Alfredo Aeschlimann
(Presidente da União Austral)
“IDE por todo o mundo; pregai o evangelho a tôda a criatura”, é a grande comissão de Cristo. Foi ela dada aos apóstolos, há mais de dezenove séculos; tem sido a ordem de marcha da igreja cristã em todos os tempos; resume, também, a missão da igreja remanescente em nossa época.
Nestes dias finais da história, em que vivemos, todos os esforços da igreja devem ter em vista um propósito duplo: Primeiro, pregar por última vez o evangelho a um mundo perdido. Segundo: Preparar um povo para encontrar-se com seu Deus. Todos os ramos da obra, não importando qual seja a sua especialização, devem trabalhar harmonicamente para atingir êsse objetivo duplo o mais breve possível.
Não resta dúvida de que estamos muito atrasados na realização de nossa tarefa. No ano 1909, disse a serva do Senhor: “Se cada atalaia sôbre os muros de Sião houvesse feito vibrar o toque de corneta acertado, o mundo poderia ter ouvido antes de agora a mensagem de adver tência. Porém, a obra está com anos de atraso. Enquanto os homens dormem, Satanás se nos tem adiantado.” — Evangelism, pág. 694.
Sim, “a obra está com anos de atraso”. Julgo não ser difícil de compreender que pesa hoje sôbre todos nós a solene responsabilidade de apressar a obra e terminá-la. “Todo cristão tem o privilégio, não somente de esperar, mas de apressar a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Com darmos o evangelho ao mundo, temos a faculdade de apressar a volta de nosso Senhor”. —Idem, pág. 696.
Como podemos apressar a terminação da obra e a volta de Jesus? Cumprindo cada qual o seu dever quanto à pregação do evangelho. O pro pósito das sugestões dêste artigo é auxiliar os chefes distritais a cumprirem com mais eficiência o seu dever e com mais facilidade alcançarem os objetivos apontados.
Algumas Sugestões Práticas Para um Chefe Distrital
1. Que é um Chefe Distrital?
A fim de poder explicar o que é um chefe distrital, necessário é primeiramente definir o que é um distrito, na linguagem pastoral e evangélica. O distrito poderá ser o seguinte:
a) Um setor duma grande metrópole, com várias igrejas e grupos, além de território ainda não penetrado;
b) Uma cidade regularmente grande e seus arredores, com várias igrejas e grupos, bem como território ainda não penetrado;
c) Um Estado, província ou qualquer território mais ou menos extenso, contendo várias cida- des, povoações, aldeias e terras. Pode ter algumas igrejas e grupos, bem como áreas ainda não penetradas.
Noutras palavras, por distrito queremos re ferir-nos a um território com mais de uma igreja e grupo e com área em que a obra não está ainda estabelecida. Um distrito poderá constar, também, de território inteiramente novo.
Feitas as definições anteriores, é tarefa fácil explicar o que seja um chefe distrital. É a pessoa responsável pelo distrito. Deve ela velar pelos aspectos administrativos das igrejas e grupos existentes dentro do seu território. Como pastor dos diversos rebanhos, grandes e pe quenos, deve velar pelo bem-estar espiritual dos membros. É responsável pela marcha harmo niosa de tôdas as atividades religiosas e missio nárias em tôdas as igrejas e grupos. Tem o dever de planejar e realizar a evangelização do território virgem, dentro do seu distrito.
No desempenho de suas tarefas, o chefe dis trital pode estar só ou, segundo o caso, ter um ou vários auxiliares.
2. Deveres Administrativos do Chefe Distrital.
Entre as atividades múltiplas dum chefe distrital estão também as de ordem administrativas. Pode apresentar-se o caso de que tenha que atuar como ancião de alguma das igrejas. No caso de não ser pastor ordenado, êste último pode ser conveniente, pois facilita os seus trabalhos e aumenta a influência e autoridade. Em todo o caso, o chefe distrital é o represen tante da Associação ou Missão, e nesse caráter tem alguns deveres administrativos iniludíveis para cumprir.
Deve cuidar de que em tôdas as igrejs e grupos, as atividades e tudo mais se desenvolvam em harmonia com os princípios, normas e regulamentos da organização.
Deve ver que em tôdas as igrejas sejam feitas no devido tempo e na devida forma as nomeações necessárias para a boa marcha da igreja. Deve preocupar-se, também, de que os grupos tenham o pessoal dirigente que as circunstâncias requerem.
O chefe distrital é a pessoa que deve cuidar de que todos os dirigentes das igrejas e grupos cumpram o seu dever. Deve instruir a quem de direito para que todos os relatórios das diversas atividades sejam devidamente preenchidos, e certificar-se de que hajam sido enviados ao escritório nas datas respectivas.
