DR. CLIFFORD R. ANDERSON

(Sanatório e Hospital Washington)

TÔDA pessoa anda hoje interessada em sua saúde.

As revistas populares do mundo inteiro divulgam artigos sôbre saúde em cada exemplar editado. Os últimos descobrimentos da ciência médica são agora assunto comum de conversação. O povo de tôda parte anda ansioso por aprender a preservar a saúde. Os livros sôbre saúde e regime alimentar são vendidos aos milhões. Muito populares são as conferências sôbre saúde. Apesar das bombas atômicas, todos andam ainda ansiosos por manter-se com vida o máximo possível.

Êste nosso tempo é extraordinário para pormos ênfase sôbre êste grande assunto da saúde. A nenhum outro povo foi concedida uma mensagem tão compreensiva. Nosso ponto de vista sobre a saúde está perfeitamente em dia. Está inteiramente em harmonia com os ensinos da Medicina moderna. Há anos éramos ridicularizados pela atitude assumida em coisas tais como fumo, por exemplo. Não hoje, porém. A profissão médica concorda agora conosco nesse ponto. Os pesquisadores do câncer estão continuamente trazendo à luz mais provas que demonstram a relação íntima existente entre o câncer e o fumo, como fator irritante. Em janeiro de 1954, a Associação Médica Americana excluiu de seus periódicos todo anúncio de fumo e álcool. Isto é muito significativo.

Durante meio século houve aumento crescente na venda de cigarros. Tudo isso, porém, teve modificação repentina. Mudou a maré, e pela primeira vez em vinte anos, houve notável diminuição na venda de cigarros. Os fumantes estão atemorizados.

Os vendedores de fumo falam agora em “proteção da saúde”, em filtro de cigarros, e alguns até apregoam “dupla proteção da saúde”. A grande vergonha das cadeias de rádio e de televisão é a propaganda do álcool e do fumo para crianças e jovens. Certamente êste é o tempo em que, como um povo, devemos maneirosamente apregoar o outro aspecto da questão. As pessoas andam desejosas de conhecer a verdade. Devemos dizer-lhes que quanto mais fumarem mais cedo morrerão.

Lançai um olhar rápido à indústria da carne. Nenhum outro artigo alimentar tem-se, em todos êstes anos, afigurado mais seguro. Não obstante, quase cada revista hoje em dia edita anúncios de página inteira que exaltam as “virtudes” da carne como alimento. Por quê? Será por estar o público encontrando coisa melhor? Devemos andar precavidos quanto ao que dizer sôbre êste assunto controverso. Mencionamo-lo aqui apenas para mostrar a intensidade do interêsse popular pela saúde.

As Palestras Sôbre Saúde Derrubam Preconceitos

Há muitos anos nos foi dito que “a obra missionário-médica é a obra vanguardeira do evangelho, a porta pela qual a verdade para êste tempo deve ter entrada em muitos lares”, e também, “muito fará para remover o preconceito contra nos-sa obra evangélica.” — Evangelismo, pág. 514. (Grifo nosso.) Êsse era o método de aproximação de nosso Senhor. Conquistava Êle o coração dos ouvintes com uma mensagem que produzia a cura tanto física quanto espiritual. Êsses métodos produzirão bom êxito hoje em dia.

Existem algumas cidades mais favorecidas, tais c mo Los Angeles e Washington, onde temos grandes instituições médicas. Nesses lugares a nossa obra é bem conhecida do público. Mas há em todo o mundo grandes cidades onde o público teve pouco contato conosco como um povo, ou nenhum. Dificilmente poderemos fundar instituições médicas em todos os grandes centros. O custo da construção de hospitais é quase proibitivo atualmente. Entretanto, essas vastas áreas têm tôdas que ser atingidas antes da terminação da obra.

