feliz em sua vida doméstica, está mais bem capacitado para pregar com poder as boas-novas da salvação. Seu ambiente doméstico ajuda-o a elevar as pessoas com quem entra em contato, para uma mais elevada norma de vida. Se, por meio do seu encanto cristão e de suas prendas domésticas a espôsa do ministro produz uma atmosfera celestial para o espôso e os filhos, ela é, à vista de Deus, e no verdadeiro sentido da palavra, uma ganhadora de almas.

Poderá a espôsa do ministro pensar, às vêzes, que não realiza muito na vida, ou que seu trabalho não é apreciado. A espôsa que dia a dia cultiva espírito de bondade e busca tornar o lar um pequeno Céu na Terra para o marido, merece porção do galardão igual à do espôso.

A Pastora de Oração

A espôsa cristã consagrada é o melhor elemento de que dispõe o marido nos seus esforços de ganhar almas. Como filho de ministro, lembro-me de, ao voltar eu para casa à tardinha, achar minha mãe orando na sala de visitas por uma longa meia hora. Um dia eu lhe disse:

— Mamãe: por que a senhora ora tanto? Eu tenho que esperar um tempo enorme para beijá-la antes de ir brincar.

— Meu filho, respondeu-me ela, seu pai irá pregar hoje à noite, e estive pedindo a Deus que o abençoe, para que fale com poder e os pecadores se convertam, e a igreja prospere.

Recentemente tive a oportunidade de visitar a sua sepultura. Estando eu ali, lembranças do passado me tocaram o coração; e veio-me à mente êste incidente: uma figura da vida de oração de uma piedosa espôsa de ministro. Sim, o bom êxito de meu pai foi grandemente devido às orações incessantes de minha mãe. Não seria bom que cada espôsa de ministro orasse cada dia fervorosamente pelo êxito dos esforços feitos pelo seu marido para ganhar almas? Que mudanças não seriam notadas na conquista de almas! De que extraordinárias experiências e de grande gôzo não ficaria cheio o lar!

A espôsa do ministro pode exercer influência considerável sôbre a congregação do marido. Talvez haja entre os membros da igreja alguém a quem êle inconsciente ou inintencionalmente haja ofendido, e talvez alguns tenham sido admoestados e não nutram para com êle bondosa consideração. Neste ponto é que uma pastora consagrada pode ajudar a retaurar as boas relações, por mostrar espírito amigável e dirigir palavras de animação em tempo oportuno. Ela nunca será parcial nem manifestará preconceito para com quem quer que faça parte da congregação de seu marido. Sempre tratará de curar as feridas com seu trato cristão delicado, feminino.

A espôsa consagrada do ministro exerce grande influência para o bem entre os membros da igreja, mas nunca deverá dar a impressão de que seja ela quem dirige a igreja ou a Associação. Seu bom senso lhe dirá a que justa distância se manterá nos bastidores. O duque de Edimburgo constitui um exemplo notável desta característica. Muito embora a rainha Isabel confie muito em seu discernimento e conselho, conhece êle a medida exata de sua projeção

A boa espôsa do ministro sabe guardar segrêdo quando alguma irmã da igreja lhe abre o coração, despejando-lhe suas preocupações e problemas, na esperança de achar tanto uma solução quanto conforto e consolação. Ela nunca buscará arrancar do marido informação de caráter confidencial. O marido, como ministro ordenado, tem perante Deus o sagrado dever de manter secreto tudo quanto lhe seja exposto confidencialmente.

A espôsa ponderada nunca atacará o marido, embora esteja convencida de que êle necessita de correção. Censuras, acusações, críticas e palavras descorteses, são todos fatôres que podem arruinar o preparo e a apresentação de um sermão, e prejudicar a eficiência e o bom êxito do plano de visitas do marido. Um incidente infeliz entre espôsa e marido, umas poucas palavras descorteses pela manhã, têm muitas vêzes sido a causa de muitos dias perdidos na conquista de almas, e de muitos sermões fracassados.

A boa espôsa do ministro, conquanto possa pensar que não é tratada como merece, lembrar-se-á sempre de que seu espôso é ministro. Portanto, deve cuidar de cada palavra e ato seus, pois exercerão forte influência sôbre o seu ânimo e trabalho, e sôbre as pessoas a quem visita — influência para bem ou para mal. Dela depende o ajudar o marido a tornar-se poderoso ministro da Palavra, ou, por seu espírito e influência, reduzi-lo a um servo inútil na vinha do Senhor.

Cada obreiro que haja tido alguma porção de êxito na vinha do Senhor, deve-a em grande medida à ajuda infalível e ao amparo espiritual de sua fiel espôsa, que participou de suas responsabilidades e alegrias do ministério.

Uma Experiência Pessoal

Há coisa de trinta anos, quando eu era ministro novo, minha situação financeira andava precária, e havia uma quantidade de dificuldades que me acabrunhavam ao máximo. Nessa situação me foi oferecida, no comércio, uma ocupação com oportunidades de êxito. Certo dia cheguei a casa e contei à minha espôsa que iria abandonar a obra para aceitar essa oportunidade áurea. Minha decisão fôra tomada e eu estava em vias de ir ter com o presidente da Associação para entregar-lhe minha demissão. Minha espôsa me tomou da mão, levou-me para o dormitório, fechou a porta, e disse-me: “Eu não te deixarei sair dêste quarto sem que me tenhas prometido que permanecerás na obra o Senhor. Casei-me com um ministro, e não com um comerciante.” Durante duas horas discutimos os prós e os contras da situação, e depois de um período de oração insistente, fizemos ambos uma reconsagração a Deus e, com renovada fé e ânimo dediquei a vida ao ministério.

Agora, ao olhar retrospectivamente aos anos transcorridos, agradeço a Deus a espôsa piedosa que me libertou numa hora de grande crise da minha vida. Que gôzo me é hoje pensar nas muitas dezenas de pessoas a quem o Senhor me auxiliou a encaminhar para a verdade em vários países, e que se regozijam na bendita esperança da breve volta de nosso Salvador. Tenho muitas vêzes meditado na declaração de que “Deus deu a cada homem a sua obra, e ninguém mais pode fazer essa obra por êle”. — Testimonies, Vol. IV, pág. 615. Tremo ao pensar quão perto estive de fracassar no meu dever. Se houvesse abandonado o ministério, não teria eu que dar conta no dia do juízo das almas perdidas que poderiam haver estado eternamente salvas?

Graças a Deus pelos milhares de extraordinárias e abnegadas espôsas de ministros, existentes nas fileiras de nossa denominação, que nos bastidores trabalham pelo êxito daqueles a quem ama, e escolheram êste honroso chamado. Seu galardão poderá surpreendê-las, pois, no reino de Deus, participarão, na mesma proporção, das estrêlas de seus companheiros.

Prezadas irmãs: Qual é a influência que exerceis na vida de vosso marido?