Deve preocupar-se de que tôdas as comunicações e pedidos especiais que chegam da direção da obra, sejam atendidos e levados ao conhecimento dos membros. À guisa de exemplos mencionaremos: Dias especiais de jejum e oração; ofertas especiais, alguma campanha extraordinária, etc.
O chefe distrital deve vigiar para que tôdas as igrejas e grupos realizem na forma e no tempo devidos, as campanhas da Recolta Anual, Semana Grande e outras que possam vir a ser adotadas. Deve cuidar de que cada ano se realizem em todo o seu distrito a “Semana de Oração” e as semanas de “O Atalaia”, “Revista Adventista”, etc.
Faz parte dos deveres administrativos dum chefe distrital, o relativo às estatísticas. Deve êle cuidar de que os registos de membros das igrejas sejam mantidos em boa ordem; que as cartas de transferência sejam enviadas em tempo e na devida forma. Deve vigiar para que tôda informação estatística seja enviada corre tamente e em tempo, ao escritório da Associação ou Missão.
Outro dever administrativo do chefe distrital é o referente às finanças. Deve êle assessorar os tesoureiros em seu trabalho, e ver que os fundos sejam manuseados corretamente, dando-se-lhes o destino que lhes corresponde. Deve estimular a fidelidade e liberalidade nos dízimos e ofertas, e ver que os fundos sejam remetidos pontualmente ao tesoureiro da Associação ou Missão. Verificará, também, que as contas de publicações sejam pagas em devido tempo, para que não sejam acumuladas dívidas. Se no seu território houver uma escola primá ria adventista, deve zelar para que funcione com base financeira sã.
O que ficou dito enumera apenas alguns dos deveres administrativos dum chefe distrital; não é possível mencioná-los todos. O fiel cumprimento dêsses deveres terá como conseqüência ordem e boa marcha nas igrejas e grupos, e cooperação e bom entendimento entre estas e a Associação ou Missão.
3. O Chefe Distrital e seus Deveres Pastorais ou Espirituais.
O chefe distrital é o pastor das igrejas e grupos existentes no seu território. Deve êle dar atenção preferente ao trabalho pastoral e ao crescimento espiritual de tôda a irmandade. Com êsse propósito deve tomar medidas para que em tôdas as igrejas e grupos funcionem normalmente a escola sabatina, o culto de sábado, a reunião de oração e, onde haja elemento, a Sociedade de Missionários Voluntários.
Juntamente com os anciãos deve planejar os temas para os cultos de sábado, de todo o ano, a fim de que a irmandade receba o alimento espiritual de que necessita. Deve fazer planos para que em tôdas as igrejas e grupos seja cele brada a Ceia do Senhor uma vez por trimestre.
Deve fazer planos para que todos os irmãos sejam visitados periodicamente em casa. Os enfermos devem ser visitados e atendidos os desanimados. Essas visitas devem ser feitas por êle ou pelos anciãos, diáconos, diaconisas e demais oficiais da igreja, de conformidade com um plano bem traçado.
Deve zelar para que os oficiais vivam em harmonia com as normas da igreja. Deve busçar com amor as ovelhas desgarradas, mas ao mesmo tempo tem que cuidar de que sejam tomadas as medidas atinentes aos membros que persistem no pecado. Não há coisa que maior dano cause à igreja que o tolerarem-se meses e anos a infidelidade e a transgressão ostensiva aos mandamentos de Deus.
Deve prestar atenção especial ao desenvolvimento espiritual dos jovens e crianças, a fim de que se não desviem, mas a seu tempo cheguem a ser membros da igreja. Por obra pessoal e coletiva, deve trabalhar pela conversão de todos.
Como meio de promover a conversão e o crescimento espiritual dos jovens e crianças, deve interessar-se em que todos gozem os benefícios da instrução cristã, estimulando a criação de escolas primárias adventistas e animando os jovens para que freqüentem os nossos colégios.
Por meio de contato pessoal ou por informação que obterá dos anciãos e demais oficiais, o chefe distrital deve conhecer a condição espiritual de todos os membros, pois sòmente assim poderá prestar auxílio onde mais necessitado fôr e em devido tempo.
4. O Chefe Distrital e as Atividades Religiosas e Missionárias das Igrejas e Grupos.
Não somente deve o chefe distrital atender aos trabalhos administrativos e preocupar-se com o bem-estar espiritual de suas igrejas e grupos, mas também interessar-se em que tôda a irmandade participe dum plano de atividades religiosas e missionárias. Segundo plano celeste, cada filho de Deus deve trabalhar pela salvação de outros. Cada um tem, na Terra, um lugar desig nado onde lhe toca servir.
