Uma fábula antiga diz que a rainha da aves, desejando saber o que era o mundo, enviou à Terra dois emissários para dar-lhe relatórios.

O primeiro era o corvo. Depois de percorrer êste nosso planêta, voltou dizendo que vira só cavernas, erosões, putrefações, cadáveres e carne em decomposição. Na verdade êle só vira isso.

Mandou depois a rainha outro emissário: o rouxinol. Ao voltar, narrou, entusiasmado, que vira um país de rios formosos, de fontes cristalinas, de flôres, de florestas e de grandes encantos. Tão emocionado ficara, contemplando essas belezas, que muitas vêzes teve de cantar inspirado por elas.

Como se vê, focaliza essa fábula uma grande lei psicológica: na apreciação das realidades que contemplamos, entra sempre, com poder considerável, o coeficiente pessoal. — Respigando, coletânea de UNITAS.