A. W. N. DRUITT, MRCS, LRCP

(Rutlândia, Colômbia Britânica, Canadá)

PASSOU-SE bastante tempo até que eu co-meçasse a receitar a oração como remédio. Realmente, não foi senão quando, como missio-nário-médico, trabalhando em Jamaica, nas Índias Ocidentais Britânicas, numa sociedade de dois anos com o Dr. Clifford Anderson, que verdadeiramente aprendi acêrca das suas qualidades como remédio. Oh! eu orara amiúde antes disso, havendo mesmo sabido orar desde o tempo em que celebravamos o culto doméstico manhã e tarde. Como estudante, também, aprendera acêrca do valor da oração e, sem que fôsse teoricamente um dos mais brilhantes, sempre experimentei júbilo em reclamar em minhas orações, especialmente antes dos exames, as promessas divinas de que “fará lembrar de tudo.” E isso me ajudou! Tenho a certeza de que, muitas vêzes, a oração me ajudou quando nada mais poderia havê-lo feito.

Alegra-me o haver encontrado para companheira de vida quem também crê na oração, pois ela me veio como resposta às minhas orações. Através dos doze anos de nossa vida matrimonial, temos verificado muitas vêzes que Deus atende às orações. Notamos, algumas vêzes, que não são atendidas quando julgamos devessem sê-lo, mas freqüentemente ela vem no derradeiro instante, aparentemente quando não sabíamos a que mais recorrer. Esta experiência, entretanto, não constitui novidade para os adventistas, e por certo nenhum leitor desta revista nutre dúvida de que Deus ouve as orações e a elas atende. Mas, como pode a oração ser receitada? Ela precisa ser manuseada com o cuidado que é dispensado à morfina, ministrada em doses exatas e nos casos definidos. Algumas vêzes é até contraindicada, pois nos é dito: “Não deiteis aos porcos as vossas pérolas.”

Oração no Hospital

Na sala de operações da clínica da Missão da Jamaica, foi que aprendi a receitar a oração. Era costume ali nunca aplicar o anestésico a uma pessoa sem antes fazer uma breve oração pedindo a guarda do paciente e a guia para os médicos e enfermeiros. Pode haver acontecido, algumas vêzes, que o paciente não haja apreciado êsse fato, e outras, que, sob o efeito das drogas prèviamente administradas, estivesse meio-inconsciente para notá-lo, mas trazia para a sala de operações o sentimento de que o Grande Médico ali estava para ajudar.

Também tinham as enfermeiras o costume de orar com os pacientes ao acomodá-los à noite para dormir. Essas orações, muitas vêzes feitas por enfermeiras muito tímidas, eram grandemente apreciadas por muitos pacientes que, depois de sairem do hospital, francamente expres-savam o seu aprêço por carta. Eis dois tópicos dessas cartas:

“Acho que ninguém melhor do que eu poderá contar dos proveitos alcançados, tanto físicos como espirituais. Tanto o senhor mesmo quanto a enfermeira-chefe, irmã C., e as demais enfermeiras foram todos atentíssimos comigo durante as minhas várias enfermidades, e eu nunca esquecerei as muitas orações feitas em meu favor e de minha família.”

“Destes uma prova para o mundo em geral e particularmente para Jamaica, de que para Deus nada é impossível, e creio que é por estar êsse estabelecimento alicerçado sôbre a Rocha da nossa salvação, que o êxito acompanha o vosso trabalho maravilhoso de auxílio à humanidade sofredora. Não posso esquecer as orações feitas em meu favor por essas enfermeiras cristãs antes de eu me aprontar para dormir, à noite, e a maneira bondosa com que atenderam ao meu conforto. Oxalá o Deus do Céu as ajude a capacitarem-se da importância da sua vocação.”

Lembro-me de quando o primeiro ministro da ilha estêve internado no hospital para uns poucos dias de repouso. Passava eu uma noite por um dos corredores, quando a enfermeira saiu do seu quarto e me disse: “Orei com êle, também.” Subiu-me um nó à garganta, ao pensar eu na coragem da enfermeira cristã, e pus-me a imaginar se, em seu lugar, eu teria tido a mesma coragem. Essa é uma das espécies de poder que nos advém com a oração!