Compete, pois, ao chefe distrital, organizar e harmonizar as atividades dos vários departa mentos em tôdas as igrejas. Deve assegurar-se de que cada uma delas tenha em funcionamento uma campanha positiva e permanente para a conquista de almas.
Deve, portanto, organizar as escolas sabatinas para que organizem filiais; as sociedades dos missionários voluntários, para que sejam verdadeiros missionários; fomentar a pregação leiga; conseguir que tôdas as igrejas e grupos tomem parte ativa em tôdas as campanhas missionárias; tomar medidas para que todos recebam instrução apropriada de como utilizar as publicações, dar estudos bíblicos e, enfim, fazer trabalho mais eficaz na conquista de almas.
Para o que ficou dito possa chegar a ser realidade, deve ver que tôdas as igrejas e grupos escolham diretores missionários capazes e entusiastas, que possam guiar a irmandade no trabalho missionário.
Diz a serva do Senhor que a obra nunca poderá ser terminada pelos obreiros exclusivamente, e não será terminada sem que a maior parte da irmandade cumpra o seu dever. Assim sendo, constitui responsabilidade do diretor distrital idear maneiras e meios para que as fôrças leigas das nossas igrejas sejam devidamente aproveitadas.
6. O Chefe Distrital e a Evangelização do seu Território.
Se bem que o diretor distrital tenha que velar pela boa marcha e boa condição espiritual das igrejas e grupos de seu território, não deve êle pensar que com isso finde a sua responsabilida de. Tem que cuidar de que a atenção dos membros lhe absorva todo o tempo. Deve ter sempre presente que o seu grande objetivo é a evan gelização de todo o território.
Todos os bairros da cidade em que trabalha, todo povoado e cada aldeia do distrito tem que receber a mensagem de salvação. É dever do chefe distrital fazer planos adequados para que haja progresso contínuo nesse sentido.
Enquanto atende ao trabalho em geral, cada ano deve empreender esforços de evangelização nalgum lugar novo até criar um novo grupo de crentes. Uma vez estabilizada ali a obra, deve concentrar esforços noutro lugar, até cobrir, pouco a pouco, o território todo. Compreende-se que não poderá realizar por si só êsse trarbalho. Tem que ser secundado, às vêzes, por auxílio que possa receber da Associação ou Missão, e sempre por irmãos leigos que sejam acessíveis.
O Trabalho dum Chefe Distrital Contém uma Responsabilidade Solene
O que temos apontado é apenas uma síntese muito breve do trabalho dum chefe distrital. Não obstante, é suficiente para que nos demos conta de que se trata de um cargo de muita responsabilidade. O diretor distrital tem que ser pessoa múltipla. Tem que ser administra dor, pastor, organizador, homem departamental e evangelista. Tem que ser homem ativo, entusiasta e incansável. Tem que ocupar-se de muitas coisas, sem que se perca em minúcias.
Nunca teremos meios suficientes para forne cer a cada igreja um pastor e pôr em cada cidade e povoado um evangelista. O plano de ter bons diretores distritais de visão e capacidade organizadora, e utilizar as fôrças leigas, será a solução de muitos problemas.
O trabalho dum chefe distrital contém responsabilidade solene. Como o apóstolo Paulo, podemos dizer: “Para estas coisas, quem é idônio?” O próprio Senhor, que falou a Paulo, também Se dirige a nós, dizendo: “A Minha graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”.
“Sêde pacientes, soldados cristãos. Ainda um pouco, e Aquêle que há de vir, virá. A noite de fatigante esperar, de vigia e tristeza, está quase passada. Em breve será dada a recompensa; o dia eterno há de raiar. Não há tempo agora para dormir — para se desperdiçar em inúteis lamentos. Aquêle que se arrisca a cochilar agora, perderá preciosas oportunidades de fazer bem. É-nos assegurado o bendito privilégio de ajuntar molhos na grande colheita; e cada alma salva será mais uma estrêla na coroa de Jesus, nosso adorável Redentor. Quem está ansioso por depor a armadura, quando, continuando um pouco mais a batalha, conquistará novas vitórias, e ganhará novos troféus para a eternidade?”.— Serviço Cristão, pág. 138.
“Sem Mim, Nada Podeis Fazer”
“PODEIS sentir a imperfeição do vosso caráter e a insignificância das vossas capacidades, em comparação com a grandeza da obra. Mas ain- da que tivésseis a maior inteligência já dada ao homem, não seria suficiente para a vossa obra. “Sem Mim nada podeis fazer” (S. João 15:5), diz nosso Senhor e Salvador. O resulta- do de tudo o que fazemos nas mãos de Deus está. Suceda o que suceder, depende nÊle uma confiança firme e perseverante.” — A Ciência do Bom Viver, pág. 459.