ARTUR L. BIETZ 

(Pastor da Igreja White Memorial)

CAPÍTULO XIII – Cultivemos Atitude Correta para com Sexo e o Matrimônio

RELIGIÃO cristã jamais dividiu a pessoa em duas partes: uma santa e outra profana. A divisão nítida feita com tanta freqüência entre al-gumas funções do corpo não encontra aprovação no pensamento de homens e mulheres cristãos e cultos. Pensaram alguns que a mente seja sagrada e santa, ao passo que consideravam o corpo desprezível, e suas funções como de natureza baixa e sórdida.

Demasiado amiúde foram as crianças educadas de maneira tal que as impossibilita para adotar na vida futura atitudes normais para com o corpo, o que leva a inadaptações graves e mancha as experiências de tôda a vida. Algumas vêzes as mães falam às filhas acêrca dos horrores do parto, o que lhes deixa uma marca emocional, difícil de apagar nos anos posteriores.

Tem sido muito discutida, tanto pró como con-tra, a educação sexual. Dever-se-á cultivar no lar atitude edificante para com as funções do corpo. Pode-se fazê-lo naturalmente, ministrando ensino de forma normal, antes que as crianças freqüentem a escola. Se fôr posto fundamento são, não se verão elas arrastadas pelas curiosidades a buscar informação corrompida, dissimulada e sórdida. Com freqüência, são castigadas ao fazerem perguntas acêrca de certos órgãos do corpo, o que constitui mau procedimento, pois se trata de perguntas oportunas e legítimas. Tôdas as partes do corpo humano são igualmente sagradas e santas; não deve ser provocada divisão alguma na mente da criança quanto às funções normais dos órgãos físicos. Se são proibidas de mencionar certas partes do corpo, desenvolver-se-lhes-á interêsse e curiosidade de forma anormal, o que pode levá-las a um experimento de resultados funestos.

Deve-se-lhes ensinar, desde seus primeiros anos, a considerar normais e santas as funções corporais. Deve dar-se importância à psicologia e à anatomia. Neste, como em todos os demais campos legítimos do conhecimento, deve o assunto ser apresentado com franqueza objetiva. Muitos jovens ignoram inteiramente os fatos biológicos. É dever dos pais ensinar as noções elementares da anatomia e fisiologia humanas, ou seja, a estrutura e o funcionamento do corpo, tanto do homem quanto da mulher, para que seus filhos conheçam os fatos elementares concernentes ao maravilhoso funcionamento do sistema reprodutor. Quanto mais cedo fôr feito, tanto melhor. Não é necessário pedir compreensão total do que se ensina. Mais importante do que os dados apresentados relativamente aos fatos, são as atitudes edificantes e a franqueza que se associam a essa informação.

É na infância que deve ser pôsto o fundamento, para que seja aproveitada corretamente a informação que se adquirirá mais tarde. Se os filhos assumem no lar atitudes errôneas quanto a certas funções físicas, o ensino que mais tarde lhes comunicarão os companheiros e a escola, será mal compreendido e usado impropriamente. Se uma criança, por casualidade, se apresenta meio-despida perante alguém, não deve ela ser envergonhada, pois relacionará a vergonha com o corpo, considerando-o feio e sujo. Atitudes semelhantes a esta, que se formam na infância, contribuirão para a infelicidade futura. As mães e os pais que não te-nham disposição sã para com tôdas as funções da vida, prejudicarão grandemente o desenvolvimento normal e a felicidade dos filhos.

Verdade é que presentemente são administrados nas escolas cursos de higiene e fisiologia relacionados com o casamento e a vida no lar, e por êsse meio os jovens adquirem o conhecimento necessário. Mas essa informação tardia não pode desfazer com êxito as atitudes negativas adquiridas em época anterior.

É possível que mais tarde a vítima.; leve vida matrimonial infeliz, cuja causa pode ser traçada sem interrupção até às atitudes incorretas para com o corpo, adquiridas na infância.