A “Cunha de Entrada”

Como podemos esperar introduzirnos nesses grandes centros da população? Como podemos atingir essas grandes cidades católicas, maometanas e pagãs com tôdas as suas restrições e preconceitos? Talvez nunca nos será possível construir boas instituições médicas próximo destas áreas, mas, sim, atingir-lhes o coração com uma aproximação espiritual reforçada por uma atrativa mensagem de saúde através do rádio. Atentemos para o que diz a serva do Senhor:

“Posso ver na providência do Senhor que a obra missionário-médica deverá ser uma grande cunha de entrada, por cujo meio a alma enfêrma pode ser atingida.” — Counsels on Health, pág. 385. (Grifo nosso.) Multidões em tôda parte andam em busca de um melhor meio de vida. Muitos dentre êles são indiferentes para as coisas espirituais. Precisam da “cunha de entrada” que lhes desperte o interêsse e leve a Deus.

Que espécie de mensagem de saúde deve ser apresentada? Devemos nós organizar uma longa lista de proibições relativas à alimentação e aos maus hábitos? Não. Isso apenas confundiría e aborrecería muitos daqueles a quem poderiamos atingir. O rádio é o melhor meio de evitar qualquer coisa que poderia ser considerada estreiteza e fanatismo. Muita coisa há que podemos dizer no lado positivo. Sábio é o evitar as negativas em geral. Nada existe de evangelizador numa aproximação negativa. Necessitamos de um plano tolerante, conquistador de almas, possuidor de uma mensagem positiva. Nossos ouvintes andam em busca de alguma coisa diferente, alguma coisa que seja prática e inspiradora. Tiremos partido do motivo saúde!

“Vosso Médico do Rádio”

Há cêrca de dois anos A. E. Rawson, secretário do rádio da Divisão Sul-asiática estêve na América, em férias. Como todo bom missionário, êle e a espôsa pensavam em como ampliar e fortalecer o seu serviço do rádio no sul da Ásia. Estando em Washington, a Sra. Rawson teve que passar por uma operação grave. Durante a convalescença, o pastor Rawson pensou em tentar uma nova espécie de aproximação que ajudasse a atingir os centenares de milhões de indivíduos da Divisão Sul-asiática. Muitos ouvintes têm preconceito contra o cristianismo, mas êle pensou que alguns iriam escutar uma mensagem sôbre saúde. Concebeu o plano de propor à Rádio de Ceilão uma meia dezena de palestras sôbre saúde, com a sugestão de que poderiam ser irradiadas como serviço público. Assim foram preparadas algumas palestras, gravadas em fita e enviadas pelo correio ao sul da Ásia. O pastor Rawson é excelente vendedor. “Vosso Médico do Rádio” está agora no ar bem mais que um ano, com um novo programa cada semana, e a aceitação dos ouvintes tem sido grandemente satisfatória.

A fim de evitar preconceito, fomos instruídos a omitir tôda referência a coisas tais como álcool, fumo, chá e café. Dêsses artigos é feita propaganda através da Rádio de Ceilão para ouvintes de todo  o oriente. Ficou também definidamente convencionado que nenhuma menção seria feita à Bíblia nem ao cristianismo.

A princípio não nos foi fácil sujeitar-nos a essas restrições. Logo, porém, verificamos que nos eram uma bênção sob disfarce. Não nos foi difícil responder a uma consulta sôbre o câncer do pulmão, e acrescentar umas palavras acêrca do fumo! E ao tratarmos dos nervosismos, nada mais natural do que acrescentar um conselho médico quanto ao uso excessivo de chá e café! Um ataque indireto é muitas vêzes um meio muito mais eficaz de tratar êsses assuntos controversos, e não faz ferver o sangue de ninguém!

A omissão de qualquer referência ao cristianismo não constituiu grande problema. Verificamos não haver objeção alguma por nos referirmos a Daniel como grande primeiro ministro de Babilônia, e de quando em quando lhe mencionávamos o nome. Podemos citar livremente o grande legislador do Egito (Moisés), e o maior dos filósofos da antiga Roma (Paulo). Temos muitas vêzes citado pala-vras de Jesus e a Êle nos referido como o Mestre e o Grande Ensinador. Até agora nenhuma objeção foi feita. Também conseguimos citar aos nossos ouvintes, por nome, a Sra. E. G. White, em várias ocasiões como notável autoridade em assunto de saúde. Contamos a história de sua infância e de como foi curada por meio da oração. Mui-tas pessoas nos pediram que lhes fôsse enviada cópia impressa dessa história. Nossos ouvintes estão familiarizados com o seu livro A Ciência do Born Viver, pois é citado freqüentemente.

