A. W. ANDERSON
“Dado o fato de vivermos tão próximos do encerramento da história dêste mundo, deve haver maior exatidão no trabalho, mais vigilante expectativa, mais vigiar, orar e trabalhar, o instrumento humano deve esforçar-se por alcançar a perfeição, a fim de ser um cristão ideal, completo em Cristo Jesus.” – Obreiros Evangélicos, pág. 420.
Esta exortação oportuna deve estimular nossos obreiros para empenharem esforços diligentes no aprimoramento de seus talentos adquiridos. Nunca devemos pensar que atingimos o máximo de nossas possibilidades. O fazê-lo é fatal, pois uma vez que consideremos que nada mais existe que possamos fazer para aprimorar nossos talentos e desenvolver nossa personalidade, o mais amplo progresso é irrealizável.
O apóstolo Paulo expressa esta mesma idéia num bem conhecido passo desta carta aos filipenses. Após referir-se à sua herança religiosa natural, que veio a reconhecer ser de bem pouco proveito, comparada com o conhecimento de Cristo Jesus, e com o desejo intenso de formar caráter à semelhança do de seu Senhor, diz êle:
“Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também prêso por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Fil. 3:12-14.)
Se, com todos os talentos que o grande. apóstolo Paulo possuía naturalmente, e que desenvolvera por meio de disciplina rígida, êle cria que ainda havia maiores possibilidades para si, quanto mais devemos nós reconhecer que ainda não alcançamos a perfeição em nosso trabalho, e que ainda existem alvos mais elevados para atingirmos, e ainda há, para adquirirmos, maiores aptidões que poderemos usar para a salvação de nossos semelhantes!
Nossos obreiros são exortados a:
“Esforçar a mente na aquisição do conhecimento relacionado com o seu trabalho, para serem obreiros que ‘não têm de que envergonhar-se’. Podem dominar um ramo da ciência após outro, enquanto se empenham no trabalho de pregar a verdade, e isso se empregarem sàbiamente o seu tempo. São desperdiçados em conversação sem importância, na indolência, e em fazer as coisas que são de pouca monta, momentos preciosos que deveriam ser usados cada dia em empreendimentos úteis que nos habilitarão mais e mais para alcançar essa elevada norma.
“Os que hoje se acham perante o povo como representantes de Cristo têm em geral, mais habilidade que preparo, mas não põem em uso suas faculdades, aproveitando o melhor possível seu tempo e oportunidades. Quase cada ministro no campo, se houvesse aplicado as energias que Deus lhe concedeu, poderia não sòmente ser proficiente em ler, escrever, na gramática, mas mesmo em línguas. É-lhes necessário ter as mais elevadas aspirações. Não tem havido, porém, senão bem pouca ambição de pôr à prova as suas faculdades de atingir uma elevada norma de conhecimento e entendimento religioso.
“Nossos ministros terão que prestar contas a Deus da ferrugem dos talentos que lhes concedeu para aprimorar pelo exercício. Poderiam ter feito, inteligentemente, trabalho dez vêzes maior, se se tivessem preocupado com tornar-se gigantes intelectuais. Tôda a sua experiência de sua alta vocação é apoucada por se contentarem com permanecer onde estão. Seus esforços para adquirir conhecimento não lhes prejudicará absolutamente o crescimento espiritual se estudarem com honestidade de motivos e alvos corretos.” — Testimonies to Ministers, págs. 193 e 194.
Somos, assim, aconselhados a tornar-nos “proficientes na leitura, em escrever, e na gramática.” Não devemos deduzir destas palavras que nossos obreiros não saibam ler nem escrever. Naturalmente, todos o sabem. O Estado, muito sabiamente, compeliu-os à aquisição dêsse conhecimento ao entrarem na casa dos dez anos. Como são poucos, porém, os que se tornam proficientes leitores! Quão poucos lêem com tanta clareza e pronunciam suas palavras e sílabas com exatidão tal que uma congregação é igualmente elevada e instruída por sua leitura! Como são poucos os que se tornaram proficientes escritores! Em um de seus ensaios, disse Bacon: “O ler torna perfeito o homem, discursar fá-lo destro, e escrever, exato.”