Cálculos moderados informam que a metade dos casamentos consegue ajuste sexual satisfatório. Em grande parte isso se deve a atitudes errôneas para com o corpo. Se induzimos a criança a que sinta temor ou vergonha, ou não consentimos que seu interêsse se concentre no sexo, permitimos com isso que se produza nela uma das situações mais difíceis que tanto os médicos quanto os pastôres e os conselheiros terão que enfrentar em sua vida futura. Uma vez que o pai haja fracassado em sua atuação durante êsse período primário da formação das atitudes edificantes, se foi demasiado severo ou se descuidou o assunto, o filho sentir-se-á inclinado a não mais consultá-lo e a não apresentar-lhe êste assunto, com tôda a confiança, quando mais necessita de sua direção. Em resultado, é prêsa fácil da má informação e das conversinhas obcenas dos rapazes, que perpetuam as coisas que os pais inteligentes e os educadores almejam destruir. Entre os cinco e os catorze anos, a criança maliciosamente perguntona, ou por não haver recebido informação adequada, e a quem os pais não ensinaram as verdades edificantes acêrca do sexo, está em condições de aprender muito de mal, e pouco ou nada bom acêrca do assunto.

Muitos pais adiam as informações, no tocante ao sexo, até depois dos doze anos, quando supõem que os filhos delas necessitem. Entretanto, nessa idade, ambas as partes se sentem tão molestas, que tampouco podem suster uma conversação satisfatória acêrca do tema.

Não é possível separar parte alguma da vida, de seu total. Uma separação tal ocorre amiúde no domínio dos órgãos da reprodução, de maneira que o indivíduo nunca é capaz de harmonizar com outras experiências estas fases da vida. As atitudes edificantes devem ser cultivadas durante todo o período do crescimento, desde a infância até ao dia do casamento, e ainda continuar no futuro. Quem quer que suponha poder ignorar durante a maior parte da vida o que se relaciona com o sexo, e julgar que logo isso funcionará satisfatoriamente desde o dia da cerimônia matrimonial, vive realmente na idade média da experiência humana. As crianças que tenham adquirido atitudes emocionais errôneas para com o sexo, por culpa dos pais pouco instruídos e imaturos, encontrarão ser difícil vencer na vida de casados um sentimento de pecado ou maldade que relacionarão com o sexo. Nesse período, o amor encontra dificuldade para sobreviver sem uma manifestação biológica adequada. Então, qualquer esfôrço feito para formar atitudes sãs, redundará em vida mais saudável e pacífica.

Muitos pais encontram dificuldades por carecerem de informação acêrca da maneira de proceder. Os pais felizes, por certo ensinam muito, pela cortesia mútua, o amor e a bondade de sua vida diária. As crianças, em geral entre os três e os cinco anos, começam a fazer perguntas acêrca do corpo, dêles próprios, do vestuário e outros assuntos. Geralmente lhes satisfaz uma resposta sincera, sem informações pormenorizadas. O importante a ser feito é isto: dizer-lhes a verdade quando querem saber de onde veio a irmãzinha menor. Deve evitar-se o amedrontá-las. O nascimento é uma função sagrada da vida e jamais deverá ser tratado com fingimento.

Os pais demonstrarão bom senso se, para ensinar a questão do sexo, esperarem que a criança faça perguntas, e o ensino deve ser positivo, e não negativo. O sexo é belo e santo, e assim deve ser entendido e ensinado. Todo o seu ensino deve ser tão casual quanto possível, porque não deve existir diferença notória entre êsse aspecto da educação e os outros aspectos da vida. Deve-se-lhe ensinar a esperar com prazer o tempo da formação de seu próprio lar e família. É de mister ajudá-la a formar vocabulário distinto, elevado e científico, para que seja capaz de receber auxílio da leitura posterior das melhores fontes de informação. Deve-se-lhes ajudar a que compreendam os motivos importantes da instituição do lar. Não devem as mães criar as filhas afastadas de seus irmãos, nem os pais aos filhos sem a companhia de suas irmãs.

O lar, a igreja e a escola, devem unir-se num plano de educação e formação das atitudes que criarão a felicidade da vida. A separação da vida em partes santas e profanas deve acabar, e ser evitado todo dualismo entre a mente e o corpo. Deus criou a vida com propósitos sagrados e santos. Portanto, ninguém separe o que Deus ajuntou. O corpo, a mente e o espírito devem ser considerados uma função total, com relação recíproca. Se usado para fins santos e nobres, tudo quanto se refere à vida é santo.