Êste contato indireto produziu muitos resultados interessantes e inesperados. O pastor T. R. Torkelson informa que muitos católicos estão escutando êsses programas. Um ouvinte do Paquistão até deixa de ir ao cinema, ficando em casa para não perder essas palestras sôbre saúde. Outro nos escreveu:

“Eu sofria de abalo nervoso, havendo-me sido dito que as válvulas do coração estavam destruídas. Isso me afligiu durante quase dois anos desde a morte de meu filho, de dezoito anos, vítima da tuberculose. Faz algum tempo escutei o vosso programa A Doença do Coração e os Vossos Nervos. Cobrei ânimo e agora estou bem, graças a Deus e ao Médico do Rádio. Possuo sete filhos, e agora posso trabalhar como dantes. Peço enviarem-me cópias das palestras, pois estou certo de que elas me ajudarão muito mais do que se eu recorrer aos curandeiros.”

Outros ouvintes nos têm pedido certa quantidade de impressos para usar entre os vizinhos, centros de saúde e clínicas. A mais inesperada aceitação nos chegou de médicos da Saúde Pública. A um dos principais médicos da Organização Mundial de Saúde, filiada à ONU, foi pedido por seus representantes da Índia, Paquistão e Ceilão, que nos visitasse e manifestasse seu apreço pessoal pelo programa adventista do “Médico do Rádio”. Nos meios médicos, dificilmente poderiamos aspirar a mais elogiosa referência. Humildemente agradecemos a Deus por esta soberba oportunidade de transmitir a mensagem aos ainda não atingidos milhões do sul da Ásia.

Identificado com Nossa Igreja

Nenhum esfôrço é feito para encobrir nossa identidade. Cada irradiação é iniciada com uma apresentação especial de A Voz da Profecia. Ao terminar, o locutor declara que êsse programa procede da Asso-ciação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, e é apresentado para o proveito e erguimento da humanidade. Todo o tempo das irradiações, bem como êsses anúncios de caráter denominacional são-nos facultados absolutamente grátis. O valor dêsse tempo de irradiação foi calculado em mais de dez mil dólares por ano.

Êsses programas são irradiados, em ondas curtas, uma vez por semana e atingem quase metade do mundo, sem despesa alguma para a Divisão Sul-asiática. Pessoas domiciliadas nas fronteiras da Rússia enviam para A Voz da Profecia, no sul da Ásia, cartas em que expressam agradecimentos por êsses conselhos médicos gratuitos. Nenhum têrmo técnico é usado nessas palestras. Cada programa é apresentado em linguagem simples, acessível a tôda espécie de ouvintes.

Os atuais líderes do govêrno na Birmânia não são favoráveis às missões cristãs, não obstante nos solicitaram o “privilégio” de irradiar semanalmente o nosso programa de rádio sôbre saúde, em sua própria cadeia de estações, e isso tanto em birmanês como em inglês, e, por sua própria conta, fazem a respectiva tradução para nosso uso! Mais recentemente, nosso obreiro C. R. Bonney começou a usar êsses programas no rádio de Luxemburgo, pondo-os ao alcance das Ilhas Britânicas. Os irmãos da Indonésia estão traduzindo essas palestras para uso em sua cadeia de estações. Êsse mesmo material é também usado por nosso obreiro B. O. Maxson, em seu trabalho de rádio, no México. Atualmente essa é a única espécie de programa que podemos usar nesse país. Temos agora a oportunidade de irradiar também através das estações do Canadá.                                   