Existe, da parte de nossos obreiros, uma tendência crescente de limitar o anúncio de um hino meramente à menção de seu número. Há anos, em nossos cultos, nossos obreiros tomavam tempo para ler, ou todo o hino, ou pelo menos a primeira estrofe. Minha opinião é que muito maior bem poderia ser praticado na parte de louvor de nossos cultos se, ao anunciar um hino, quem o fizesse tomasse tempo suficiente, não sòmente para ler pelo menos uma estrofe, mas para chamar a atenção para algumas expressões particularmente interessantes do autor do hino, ou para relatar resumidamente as circunstâncias que o levaram a escrever as palavras do hino. Isso levará a congregação a cantar com entendimento e a tomar interêsse mais profundo no culto.
Bem me lembro de um excelente pregador da igreja Metodista que minha mãe freqüentava quando eu era criança, e da perfeição com que lia os hinos. Embora eu fôsse criança, sua esplêndida perícia de ler e dar o sentido, era-me atraente. A lembrança disso ainda está viva em mim, por motivo de impressão indelével que aquêle homem de habilidades vocais bem cultivadas exercia sôbre a congregação, e mesmo sôbre as crianças.
É-nos dito no livro Educação que “o canto é um ato de adoração tanto como a oração” (pág. 167), e que “poucos meios há mais eficientes para fixar Suas palavras na memória do que repeti-las em cânticos” (pág. 167). Tiremos, pois, no futuro, maior proveito da parte de canto de nossos cultos, e pratiquemos a arte da leitura eficaz, de forma que nosso povo seja elevado por nossa leitura, ainda que de uma estrofe apenas de um hino.
Escrever com Êxito
Se bem que a maioria das pessoas não faça esfôrço algum para alcançar a perícia em escrever, pouco sabem das maravilhosas oportunidades de aprimoramento pessoal que perdem por negligenciar o cultivo da faculdade de escrever. A capacidade de expressar o próprio pensamento no papel é uma qualidade digna de qualquer esfôrço de nossa parte para adquirir. Devemos reconhecer que a pena tem mais poder que a espada, pelo que é muito mais importante aprender a empunhar a pena do que a espada.
Em nosso trabalho em favor do mundo, a literatura ocupa lugar importantíssimo. Por meio de nossa literatura podemos atingir milhões de pessoas que não poderiam sê-lo, talvez, por outro meio qualquer além do rádio. Deve ser lembrado, porém, que um trabalho eficaz do rádio só é feito pelos que alcançam eficiência tanto em ler como em escrever. Um leitor deficiente não conquistará muitos ouvintes por muito tempo, ao passo que um bom leitor não manterá por muito tempo o seu auditório se sua produção literária fôr fraca. Portanto, para ser realmente bem sucedido como locutor de rádio, deve a pessoa ser tanto boa escritora como boa leitora.
Escrever é um ramo do conhecimento que bem faremos em cultivar. Mas, como outras artes dignas de serem adquiridas, é necessário que a ela nos dediquemos com assiduidade. Muito mais do que isso, porém, precisa ser adquirido. Precisamos gradualmente formar um bom vocabulário, visando especialmente ao uso de palavras simples que o povo compreenda com facilidade. Em seu livro Essentials of English, diz George W. Rine:
“As palavras curtas e simples da linguagem possuem uma agudeza e uma fôrça espontânea e estranhas à palavras longas e eruditas. Portanto, em regra, o estilo do escritor toma-se mais vigoroso pelo uso de palavras simples — as palavras da vida diária.”
O testemunho dos homens enviados para prenderem a Cristo, foi: “Nunca homem algum falou assim como êste Homem” (S. João 7:46). Entretanto, Jesus não usava linguagem clássica em Seu trabalho entre o povo. Falava a linguagem comum do povo a quem Se dirigia, mas tão poderosa era Sua linguagem que os meirinhos deram testemunho de seu poder.
Para quem nunca tenha dado atenção especial à arte de escrever, eu sugeriría que começasse imediatamente a adquirir essa arte valiosa, tomando um curso numa escola idônea. Não hesiteis porque sentis que escrever seja alguma coisa que está fora do vosso alcance, ou por julgardes que estais velho demais, demais ocupado ou muito preocupado com outros assuntos. Se já adquiristes a arte de falar em público, podeis aumentar imensamente vossa eficiência do púlpito com comunicar ao papel os vossos pensamentos. Portanto, pensai nos milhares mais de pessoas que podeis atingir com vossa pena, além dos que atingis com vossa voz.
Devemos fazer esforços vigorosos para adquirir a arte de comunicar ao papel os nossos pensamentos e aprender a expressá-los no melhor português de que formos capazes.