A espôsa dum médico foi internada no hospital. Estivera doente havia seis anos e, havendo sido induzida por sua criada a pelo menos tentar, recorria ao hospital adventista como derradeiro recurso. Sua primeira impressão a meu respeito fôra que era jovem demais para saber o que fazer, não obstante, deixou-se examinar, cooperou para os tratamentos e dizia “amém” às orações. Dentro de três semanas sentiu-se quase curada, porém, mais do que isso, lera algumas revistas e folhetos enviados para Jamaica por bons amigos da América, e fornecidos aos pacientes. Por êles deixara-se influenciar e modificara inteiramente a sua opinião quanto ao sábado, de forma que saiu do hospital, não apenas caminhando (o que não fazia havia já muitos anos) mas determinada a, com a ajuda de Deus, ser observadora do sábado. Apesar de tôda a perseguição que sofreu desde então, mantém-se ainda fiel ao seu Deus, que por ela tanto fêz. Pode haver alguma dúvida de que o remédio da oração usado em seu favor naquela oportunidade e muitas vêzes desde então tenha sido o veículo da sua melhora tanto física como espiritual?

Uma freira católica, romana, estava, com to-dos os hábitos religiosos, deitada na padiola de rodas, a espera do momento de serem-lhe extraídos dentes com anestesia geral. Lembrome ainda da expressão de paz que se lhe estampou no rosto, ao ser feita uma oração em seu favor. Não sei o que terá acontecido quando de novo foi confessar-se. Sei, porém, que voltou várias vêzes para serem-lhe extraídos mais dentes. As orações penetram através das vestes monásticas, e unicamente no Céu viremos a saber do resultado das orações feitas aqui. Também os judeus apreciam as orações feitas em seu favor. Neste caso, o nome de Deus deverá ser o único proferido. Uma judia, estou certo, será algum dia adventista, por motivo das orações feitas em seu favor.

Minha Resolução

Que temos nós, médicos cristãos, para oferecer a um mundo que cambaleia de maneira tal que não pode reequilibrar-se, além da solidez que possuímos por firmar-nos à Rocha dos Séculos? Onde 50 % dos problemas da vida podem ser atribuídos à tensão nervosa do indivíduo, como pode essa tensão ser aliviada sem alicerçar a sua confiança nAquele que prometeu carregar o seu fardo? Estou certo de que nos meses recentes em que me empenhei em trabalho de psiquiatria, os resultados obtidos nunca teriam sido alcançados sem o poder que reclamei do Céu, quando apontava a Deus para os pacientes e com êles orava. Decidi nunca deixar que um paciente saísse do hospital sem orar com êle pelo menos uma vez, e com muitos pacientes essas orações foram numerosas. O maior obstáculo consiste em achar coragem para perguntar ao paciente se concorda em orar a Deus e pedir-Lhe que o abençoe e cure. Uma vez feita a pergunta, o resto é simples, porque, em geral, o paciente responde: “Sim, faça o favor.” Algumas vêzes o caminho é facilitado, quando o próprio paciente pede ao médico que por êle ore. Entretanto, por mais ocupado que estiverdes, nunca desprezeis essa oportunidade, porque não demorará mais que trinta segundos, mas possivelmente produzirá mais elementos de cura do que o vidro de remédio ou a injeção.

Antes de vir para o Canadá, eu sabia que Deus queria que eu estivesse justamente onde estou, pois me atendeu às orações, deparando-me a oportunidade de comprar e reformar as salas que são agora o meu consultório, bem como as possibilidades de serviço em prol da população. Apesar da minha ainda curta estada neste belo Vale Okanagan, já pude ver os resultados de algumas orações feitas em prol de pacientes.

Fazei do vosso consultório a entrada para o trono da graça e, em vosso consultório receitai o poderoso remédio chamado oração.