As estações de rádio de tôda parte buscam programas que exerçam genuína atração sôbre os ou-vintes. Bem preparadas irradiações sôbre saúde são em geral bem aceitas. Muitas estações se dispõem a irradiá-las gratuitamente como serviço público. Talvez as estações pelas quais nossos ministros irradiam, se disponham a fazer isso àparte do programa regular. Os ouvintes podem ser convidados a pedir cópias grátis dos programas de saúde e, depois, a tomar o curso bíblico por correspondência. Tôda essa irradiação deverá ser feita de comum acôrdo com as demais atividades ganhadoras de al-mas da respectiva Associação.

Transcrições de nossas irradiações através da Rádio de Ceilão podem ser obtidas por quem disponha da oportunidade de usá-las. Cremos convir que tais programas anunciem as irradiações de A Voz da Profecia ou as locais, de caráter espiritual. Onde quer que seja possível, achamos que um programa de saúde deva ser identificado com uma atividade qualquer de assistência social promovida pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Isso ajudará a quebrar o preconceito e faz com que o povo reconheça que não somos tão excêntricos quanto êles poderiam estar inclinados a crer.

O rádio e a televisão são dois maravilhosos instrumentos divinos para a terminação da obra em todo o mundo. Estão êles atingindo quase cada residência da Terra, hoje em dia. Que privilégio é o poder apelar para cada pessoa diretamente em seu próprio lar! Milhões delas andam perplexas e atacadas de temor. Em sua ansiedade pelo que possa estar acontecendo no mundo que as rodeia, destroem-se com coisas daninhas, tais como álcool, fumo e drogas prejudiciais. Temos a responsabilidade definida de transmitir-lhes a verdade. Deve-mos com tato apresentar os perigos dêsses maus hábitos, e mostrar-lhes como viver corretamente.

Quando Jesus aqui estêve usou o meio de aproximação por meio da cura, a fim de abrir a mente para a recepção das coisas espirituais. Êste é o Seu método preferido, ainda hoje. Quando devidamente usado o auxílio por meio da cura quebra preconceitos e ganha amigos em altos postos. As pessoas, em tôda parte hoje em dia, anseiam por guia e conselho. Querem saber como viver corretamente. A nós nos foi concedida uma maravilhosa mensagem vivificante. Estamos nós aproveitando-nos ao máximo dessa cunha de entrada?

Nosso Senhor nos mostrou como atingir as pessoas de nossa geração. Por que não tirarmos proveito de Seus métodos? O “braço direito” pode abrir muitas portas agora fechadas. Prestemos ao mundo o auxílio da cura. Abramos a mente das pessoas para receber a mensagem que as preparará para encontrar seu Senhor e Salvador.

  • ♦  Doaram os adventistas do sétimo dia, no ano 1954, 3.832.058 peças de roupa para os necessitados. Além disso, mais que 1.877.685 cestos de alimentos foram distribuídos, e 1.155.752 tratamentos aplicados gratuitamente nas residências dos beneficiários ou em Centros de Assistência Social Adventista. Existem, somente na América do Norte, mais que 500 centros dêsses. — The Watchman Examiner, de 23 de junho de 1955, pág. 596.
  • ♦  A Reunião de encerramento da série realizada por Billy Graham no estádio de Wembley, na Inglaterra, atraiu uma assistência de 450.000 pessoas, e foram registadas cêrca de 24.000 decisões pró-Cristo. Isso provou que Billy foi tão popular nessa sua segunda ida à Inglaterra, quanto no ano anterior, senão mais. O Dr. F. Townley Lord, na reunião final, liderou a congregação numa ação de graças a Deus “pelas coisas que tem obrado.” — The Watchman Examiner, de 30 de junho de 1955, pág. 618.
  • ♦  A Construção de igrejas nos Estados Unidos, relataram os Ministérios do Trabalho e Comércio, marcou novo recorde com as obras de valor aproximado de $US 58 milhões, iniciadas em outubro passado. Elevou-se, assim, para $US 472 milhões, o valor das construções novas empreendidas pelas igrejas norte-americanas nos primeiros dez meses do ano passado. Equivale isso a 24% mais que a soma do ano anterior. — The Watchman Examiner, de 30 de junho de 1955, pág. 618.